A psicologia dos trolls

Os comentários dos trolls sugerem falta de conteúdo e insegurança. Existe neles algo de solitário, mais que isso, há uma espécie de individualismo triste, que se revela no discurso autocentrado, contra tudo e contra todos, quase sempre ad hominem, ou seja, a argumentação se circunscreve ao âmbito pessoal e as idéias em discussão passam a ser secundárias, tão ralas e superficiais que precisam ser repetidas à náusea para transmitir alguma substância.

Os trolls me parecem carentes de afeto, meio que rejeitados. O mundo me fez sozinho e cheio de raiva, então eu grito, esbravejo, uso letras capitulares, abuso dos negritos, por favor, eu imploro, olhem para mim, estou aqui, eu existo, não me deixem só. Os trolls também não conseguem esconder sua insegurança. Além de se apoiarem nos clichês recolhidos na superfície pantanosa da notícia, fazem questão de demonstrar as mais sólidas convicções, tão sólidas que traem a si mesmas, pois revelam em sua loquacidade uma incerteza exagerada e quase doentia.  As certezas de um troll costumam transbordar como distúrbios da personalidade, como agressões e maldades quase patéticas de tão evidentemente disfarçadas por pétreas palavras. Enquanto que as dúvidas costumam nos acossar a todo momento, elas não fazem parte das manifestações de um verdadeiro troll. Um troll nunca se questiona, pois tem receio de olhar para dentro de si, talvez por medo de lá encontrar algo assustador.

Os outros – sempre tem os outros acima das idéias no discurso de um troll são seres menores, ridículos, fracassados, dignos de  pancada e zombaria. As idéias dos outros são desprezíveis, o certo sou eu, eu sou melhor, eu sou o melhor. No fundo, eu sou ninguém. Prefiro não sentir piedade, porque a piedade é irmã da soberba, resvala no desprezo, sugere aproximação enquanto afasta, mas confesso que sinto um pouco disso pelos portadores de melancia no pescoço e melancolia no espírito. A recomendação geral me parece adequada: é melhor não alimentar os trolls, eles precisam crescer com outro alimento que não seja o ódio.

Redação

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