Cordel no sertão da Paraíba: o caso Antonio Américo de Medeiros

Enviado por Aderaldo Luciano

Lamentamos escrever sobre o falecimento do querido poeta Antonio Américo de Medeiros, na última terça-feira, dia 21. Em março de 2012 estivemos juntos em Patos, na Paraíba do Norte, ele já um pouco adoentado, mesmo assim tivemos uma longa conversa de muitas elucidações sobre o cordel no sertão paraibano. Américo era de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, e escolheu a morada do sol para sua atuação artística e social. Publicou folhetos pela Tipografia Pontes em Guarabira – PB (Os dois que ele segura nessa fotografia que fiz: A Moça Que Mais Sofreu Na Paraíba Do Norte, o amarelinho, e A Fada Do Bosque Negro E A Princesa Safira, o azulzinho), também pela Editora Coqueiro, do Recife (História da Guerra de Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista em 1914), ainda pela Editora Luzeiro de São Paulo (Lampião e sua história contada toda em cordel e A moça que mais sofreu na Paraíba do Norte). A Fundação Ernany Sátiro publicou sua coletânea Vida, Verso e Viola na qual se encontra o seu maior sucesso no cordel brasileiro História Completa da Cruz da Menina.

Foi um dos pioneiros de programas de rádio com violeiros repentistas na cidade de Patos com seu programa Violas e Repentes, ao lado de José Batista, na Rádio Espinharas, em novembro de 1960. Na década de 70 comprou um box no Mercado Público da cidade e passou a vender cordéis, iniciando sua tarefa de grande divulgador de nossa arte poética. Parou de cantar em 1988 e aposentou-se da venda de cordéis em 2005. Em 2003, Américo recebeu a Medalha Ednaldo do Egypto, da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, por seus serviços prestados em prol da cultura paraibana. A notícia de sua morte nos deixa com a sensação de que aos poucos vamos perdendo os nossos paladinos para o esquecimento. Não sei se alguém noticiou nos jornais paraibanos essa perda. Tomara que sim. 
Como os leitores do cordel sabem, uma das assinaturas do poeta vem dentro do seu poema, nas últimas estrofes, naquilo que se conhece como acróstico. Para relembrar e homenagear o nosso poeta transcrevemos o seu acróstico em Antonio Américo, retirado de sua primeira história escrita História Completa da Cruz da Menina:

A história verdadeira
N ão me canso de contar
T oda certa e pesquisada
O melhor pude arranjar
N esta pesquisa que fiz
I sto me fez tão feliz
O poeta é pra lutar.

A Cruz da Menina agora
M e inspirou este tanto
E u nunca pensei fazer
R ica história leio e canto
I nspiração nordestina
C ontei da Cruz da Menina
O fato verídico e santo.

Antonio Américo estava com 84 anos. Descanse em paz, meu querido amigo e obrigado por tudo! 

Redação

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  1. O LAMPIÃO DE ANTÔNIO AMÉRICO

    ‘Pesquisei todos os livros | Da vida de Lampião | Juntei o que achei certo | Para versar com noção | Avida do cangaceiro | Que foi terror do Sertão’

    [video:http://youtu.be/mMEgoAZhxgo%5D

    O livro “Lampião e sua história contada em cordel” possui fotografias do arquivo do Cangaço e xilogravuras  impressas em 52 páginas.

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