A juventude autonomista antes das manifestações de junho em livro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Léo V.

Livro lançado semana passada, download gratuito. A quem se interessa pelo tema.
 

“Antes de junho: Rebeldia, Poder e Fazer da Juventude Autonomista”, por Leo Vinicius

Sinopse
O fenômeno de mobilização nas ruas visto em junho de 2013 foi um raio em céu azul? De onde vieram as significações imaginárias de horizontalidade e apartidarismo presentes naquelas mobilizações? Partindo da rebeldia como categoria política, o autor discorre sobre o fazer e o poder de uma juventude autonomista. Das gêneses e práticas do chamado “movimento antiglobalização” – nas suas versões britânica e paulista nas duas décadas anteriores – à constituição do Movimento Passe Livre em Florianópolis e São Paulo, esse sujeito político é pesquisado e compreendido antes da dimensão midiática e espetacular que ganhou em 2013. Mas qual é o sentido do poder e fazer desse sujeito político, dessa juventude autonomista? A possibilidade da emergência de uma nova geração de direitos sociais aparece como sentido histórico presente nesse poder constituinte.

Sobre o autor
Leo Vinicius. Doutor em Sociologia Política pela UFSC, com pós-doutorado no Departamento de Filosofia da USP. Atualmente é tecnologista da Fundacentro. Nas áreas das sociologias da Educação, da Juventude e do Trabalho, suas pesquisas são atravessadas pela influência do pensamento autonomista, de matriz anarquista e marxista, e costumam enfocar as práticas autônomas de grupos e movimentos sociais. É autor de A guerra da tarifa (Faísca, 2005) e organizador dos livros Urgência das ruas (Conrad, 2002) e Apocalipse motorizado (Conrad, 2004), os dois últimos sob o pseudônimo de Ned Ludd.

Baixe o livro, abaixo, ou acesse pelo ISSU ou pelo Scribd.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Não sei se lerei o livro mas opino sobre as manifestações

     

    Leo Vinicius,

    Eu interesso pelo tema, mas evidente em um interesse muito menor do que o seu. E emito poucas opiniões sobre o movimento de junho de 2013. É tão pouco que posso fazer um resumo em um parágrafo. Já disse isso em vários posts aqui no blog de Luis Nassif e talvez esses posts possam ser encontrados pesquisando no Google com o meu nome, o blog de Luis Nassif e o post “A cegueira branca do Estado e o gigante iluminado” de quinta-feira, 30/06/2013 às 16:10, reproduzindo o artigo com o mesmo título do post do professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo e da PUC-SP Rafael Araújo. O post “A cegueira branca do Estado e o gigante iluminado” pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-cegueira-branca-do-estado-e-o-gigante-iluminado

    Não sei se cheguei a fazer comentários junto ao post mas me pareceu que nele havia comentários que hoje não há mais.

    E o resumo do que eu de certo modo fazia se se fizesse um apanhado do que eu tinha a dizer sobre as manifestações de junho de 2013 é o que faço a seguir:

    O movimento não apresentou nada de novo exceto as redes sociais e não apresentou nada de bom exceto as manifestações em si que provam o vigor de nossa democracia ou que há vida na nossa democracia embora esta me parecesse faltar no movimento. E o movimento se assentava na falta de conhecimento que as pessoas têm sobre a democracia (O processo democrático na democracia representativa caracterizado pelo toma-lá-dá-cá), sobre o capitalismo, sobre a função do Estado em um sistema capitalista e sobre o orçamento público em um sistema capitalista. E as manifestações fizeram a popularidade de Dilma Rousseff cair em quase trinta pontos. Nunca em um país democrático que não estava em guerra contra outro país houve uma queda tão grande de popularidade de um governante e em um prazo tão curto. Tudo que a mídia tentou fazer durante três anos e onze meses e não conseguiu, as manifestações de junho de 2013 conseguiram fazer em um mês. E como não havia trabalhadores nas manifestações elas não afetaram o PIB que no segundo trimestre de 2013, cresceu a uma taxa bem alta quando se compara com o trimestre imediatamente anterior. Da primeira vez que o índice foi apresentado o crescimento em relação ao trimestre anterior fora de 1,5% que corresponde a pouco mais de 6% ao ano e da última vez o crescimento foi de 2,0% o que corresponde a uma crescimento anualizado de mais de 8%. E precisa de explicação a queda do PIB que ocorreu no terceiro trimestre de 2013 e que só viemos a saber no final de novembro de 2013. E explicação que para mim vincula com a mudança de expectativa da população e também dos empresários. Mudança de expectativa que se acusa à mídia provocar, mas que na verdade ela tenta fazer, mas nunca conseguiu alcançar qualquer influência na economia em qualquer pais, quer a mídia seja livre, quer não o seja.

    Só recentemente eu venho abordando o vínculo que para mim parece existir entre as manifestações em junho de 2013 e a queda do PIB no terceiro trimestre de 2013 e na maioria das vezes que faço menção ao vínculo entre as manifestações e a economia eu procuro mostrar a pouca importância da grande mídia para produzir efeitos palpáveis na economia. E para isso menciono em apoio ao meu entendimento o post “Sobre a criação de uma clima de pessimismo” de segunda-feira, 19/05/2014 às 16:38, aqui no blog de Luis Nassif e originado de um comentário de Andre Motta Araujo para o post “O catastrofismo não tem amparo nos fatos” de segunda-feira, 19/05/2014 às 09:26, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria de Alessandre de Argolo. O endereço do post “Sobre a criação de uma clima de pessimismo” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/sobre-a-criacao-de-uma-clima-de-pessimismo

    E o endereço do post “O catastrofismo não tem amparo nos fatos” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/alessandre-de-argolo/o-catastrofismo-nao-tem-amparo-nos-fatos

    Assim outra forma de buscar minha opinião sobre as manifestações de junho de 2013 seria fazer pesquisas no Google contendo o nome do blog, o meu nome e o título do post “Sobre a criação de uma clima de pessimismo”.

    E ainda mais recentemente eu passei a fazer referências a duas interpretações distintas que me parecem pertinentes quando se fala nas manifestações de junho de 2013. A primeira diz respeito a uma possível resistência da população ao aumento de gastos com propaganda de grandes obras. Se a minha percepção estiver correta talvez se deva colocar isso como uma bom resultado que as manifestações de junho de 2013 tenham causado.

    E a segunda interpretação diz respeito a semelhança que existiria entre as reivindicações dos manifestantes nas manifestações de junho de 2014 e o que previra no final do século XIX, o economista alemão Adolphe Wagner na que ficou conhecida como a Lei de Wagner segundo a qual a medida que a renda per capita de um povo aumenta, aumenta também a busca por mais serviços públicos e por serviços públicos de melhor qualidade e portanto elevando os gastos do Estado. A Lei de Wagner fora expressa em termos de gastos públicos mas poderia ser expressa também em termos de arrecadação tributária. Assim as reivindicações dos manifestantes de junho de 2013m embora sem o saber, apresentavam implícita a reivindicação do aumento da carga tributária.

    Como o aumento da carga tributária resulta em maior força de um Estado, pode-se dizer que as manifestações de junho de 2013 reclamavam por um Estado mais forte. Não vejo como isso pode ser encarado como uma desiderato anarquista.

    E mesmo que o tempo não me permita ler o livro pois o meu interesse não é assim tão prioritário, há algo que eu já posso tirar aqui deste seu escrito. As manifestações tem um caráter autonomista que se liga mais aos interesses individuais e não aos interesses coletivos ou da solidariedade. Então pode-se considerar que as manifestações de junho de 2013 podem ser caracterizadas como uma expressão da direita. É por isso que em meus últimos comentários quando falo de tarefas que caberiam à esquerda eu menciono a necessidade de esclarecimento. É preciso que a esquerda esclareça a realidade para a juventude para que no futuro ela não seja presa fácil da direita.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 20/12/2014

    1. Clever,
      A palavra

      Clever,

      A palavra autonomista, usada por mim, está relacionada a um tendência política que se manifesta na história, mais especiicamente nos dois últimos séculos, e é anticapitalista, ou socialista, se preferir. Por isso não vejo relação com individualismo ou ser de direita. Claro que não existe pureza em nenhuma corrente política, até porque as pessoas são atravessadas por contradições. Mas me parece totalmente descabido ver direitismo numa expressão de política autônoma, ou autonomista  muito pelo contrário, a começar pelas bandeiras de luta desses movimentos.

      O livro/pesquisa trata da juventude e da militância que acabou desencadeando o “junho de 2013”.

      O que ocorreu ao longo do “junho” não foi consequencia apenas da ação dessa juventude e suas pautas. A direita através da grande mídia, a partir de um momento (por motivos que se pode discutir ou especular), largou a criminalização e condenação dos manifestantes e passou a apoiar as manifestações e tentar com algum sucesso mudar suas pautas, enviando sua “base” para as ruas. O objetivo de atingir a popularidade do governo federal, no que foram felizes

      Essa virada de junho é fácil ser detectada. Se no início as pautas vinham da experiência vivida, a tarifa de transporte, depois aparecem pautas que saem dos noticiários de jornal, corrupção, PEC…

      Dia 20 de junho de 2013, avenida Paulista, a esquerda e até mesmo o MPL, que havia inicado as manifestações, são atacados fisicamente por neonazistas, que se sentiam seguros em meio ao mar de uma classe média que foi às ruas após o “chamado” da grande imprensa.

      Em junho vimos um fenômeno novo: manifestações iniciadas pela esquerda, com uma pauta de esquerda, serem posteriormente recuperadas, transformadas (ao menos em parte) em manifestações tendencalmente de direita.

      Houve uma disputa de significados, e até física nas ruas, a partir do momento que a grande imprensa passou a tentar conduzir as manifestaões a seus objetivos. Em vez de reprimir, passou a tentar ressignifica-las, e para isso contou com o novo cntingente que ela enviou às ruas ao legitima-las. A mudança do Arnaldo Jabor talvez seja o mais expressivo disso que ocorreu.

      Mas enfim, trato de uma juventude anticapitalista até a formação do MPL.

      Não há como a gratuidade do transporte ser uma bandeira de direita.

      Autonomo é aquele que dá leis a si mesmo, que se autodetermina. Autonomista no sentido aqui dado, são aqueles que agem coletivamente a partir de seus próprios termos, e nao aqueles do Estado, partido político, ou do capital.

       

       

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