A venda da TAM

Coluna Econômica

Vamos a algumas conclusões sobre essa suposta associação da TAM com a LAN, companhia aérea chilena.

Em termos efetivos, não foi associação. Foi uma venda disfarçada, para poder contornar a legislação brasileira – que proíbe mais de 20% de capital externo em companhia aérea.

A montagem consistiu no seguinte:

Monta-se uma nova empresa, a Latam Airlines. Nela haverá um bloco de controle, constituído por 24,07% do capital com a família Cueto (da Lan) e 13,52% com a família Amaro (da TAM). Essa companhia terá 20% da TAM. A família Rolim continuará com 80% do controle até ser efetivada a fusão e a operação ser aprovada pelas autoridades aeronáuticas. Em circunstâncias normais, jamais seria aprovada. Mas o Brasil é Brasil.

Não foi por outro motivo que, já há alguns meses, a TAM eliminou o slogan “orgulho de ser brasileira”.

Acertada a fusão, as ações da TAM serão trocadas por BDR (Brazilian Depositary Receipts, títulos que representam ações de empresas em bolsas estrangeiras) da LAN, negociadas na Bolsa de Nova York e de Santiago, na proporção de 90% do valor. Pelos cálculos do mercado, na sexta-feira, cada ação da TAM poderá chegar a R$ 43,50 – 90% do valor da LAN, de 13.900 pesos chilenos, equivalentes a R$ 48,33. Antes da operação, o mercado considerava R$ 40,00 o preço justo para uma ação da TAM, conforme informou a analista Rosangela Ribeiro, da SLW Corretora, a Tatiane Correa, da Dinheiro Vivo.

Em seguida, a TAM fecha capital e suas ações desaparecem.

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NaosNão se deixe iludir por manchetes, alerta o consultor Igor Cornelsen: a TAM foi vendida. Além do desaparecimento das ações, da TAM, o executivo chefe será chileno.

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Foi uma operação visando burlar a legislação brasileira. Mas foi boa para os acionistas.

A TAM não estava em situação financeira grave. Continuava honrando seus compromissos. Mas a distribuição de dividendos não tinha perspectiva de curto e médio prazo. E a família não estava à altura do patriarca comandante Rolim Amaro.

Agora, além da entrada de uma empresa mais valorizada, os acionistas ganharão com a hipervalorização do real, já que o valor das ações foi calculada em dólar.

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Do ponto de vista operacional, segundo Rosangela, os dados de mercado mostram a TAM líder do mercado brasileiro, com 43% de participação e a LAN com 75% do mercado chileno. Em relação aos vôos internacionais, a TAM tem 82,7% do mercado brasileiro contra 50% da LAN no mercado chileno.

A TAM tem 143 aeronaves e 25 mil funcionários; a LAN 86 aeronaves e 16 mil funcionários. A TAM só atua no mercado de passageiros; já a LAN tem 11 aeronaves para transporte de carga.

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Para o Brasil é um péssimo negócio, como foi a fusão entre a Brahma e a Antarctica na AMBEV, que depois foi desnacionalizada, e seus acionistas brasileiros foram viver no exterior.

No caso da viação aérea, a situação é mais complexa. Cervejas não são empresas estratégicas, aviação comercial sim. Além disso a aviação comercial funciona sob regime de concessão. São importantes como geradoras de divisas, como elementos de integração nacional e, em caso de conflito, como elementos de apoio na defesa nacional. 

Luis Nassif

1 Comentário

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  1. Venda da TAM.

    Depois da puxada de tapete da VARIG, agora vem esta maracutaia da venda da TAM.

    Imagino que nesta armacao alguem na Aeronautica e/ou  DAC ficou RICO.

    O finado Cmte Rolim deve ter se revirado no caixao. Meus pesames aa Familia TAM, e aa aqueles que acreditaram que iriam fazer uma diferenca.

    Tem umas coisa que fazem a gente ficar com vergonha de ser brasileiro.

    Esta e’ mais uma delas.

    O unico consolo e’ o fato de no’s nao termos fronteiras com o Chile.

    Celso Cunha

     

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