Apple é novamente confrontada à denúncia de trabalho escravo

 
Jornal GGN – Recentemente, no Brasil, o Ministério do Trabalho interditou uma fábrica de roupas da Lojas Renner, em São Paulo, onde bolivianos trabalhavam em regime análogo à escravidão. Em maio a varejista Zara também foi autuada pelo mesmo motivo, após ser pega na operação do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo Urbano da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Em junho, as lojas M. Officer e Marisa tiveram que responder à Comissão Parlamentar de Inquérito do Trabalho Escravo de São Paulo denúncias do Ministério do Trabalho, por adquirirem roupas feitas por trabalhadores submetidos a jornadas extenuantes. Essa rápida retrospectiva nos obriga a reavaliar criticamente o modelo de produção escolhido pelas empresas de diversas categorias para atender o atual sistema de consumo. Em relação à Apple, não são recentes as denuncias de abusos contra trabalhadores. Há quatro anos e meio, quando questionado sobre o volume de suicídios na Foxconn, a fabricante chinesa de equipamentos da Apple, Steve Jobs limitou-se a responder: “Ainda que todo suicídio seja trágico, as taxa de suicídios da Foxconn está bem abaixo da média na China. Chega disso”.
 
Em 2012, durante entrevista no programa Roda Viva,  da TV Cultura, o biógrafo do cofundador da Apple, Walter Isaacson, contou que em uma ocasião em que foi confrontado com denuncias de exploração de trabalhadores na Foxconn, Steve Jobs teria respondido: “Estou tentando manter o foco em coisas importantes e vocês vêm me falar de fábricas na Ásia”.
 
O Globo
 
BBC mostra condições degradantes em fábrica de iPhone
 

BBC mostra condições degradantes em fábrica de iPhone e Apple responde: ‘profundamente ofendidos’

Emissora flagra jornadas de trabalho de até 16 horas e menino de 12 anos em mina. ‘Nós podemos melhorar. E o faremos’, rebate empresa
 

Reportagem flagrou funcionários, exaustos, adormecendo na linha de produção – BBC / Reprodução

LONDRES — Um programa exibido pela BBC nesta quinta-feira está causando mal-estar entre a emissora e a Apple. A reportagem “Apple quebrou as promessas” mostrou as condições degradantes às quais os funcionários de uma fábrica da Pegatron em Xangai — que produz iPhones 6 — estão submetidos, como longas jornadas de trabalho e ausência de descanso semanal. Em uma mina de estanho na Indonésia, os jornalistas flagraram crianças trabalhando. Em e-mail assinado por Jeff Williams, vice-presidente global de operações, a empresa mais valiosa do mundo rebateu as acusações e se disse “profundamente ofendida”.

Repórteres da emissora britânica conseguiram se infiltrar como funcionários e mostraram turnos exaustivos de 12 horas diárias de trabalho, que em alguns dias chegaram a 16 horas, sem que os trabalhadores pudessem optar por não cumprir as horas extras. Um dos jornalistas foi obrigado a trabalhar por 18 dias seguidos, sem direito a qualquer folga.

— Mesmo que estivesse com fome, eu não conseguia me levantar para comer. Só queria deitar e descansar — relatou um repórter.

As condições dos dormitórios também impressionaram a reportagem. Num quarto minúsculo, 12 trabalhadores tentam conseguir espaço para descansar. Nas imagens é possível ver vários trabalhadores dormindo, esgotados, na linha de montagem. Em dado momento, um superior avisa sobre o risco de morrer eletrocutado pelos equipamentos.

Em e-mail enviado a 5 mil funcionários no Reino Unido e publicado pelo jornal “Telegraph”, a Apple acusa a emissora de ter omitido o posicionamento da empresa.

“Eu gostaria de mostrar fatos e outra perspectiva, que nós compartilhamos com a BBC com antecedência, mas que ficaram claramente ausentes do programa” afirmou Williams.

A BBC afirma que a Apple se negou a conceder entrevista para o programa.

Segundo o executivo, a “reportagem do Panorama supõe que a Apple não está melhorando as condições de trabalho”. “Deixe-me dizer uma coisa, nada está tão distante da verdade”. Williams afirma que há poucos anos, trabalhadores excediam as 60 horas semanais, sendo que mais de 70 horas era algo comum. Agora, a companhia ratreia os horários de mais de um milhão de trabalhadores e os fornecedores alcançaram índice de 93% de conformidade com o limite de 60 horas.

“Nós ainda podemos melhorar. E o faremos”, disse Williams.

A companhia diz manter 1,4 mil funcionários próprios na China gerenciando e supervisionando as operações dos fornecedores. Este ano, foram realizadas 630 auditorias na cadeia produtiva da Apple, com entrevistas a funcionários.

“A realidade é que nós encontramos violações em todas as auditorias que fizemos, não importa o quão sofisticada é a companhia. Nós encontramos problemas e implementamos melhorias”, afirmou o executivo.

A equipe de repórteres também visitou minas de estanho na Indonésia e flagraram crianças trabalhando em situação de alto risco. Rialto, um menino de 12 anos, trabalhava ao lado do pai dentro de uma cratera de 20 metros de profundidade: 

— Eu tenho medo com os deslizamentos de terra. Isso pode acontecer — disse o menino à reportagem.

A Apple confirma as condições precárias entre os mineiros na Indonésia, mas justifica o uso do estanho lá explorado em seus produtos dizendo que está organizando os trabalhadores para melhorar suas condições:

“A Apple tem duas opções: nós poderíamos comprar estanho de fundições fora da Indonésia, o que provavelmente seria a medida mais fácil e nos protegeria das críticas. Mas seria o caminho preguiçoso e covarde, porque não faríamos nada para melhorar a situação para os trabalhadores indonésios, já que a Apple consome apenas uma pequena fração do estanho lá explorado. Nós escolhemos o segundo caminho, que é ficar e tentar conduzir uma solução coletiva”.

BBC Panorama Apple’s Broken Promises China Undercover BBC Full Documentary 2014 

https://www.youtube.com/watch?v=VLpgA7iw5sM width:700

 

Redação

7 Comentários

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  1. Todo culto faz vítimas. O que
    Todo culto faz vítimas. O que é válido para os “soldados de Alá”, também é válido para os crentes espoliados da Universal e para os applefanáticos.

    1. Baseado em teu raciocímio me

      Baseado em teu raciocímio me folgo a deduzir que teu culto ao submarxismo cultural faz de você uma vítima intelectualmente indefesa.

  2. Hipocrisia

    Nassif,

    O consumidor só é puliticamente correto quando quer, gosta mesmo é de “chutar cara de morto” nas diversas campanhas que aparecem a todo momento.

    Quando seria necessário um forte posicionamento contra este abuso escravocrata, prevalece o silêncio, pois  ficar sem uma roupa da empresa tal ou não comprar a última versão do iPhone da maçã é um pouco demais, né ?

    Dos organizados, a praga das ONGs, não virá nada de útil, ou melhor, virá na mesma intensidade dos protestos daquela cambada de cretinos contra o facking.  

    E viva a hipocrisia

  3. propaganda

    Agora que se sabe que explora trabalho escravo vai vender muito mais.

    Coxinha a-do-ra produtos ca-ris-si-mos feitos utilizando mão de obra escrava.

    Pior, os que ainda não o fizeram, agora mesmo é que colarão um adesivo da firma da maçã podre no seu carrão branco!

    (logo ao lado do indefectível “fora Dilma e leve o PT junto”) 

    1. Caro Sérgio, você está

      Caro Sérgio, você está fazendo pose em um shopping dos mais caros de Santos, exibindo um tênis que provavelmente foi feito na Ásia, se duvidar esta sua bermudinha vermelha que combina muito bem com a camiseta cítrica também deve ter vindo de lá, até este ursão dever ser chinês. Sem essa, você é um coxinha, sem hipocrisia seria menos pior.

       

       

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