A perceptível diferença entre os vinhos

Por Roberto Andrade

Nassif, que tal criar um tópico para os apreciadores de vinho com um texto despretensioso de um bom bebedor?

Vinho é uma bebida alcoólica produzida a partir da fermentação do suco de uva. Em outras palavras, o açúcar naturalmente presente nas uvas é transformado em álcool nesse processo.

A primeira distinção é feita entre o vinho tinto e o branco. A diferença é a uva utilizada na fabricação do vinho. O curioso é que é possível fazer um vinho branco com uma uva vermelha. O que dá a coloração ao vinho tinto é o contato com a casca da uva tinta. Se essa for retirada do mosto, o vinho fica branco.

A segunda distinção é entre vinho seco e suave, dependendo da quantidade de açúcar que ele tem. No caso do vinho suave, é adicionado açúcar, tornando-o mais doce. O problema é que essa doçura pode esconder uma má qualidade do vinho. Por isso que os apreciadores de vinho, em geral, abominam vinhos suaves, ou seja, doces.

O tipo de uva usada no vinho é essencial para o conhecimento da bebida: Shiraz, Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenere etc.

Se você observar um rótulo de um vinho do velho mundo (Europa), não verá informações sobre a uva utilizada. Ele é caracterizado pela região onde é produzido – Bordeaux, Cote du Rohne, Rioja. No caso de vinhos do novo mundo (Américas, África do Sul, Austrália etc.), o rótulo traz a informação sobre a uva.

Uma dica para os brasileiros: da Argentina, Malbec e Temprenillo; do Chile, Cabernet Sauvignon e Carmenere; e do Uruguai, Tannat. Simples assim.

São quatro os elementos essenciais do vinho: Açúcar, tanino, acidez e álcool. O ideal é um vinho equilibrado entre esses quatro elementos.

Para quem acha que não há diferenças entre os vinhos, sugiro as seguintes dicas para degustação:

1. tente balançar e cheirar um vinho em um copo americano e depois em copo apropriado, com a boca grande. A diferença é enorme.

2. Prove um vinho com pouco tanino e outro com tanino pronunciado. O tanino é também presente no caju e dá aquela sensação de boca seca. Beba um gole e bocheche o vinho sem vergonha antes de engolir. Aquele com tanino deixará sua boca seca, sem saliva. É por isso também que chamam de “vinho seco”.

3. gire o copo e veja se a bebida deixa marcas na parede do copo. São as lágrimas do vinho. Quanto mais marcas, mais açúcares. Eu odeio vinho doce, mas há quem goste.

4. a acidez não provoca a secura do tanino. Tem que ser baixa para um bom vinho. Vinhos nacionais, de forma geral, pecam pela acidez.

Agora vá ao supermercado e compre um malbec argentino (a partir de R$ 12,00) e um cabernet sauvignon chileno (a partir de R$ 15,00) e me diga se é tudo a mesma coisa. Se você não é acostumado com um vinho seco, compre um queijo nacional tipo brie ou camembert e um pão francês para acompanhar (mais R$ 15,00).

Ah, depois deixa a garrafa de molho à noite e na manhã seguinte retire o rótulo. Cole em um caderno com suas observações sobre o vinho.

Luis Nassif

5 Comentários

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  1. validade do vinho

    oi boa tarde.. tenho um vinho chateau duvalier tinto suave a mais de 15 anos, gostaria de saber se ainda pode ser consumido???

    1. Olá Filipi, se o seu vinho

      Olá Filipi, se o seu vinho tiver sido armazenado na posição horizontal em um lugar fresco e totalmente escuro por todo esses anos, tem uma pequena chance dele estar …bebível. Porém vinhos nacionais normalmente duram no máximo 5 anos, se seguir essas recomendações…Boa sorte!!!

       

  2. A perceptível diferença entre os vinhos

    Adorei as orientações, são valiosas!

    Você pode indicar um vinho consideravelmente bom, mas que seja suave / doce?

     

    é verdade que vinho doce não tem tanino?

     

    Abraços, 

    Ana

  3. Vinho

    Comecei no mundo do vinho quase sem querer, num almoço de um frio domingo de julho em Santa Felicidade, Curitiba, onde se serviam carnes estranhas, como coração de boi na brasa. Pra acompanhar tinham só duas opções: coca-cola e vinho tinto SECO, provavelmente feito ali mesmo nas colônias italianas…Acostumado até o momento com vinhosinho docinho pra comer pizzinha com a namoradinha, confesso que no começo engasguei até,  mas GOSTEI, principalmente porque tomava, tomava e não me “subia pra cabeça”…

    Depois fui me aproximando dos brancos tipo “Nachtliberwein” e Libfraumilch”, que geladinhos iam muito bem, e me afastava cada vez mais dos “Sangue de Boi” e “Campo Largo”, eheh. 

    Meu universo de enólogo se limitava a isso aí, pois nunca tive nenhuma pretensão em se tornar um entendedor… E foi quando vim morar no sul da Sui4a a 11 anos atrás, onde pude conhecer o que é vinho de verdade, com preços pra lá de acessíveis e uma variedade estonteante. De fato, é muito difícil comprar vinhos repetidos, mudo sempre e assim experimento sempre. Acho que precisaria de algumas vidas a mais para poder provar os vinhos que estão na minha região, e olhem que estou falando só da pequena Suiça e o norte da Itália…

    Ma o que gostaria de enfatizar realmente é que aqui o povo bebe sem conheceimentos de enólogo, e sim com algumas ressalvas iniciais que TODOS praticam, como olhar no rótulo se contém sulfitos na composição (é um tipo de conservante, que em alguns casos altera o gosto do vinho). Depois disso abrem a garrafa e súbito verificam com uma cheirada na rolha se na garrafa entrou ar, danificando parcialmente ou totalmente o vinho…Após esse breve ritual os mais experts dão um golinho (geralmente em restaurantes)  pra verificar se o gosto é bom, e deixam a garrafa aberta esperando o vinho decantar, isso é, eliminar por evaporação o excesso de alcool contido na garrafa. Também se pode usar um decanter, mas o mais comum mesmo é servir os copos (taças) de vinho e deixar alguns minutos ali, sem tocar…Só então se bebe, repetindo o ritual (sem frescura nem cara de abestalhado) para as próximas garrafas. Pude notar que TODOS fazem esse ritual, da gente simples aos mais abastados.

    Depois de alguns anos por aqui voltei ao Brasil e com amigos dei uma passadinha pra comprar uns vinhos…Quase caí de costas com os preços dos nacionais, porém de boa qualidade. Mas a opção ficou mesmo para os argentinos e chilenos, com boa relação custo/qualidade. O problema foi na hora de beber: tinha neguinho querendo falar o que não sabia, brigar pelo queijo ou carne pra acompahar, querer tirar fotos pra postar na net, querer criar “confrarias do vinho”, como se fosse uma coisa só pra quem pode, e não pra quem quer…Enfim uma besta tentativa de ELITIZAR uma coisa que é do povo, como dizia João Figueiredo…Do, pelo, para…Daquele dia em diante decidi só tomar cerveja (Argh!) no BR…

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