Fernando Horta
Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.
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2013: as selfies revolucionárias horizontais e apolíticas, por Fernando Horta

Foto Fernando Frazão/AgBrasil

2013: as selfies revolucionárias horizontais e apolíticas

por Fernando Horta

É indiscutível que a compreensão da situação brasileira atual passa pelo entendimento sobre o que, de fato, aconteceu em 2013. Em março de 2013 a aprovação de Dilma era de 79%, em junho era de pouco mais de 30%. Saliente-se que em 2013 não houve deterioração efetiva de nenhuma variável econômica. Apenas blogs de economistas da direita ventilavam “explicações” sobre a “contabilidade criativa”, dando o tom dos termos que viriam a serem usados contra o Brasil quase 3 anos depois. Em junho de 2013, Dilma sofreu um intenso ataque midiático e não teve presteza para se defender.

Para mim, 2013 é a maior prova de que o pós-modernismo nada tem a oferecer como ferramenta de luta contra um capitalismo financeiro transnacional aliado à onipresença das redes sociais e comunicação imediata. Os protestos de 2013, dizem, tinham uma pauta centrada no transporte público urbano. Deveria se esperar que os ataques danificassem os índices de aprovação dos governos municipais e talvez estaduais. Ressalte-se que em abril, antes dos protestos portanto, Dilma cortava impostos federais sobre o combustível e aumentava o percentual de álcool e em outubro, Dilma novamente mexia na política de preços dos combustíveis para oferecer margem aos municípios na negociação da questão do transporte.

O primeiro ponto a ser mencionado é que, sobre as “jornadas de junho” de 2013, as narrativas da direita e da esquerda são impressionantemente semelhantes. Ambas reivindicam protestos “apartidários”, “sem lideranças”, espontâneos e com uma pauta baseada “nos interesses reais da população”. É o mito do manifestante “empoderado e livre”, fazendo política epidérmica e se relacionando com seus “iguais” na base do sentimento comum. A forma como a direita (e extrema direita) e uma parte da esquerda defendem esta mitificação é muito semelhante. Ambos acharam motivos para atacar o governo Dilma: a direita por ser um governo comunista e parte da esquerda por ser um governo de corte neoliberal. A síntese desta pós-verdade fez com que estes dois grupos de “pensadores-manifestantes” fossem às ruas protestar pelas passagens (uma pauta eminentemente municipal) e terminassem encurralando o governo federal.

De quebra, estas “jornadas” criaram o mito dos “Black Blocs” como um grupo de arruaceiros sem razão nem qualquer sentido político. Destruíram a vida de algumas pessoas (Elisa Quadros, a “sininho”, por exemplo) e mostraram que havia um bom espaço para manipulação política no Brasil, desde que as senhas corretas fossem dadas. Este espaço foi visto pela esquerda “anti-PT” como uma forma de finalmente tentar aparecer e pela direita “anti-PT” também como uma forma de finalmente tentar aparecer. (A repetição é proposital estilisticamente).

Nunca se investigou mais a fundo nem a participação de partidos e políticos de esquerda e direita no financiamento e organização das manifestações, nem tais políticos deixaram seus nomes serem mencionados nestes contextos. Afinal, protesto sem liderança, mas com “apoio” do partido A e do deputado X não é bem “horizontal”. E todos deixaram a imprensa satanizar grupos de jovens mascarados que, até hoje, são para-raios de todo alegado “vandalismo” no Brasil.

O que aconteceu de fato, e existem inúmeros testemunhos e evidências disto, é que a tese do “apartidário” virou “apolítico” e um protesto sem bandeiras é como uma folha em branco em que a mídia legenda o que quiser para fazer-se entender pela população brasileira. A violência empregada pelos “organizadores” da manifestação “horizontal”, no sentido de coibir “símbolos de partidos” foi parte evidente da estratégia proto-fascista dos financiadores dos movimentos. Pessoas dedicadas 24 horas por dia nas redes sociais a levantar o maior número de manifestantes. Algumas destas pessoas hoje têm cargos de confiança de em partidos e governos de direita.

Enquanto uma parte da esquerda se via “liberta” de líderes e “pautas” de partidos e acreditava no mito da horizontalidade, independência e espontaneidade, o movimento era vitaminado e capturado pela direita e pelos órgãos de mídia em todo o Brasil. Direcionando as hordas de manifestantes sem pauta ao ataque e defesa de pautas difusas como “contra a corrupção”, “não vai ter copa” ou “saúde e educação padrão FIFA”. Sem organização, acreditando numa estética do manifestante empoderado uma parte da esquerda foi totalmente manipulada e, até hoje, se nega a perceber isto. Nem mesmo o bordão “não é só pelos 0,20 centavos” é criação “popular”.

Não apenas os governos municipais e estaduais nada ou muito pouco sofreram com os protestos cuja pauta deveria ser o transporte público, como logo após este “experimento social” são deslocados para o Brasil recursos internacionais para formar “libertários” e “treinar jovens lideranças”. O potencial de zumbis políticos no Brasil se mostrava imenso. Quando a esquerda de fato, finalmente se deu conta do que acontecia, e mobilizou as bases para retomar a direção dos protestos, a mídia entrou com a narrativa dos “vândalos” e terminou o experimento sócio-político de 2013. Nenhum efeito prático no transporte urbano perdurou. Em algumas cidades os aumentos foram postergados em oito meses. Nada mais.

2013 mostrava três coisas importantes (1) que redes sociais, dinheiro e mídia eram capazes de mobilizações de massa de direita; (2) que o governo brasileiro e as instituições estavam (e ainda estão) incapazes de mapear e coibir a entrada de recursos para desestabilização política centrada nos “think tanks” e que (3) o narcisismo de manifestantes de esquerda do século XXI (e seus celulares sélficos) era semelhante ao narcisismo de manifestantes de direita e, portanto, tudo virava o mesmo caldo que seria arremessado (quente) quando e onde os patrocinadores desejassem.

Nos protestos da semana passada no RJ, parte da “esquerda” voltou a usar a mesma lenga-lenga, vaiando lideranças políticas e exigindo um protesto “sem bandeiras”. Parece que não aprenderam e continuam a fazer as mesmas bobagens, talvez pensando que ganharão algo com isto. As eleições na França mostraram bem o resultado da falta de capacidade de compreensão do seu espaço desta esquerda contra-majoritária. Um segundo turno entre Le Pen e Macron podendo ambos terem sido vencidos pela soma dos percentuais dos dois candidatos de esquerda, alijados por picuinhas internas. Não deixem repetir-se 2013. O ano zero do golpe de 2016.

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

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  1. Da origem democrática à

    Da origem democrática à tragédia e a barbárie (texto publicado nest blog em maio de 2014)

    A transformação e evolução trágica dos protestos, que tinha em sua gênese, cunho de manifestação democrática, contra o império do poder econômico e politico que mantém  estruturas oligárquicas e exploradoras do povo – protesto do movimento passe livre contra as condições do transporte coletivo em São Paulo – por ocasião do aumento da passagem dos ônibus.

    Como é que, no desenrolar destes movimentos, a mídia subverteu tais manifestações e as transformou em um instrumento destinado a atacar o governo federal, culminando como um instrumento indutor da barbárie e da violência.

    Uma breve remissão histórica.

    No combate ao regime militar, o protesto, sem sombra de dúvida, ainda que violento e ainda que destrutivo, dirigia-se contra o aparelho de Estado, tinha sua razão de ser, destinava-se a dar visibilidade a uma forma de pensar que levaria a democracia e a liberdade de expressão.

    Em síntese, os que participavam dos protestos queriam a volta da democracia e da livre expressão e pelo término da repressão policial.

    Todos que participavam tinham plena consciência do que significava a manutenção da ditadura em detrimento da população em geral.

    Faço um parênteses, neste mês, como foi brevemente lembrado, um dos maiores protestos,  o das DIRETAS JÁ.

    Todos que lá estavam (no movimento das diretas) sabiam aonde estavam, com quem estavam, contra o quê e contra quem estavam lutando… e, fundamentalmente, porque estavam ali.

    Quem promovia o vandalismo era a polícia que atacava todos os movimentos, ainda que pacíficos. Era a repressão pura, oriunda da forma de pensar dos governantes de então.

    Isto gerava politização, cidadania, liberdade.

    ….

    Em contrapartida, os protestos de junho de 2013, que começaram com a mesma motivação, ou seja, contra a truculência da polícia do governo do Estado de São Paulo, ou seja, contra a repressão policial… em razão do oportunismo midiático, em pouco tempo se transformaram em uma manifestação que não tinha mais norte. Passou a ser contra tudo que esta aí.

    E neste tudo que esta aí  estavam  no movimento,  desde skinheads, fascistas, minorias glts(contra o Feliciano), movimento passe livre, sem teto, grupos de esquerda (psol e pstu), justiceiros, grupos contra a corrupção, black blocs…

    Exatamente pela diversidade, não se sabia a favor do que ou contra o que estavam se manifestando/apoiando. Daí surgiu o mote: estamos protestando contra tudo isso que esta aí…

    E vieram cenas lamentáveis. o Congresso foi atacado, pequenos comerciantes tiveram suas bancas incendiadas, cidadãos comuns tiveram seus carros incendiados e  pequenos lojistas viram suas lojas serem saqueadas.

    E aí, em todo este desenrolar, a grande mídia, que sempre condenou tais vandalismos e censurava toda e qualquer  manifestação.  de uma hora para outra passou a cobrir de forma incessante as manifestações ainda que violentas quase que transformando-as em manifestações cívicas, tudo com o propósito de imputar responsabilidades e acusar o governo.

    Em termos claros: mostrar a insatisfação do povo brasileiro, para depois editar os motivos da insatisfação.

    E muitos foram iludidos e defenderam a manifestação popular, direito fundamental da democracia.

    Esqueceram que esta somente é fundamental quando é livre, e estas manifestações, a partir do momento que foram aparelhadas pela mídia perderam sua essência, viraram joguete nas mãos de seus piores inimigos. Viraram instrumento da Globo, da Folha de São Paulo, do Estadão, da Veja, de todo este grupo conservador  e anti popular.

    Passou-se a defender a violência e a depredação feita pelos black blocs como fenômeno democrático.

    A polícia e o patrimônio público passaram a ser atacados.

    Esqueceu-se que, num regime democrático, a policia tem a função de defender a liberdade, ao contrário do regime militar. São servidores públicos iguais a tantos outros.

    Ressalvo que, como todo aparato militar de segurança, pode ter sua atuação desvirtuada pelo governante de ocasião (exatamente o que aconteceu). Quando Geraldo Alckmin (PSDB) reprimiu com o uso da policia as manifestações,  que estas sim, em sua origem eram democráticas..

    …manifestações contra o aumento das passagens dos ônibus e pela instalação de uma CPI para averiguar desvios no transporte coletivo (metrô de São Paulo e o cartel, corrupção, propina…e o sucateamento dos trens como resultado deste descalabro).

    Pois bem.

    Em linhas gerais, bem amplas, estes são alguns dos aspectos que compuseram tal cenário.

    Houveram várias outras componentes, mas, nesta análise, que não tem a mínima pretensão de ser exaustiva, prendo-me a estas diretrizes.

    …..

    De tal cenário, como erroneamente apregoaram diversos analistas políticos(da grande mídia), não surgiu uma maior politização, entendida como um espaço maior na  liberdade de expressão e manifestação em busca de objetivos comuns a sociedade em que vivemos.

    Ao contrário, resultou em um aumento da barbárie e proporcionou o surgimento de ícones fascistas (justiça pelas próprias mãos, repressão aos pobres da periferia pelos rolezinhos, vandalismo, e a toda hora manifestações que resultavam em depredações várias, ou no trancamento puro e simples de vários acessos vitais).

    Com o tempo, os protestos, com tal falta de unidade de desígnios, que unia manifestantes de shopping centers a jovens da periferia e militantes de esquerda,  etc , que passaram a ter apenas o mote midiático “de contra tudo que esta aí”, se tornaram insubsistentes e definharam.

    A ânsia em participar de manifestações coletivas, a adrenalina do protesto em si mesmo, a catarse coletiva, logo consumiu seu fôlego,  cedeu ao apelo da razão, passou a ser um imperativo a pergunta: porque estou aqui? E a palavra de ordem, contra tudo isso que está aí, por ser vazia de sentido e não ter objetos definidos e claros, deixou de ter apelo coletivo.

    Aqueles chavões genéricos   –  contra a corrupção, a juventude se manifestando, o povo na rua, contra a repressão, etc,  eram amplos demais e, ao mesmo tempo que diziam tudo, não se referiam a nada. Passaram a soar como discursos de outros Demóstenes, ou Collors de Mello,  paladinos da Justiça e caçadores de marajás, já desmascarados, ou por desmascarar.

    A maior parte dos participantes não se identificava com os blak blocs, que participavam vandalizando, destruindo e sendo protagonistas na arte de hostilizar os policiais.

    Aos poucos a desilusão, a noção de terem sido manipulados, a sensação de serem objeto da mídia passou de forma subliminar a tomar conta. Não, não foi e, não é ainda, uma coisa consciente. Eles apenas se sentem incomodados quando se veem ou veem isso na mídia. Mas, ainda é tempo de razão. Falta pouco. do outro lado resta a barbárie.

    Assim, hoje os protestos reúnem , via de regra, meia dúzia de pessoas, ainda que seu objetivo seja válido e consequente.

    De outro lado, movimentos sem conotação partidária expressa como a Marcha das Vadias, ou com objetivos definidos como o MST ou até mesmo o Movimento Passe Livre e os de militantes de partidos políticos, aos poucos voltaram a ter sua real representação e a ter suas manifestações e movimentações excluídas da informação midiática nos grandes jornais.

    Ficou somente o rescaldo do aumento da barbárie como resultado dos movimentos de protesto, que deveriam ser manifestações de apoio e construção da democracia, e que por motivação expressa dos donos da mídia tradicional transformaram-se no oposto.

    Mais uma vez criaram um monstro.

    Tais forças destrutiva, depois de liberadas, fogem ao controle. Tornou-se comum em São Paulo incendiar ônibus, depredar lojas, interditar ruas.

    Tenho que ainda é tempo de buscar a paz e pacificação, mas não as busquem na midia tradicional, vejam a opinião dos blogs informativos(sujos), vejam a outra visão, comparem. E, aí sim, vão às ruas e encham o peito de orgulho e digam com consequência e não como meros marionetes da elite: estamos construindo um país.

    Mas, neste compasso, tenham muito cuidado, as forças da destruição e da barbárie todos os dias ecoam nos grandes jornais e televisões, com seu canto de sereia, querendo levar a perdição quem acreditar em seus porta vozes.

    1. Começando a ler o post acima

      Começando a ler o post acima pensei que, finalmente, alguem tocaria num assunto que, inacreditavelmente, continua sem analise aprofundada, isto é, as verdadeiras razões da  “crise”, iniciada no governo Dilma.

      Os governos petistas estão entre os que mais acertaram, mas, ao mesmo tempo, certamente, entre os que mais erraram.

      Os absurdos começaram, entre outros, com a escolha do “negro para o STF” ou do outro que “matava no peito”, a demissão do diretor da policia federal, a escolha de um Gilberto Gil para o ministerio da cultura.

      Porem, o pior engano foi deixar passar a ideia de que a “crise” foi resultado dos “erros do governo Dilma”.

      A “crise” foi, na verdade,  um produto criado, planejado e executado pela direita para inviabilizar o segundo governo Dilma.

      Na verdade visava com isso barrar o pior para eles, a volta do Lula, depois dela.

      Apostaram todas as fichas nesse golpe. A midia criou o panico batendo diariamente na mesma tecla, crise, crise, crise.

      Tiveram a sorte  do golpe que tramavam ocorrer paralelamente a uma forte crise internacional, que abalava as economias emergentes.

      A direita colocou todos os seus “analistas politicos” nas telas da televisão apostando que a queda da presidente devolveria a tal “credibilidade” ao país. Houve ate um afirmando, na Globonews, que “apos uma semana  do afastamento tudo voltaria ao normal”.

      Não escutaram o poeta dizendo que “quem planta vento colhe tempestade”.

      A tempestade chegou, com ventos arrasando tudo.

      E os petistas se deixaram ficar com a culpa. Não conseguem explicar o obvio.

      Agora, aqui, leio extensas analises sobre as tais “jornadas de junho”.

      Elas não tiveram nada a ver com 20 centavos nas tarifas dos onibus ou nem mesmo com ações da direita nacional.

      Nada mais foram que as nossas “primaveras”, geradas como as outras no Egito,  Turquia, Libia, fora de suas fronteiras.

      Trata-se dos efeitos dos modernos instrumentos de manipulação de massas, atraves do controle das redes sociais.

       

      1. Respeite Gilberto Gil, meu caro!

        Gilberto Gil foi um excelente Ministro da Cultura e quem está fora do eixo Rio-São Paulo sabe muito bem disso! Quando saiu, deixou seu braço direito, Juca Ferreira, no lugar. Ele continuou seu excelente trabalho. No governo Dilma é que a coisa desandou, com Ana Holanda e – credo! – Marta ex-Suplicy. Quando Juca voltou, já não dava pra fazer mais nada, pois a crise fabricada (nisso concordo com vc) se agudizara.

  2. o futuro e o passado!

    Boa sintiese, e revisao historica de fatos tao recentes e bastante importantes para termos em conta alguns dos elementos `novos` neste novo GOLPE de 2016.

    Vale a pena refletir tambem o quanto a nossa ESQUERDA ficou estacionada no tempo, quanto a o trabalho de mobilizacao de massas, e desconhece completamente o uso dos novos instrumentos para conquistar os coracoes e mentes de nosso povo!

    A direita, mais recalcitrante, e antiquada no que tange ao convivio social, sabe muito bem como utilisar os mais modernos recursos que a midia eletronica nos coloca a disposicao, ate mesmo do mais decerebrado midiota, para comunicao social e movimento de massas (vide o TRUMP com o Twitter nos EUA e nossas GLOBO, BAND etc…aqui). 

    Nossa ESQUERDA, no entanto, continua vivendo e atuando como nos tempos da PANFLETAGEM de rua, e so falta propor a volta do uso do MIMEOGRAFO, como forma de ativar as massas…

    Assim esta luta se trava em condicoes muito desiguais… a direita com armas do FUTURO e a esquerda com o que ha de mais antigo do PASSADO… haja ativismo!

  3. importante lembrar q caio e

    importante lembrar q caio e seu amigo da camisa cinza suada, como dezenas de outrs assumiram q receberam 150 reaus pra quizumbar as manifestações, assumiram nas cameras….e quem pagou? MP ou PF eprguntaram? o guarda da esquina talvez? alguem anotou nos autos?

    seria o q pagava 45mil/mes pros meninos do MBL?

    ou seria oq financiava mala de aécio?

    talvez um q financiasse malas de ed cunha? as malas do MT talvez?

     

    bom… quem absolveu claudis teereje cruz q se manifeste. quem entrou no STF com livro plagiado talvez…..

    qq dotô, quem sabe.;….

  4. ” o narcisismo de

    ” o narcisismo de manifestantes de esquerda do século XXI (e seus celulares sélficos) era semelhante ao narcisismo de manifestantes de direita e, portanto, tudo virava o mesmo caldo que seria arremessado (quente) quando e onde os patrocinadores desejassem.

    Nos protestos da semana passada no RJ, parte da “esquerda” voltou a usar a mesma lenga-lenga, vaiando lideranças políticas e exigindo um protesto “sem bandeiras”.”

     

    O narcisismo é essencial para a implementação de estratégias do tipo divide et impera, uma vez que pessoas dominadas/entorpecidas pelo próprio ego tendem a ser mais agressivas e menos cooperativas; 

    e é, também, essencial para tornar pessoas mais manipuláveis, uma vez que pessoas dominadas/entorpecidas pelo próprio ego tendem à incapacidade emocional de reconhecer/se lembrar de erros passados.

     

    Antes era a televisão e rádio, usando conteúdo para gerar processos emocionais: a cultura como um meio para produzir traços de personalidade.

    Agora é o facebook, instagram e outras mídias do tipo usando processos emocionais para gerar conteúdo: traços de personalidade como um meio para produzir cultura. 

  5. Isso é uma realidade

    Essa parte da esquerda só tem e teve alguma voz quando foi para ajudar a fazer oposição ao PT e para derrubar o Governo da Dilma.

    Fora isso eles não tem força nenhuma e nem espaço na mídia.

    Acho até que esses MBLs e VPR da vida teem mais força que essa parte da esquerda.

    Eles ainda não conseguiram acordar para realidade. Estão vivendo dentro da bolha deles.

     

     

  6. Em quantos bilhões de

    Em quantos bilhões de dólares(U$) de prejuízo ao Brasil se transformaram aqueles R$ 0,20 centavos de real?

    Alguém consegue calcular?

    Cadê os FDP do movimento passe livre? Qantas vezes as passagens de ônibus já subiram desde 2013? Quantos centavos de real ou reais?

    Foi muito fácil derrubar um governo popular no Brasil. A direita se aproveitou da ignorância da população e foi como tirar doce de criança.

    Afinal, o piçol é extrema direita ou esquerda?

    1. A direita pegou carona nas manifestações dos oprimidos

      A direita pegou carona nas mainfestações dos oprimidos e uma parte destes não quis e a outra não teve forças para desembarcá-la. No final a direita tomou a direção do MPL e os oprimidos é que estavam de carona no trem da alegria da direita raivosa e truculenta.

      1. Estou até hoje querendo achar

        Estou até hoje querendo achar meia dúzia, só meia dúzia já me satisfaria, de ”oprimidos ” nas manifestações de junho de 2013. Não participei, estava na Argentina e de lá quase enfartei ao ver o tiro no próprio coração que os brasileiros estavam dando. Mas continuando só vi classe mérdia que tinha e tem plano de saúde e escola privada, berrando por ”saúde e educação”, realmente deveriam tratar da saude mental( baixo nível de compreensão da realidade) e da educação política (nenhuma). O resto é este sofrimento, essa tristeza de ouvir as mesmas músicas da minha juventude serem cantadas em um ato reinvidicando o mesmo que no século passado. Eta país difícil de avançar, um pouquinho só , já seria muito bom.

        1. 5 estrelinhas

          Já que não consigo marcar estrelinhas nos comentários que me agradam, entro aqui pra dizer que assino embaixo do seu comentário, Roxane. 

  7. Os Isentões nada tinham de isenção

    Foi através dos Isentões, e, nesse ponto, o pessoal do P$TU, que queriam editar no Brasil as Primaveras promovidas pelos EUA no Norte da África e no Oriente Médio, e o pessoal do P$OL, também se sentiam Isentões, e acabaram fortalecendo a direita, o que veio a desembocar na atual hegemonia da direita golpista e truculenta.

    O pessoal do P$TU ficou do lado do imperialismo e apoiou o massacre da população líbia e a destruição de sua infra-estrutura.

  8. 2013: as selfies revolucionárias horizontais e apolíticas

    No início dos protestos de 2013, um amigo, ex-militante do PCB foi as tuas em Recefie-PE e postou uma foto das daquelas manifestações, percebi que não tinha nenhuma bandeira das tradicionais forças de esquerda que historicamente lutaram contra o regime de 1964 e antes e após o golpe de 64 estavam presentes em todos os momentos da conturbada vida política nacional, exigindo mais espaço popular. 

    Ao perceber isso, postei uma resposta para o companheiro sem vacilar, dizendo: Companheiro saia daí que essas manifestações são de direita.

    Você tem razão Fernando, manifestações exponâneas, sem direção e com pautas genéricas jamais foram da tradição das esquerdas, concordar com isso é captular diante do inimigo ideológico e a ele se curvar.

    Brilhante a sua análise…

  9. Análise parcialmente correta, pois muito superficial.

    O autor do texto, Fernando Horta, que é historiador e deve ter acompanhado de perto as “manifestações” de 2013 deve dispor de muito mias informações. Portanto esperamos que le faça uma análise mais aprofundada do que ocorreu naquele ano. 

    Em 2013 agências e departamentos de inteligência, investigação e espionagem dos EUA (NSA, CIA, FBI, DoJ, etc.) roubaram informaçãoes estratégicas da Petrobrás, da Eletrobrás e outras empresas estratégicas; até os gabinestes da presidência da república foram grampeados.

    Note-se que Fernando Horta sequer citou o papel da grande mídia comercial (o PIG/PPV) e a associação dela com o MPF. O autor deve se lembrar que o consórcio PIG/MPF mudou e nacionalizou a pauta daquelas “manifestações populares”. A PEC-37, que estabelecia limites claros à atução do MP  e das polícias (com destaque para o MPF e PF) foi criminalizada e rotulada como “PEC da impunidade”. A Globo e o MPF formaram, então, uma associação simbiótica. No início do ano seguinte foi deflagrada a chamada operação “Lava a Jato”, que sempre vi como uma Fraude Política  a Jato, uma verdadeira ORCRIM institucional, como hoje os mais bem formados, bem informados, atentos e observadores podem constatar de forma cabal. A Fraude a Jato é corolário das operações anteriores da trama golpista, notadamente das espionagens e “manifestações” de 2013, que enfraqueceram o governo popular e legítimo, abrindo caminho para a sabotagem que viria logo depois.

    Outro aspecto negligenciado pelo autor é a presença dos famigerados “P2”, PMs e agentes de outras FFAA infiltrados nas “manifestações”, sobretudo nos grupos que se auto-denominam “black-blocs”. No Rio cheguei a ver homens de 1,80m de altura e mais de 80kg – verdadeiros trogloditas – vestidos de preto ou sem camisa, com um pano preto no rosto, deprendando lojas e bancos, aplicando voadoras sobre as vidraças; um cidadão comum jamais seria capaz dessas manobras de arte marcial. Além de depredar, eles iniciavam e estimulavam saques de lojas de departamento. Curiosamente nenhum estabelecimento bancário ou comercial entrou com ações contra o Estado, exigindo indenização; ou, se o fizeram, o PIG/PPV não noticiou.

    O autor mistura no mesmo saco Direita e Esquerda. A verdade é que alas de uma Esquerda inconseqüente e pouco alfabetizada polìticamente se juntaram à Direita e Extrema Direita, numa tentativa de capitalizar apoio dos que se mostravam descontentes com o governo da Presidenta Dilma Rousseff. A Esquerda Esclarecida e a ala que apoiava o governo legítimo não estavam naquelas manifestações, pois perceberam que as manifestações tinham um propósito claramente desestabilizador, visando enfraquecer o governo e preparar o terreno para um golpe de Estado. É certo que muitos analistas, jornalistas e mesmo estudiosos e acadêmicos embarcaram na onda e chegaram a afirmar que aquelas manifestações eram de uma juventude que não se sentia representada pelos partidos políticos existentes. Luís Nassif e Alberto dines são dois exemplos. Apenas no início do ano passado a ficha caiu para eles e muitos outros, que inicialmente se empolgaram com as “jornadas de junho de 2013”.

    Em fim: o artigo se mostra superficial porque neglicenciou/omitiu aspectos importantes, os quais são essenciais à compreensão do que foram as “manifestações populares” ou também chamadas “jornadas de junho de 2013”.

  10. Os protestos de 2013  foram

    Os protestos de 2013  foram uma continuidade do movimento da  Primavera Árabe. Utilizaram técnicas de comunicação em massa, promoveram manipulação psicológica provocando dissionância cognitiva e utilizaram  a internet para mobilizar esses grandes contingentes humanos raivosos e  reacionários . Os agentes nos dois casos foram os mesmos, só não sabemos se foi da CIA ou da NSA.

    Com isso promoveram uma cisão. A oposição enxergou oportunidade de capitalizar com a situação, só não imaginou que também seria engolida pela turba ensandecida que se formou.

     

      

    1. Engolida ???
      Garantiram 5

      Engolida ???

      Garantiram 5 mandatos presidenciais na prática, botando o neoliberalismo na constituição.

      Pode botar o Lênin na presidência, que ele vai ter que fazer um governo neoliberal com a EC 95.

      O pré-Sal já foi entregue e eles já embolsaram o dinheiro.

      E a reforma Trabalhista e previdenciária estão só esperando trocarem o Temer pelo Jobim ou Jereissati para passarem com força total.

      Aécio, Temer, são baixas acceitáveis. A esquerda morreu. A direita está mais viva que nunca.

      1. Estou falando de 2013 pra

        Estou falando de 2013 pra cá.

        Não se esqueça que a percepção das pessoas muda com o tempo. O Lula já teve 80% de aprovação, hoje tem mais de 50% de rejeição. Amanhã isso pode mudar novamente.

        A direita está sendo exposta como mais corrupta do que a esquerda que sempre foi acusada de sê-lo. A narrativa dos fatos, antes um exclusividade sob controle da grande mídia, hoje está difundida pela internet. Os resultados pífios da direita serão lembrados no futuro.

        Muitos dos jovens que hoje bradam contra o PT, não viveram na época do liberalismo. Daqui algum tempo se decepcionarão com a direita e a esquerda se tornará opção novamente. A esquerda não morreu e com certeza sairá mais forte depois desse aprendizado político. 

        1. Mais corrupta ou menos, só

          Mais corrupta ou menos, só com a esquerda com 3/5 da câmara e do senado é que adianta discutir outro projeto de país, algo que acho totalmente inviável…

          Não tem choro nem vela. Neoliberalismo até 2038.

      2. A EC-95 pode ser revogada

        Em 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a CF, alguém imaginava que 10 anos depois a Carta Cidadã já tivesse sofrido múltiplos estupros e sido completamente desfigurada, com mais de 20 emendas? E quem imaginaria que antes da 3ª década a mesma CF fose emendada quase 100 vezes? Assim como essa EC-95 foi aprovada por esse parlamento que reúne as mais perversas quadrilhas que a política brasileira produziu em 517 anos, é possível que daqui a um ano a maioria dos que hoje têm assento nas casas legislativas seja defenestrada de lá. Se elegermos outro parlamento, não só a EC-95, mas muitas outras do neoliberalismo privatista e entreguista podem ser revogadas. 

        Esse fatalismo conformista é típico dos que estão concordando com o golpe e com os cleptocratas do neliberalismo.

  11. o Psol foi expulso da festa
    Essa esquerda de verdade, como gostam de dizer, queimou todos os barcos em nome de uma revolução que julgavam iminente. Lembro que as mobilizações anti-copa ganharam logo no início um tom anti-PT que muito agradava as lideranças do Psol e do hoje reduzido a pura negatividade PSTU- se é que ainda existe. Nas Jornadas marcharam sem pudor ao lado de pessoas com cartazes pedido pena de morte, redução da minoridade penal, direito a posse de arma, xingando Dilma de puta e muitos outros absurdos. Fizeram vistas grossa a tudo isso e provavelmente tenham sido os primeiros a gritar “o gigante acordou”. Nunca farão uma autocrítica porque não abandonaram os protestos, a bem da verdade foram expulsos aos gritos de “sem partido” e com os pais de suas bandeiras sendo quebrados em suas cabeças. Devem ter perdidos muitos militantes para os grupos proto-fascistas que os protestos fizeram aproximar na força dos “indignaldos” do “contra isso tudo que está aí”. No dia que fizeram a autocrítica o partido do sol quebra em muitas bandas.

  12. Só não dei seis estrelas

    Só não dei seis estrelas amarelas porque não tem, caro Fernando. Analise direta, cristalina e certeria. Inclusive com a importância de identificar o mesmo fenômeno que deu na antipolítica lá em 2013, ocorrendo agora nessa ultima manifestação em Copacabana.

    Acabei de receber no whatsapp um vídeo do senador Randolfe do Psol na casa do Caetano “explicando” a crise política para este e alguns artistas. O senador diz que o Janot é a garantia do combate a corrupção. Coloca a lava a jato acima de todas as coisas num moralismo de esquerda udenista e coxinha.

    Essa esquerda moralista, o Brizola identificou lá nos anos 80 em parte do PT, então um partido “puro”. Chamava de “UDN de macacão”. O velho Briza sabia muito bem no que dá esse tipo de “pureza”. A direita instrumentaliza.

    No fundo essa esquerda não difere muito da direita “apolítica” de classe média que vê a política apenas pelo viés da corrupção, quem rouba e quem não rouba. A esquerda à vera a vê como expressão da luta de classes.

  13. 2013

    Sinceramente . 

    Um pouco conspiratório demais.

    2013 não teriam sido o que foram não fosse o solo fértil que o social liberalismo do lulismo não tivesse deixado pronto. Fora disto tivemos uma presidente completamente inepta para a política grande. Não, não foi uma grande armação maquiavélica de manipulação das rede sociais. Foi a ocasião que fez o ladrão. Sinceramete ainda todos querem educação padrão FIFA. Não há nada de manipulativo nisto. A esquerda que foi estúpida e deixou o campo aberto a uma direta aparelhadora que sempre existiu. Baixou a guarda diante da sombra e água fresca do partido da Ordem. O PT.

    1. “Sinceramete ainda todos

      “Sinceramete ainda todos querem educação padrão FIFA.”

      Que a PEC do Teto inviabiliza. Só dá para começar a fazer uma educação padrão Fifa só começará a ser pensadaem 2038, e se tudo for bem feito, é coisa lá para 2058 (Sem golpepelo caminho).

      Se as pessoas querem saúde e educação padrão Fifa, teriam se levantado contra a PEC do Teto, que é inderrubável (Esquerda tendo 2/3 do congresso é mais fácil fazer revolução).

       

  14. 2013: as selfies revolucionárias horizontais e apolíticas

    mas puta merda, hein… se 4 anos depois vcs ainda não entenderam nada sobre 2013, é porque nenhum de vocês tem pisado nas ruas na resistência contra o golpeachment.

    o Ocupa Brasília e o Show da Diretas Já em Copa, nada mais são que o espírito de 2013, que nunca saiu das ruas.

    uma vez Ex-querda, sempre Ex-querda.

    p.s.:

    2013 nada tem a ver com PSOL. tem muito mais a ver com o PT dos bons e velhos tempos. não é à toa que agora estão mais preocupados com a Globo do que aproveitar o racha da cleptocracia. haja Rivotril!

    .

    1. Nem tudo era joio nem tudo era trigo em 2013

      Os Manifestantes de 2013 não formavam um bloco monolítico, como você quer nos nos fazer acreditar, Arkx.

      A Globo só não tentou liderar o Show/Manifestação em Copacabana porque ninguém amarelou, isto é, porque ninguém vestiu a camisa da Seleção Brasileira.

    2. Quanta ingenuidade. Se seguir
      Quanta ingenuidade. Se seguir nesse espírito, serão esmagados pela direita com muito mais facilidade do que foi o PT (que, na verdade, ainda vai sobreviver). Política não se faz com frases bonitas e boa vontade, se faz com luta, organização e consciência. Sem organização (partidos, sindicatos, etc), o poder de fato nunca é colocado em xeque. Se o espírito de junho de 2013 fosse tudo isso que você fala, era para ter pelo menos o dobro de pessoas na rua agora, considerando a realidade política do momento. Não só não tem como não teve enquanto o impeachment (golpe) se desenrolava. O que teve de mais significativo até agora foi a greve geral, organizada pela boa e velha CUT. E foi a mesma CUT que chama manifestações contra o golpe desde 2014, enquanto o famoso espírito de junho de 2013 só foi pra rua para desgastar o governo Dilma e de resto ficou dormindo tranquilamente.

      1. Concordo com vc, Gabriel.

        E com Fernando Horta também. Esse cara é excelente! Grande “aquisição” do GGN! Suas análises são longas sem serem chatas. Há substância ali.

    3. desista, arkx

      Claramente a argumentação do autor é absolutamente parcial. Deixando pra lá 2013, que é um assunto complexo demais para certas mentalidades, supondo que o autor  more em Brasília (já que é professor da UnB), seria o caso de perguntar se ele esteve presente em Copa domingo pelas Diretas Já, sobre a qual fala com aparente “propriedade”.

      Eu estive e acredito que pelo menos alguns que morem no Rio e aqui (GGN) comentem tenham estado. Foi um ato lindo, harmônico e as únicas vaias foram para os golpistas. Mas tem gente que insiste em chamar os outros de … o inferno são os outros. Se não for “Volta, querida!” não serve. Danem-se as Diretas Já. 

      Pois é… sectários (sic) quem?

  15. 2005 foi o ano zero do golpe!

    Muito bom mas é preciso recuar ainda mais. Levando em conta sobretudo o que se tornou fato político e público, o ano zero do golpe de 2016 foi 2005, quando o Mensalão eclodiu. A partir daquele espetáculo jurídico e midiático, como se se tratasse de algo inédito ou inaudito no Brasil, começou a ser desfiada toda a trama contra Lula e contra o PT, o que ainda perdura mesmo depois do golpe de 2016.

    1. 2012 – Joaquim Barbosa et al.

      Pra mim, o golpe começou mesmo no ano anterior às “jornadas de junho”, ou seja, em 2012, com o julgamento do chamado “mensalão” e o protagonismo de Joaquim Barbosa, antecessor de Moro, condenando gente do PT sem provas com base no “domínio do fato”. Como não nos levantamos ali, o resto foi consequência – inclusive as malfadadas “jornadas”, onde a juventude de direita só se sentia no direito de esculhambar um governo que retirara quase 40 milhões de baixo da linha de pobreza e colocara o Brasil numa posição de protagonismo que nunca tivera antes pq um Dirceu e um Genoíno haviam sido condenados num julgamento de exceção. 

      Pode-se dizer que a raiz estava em 2005, com o escândalo do apelidado “mensalão”, mas o golpe não prosperaria se o julgamento de 2012 tivesse sido de acordo com a lei, ou seja, se não fosse um julgamento de exceção. O golpe começou a ser executado ali. E essa execução continua… 

  16. Participação

    Por que haveríamos de defender o governo que vinha implantando políticas direitosas? Penso que o governo Dilma, pela ação do PT quis agradar a todos, o que se confirmou após a eleição com derrota do Aécio, mas com o uso de sua plataforma. Também temos memória, viámos como era difícil realizar uma campanha política, tinha muita arrecadação, depois parou tudo, o partido não precisava mais de dinheiro, não haviam campanhas de arrecadação. Quem financiava? Também vimos muitas pessoas aderindo ao governo sem qualificação e ainda as associações com pessoas as quais antes eram repudiadas. Brincávamos dizendo que eram os ‘nossos bandidos’ que estavam associados ao governo, defendendo a sociedade e dando apoio, contra os ‘bandidos dos outros’ no caso os outros eram nossos adversários e inimigos. Sarney, passou a ser amigo, Renan amigo, inimigo e novamente amigo. Diabeisso? Tudo em nome da governabilidade. Temos que ter lado e não olado de cima do muro. Nós e Eles tá bom demais.

  17. Jornada de Junho foi resultado de um Processo Histórico.

    Vou analisar de forma particular sobre as Jornadas de Junho, para ampliar o debate. 

    Para analisar as Jornadas de Junho de 2013 é preciso entendê-la acima de tudo como o resultado de um Processo Histórico, envolvendo dois elementos centrais:

    1) O Governo de centro-esquerda do PT;

    2) Os meios hegemônicos e oligopólicos de comunicação no Brasil capitaneados pela Rede Globo & velha mídia.

    Além destes dois elementos é preciso diferenciar dois tipos básicos de juventude nas ruas:

    1) A juventude da primeira semana das Jornadas, lideradas pelo MPL e a reivindicação de não aumento das tarifas de ônibus e metrô na capital paulista (MPL que é fundado 8 anos antes em 2005 e já tinha liderado outras manifestações contrárias ao aumento de tarifas de transporte coletivo);

    2) A juventude incorporada na segunda semana, após a mudança de direção do entendimento do que seria possível ganhar, pelo Sistema, capitaneado pela Rede Globo, em favor da Oposição Política e da possibilidade de queda na popularidade e quem sabe da derrubada do Governo Dilma e retirado do PT (centro-esquerda) do Poder com as Jornadas de Junho de 2013. Esta juventude nova era da classe média e médio-alta tradicionais, levada às ruas pela velha mídia em um processo distinto do que pôde criar o MPL e àqueles jovens outros nas ruas. (Os dois posicionamentos do Jabor, o antes, chamando os jovens de arruaceiros e baderneiros e o depois, de alguns dias depois, chamando os jovens de idealistas deu o tom da descoberta que ali se poderia ter um primeiro ganho eleitoral para os derrotados em 3 eleições seguidas para o PT).

    Fique claro.

    A Juventude do MPL não apareceu do nada (o ajuntamento de dezenas de milhares de jovens), a Ideologia do sem partido e da horizontalidade, também, não.

    Torna-se preciso dizer que o MPL e a juventude nas ruas são um resultado histórico de quase 10 anos de petismo, de Governos Lula e Dilma. Bem sabemos que a direita e a extrema-direita e sua defesa de um modelo de sociedade neoliberal no Brasil não estava tendo eco na sociedade, não tem em qualquer sociedade senão via oligopólios midiáticos e Justiça seletiva. Os motes da direita e extrema-direita neoliberal fora do Poder Central são basicamente dois:

    1) Ameaça comunista, do bolivarianismo, vão instalar uma ditadura nos moldes da cubana no Brasil, essas coisas (imaginemos com o advento das redes sociais e da internet o quanto foi possível introjetar no imaginário coletivo essas ideias);

    2) O intensivo discurso da corrupção, mesmo que seletiva, na Globo, Veja, Folha, Estadão, etc. Ela, a corrupção, com o advento da Internet retirou a seletividade midiática de sua comodidade, e ocorria em muitos casos da Internet ser tão disseminadora das denúncias de corrupção do PSDB, PMDB, DEM, etc. que a mídia vinha a roldão, mesmo que num espaço de alguns dias. Ninguém se salvou da temática corrupção.

    A centralidade do tema corrupção se desenhava como uma arma do Sistema para o combate ao PT, Governo que estava tendo sucesso econômico e social perante o eleitorado brasileiro e vitorioso fora em três eleições seguidas e com alta-popularidade.

    É a forma encontrada e clássica da direita e extrema-direita contraporem governos de centro-esquerda em plena ação. Tudo sem contraponto, afinal, só havia uma Ideologia nos meios de comunicação.

    Neste processo histórico de 9 anos e meio de PT no Governo central assistimos ao desabrochar de uma realidade, onde a juventude brasileira foi sendo levada a desacreditar na Política, nos políticos e partidos políticos. E, por qual motivo: a massificação diária de associar a Política, os políticos e os partidos políticos à corrupção. Tudo o que não acontecia na vida da juventude era culpa do Estado corrupto e ineficiente.

    Formou-se, então, uma Juventude de esquerda apartidária, não necessariamente apolítica, afinal, gritar: – sem partido, já é uma manifestação Político-Ideológica. Apenas creem que a Política existente não seria capaz de dar a ela o que almeja. Seja financeiramente, seja no campo dos direitos civis, seja na periferia, seja no centro, seja na universidade, seja no trabalho, etc.

    A pauta do não aumento da passagem de ônibus e da possibilidade de estatização do transporte coletivo e do passe-livre não é pauta de direita, é de esquerda e com mais adeptos na extrema-esquerda.

    Quando veio 2013 este processo histórico de associação da Política à corrupção já tinha quase 10 anos de pleno funcionamento. A juventude inserida na semana inicial das Jornadas de Junho incorporou cultural e socialmente esta narrativa midiática e podemos dizer que ela, como bem disse o LULA, ainda em 2013, a Juventude das ruas não tinha modelos referência de Governos, a não ser o petista.

    Imaginemos que um jovem comece a adquirir consciência social e política com 15 anos de idade e nas ruas estavam jovens entre 18 e 25 anos, eles foram apresentados aos Governos FHC, Collor? Não! A referência única é o próprio Governo petista. Então, eles só podiam comparar o Governo do PT com a realidade vivenciada nos governos petistas.

    Havia em 2013 uma proposição que era a seguinte:

    Os jovens inseridos na sociedade via consumo exigiam mais do que esta realidade de serem “cidadãos” por terem o direito de consumir coisas.

    O Jovem que era abordado pela polícia, tarde da noite, chegando da Faculdade; as universidades paulistas sem verbas para uma excursão dos alunos e a ausência de uma Democracia interna; os preconceitos contra o LGBT; as campanhas moralistas do José Serra (Presidente e Prefeito); os trabalhadores explorados de telemarketing, etc. O jovem queria se libertar de um Estado opressor, estava com uma mente mais aberta, solidária e libertária.

    Quem lembra que em outubro de 2012 houve um evento de jovens, podemos chamar de jovens libertários na cidade de São Paulo: Existe Amor em São Paulo na Praça Roosevelt. Muitos destes jovens estarão associados às Jornadas de Junho de 2013. Esse movimento era apartidário, buscava uma cidade mais solidária, mais tolerante e se dizia livre de preconceitos.

    A juventude de esquerda das Jornadas de Junho surge deste caldo cultural libertário e da massificação do discurso midiático de criminalização da Política e de um Estado que estava a serviço do Capital, acima de tudo. Ela é espontânea e não se ajuntou nem chegou às ruas, somente, porque foram “patrocinadas” por alguém.

    Separemos a Juventude de esquerda da Juventude de classe média e médio-alta tradicionais de formação conservadora, esta, sim! Chegou às ruas porque a Rede Globo & velha mídia a cooptou.

    Chegou às ruas sem nenhuma reivindicação real, sem nenhuma organização prévia, de forma anárquica como foram os dois grandes atos na Avenida Paulista pró-Impeachment.

    O ato de estar nas ruas não era um ato de reivindicar, mas a chance de colaborar para a retirada do PT do Governo Federal. É como se esta Juventude de direita e extrema-direita fosse para as ruas extravasar as derrotas eleitorais seguidas (alimentada pelos pais, familiares e meio-social que vive) , e crer na possibilidade de derrubada de um Governo, que ela não pertencia (Ideologia do meio social em que vive), Governo de outras classes sociais menos abastadas.

    Se observarmos a Juventude da classe média e médio-alta tradicionais, ela sequer sabia o motivo de a Globo ser contrária a PEC 37 e ela era capaz até, de levantar o cartaz: – Não a PEC 37. – Se a Globo diz que é contra sou contra. (Classe social que compreende o mundo via noticiário da velha mídia, bem sabemos),

    Lembremo-nos do vídeo que circulou na net em 2013, vídeo que um repórter perguntou a dois jovens o que era a PEC 37, e que eles responderam ser contrários sem saber do que se tratava a tal da PEC.

    Esta foi às ruas por um processo outro, ligado a uma realidade social nova, onde, os espaços ocupados por esta Juventude, deixaram de ser espaços exclusivos e adentrou nele o Jovem da Classe C, o brasileiro antes excluído da sociedade pela existência até 2003 de um modelo de sociedade de castas com apenas 30% de incluídos e que faziam, podemos assim dizer, um papel de ponte entre o Capital e o trabalhador, parcela necessária para a existência e permanência do Sistema de castas brasileiro.

    A busca de manutenção da “distinção”, o medo de invasão dos espaços sociais antes exclusivos e, principalmente, a concorrência no mercado de trabalho, com o fim do QI (Quem indica), a produziu e a levou às ruas, não era por reivindicações coletivas e sim, individuais e classistas.

    2012 e o “Mensalão”, 2013 e as “Jornadas de Junho”, 2014 e o Não Vai Ter Copa e a Lava-Jato, 2015 e 2016 e o Impeachment nas ruas nos mostram essa Juventude e a sua classe social em efervescência, eram momentos de tentativa de vitória fabricada, de alimentação de um retorno ou de um contexto benéfico a si próprio, diante da realidade do PT 3 vezes vencedor no pleito eleitoral Federal e a caminho da 4 vitória, que se consumou.

    Estar nas ruas, comemorar cada injustiça cometida contra os petistas é parte do Processo de retirada do PT do Poder, que se materializou em abril de 2016.

    Se me perguntarem do silêncio de hoje dessa juventude de direita e extrema-direita eu responderia que o Governo Temer, ao reintroduzir a Ideologia da meritocracia, sossegou essa gente toda, porque ele Governa sem as ideias de cotas raciais e sociais e de programas sociais inclusivos.

    Fiquemos atentos.

    Já se pode notar uma paralisação da ascensão e ocupação dos espaços exclusivos das classes média e médio-altas tradicionais pelas classes C e D, ascendidas nos Governos Lula e Dilma. Mesmo com a neutralização de ações mais gloriosas da classe média tradiconal, como viajar para os Estados Unidos todas as férias e comprar SUV´S anualmente, temos o principal, não se misturar é mais importante do que ações mais gloriosas, garante a “distinção” e exclusividade de certas baladas e outros espaços culturais.

    Então se justifica o silêncio, apesar de quererem o Fora Temer, aqui já adentrando na realidade, que Temer está “ferrando” com todo mundo no ano de 2017, ameaçando certas comodidades sociais, como é, a escola particular e plano de saúde top.

    Para terminar, pergunta é:

    E a Juventude de esquerda do Existe Amor em São Paulo, do MPL e dos secundaristas por onde anda?  Esta é uma realidade a ser estudada com mais atenção. Estão descentralizadas? Estão nas periferias? Como estão, se estão, se articulando para o pós-Temer?

    E os partidos de esquerda (a Política institucional), o que fizeram para tentar capitalizar para si essa Juventude, para irem além da horizontalidade em pró de mudanças seguras pela Juventude de esquerda das ruas almejada?

    PS:. Separemos a população de direita e de extrema-direita nas ruas em dois grupos distintos. O grupo das ruas se tornou de extrema-direita. O que batia panelas é resultado do que viu nas ruas; quando viram MBL, Vem Pra Rua, Integralistas, bolsonaristas, apologia à volta da Ditadura Militar, etc. saíram das ruas e foram bater panelas para serem notados.

    2015 e a manifestação do Impeachment teve mais gente que em 2016. Quem passou a bater panela depois que foi na primeira manifestação em 2015, talvez, não tenha voltado em 2016, outros incautos substituíram essas pessoas. Todas, apesar desta constatação, comemoraram o Impeachment.

    1. Tenho visto nas manifestações

      Tenho visto nas manifestações aqui em Foripa boa parte da juventude de esquerda que perguntas onde estão. Vão nas manifestações mas não participam por ex da Frente Brasil Popular, e, no começo  teve alguma ressonância, pois o PT e os sindicatos estavam para lá de acuados. Quando o PT e os sindicatos retomaram o protagonismo os ”independentes” foram reduzidos ao seu tamanho: muito pequeno  mas que grita bem alto, é sem partido, é fora todos eles, mas…. se minha percepçaõ e aí é só percepção, feeling, não me engana há alguma orientação partidária ou de grupos políticos com alguma ideologia (anarquismo) e um pouco de PSTU/PSOL . PCO? não sei. Juventude difícil com discurso pronto, onde quem  se atreve a contrariar, ou questionar é praticamente escrachado. Bem eu e muita gente largou mão . Eu fui das últimas a deixar de lado, pois achava e acho importante, tentar um mínimo de acordo, de pontos comuns, não deu. Chegaram a dizer que eu ”não era de confiança”. Aí subi nas tamancas, disse um pouco , só um pouco, para deixar a porta entreaberta e caí fora. Mas é de uma burrice imensa, tentei , tentamos muitos da esquera daqui, não deu. E o mais incrível é que metiam o pau nos sindicatos mas quando precisavam de dinheiro para uma faixa um panfleto iam pedir adivinha onde? Pois é. Te conto porque acho bem importante termos um panorama de como asconteçe no mundo prático. Mas continuam indo nas manifestações. Só que querem sempre fechar a ponte  edaí é briga com a PM, mas não conseguem mais dirigir a manifestaçõa. mOs sindicatosd e partidos , frentes, que agora estão a frene fazem questão de mostrar para a cidade que somos pacíficos e que portanto podem vir para a rua sem medo. O que acho que tem que ser, agregar. Espero ter sido de alguma ajuda. Minha formação é em área bem diversa das humanas, sou dentista, com uma segunda formação em artes visuais. Daí a falta de embasamento teórico.

  18. Obrigada Fernando. Mais um

    Obrigada Fernando. Mais um texto para ajudar a tentar organizar o caos , na cabeça. E fico contente em ver tanta contribuição boa para a entender e claro ajudar a organizar esse caos.

  19. A esquerda anti-pós-moderna é a populista-stalinista, claro

    Isso considerando-se que a esquerda pós-moderna se iniciou em maio de 68, e antes disso era a que ainda defendia a barbárie de Stalin. Agora a grande pergunta ao Fernando Horta: ele considera realmente que Lula, PT e companhia são o sumo do progressismo? Não vê absolutamente nada de arcaico em suas políticas, discursos, mistificações e populismos rasos sem qualquer planejamento de longo prazo? O médio prazo chegou e o país já quebrou quebrou antes do longo prazo, sem nenhuma mudança estrutural no estado getulista/peronista (perdoem a ironia). A crise econîmoca era óbvia em 2013. Mais de uma década incentivando o consumo sem qualquer respaldo de produtividade pelo lado da oferta é uma bomba relógio certeira na inflação e no restante da economia. E assim como após o dia vem a noite, certamente ainda viria mais uma crise cíclica do capitalismo internacional. Durante as vacas gordas não se fez nada para mudar estruturalmente o país. E durante as vacas magras, elas foram para o brejo. Lula, PT e o autor do tópico são a esquerda conservadora, o correlato populista ideal para o populismo de Bolsonaro. Parece que 2013 está mais atual quanto nunca: FORA TODOS. Voltem à primeira metade do século XX, esquerda e direita arcaicas, e deixem o resto do país tentar se desenvolver, por favor.

    1. É melhor mudar o discurso para circunstâncias diferentes

       

      Felipe Lopes (terça-feira, 30/05/2017 às 18:58),

      Você traz sempre as mesmas ideias independentemente do debate que se pretende fazer. Você parece com um Rip Van Winkle que dormiu ali no início do Séc. XX e acordou nesse século. Como engenheiro apesar das potentosas construções modernas você verifica que o fundamento das edificações é o mesmo e passa a concluir que nada mudou.

      A sua leitura de engenheiro leva a ler os mesmos jornais onde a lição já vem toda pronta e coincidentemente muito parecido com o que se dizia no passado e você então dezanda a dizer o que se dizia naquele tempo. Não se pode aumentar os impostos, o Estado é muito grande e ele expulsa os agentes da economia. No máximo vocês dizem a frase de Paul Valéry: “Si l’Etat est fort, il nous écrase. S’il est faible, nous périssons”. Só que é um discurso que anda para trás, pois já no final do século XIX, Adolphe Wagner reconhecia que a medida que as nações vão ficando mais ricas a população aumenta a demanda por mais e melhores serviços e com isso aumenta a necessidade de aumentar os gastos públicos e obviamente há necessidade de aumentar os tributos.

      No início do século XX a carga tributária era em torno de 10% do PIB. Hoje ela é de 30% nos Estados Unidos e de 40% na Europa Central. O discurso, entretanto, dos engenheiros e de quem os instrui no plano político é o mesmo de antes de Adolphe Wagner.

      Todos os seus comentários são iguais e podem ser colocados em qualquer post. E você nem se dá conta do que você está dizendo. Serve de exemplo a sua afirmação de que é para a esquerda e a direita arcaica saírem e deixar o resto desenvolver o país. Ao pé da letra você está defendendo o fascismo. A esquerda luta por um mundo mais humano e, portanto, mais igual. A direita tenta evitar esse mundo o que a faz sempre ser arcaica. Saindo disso só sobra o fascismo.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 30/05/2017

      1. Sem ad hominem, Clever, rebata os argumentos, por favor

        As manifestações de 2013 possuem correlatos nas manifestações contra a globalização de 1999 e no maio de 68. A esquerda criticada pelo autor do tópico é essa, ela mesma a qual escapou aos dogmas autoritários dos começos do século XX. Aliás, tanto o liberalismo tosco quanto a esquerda tosca apenas souberam transformar o mundo em um grande chão de fábrica, seja na USSR, seja no ultraliberalismo. As demandas específicas dos diversos grupos que compunham esse chão de fábrica apenas vieram a ser percebidas pela esquerda e pela direita após o advento da esquerda pós moderna. Antes disso a técnica positivista voltada a uma linha de produção gigantesca simplesmente ignorava os desejos daqueles que compunham a massa anônima de que essas ideologias se pretendiam porta vozes. Não diga que sou um engenheiro alienado, sendo que tanto o liberalismo quanto a esquerda tosca da primeira metade do século XX apenas tinham em vistas a linha de produção. No mais, o estado pode cobrar o quanto queira em impostos, sou a favor da social democracia, à la escandinávia. Mas para chegarmos lá vamos precisar de reformas para acabar com uma série de privilégios e de badernas administrativas, algo que daria urtigas em nossa esquerda e em nossa direita arcaicas. Enfim……. se você acha repetitivo o que eu digo, é porque não se dá ao trabalho de rebater os argumentos ponto a ponto, e a conversa vira um monólogo, bem sem graça. Está aí muito material pra você trabalhar em cima. Faça um esforço, e argumente em cima do que foi dito, não do que você pensa sobre mim.

      2. Os videntes do passado

        Clever,  o Felipe Lopes é exemplo clássico do vidente do que já passou. Ele dá a solução para o que já passou. Esquece que o que já passou teve as circunstâncias do passado. E quer chegar ao futuro usando estas circunstâncias, esquecendo que o futuro terá novas circunstâcias e estas serão as bases a serem usadas no presente para chegar ao futuro.

        Isto que digo não é uma charada.

        Sem falsa modestia. No passado ( junho de 2013) eu fui vidente do que seria o futuro. Fiz vários comentários denunciando a manipulação das chamadas manifestações “por 20 centavos”. O que logo me chamou a atenção foi a queda abruta da popularidade de Dilma, Pensei: “aí tem coisa”.

        E teve. O Brasil passou para “bola da vez” para ser dessestabilizado pelos donos do mundo. Está claro, ele não podia tentar o viez para a esquerda levando consigo toda a América Latina. O “BRICS ” foi a gota que fez transbordar. Não sei se conseguiremos nos livrar. Mas a solução é tentar uma saída tipo países nórdicos. E para isto terá que haver uma mudança na estrutura de nossa taxaç;ão de impostos, elevando a incidência sobre a renda e não no consumo. E em relação ao PIB aumentando, paulatinamente, para próximo dos 45%. 

        E não será com um governo com menos de 2 anos, que dá loas para crescimento baseado na agricultura de exportação, consequências de decisões tomadas ha mais de 2 anos e despresa queda de consuma das famílias, desemprego recórde e volumosa queda de renda. Resumindo: é comemorar recessão!

        Hoje não faço previsões para o futuro. Não sei como será o presente.

        1. Não é bem assim não Francisco, em 2013 eu já falava isso

          E na verdade em 2005 eu já criticava o governo pelos erros que se mostraram fatais quase 10 anos depois. Inclusive acerca da malandragem eleitoreira de fingir que o país nunca precisou de nenhuma reforma. Poderíamos ter tido reformas à esquerda, mas essa oportunidade histórica foi deixada para a direita fazer, PORQUE A ESQUERDA SE OMITIU. Pena que não existe mais o orkut, seria um prazer fazer um levantamento dos comentários “premonitórios” que fiz, apesar de ser algo bastante evidente. Aliás, Marx sabiamente já havia diagnosticado as crises cíclicas do capitalismo, ao passo que o governo agiu como se nunca mais teríamos crises, e não se preparou para isso. Nada de premonitório, nada de genial, temos bases teóricas e históricas suficientes para termos nos preparado. Infelizmente, o populismo ufanista venceu nos anos Lula. Como o Clever gosta de dizer que sou repetitivo, vou dar um exemplo que merece ser repetido: Palocci propôs um ajuste de 10 anos, suave, nos tempos de bonança, em 2005, mas em 2015, 10 anos depois, não fizemos nada e estávamos na pior. Isso para não falar nas reformas. Uma das melhores oportunidades que o país já teve, jogada no lixo.

  20. Vinte centavos nunca foram

    Vinte centavos nunca foram tão valorizados.

    Muita gente boa caiu no golpe da horizontalidade e muitos outros aproveitaram para tentar pegar carona. Marina Silva e sua “rede”, por exemplo. Será que alguém no partido acredita nisto? Alguém lá dentro acha que pode ser candidato a presidente no lugar dela? Claro que pode. Afinal, em uma rede não tem cacique.

    A esquerda mais “à esquerda” caiu em peso no golpe e viu ali a oportunidade de se dar bem. Não me esqueço de Radolfe, ainda no psol, indo em comboio com senadores de psdb e dem dar entrada em pedidos contra o governo Dilma.

    Acho que é por isto que gosto mais dos militantes mais novos do psol (Jean Willys, por exemplo), que não fazem parte dos que saíram do PT. O discurso deles, apesar de não ser adesista ao partido pai, também não é o de adolescente rebelde como Luciana Genro, que até hoje não conseguiu se livrar da vontade de rebeldia contra o pai dela e joga isto no PT.

     

  21. Pena este post findar perdido na memória como lágrimas na chuva

     

    Fernando Horta,

    Outro post importante que você nos traz. E de um assunto que Luis Nassif abusou de fazer a análise equivocada, ao meu ver por ver nas manifestações um contingente muito grande de possíveis leitores do blog. Foi desde sempre extremamente concedente com o movimento.

    Deixo aqui dois posts para onde fiz comentários e nos quais indiquei vários links onde deixava a minha opinião sempre crítica das manifestações de junho de 2013. O primeiro post é “A juventude autonomista antes das manifestações de junho em livro” de sábado, 20/12/2014 às 10:25, aqui no blog de Luis Nassif e com texto de Leo Vinicius que lançava um livro sobre as manifestações em tom ufanista e faz a defesa das manifestações de junho de 2013. Não li o livro, mas deixo o link para o post “A juventude autonomista antes das manifestações de junho em livro” onde há também o link para o livro. O endereço é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-juventude-autonomista-antes-das-manifestacoes-de-junho-em-livro

    E o segundo post é “Um desastre chamado Banco Central” de quinta-feira, 21/01/2016 às 18:42, também aqui no blog de Luis Nassif e com texto dele. O link para o post “Um desastre chamado Banco Central” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/um-desastre-chamado-banco-central

    Fiz na sequência do primeiro comentário enviado quinta-feira, 21/01/2016 às 23:32, mais dois comentários para Luis Nassif. Embora não seja economista a abordagem que eu faço nos comentários e mais econômica buscando estabelecer relação entre as ações do Banco Central e os seus efeitos políticos. A minha argumentação é que tivemos no período um Banco Central que é exemplo de atuação mais racional e eficiente considerando quase todas as variáveis. E procuro relacionar o grande problema que tivemos no período que foi a queda abrupta dos investimentos no terceiro trimestre de 2013 com as manifestações de junho de 2013. Depois de três trimestres de crescimento muito forte os investimentos tiveram uma queda que em meu entendimento afetou todo o planejamento do governo.

    Talvez por ter sido um admirador do livro “Greening of America”, aqui traduzido por “O Renascer da America”, de Charles A Reich, Luis Nassif sempre vê nessas manifestações uma fagulha do novo trazendo um belo futuro. Eu sempre procurei ser crítico desse tipo de percepção de Luis Nassif. Assim vale lembrar uma frase que eu repeti durante muito tempo para falar sobre as manifestações de junho de 2013: “as manifestações não trouxeram nada de novo exceto a presença das redes sociais e nada de bom exceto as manifestações em si que é prova de vitalidade da democracia”.

    E saliento que quando se transformaram em manifestações sem bandeira partidária pareciam que nada tinham de democráticas uma vez que em minha concepção não há democracia sem partido político.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 30/05/2017

  22. Muito bom. Sem esquecer da conexão geopolítica:

    OLHO NO “ACORDÃO”: MORO, JANOT E FACHIN DANÇANDO NESSE “BAILE”

    Por Romulus & Núcleo Duro

    Como temos registrado no blog, houve nos últimos dias muitas “piscadelas”, de um lado, e “exibição de músculo”, do outro, entre os diferentes atores do “baile” do acordão possível. E segue a valsa!

    Depois da confirmação, ontem, pela fonte de Fernando Morais de TODAS as nossas especulações, surge mais uma peça: Nassif revela hoje um dos vários “esqueletos no armário” que empurrarão, ao fim e ao cabo, a PGR e o MPF para esse acordão.

    Eis o que foi colocado na mesa de negociação ~hoje~:

     

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  23. Shitstorms, smartmobs, tempestade de merda, arruaça inteligente

    Premissa

    1 —  Conjecturar sobre o papel dos EUA no atual desmonte do Brasil não é teoria da conspiração porque o golpismo sempre foi a base da política externa deles. Sempre. A grande mídia corporativa dos EUA apoia a política externa do governo apresentando-a distorcida ao seu público (tudo é lindo na política externa estadunidense).

    2 —  O governo Lula foi concessão — involuntária —  das classes dominantes. A concessão foi revogada. Agora é remover obstáculos democráticos, desintegrar Lula e PT (custe o que custar) e permitir a formação de uma ”esquerda” coxinha, rendida, tipo Tarso Genro, com a qual o regime possa conviver; uma esquerda que não represente nada além de si mesma, sem mais aspiração de programa para governar. O Estadão até publicou editorial pedindo para a esquerda (Sic) livrar-se do Lula. Daí o diversivo ”Fora Temer” e a badalação das ”Diretas já” (que o quartel-general do fascismo no Brasil, UDR, também defende). Ficou proibido falar em luta contra o GOLPE. Muitos acreditam que o Lula, vencendo, possa governar. Vale a pena lembrar que a direita imperialista subiu no cangote do Trump, imobilizando-o.

    3 — Pensem numa ilha caraibica como Grenada com cerca de 100 mil habitantes, produzindo noz-moscada e que mal pode ser encontrada no mapa. Grenada iniciou uma tímida revolução social, presidida pelo jovem Maurice Bishop com resultados positivos na finança, no trabalho, na saúde, na educação e na luta contra a droga, com taxa de crescimento de 5,5% e iniciou a construção de um aeroporto internacional para dinamizar o turismo e favorecer sua economia. A Casa Branca imediatamente esmagou aquela ”séria ameaça à segurança nacional dos EUA” (a invasão fora planejada mais de três anos antes do assassinato de Bishop). Grenada é apenas um entre muitissimos casos. A Razão? Aniquilar exemplos de nacionalismos independentes e forças populares que possam construir uma democracia genuína e influenciar os vizinhos a fazer o mesmo. Agora juntem bilhões de Grenadas num bloco único e imaginem o que o governo dos EUA é disposto a fazer para anular um projeto de desenvolvimento baseado no pré-sal e no ciclo de governos iniciado em 2003, sabendo que pode contar com amplos setores das classes dominantes associados a ele, sobretudo militares, criaturas do golpe de 64, dispostos a sacrificar a nossa soberania para servir ao ”gigante do norte”.

    4 —  Os EUA sempre vazaram informações para gerar desestabilização (aprenderam com os ingleses). Fizeram o mesmo na Italia. Craxi era convicto que a magistratura sabia das propinas e dos finaciamentos ilícitos mas os ignorou até 1992. Cossiga, homem de Gladio e portanto insuspeito americanofilo, reconhecera a partecipação da CIA em Mani Pulite (Tangentopoli) e a responsabilidade dela nas desgraças de Craxi. Segundo Giuliano Urbani, ex ministro do Berlusconi, Di Pietro foi instrumento de vingança contra Craxi, Spadolini e Andreotti. A agencia de investigações estadunidense Kroll era presente em Milão quando o chefe da CIA, James Woolsey, fez saber que o governo Clinton recolhera volumoso dossier sobre financiamento ilícito. Era claro que possuiam material suficiente para criar escândalos quando quisessem.   

    NOTA — A ex-embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinack, despediu-se do cargo  para sentar na cadeira de assessora qualificada da Kroll. A Kroll é uma empresa internacional de espionagem que operou a serviço de Daniel Dantas e de seu fundo, o Opportunity. Trata-se de um dos braços financeiros mais importantes do processo de privatização no Brasil, estreitamente associado ao Citybank e, claro, a toda a “carteira” de acionistas que injetou dinheiro na farra neoliberal dos anos 90. A Kroll espionou ministros do governo Lula, como ficou evidente com a Operação Chacal, da Polícia Federal, deflagrada em 2004.

    O objetivo de Mani Pulite não foi a corrupção porque o aliciamento da classe dominante italiana sempre esteve no programa de politica exterior de ingleses e estadunidenses depois da Segunda Guerra mundial. Mani Pulite foi um golpe judiciário para abater uma classe política que apesar de corrupta não era disposta a ceder a soberania do próprio país. A velha dirigȇncia da DC e do PSI não cedia às pressões de liquidação dos assets estratégicos e patrimoniais.  A Lava Jato italiana e o juiz Di Pietro trabalharam pra mudar essa situação (coincidência com a Lava Jato?). Era preciso substituir aquela velha classe politica por outra, jovem e tecnocrática, que fale ingles e seja obediente, corrupta, sim mas disposta a sabotar o inteiro sistema produtivo italiano. Conseguiram plenamente e tudo isso foi acompanhado — e não poderia ser de outro modo — de vasto programa de cretinização e alienação politica da sociedade (o jornalista Federico Rampini constatando o desinteresse dos mais jovens pela politica, escreveu no ano passado um livro com o titulo (em ingles mesmo)  ”All We Need is Love” :-)))  Um deboche na Italia de pensadores que o mundo inveja como Gramsci, Bobbio, Pasolini, Canfora, Calamandrei, Padre Balducci, só para citar alguns nomes.
    Di Pietro abandonou a toga sem explicar o motivo imediatamente após Mani Pulite, e fundou o partido ”Italia dei Valori” que foi um cavalo de troia para o partido do Berlusconi na compra e venda de parlamentares e outras maracutaias como firmas falsas em lista eleitoral, etc. Hoje, Tonino não conta um ”cazzo”; ninguém mais quer saber dele. No Brasil, um grupo de matutos recebeu de bandeja dos EUA a base das investigações para serem conduzidas seguindo o laboratório italiano: um juiz chinfrin foi adestrado para conduzir uma investigação-espetáculo e com isso enfernizar, bagunçar, humilhar e destruir aquilo que Luiz Carlos Prestes assinalou como um salto de qualidade na consciência politica da classe operária brasileira e sulamericana: o talento do Lula.

    Sobre as manifestações de 2013 aqui no blog GGN foi publicado artigo interessante  –  https://jornalggn.com.br/noticia/shitstorms-e-smartmobs-por-ai-por-oinegue-ed-oagara   «A maioria dos que protestavam em 2013 não sabiam ao certo contra o que se mobilizavam. O que os unia era um delírio de civismo sem conteúdo, ao tom de “we are the people”. Qualquer pauta podia ser inoculada nessa transe rueira, que prontamente seria acolhida.»       —       Em junho de 2015 Natalia Viana publicou ”A direita abraça a rede”, texto esclarecedor sobre a ascenção dos alienados na web, a revolta ”pop”, o uso de perfis ”fake” e robôs  –  http://apublica.org/2015/06/a-direita-abraca-a-rede/

    Volta e meia aparecia entrevistas com designers estadunidenses que vieram morar no Brasil: ”Desenhista da Disney escolhe cidade no Paraná para morar” –  http://pr.ricmais.com.br/ric-noticias/videos/desenhista-da-disney-escolhe-cidade-no-parana-para-morar/       —       Outro caso apareceu na entrevista de Gabriela Lapagesse, do jornal O Globo: ”Nasci em N. York há 37 anos, não fiz faculdade e comecei a trabalhar com internet aos 19. Mudei para o Brasil há duas semanas, contratado por uma agência digital pioneira aqui, responsável por projetos públicos e privados.  (…) Quando as pessoas acordam pegam o celular e procuram as noticias que não podem ficar sem saber. E o que as pessoas querem ver ou saber? E’ nisso que quem trabalha no meio deve pensar”.

    –“Estudantes pela Liberdade” (EPL) são financiados por corporação petroleira norte-americana que ataca direitos indígenas, depreda ambiente e tem interesse óbvio em atingir Dilma e a Petrobras
     http://outraspalavras.net/brasil/quem-esta-por-tras-do-protesto-no-dia-15/

    –A conexão internacional do golpe no Brasil
    http://altamiroborges.blogspot.it/2016/05/a-conexao-internacional-do-golpe-no.html#more

    –Transformar o ódio à corrupção em ódio às visões progressistas é uma construção profundamente corrupta e desonesta
    Ladislau Dowbor
    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-Brasil-acordando-para-as-ameacas-reais-/4/35688

    Discordo do colunista ao atribuir narrativa idêntica entre esquerda e direita.  «Bobbio sempre insistiu na distinção. Para ele a distinção não está na liberdade, mas na igualdade. A direita tende a ser não-igualitária e a promover políticas que tornam os cidadãos menos iguais, a esquerda tem a igualdade como sua estrela polar e procura promover políticas que contrastem com as desigualdades. Ou seja, a esquerda acredita que os homens são mais iguais do que desiguais e que a maioria das desigualdades são sociais e, portanto, elimináveis, a direita ao contrário, acredita que os homens são mais desiguais do que iguais, e que a maioria das desigualdades é natural e ineliminável.  É essa verdade elementar que foi abandonada pela esquerda no mundo e no Brasil. Engolida pelos cantos de sereia do mercado e da mercantilização inclusive da política, quando os políticos se tornam gestores. Neste contexto, Vladimir Safatle avalia criticamente as conquistas dos governos Lula e Dilma, como governos, em teoria de esquerda, mas que pararam “de pensar a desigualdade como o problema central da sociedade brasileira”.» (A análise da Conjuntura da Semana, publicação diária no site do Instituto Humanitas Unisinos).

    «Do ponto de vista moral e subjetivo, ser de esquerda ou de direita implica experiencias alternativas e de significados incompatíveis. A direita se esforça em criar a percepção de equivalência com a esquerda pra provocar-lhe o “esvaziamento”; o fato é que a direita tem uma visão do Estado, das instituições e da soberania popular, semelhante a dos regimes totalitários que ela critica com alarde. ”As idéias políticas dominantes são modeladas pelos que gritam mais alto (os mais ricos e mais poderosos). Na prática, hoje, o que se vê é que interiorizar as ilusões da direita é pré-requisito para ingressar na vida política ‘oficial’, seja como político ou como jornalista» (David Wearing, Al-Jazeera)

    O colunista também citou o manifestante “empoderado e livre”, elemento independente e isolado que interage para criar uma energia de mudar o mundo. Lembrei-me do canal Fusion, novo canal a cabo, joint-venture entre o canal ABC que pertence à Disney e o canal Univision, em espanhol, destinado a dar cobertura aos movimentos de protesto pelo planeta. Samantha Power foi à inauguração. Foi ela aparecer e um grupo ergueu cartazes em que se lia “Para os Milenistas (Geração Y), você é um falcão de guerra” – repetindo o mote do canal, quando declarou publicamente que passava a criar programação destinada a uma estreita faixa demográfica. Em seguida, um ‘jovem’ gritou: “Estamos aqui porque nos levantamos!”  Tudo naquela cena cheira a armação e fingimento, uma espécie de neo-“reality show”. E Power representou muito bem seu papel de ‘falcão de guerra’  sob ataque de ‘jovens’.  A principal missão do canal é enriquecer os proprietários. Mas também será usado para promover os interesses políticos dos apoiadores, inclusive de Samantha Power.
    Eis a missão do canal: “O canal Fusion tem a ver com elementos independentes e isolados que interagem para criar uma energia de mudar o mundo. As plataformas Fusion de mídia oferecem engajamento e influência, com a geração dos milenistas que lideram e participam em movimentos globais de protesto e com fortes pontos de vista em áreas como o noticiário, eventos diários, política, estilo de vida e cultura pop.” Tradução: é canal de TV de propaganda que engajará a juventude pseudo ‘avançada’, para criar ‘apoio de base’ às operações de mudança de regime provocadas e mantidas pelos EUA. (20/11/2014, Moon of Alabama – http://goo.gl/WnpYsN)

    Acompanho o colunista aqui no GGN e aproveito para sugerir um tema que no meu parecer é de interesse geral e merece muita atenção do historiador: a criação de uma associação radiofonica financiada com capital privado brasileiro e estadunidense que instalou-se no prédio do MEC em 2003 para mimetizar-se e adquirir ”oficialidade”. O radio brasileiro entrara na mira dos EUA durante a ditadura militar e sofreu renovado interesse com a eleição do Lula. Muito mais que internet, whatsapp e Facebook, o radio no Brasil é um canal de muito maior poder na manipulação da opinião publica, maior que a TV.  Roberto Amaral até deu o alarme:  ”[…]  as rádios evangélicas, as rádios AM e FM, despejam diariamente xenofobia, racismo, machismo, homofobia e tudo o que é atrasado.”  

    Retirei poucas informações em 2008 quando o domínio institucional http://www.arpub.com.br/  ainda estava em construção.  Eis um resumo:
    — Construir uma associação para as principais rádios públicas brasileiras. A ideia surgiu em outubro de 2003, promovida pela Rádio Inconfidência (MG). O objetivo de construir e organizar a ARPUB , Associação das Rádios Públicas do Brasil é a de unir esforços, definir estratégias comuns, na defesa da comunicação pública. A ARPUB foi criada em janeiro de 2004. Em maio de 2005 organizou, com o patrocínio do Itaú Cultural, o I Encontro Nacional das Rádios Públicas, em S.Paulo, onde reuniu 27 rádios públicas, educativas, culturais e universitárias, para discutir temas como a missão institucional das rádios públicas, as novas tecnologias e o rádio digital e o papel da informação democrática. Por fim, em outubro de 2006, a ARPUB conseguiu estabelecer uma parceria institucional com a Fundação Ford, que aprovou um primeiro financiamento para ajudar na organização da entidade.
    Na Carta de principios diziam querer contribuir para a educação do povo com programas voltados para o público infantil e juvenil, buscando desenvolver valores humanistas universais como democracia, ética, pacifismo, solidariedade, justiça social e criatividade. Educação para a cidadania, ajudando a formar cidadãos com espírito crítico, estimulando a organização e a participação popular, desenvolvendo campanhas de conscientização sobre os mais variados temas sociais. Democratizar a informação, fazendo com que ela chegue a todo e qualquer cidadão, buscando dar o outro lado da notícia, cobrindo os movimentos sociais, repercutindo aquilo que nem sempre aparece na grande mídia, garantindo a pluralidade e o contraditório, evitando a manipulação e o aparelhismo político partidário (chapa branca). Chamamos a atenção para este aspecto, pois nossa cultura tende a confundir o conceito de público com o conceito de estatal. Embora nossas emissoras sejam mantidas com recursos públicos (federais ou estaduais), nossa informação deve guardar independência dos poderes estatais, sob pena de comprometer a sua qualidade.
    Outro princípio a ser observado é o da responsabilidade social empresarial, hoje disseminado no país por entidades como o Instituto Ethos, o COEP e a Abrinq. Pretendemos incluir no projeto de financiamento uma parceria técnica com os responsáveis pelo sistema PRX utilizado pelas rádios públicas americanas.  A idéia é adaptar a plataforma de PRX para o uso brasileiro, com a utilização de ferramentas para intercâmbios de informações e produções nacionais entre as emissoras da ARPUB.  Com a criação do PRX brasileiro, estaremos facilitando o intercâmbio de informações, programações nacionais entre as rádios públicas brasileiras. O gerente-executivo da ARPUB o cidadão estadunidense Steve Spencer, foi um dos consultores na criação do PRX nos Estados Unidos.  Por conhecer a abrangência tecnológica dessa idéia, defende a importância de implantar no Brasil tal tecnologia. A proposta conta com o apoio do diretor executivo do PRX Sr. Jake Shapiro. O presidente da ARPUB, Orlando Guilhon, no dia 29 de março foi a Brasília com o propósito de apresentar institucionalmente a ARPUB.  Juntamente com o secretário geral, José Roberto Garcez, compareceu à posse do novo Ministro Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, jornalista Franklin Martins.

    E para chamar ainda mais a atenção do colunista Fernando Horta, lembro o artigo da Folha de São Paulo publicado no dia 14 de novembro de 2011, assinado por Elvira Lobato: […]   ”Dois executivos da Disney no Brasil têm procuração para autorizar empréstimos, emitir cheques e vender bens da emissora, o que denotaria poder de gestão. […] Até 2007, a Rádio Itapema foi de Orestes Quércia (governador de SP morto em 2010),  que ganhou a concessão no governo Sarney (1985-1990). Ele negociou a emissora com o grupo RBS, que revendeu 71% à Rádio Holding e 29% à Walt Disney Company (Brasil). Paulo Henrique Cardoso tem 99% da Rádio Holding. O 1% restante é do grupo Disney.”  Incrivel, fantástico, extraordinário: o filho do FHC, possuia 99% (noventa e nove) do capital enquanto o supercolosso mundial do entretenimento, Disney, possuia apenas a churrepa de míseros 1% (um)!?  Quanto à lenga-lenga da ”esquerda” sem bandeiras, sem cor, moderada, eu acho que tem a ver com o ”esvaziamento” citado pelo David Wearing da Al-Jazeera.

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