Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Nabucodonosor, a marcha-rancho de Stanislaw Ponte Preta

Em 1973 o Quarteto em Cy gravou a impagável marcha-rancho NABUCODONOSOR, de Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), que já havia falecido cinco anos antes. Nabucodonosor foi registrada em compacto simples  Odeon S7B-630-A e figurou também na coletânea “Só sucessos” – volume 11.

O site http://www.ocaixote.com.br/caixote03/fox_astros_stan.htm traz a informação que Nabucodonosor foi composta em homenagem a Rogéria e que seu título original era Marcha da Bicha Louca, que foi censurado.

Trago aqui o vídeo e a letra da marcha-rancho, para ser relembrada.

Nunca mais quero sair fantasiado
Nunca mais quero brincar no carnaval
Nunca mais, ai, nunca mais serei vaiado
Naqueles bailes do Municipal

Foi no ano passado, eu me fantasiei, imaginem vocês
Fui pra lá carregado, todo enfeitado, com mil paetês
Com miçangas e vidrilhos, apliques, lantejoulas
Bordados eu tinha até mesmo nas minhas ceroulas

Quantas noites tive que ficar acordado
Quantas noites eu cheguei mesmo a passar mal
Quantas noites eu caprichei nos meus babados
Pra quase ir em cana no final

Começou o desfile, a fofoca comia em pleno salão
Sonho de Messalina, não sabe de quem, levou um bofetão
Esplendor Renascentista foi desclassificado
Aí deu um pulo pra cima e caiu desmaiado

Foi então que desisti de desfilar
Foi então que abandonei a passarela
Foi então que começaram a me estranhar
E o povo já gritava prende ela
E o povo já gritava prende ela

Terminou o desfile eu só não chorei porque não sou mulher
E mesmo que fosse, eu nunca seria como uma qualquer
Fui pra minha casa curtindo a minha dor
Rasgado e amassado de Nabucodonosor

 

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

48 Comentários

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  1. Que falta faz Stanislaw Ponte

    Que falta faz Stanislaw Ponte Preta.

    O mensalão, o petrolão, o trensalão não seriam os mesmos. E, o Cunha, ah!, o Cunha! Estaria devidamente pontepretado!

     

    Parabéns, mais uma vez, Hortencio, pelos seus “resgates” musicais.

    Esse é um “top ten”.

      1. Passando a perna na PF: “A velhinha contrabandista”

        A velhinha contrabandista

        Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.

        Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

        – Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

        A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:

        – É areia!

        Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

        Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

        Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

        – Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

        – Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

        – Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

        – O senhor promete que não “espáia”? – quis saber a velhinha.

        – Juro – respondeu o fiscal.

        – É lambreta.

          Sérgio Porto – Stanislaw Ponte Preta

         

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=In6NFbRkYy8%5D

  2. Clovis Bornay- um capítulo do carnaval
     

    O carnavalesco Clóvis Bornay (1916-2005), e museólogo, nasceu no Rio de Janeiro e sua contribuição para a beleza – e o luxo –, do carnaval carioca é pouco reconhecida. Clóvis Bornay, entre outras coisas:

    idealizou o Baile de Gala do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (1936 ou 37);inventou os concursos de fantasias, inspirado nos carnavais de Veneza. Divididos em duas categorias, luxo e originalidade (feminino e masculino). Bornay ganhou tantas vezes, que se tornou hors concours (concorrente de honra);introduziu, nos desfiles das escolas de samba, a figura do “destaque luxo”, personagem luxuosamente fantasiada, conduzida por um carro alegórico – hoje quesito obrigatório na disputa das escolas;levou para o exterior o carnaval brasileiro, tendo fantasias expostas em vários museus do mundo.

     

     

    No depoimento à revista Manchete, em 1987 Bornay falou sobre o carnaval:

    “De 1952 até hoje [1987], o carnaval mudou radicalmente. […] Nos bailes, ninguém mais dança e brinca. Mulheres empoleiradas nos camarotes rebolam nuas para uma multidão de homens estáticos, que passam a noite no gargarejo. Também nos bailes de travestis, acabou-se a arte, agora é só frescura. Hoje estamos sob o império do silicone. Seios e nádegas artificiais tomaram o lugar das roupagens e dos adornos criativos.”   

    Sobre suas fantasias:

    “[…] a autenticidade das minhas fantasias sempre foi importante para mim. […] fantasiei-me de ‘O Diabo de olhos verdes’. Para dar realismo, […] fabricante de fogos de artifícios, uma substância que se transformava em fumaça quando alguém tocava minha capa. Foi um grande sucesso o fumacê.” “Muitas de minhas fantasias estão em museus no exterior. Só no Japão tenho cinco, em exposição permanente. O Museu de Cera de Nova York exibe a Sua Majestade, o Samba. E a Ópera de Paris tem em seu acervo minha fantasia Tristezas de Amor”. 

    http://mol-tagge.blogspot.com.br/2010/03/vintage-noticias-carnavalesco-brasil.html

  3. FINALMENTE!!!

    Finalmente consegui uma foto do Sacrossanto Guru da Sagrada Seita da Macaxeira Benta!

    Tá certo que Dom JNS pediu pra ter o rosto preservado, a fim de evitar desmaios e suspiros das moçoilas casadoiras do meu Brasil Varonil.

    De todo modo, vai aqui o corpitcho do nosso Guru!

          1. Impossível não lembrar…

            Dia 05 de Abril de 2015:  Estava Don’Anna numa tristeza de dar dó .. À meia noite, como de costume, foi ao MM do Dia e postou o que ia em seu íntimo: o desejo de superar. Postou lá “Enquanto houver Sol” dos Titãs e caiu nos braços de Morfeu.

            Na manhã seguinte, eis que surge JNS e entrega numa bandeja de prata para Anna uma beleza de post com Kavafis, Neil Young, e ITACA.  O que vocês acham que aconteceu ao coração de Don’Anna?  Aqueceu-se !!  Descongelou.  Alegrou-se.

            Quatro meses depois, meu Guru postando esta beleza louvando o Sol, a Luz e a Coragem.  “O Maravilhoso da Vida é que tudo pode mudar.”  Para melhor! Eis aí a peça, sempre primorosa, que o nosso Mestre me enviou naquele dia e que Don’Anna não esquece.  https://jornalggn.com.br/noticia/multimidia-do-dia-559

            Obrigada Mestre!

          2. Doçura ? Não …

            Doçura ?  Não meu Mestre. Estes tem sido dias amargos… Só tentando um pouco de atenção do meu Guru, que rodou, rodou, rodou e quando me respondeu resolveu ironizar… Você sabe que esta lembrança é mais do que verdadeira; já falamos nela antes.

            Te fiz alguma coisa além da usual paparicação?

             

          1. Amiga Odonir!

            Tradução literal de ” C’est la nature, ma chère amie” 

            É a natureza, minha querida amiga!

            Apenas isso! Fui!

          2. Entendi, Luciano.

            A tradução é essa mesmo.

            “Não se afobe não, que nada é pra já”, diria Chico.

            Não se aborreçam.

            Sei que vocês gostam de “zoar” entre si.

            Por isso que escrevi que seria um post para rapazes se zoarem.

            Mimimi ?  Acho que não.

            Só vontade de participar. E em determinados jogos de vocês, percebo que são de vocês, entende?

            É apenas isso.

          3. Vocês são companheiros nesse bar, amigos ! Beijocas estaladas!

            Se a gente estivesse cara a cara, riria de tudo, um zoaria o outro e beberia umas pra descontrair mais ainda.

            Como estou aqui sozinha, fui buscar um vinhozinho e uns petisquinhos pra mesa do boteco.

             

            MÚSICAS SÓ PARA OUVIR. E rir um pouquinho, no bar

            Uma música pro Luciano, que já tomou cerveja comigo e comeu lá uns petisquinhos, na pauliceia desvairada.

             

            [video:https://www.youtube.com/watch?v=fKBBZnLDXUo%5D

             

             

            Outra pro jns, que ainda não.

             

            [video:https://www.youtube.com/watch?v=GGp6MWOZ0js%5D

          4. Êpa ! E pra mim, água ?

            Odonir, você só bebe com os dois ?  É isso mesmo ?

            Nem me convida …

            Tá certo!

          5. Anna, claro que sim.

            Mas era só pra fazermos as pazes, nesse mal-entendido.

            Vamos rir, que é bom.

            A vizinhança aqui colada deve achar que “eu sou louca demais”, porque gargalho muuuito aqui, e eles sabem que moro sozinha… então.

            Puxa a tacinha aí, aquele vinhozinho esperto, ou uma gelada daquelas de depois do “quarto copo , tudo que vier vem bem”            (V ..Ramil)

            Vou até fazer uma porçãozinha de fritas pra acompanhar.

            Volto já.

          6. O Divino

            Criou só passsarinhos canoros.

            Ele nao criou macaxeira fálica,

            muito menos pimentinha pintosa,

            nem cearense expulso da Gália.

             

          7. regulando

            ? quem enfiou a mandioca no post do lobo do mar ?

            ? sexo feminino que nao gosta de mandioca ?

            ? é brincadeira ou exercício do grego vernacular?

          8. jns, suave, mineiro.

            Não fui eu.

            Foi o próprio Luciano.

            Apenas coloquei algumas outras em formatos curiosos.

            Mas eu entendo.

            Homens gostam de medir-se, comparar-se, sacanear-se.

            Os gregos gostavam de olhar-se uns aos outros etc. etc.

            Luciano explicou: “natureza masculina’. Tudo no visual. Ou quase tudo.

             

            Agora, acaba atraindo um público masculino- digamos assim.

            Vocês entenderam… não me façam ser assim tão explícita, vá. 

             

            Não se enerve, seu mineiro, que o mundo é bom e a felicidade até existe (diria o Rei).

      1. Gastronômico Guru!

        Como você adora uma pimentinha, sobretudo quando vai às praias da Bahia, envio a esse Memorável Chefe da SSMB algumas de presente.

         

         

  4. O FEBEAPÁ de Stanislaw

    O jornalista Sergio Porto (1923-1968) ficou famoso pelo senso de humor refinado e pela crítica mordaz aos costumes, registrados em artigos de jornais,de revistas e nos livros que publicou sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Dentre estes: “Tia Zulmira e Eu”, “Primo Altamirando e Elas”, “Rosamundo e os Outros”, “Garoto Linha Dura”, além dos FEBEAPÁ 1, 2 e 3. 

    http://blogdopg.blogspot.com.br/2015/04/o-febeapa-de-stanislaw.html Ouvir “Nabucodonosor” me conduz em pensamento ao “Samba do Crioulo Doido”, também de Stanislaw. Feito para o Teatro de Revista, e depois gravado pelo Quarteto em Cy e Demônios da Garoa, entre outros, no qual Sergio Porto ironiza com a obrigatoriedade que fora imposta às escolas de samba de somente retratarem fatos históricos em seus sambas de enredo. Na década de 1950, o multimídia Sergio Porto foi quem descobriu e tirou do esquecimento Angenor de Oliveira, o genial Cartola, que se encontrava trabalhando como lavador de carros em Ipanema. http://blogdopg.blogspot.com.br/2008/10/quem-tiro-meu-bon.html

      1. Já tentei

        Devo estar mesmo Gagaá.. rsrsrs…

        É que eu já tentei o link que encontrei no Sanduiche Musical. Só que parece ser necessário ter Facebook, Twitter, G+, ou Instagram. Não tenhjo nada disso. Sou gagá, mesmo….

         

        1. Amigo GaGa!

          Você pode fazer um cadastro no site 4shared e baixará com tranquilidade. É gratuito e nunca tive problema com ele.

          Abração do luciano!

          PS: Meu email é o mesmo nome do Blog + gmail.com. Se tiveres dificuldade, pode me mandar um email que mando as que quiseres ou mesmo todas do disco.

           

    1. ” O Febeapá- Festival de besteira que assola o país”

      O Festival de Besteira Que Assola o País

       

      Stanislaw Ponte Preta
      (Sérgio Porto)

       

      Disse Stanislaw no FEBEAPA 2:

      ” difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a assolar o País. Pouco depois da “redentora”, cocorocas de diversas classes sociais e algumas autoridades que geralmente se dizem “otoridades”, sentindo a oportunidade de aparecer, já que a “redentora”, entre outras coisas, incentivou a política do dedurismo (corruptela de dedo-durismo, isto é a arte de apontar com o dedo um colega, um vizinho, o próximo enfim, como corrupto ou subversivo — alguns apontavam dois dedos duros, para ambas as coisas), iniciaram essa feia prática, advindo de cada besteira que eu vou te contar”.

      Vamos a algumas amostras:

      “O mal do Brasil é ter sido descoberto por estrangeiros” (Deputado Índio do Brasil, Assembleia do Rio).

      O cidadão Aírton Gomes de Araújo, natural de Brejo Santo, no Ceará era preso pelo 23º Batalhão de Caçadores, acusado de ter ofendido “um símbolo nacional”, só porque disse que o pescoço do Marechal Castelo Branco parecia pescoço de tartaruga e logo depois desagravava o dito símbolo, quando declarava que não era o pescoço de S. Exa. que parecia com o da tartaruga: o da tartaruga éque parecia com o de S. Exa.

      Cerca de 51 bandeiras dos países que mantêm relação com o Brasil foram colocadas no Aeroporto de Congonhas. O Secretário de Turismo de São Paulo — Deputado Orlando Zancaner — quando inaugurou a ala das bandeiras, disse que “era para incrementar o turismo externo”.

      Quando a Censura Federal proibiu em Brasília a encenação da peça Um Bonde Chamado Desejo, a atriz Maria Fernanda foi procurar o Deputado Ernani Sátiro para que o mesmo agisse em defesa da classe teatral. Lá pelas tantas, a atriz deu um grito de “viva a Democracia”. O senhor Ernani Sátiro na mesma hora retrucou: “Insulto eu não tolero”.

      O Diário Oficial publica “Disposições de Seguros Privados” e mete isso ?   “O Superintendente de Seguros Privados, no uso de suas atribuições, resolve (…), “Cláusula 2 — Outros riscos cobertos — O suicídio e tentativa de suicídio — voluntário ou involuntário”.

      Em Niterói, o professor Carlos Roberto Borba iniciou ação de desquite contra a professora Eneida Borba, alegando que sua esposa não lhe dá a menor atenção e recebe mal seus carinhos quando é hora de programas de Roberto Carlos na televisão. A professora vai aprender que mais vale um Carlos Roberto ao vivo que um Roberto Carlos no vídeo.

      Colhemos num coleguinha do Jornal do Brasil: 

      “O General Jos?Horácio da Cunha Garcia fez uma firme apologia da Revolução e manifestou-se contrariamente às teses de pacificação, bem como condenou o abrandamento da ação revolucionária. O conferencista foi aplaudido de pè? quot;. O distraído Rosamundo leu e, na sua proverbial vaguidão, comentou: “Não seria mais distinto se aplaudissem com as mãos?”.

      Enquanto o Marechal Presidente declarava que em hipótese alguma permitiria fosse alterada a ordem democrática por estudantes totalitários, insuflados por comunistas notórios, quem passasse pela Cinelândia no dia 1º de abril depararia com o prédio da Assembleia Legislativa totalmente cercado por tropas da Polícia Militar. Na certa, a separação de poderes, prevista na Constituição, passará a ser feita com cordão de isolamento e muita cacetada.
       

      Notícia publicada pelo jornal O Povo, de Fortaleza (CE): “O Dr. Josias Correia Barbosa, advogado e professor, esteve à beira de um IPM (Inquérito Policial Militar) por haver passado um telegrama para sua sobrinha Loberi, em Salvador, comunicando-lhe que a bicicleta e as pitombas tinham seguido. Houve diligências pelas vizinhanças, parentes foram procurados e outras providências tomadas. Passados dois dias, soube o Dr. Josias que o despacho telegráfico não fora transmitido porque um James Bond do DCT (Departamento de Correios e Telégrafos) estranhara os termos “bicicleta”, “pitombas” e “Loberi”, que “deviam ser de um código secreto”.

      “Os jornalistas deveriam apanhar da polícia não só durante a passeata, mas antes também. Eles são incapazes de reconhecer o valor da polícia. Os fotógrafos, por exemplo, nunca fotografam os estudantes batendo no policial”. Essa declaração foi feita pelo Secretário de Segurança de Minas Gerais, coronel Joaquim Gonçalves.

      A peça “Liberdade, Liberdade” estreou em Belo Horizonte e a Censura cortou apenas a palavra prostituta, substituindo-a pela expressão: “Mulher de vida fácil”, o que, na atual conjuntura, nos parece um tanto difícil. Ninguém mais tá levando vida fácil. 

      Segundo Tia Zulmira “o policial é sempre suspeito” e — por isso mesmo — a Polícia de Mato Grosso não é nem mais nem menos brilhante do que as outras polícias. Tanto assim que um delegado de lá terminou seu relatório sobre um crime político, com estas palavras: “A vítima foi encontrada às margens do riu sucuriu, retalhada em 4 pedaços, com os membros separados do tronco, dentro de um saco de aniagem, amarrado e atado a uma pesada pedra. Ao que tudo indica, parece afastada a hipótese de suicídio”.

      Em Campos (RJ) ocorria um fato espantoso: a Associação Comercial da cidade organizou um júri simbólico de Adolph Hitler, sob o patrocínio do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito. Ao final do julgamento Hitler foi absolvido. 

      A mini-saia era lançada no Rio e execrada em Belo Horizonte, onde o Delegado de Costumes (inclusive costumes femininos), declarava aos jornais que prenderia o costureiro francês Pierre Cardin (bicharoca parisiense responsável pelo referido lançamento), caso aparecesse na capital mineira “para dar espetáculos obscenos, com seus vestidos decotados e saias curtas”. E acrescentava furioso: “A tradição de moral e pudor dos mineiros será preservada sempre”. Toda essa cocorocada iria influenciar um deputado estadual de lá— Lourival Pereira da Silva — que fez um discurso na Câmara sobre o tema “Ninguém levantará a saia da Mulher Mineira”. 

      Em Brasília, depois de um dos maiores movimentos do Festival de Besteira, que bagunçou a Universidade local, o Reitor Laerte Ramos — figurinha que ama tanto uma marafa que cachaça no Distrito Federal passou a se chamar “Reitor” — nomeava um professor para a cadeira de Direito Penal.  O ilustre lente nomeado começou com estas palavras a sua primeira aula: “A ciência do Direito é aquela que estuda o Direito”.

      A Igreja se pronunciou, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sobre recentes publicações pretensamente científicas, “que abordam problemas relacionados ao sexo com evidente abuso”. O documento não explicou se o abuso era do problema ou se o abuso era do sexo. Em compensação, nessa mesma conferência, Dom José Delgado, Arcebispo de Fortaleza, dava entrevista à Agência Meridional sobre pílulas anticoncepcionais, uma pílula formidável para fazer efeito no Festival de Besteira. Como se disse bobagem sobre o uso ou não da pílula, meus Deus!!! Dom Delgado, por exemplo, dizia: “A protelação do casamento é a única conclusão a que chego, atualmente, para a planificação da família e o controle da natalidade. E, depois disso, só existe um caminho seguro: o da continência na vida conjugal”. Como veem, o piedoso sacerdote era um bocado radical e queria acabar com a alegria do pobre. Ainda mais, falando em sexo e em continência na vida conjugal, deixou muito cocoroca achando que, dali por diante, era preciso bater continência para o sexo também.

      Textos extraídos dos livros “O Festival de Besteira que Assola o País”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1966, “2.?Festival de Besteira que Assola o País”, Editora Sabi?- Rio de Janeiro, 1967, e “Na Terra do Crioulo (A máquina de fazer) Doido – FEBEAPA 3”, Editora Sabi?- Rio de Janeiro,  1968, págs. diversas.

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