A obsessão pelo crescimento econômico como patologia social

do blog do Marcio Valley

Tim Jackson, em seu livro “Prosperidade sem crescimento: Vida boa em um planeta finito”, surpreende os leitores ao apontar estudos que desvinculam o sentido de prosperidade individual à posse de riqueza. Questionadas, as pessoas tendem a identificar o desejo de prosperidade, precipuamente, ao bom relacionamento com familiares e amigos, à segurança de si e das pessoas a quem quer bem, à possibilidade de realizar coisas pelas quais se sinta gratificado, à manutenção de um emprego decente com renda meramente suficiente para a manutenção de uma vida digna e ao sentimento de pertencimento a uma comunidade da qual possa participar de forma ativa. Jackson denomina de florescimento a possibilidade do indivíduo alcançar esse conjunto de fatores. A prosperidade, assim, está plenamente vinculada à capacidade do indivíduo de florescer. Alcançar riqueza não é, em geral, incluída pelas pessoas como um dos requisitos do florescimento. Uma renda digna, não riqueza, é um elemento considerado, todavia apenas como um meio para o sucesso na meta do florescimento.

Essa espécie de prosperidade que advém do florescimento independe do crescimento econômico. De fato, é possível imaginar uma economia estável, com crescimento variando em função do número de habitantes do planeta e, sendo assim, tanto podendo crescer, como decrescer, na qual as pessoas consigam viver num ambiente de fraternidade, trabalhando com renda digna, realizando o que gosta de fazer e com segurança, ou seja, florescendo em sua condição de ser humano.

Dessa forma, conclui-se que o crescimento econômico que gera uma imensa desigualdade na distribuição da riqueza, mantendo bilhões de pessoas na mais absoluta miséria, e que não possibilita o florescimento individual, é de pouca serventia se considerado sob o prisma da produção de prosperidade.

A obsessão pelo crescimento do PIB, cuja relação com a prosperidade e a felicidade do ser humana é, para dizer o mínimo, improvável, pode, portanto, ser interpretada como uma doença que conduz o ser humano a desprezar as necessidades do sistema ecológico e a materialização do florescimento individual.

Por outro lado, o economista francês Thomas Piketty, no livro “O capital no século XXI”, livro que o prêmio Nobel Paul Krugman não hesitou em denominar de “verdadeiramente soberbo”, informa que a inflação não foi um acaso ou um infortúnio econômico, mas resultado de uma ação planejada, em fins do século XIX e início do XX, que extinguiu o padrão ouro das moedas fortes, o que foi feito para possibilitar a emissão de moeda sem lastro. O objetivo? Reduzir, através da inflação, a dívida pública das nações e pagar as despesas das guerras. Em outras palavras, inventou-se a inflação para dar o calote na população. Piketti relata que, até então, a economia crescia, com pouca variação, na proporção do crescimento populacional, às vezes um pouco mais, outras um pouco menos. A partir daí, a inflação tornou-se um problema que, até o momento, não possui solução. Além disso, ele descreve academicamente os motivos pelos quais a inflação, mesmo pequena, de 1% ao ano ou inferior, afeta de maneira perniciosa a economia de qualquer país. Quanto maior a inflação, mais rápidos são sentidos os efeitos daninhos.

Não bastassem todos os problemas acarretados pela invenção da inflação, que Piketti descreve em seu livro, há ainda um que talvez seja um de seus mais perversos efeitos: ela é um dos responsáveis pelo surgimento do consumismo desenfreado a partir de meados do século XX, porque, ao corroer o valor da renda, tanto a proveniente do trabalho, como a do capital, obriga a uma recomposição através do aumento real da economia. Quando o enfatizo como um efeito perverso da inflação, faço-o porque tornou-se o consumismo um fetiche social que antropomorfiza o objeto de consumo e coisifica o ser humano. Hoje em dia, raramente alguém é admirado por sua cultura se não materializa esse valor interno em objetos icônicos externos. “Essa pessoa não pode ser considerada culta e erudita se não mora num bairro chique e não dirige um carro caríssimo”, é o que pensam ao excluírem de suas relações a pessoa que optou por uma vida frugal.

Há algo mais ridículo do que uma pessoa, em reunião social, puxar conversa jactando-se de possuir uma determinada marca de relógio ou de automóvel e, ainda por cima, perguntar pelas marcas que o interlocutor costuma adquirir? Como qualificar a auto-exibição de frivolidade de alguém que posta na rede social a fotografia do prato que pediu em determinado restaurante? Essa é a perversidade do consumismo: transforma o ser humano, até onde se sabe o único ser vivo possuidor de inteligência racional do universo, em um pateta superficial que desonra a cultura e é obsedado pela inanidade do exibicionismo.

Esse mesmo consumismo fútil e sem sentido é que, em Bauman, é considerado um dos fatos geradores da liquidez da modernidade, onde tudo é fugaz e difícil de conter por muito tempo, qualificando-se o indivíduo pelo que possui e não pelo valor intrínseco de si mesmo. E preocupa Jackson pela vacuidade do ataque feroz aos recursos naturais e pela expansão da ocupação humana em todos os habitats.

Não há dúvida de que o interesse demasiado pelo crescimento econômico decorre inicialmente do aumento populacional. Para gerar emprego e renda, a economia necessita acompanhar o ritmo da variação no número de pessoas que buscam o mercado de trabalho. Como o século XX gerou um incremento populacional até então inimaginável, essa explosão demográfica exigiu um crescimento da economia à altura. O incentivo ao consumismo nasce, em princípio, dessa urgência econômica. Assim, o primeiro elemento culpado pela necessidade do consumismo é a explosão demográfica.

Entretanto, a inflação, por desvalorizar a economia ainda que mantidas as mesmas condições, obriga à recuperação desse prejuízo no mínimo em idêntico percentual. Passa-se, dessa forma, a existir um segundo elemento que deve ser pelo menos igual ao crescimento econômico para que tudo se mantenha como está, que é a inflação. Muito simplificadamente, num ambiente de crescimento populacional anual de 2% e inflação igual a 2%, um crescimento econômico inferior a 4% será, em tese, um desastre.

O consumismo surge como salvador da economia. Para incrementá-lo, nasce uma publicidade engenhosa e um artifício demoníaco: a obsolescência programada, mecanismo através do qual as coisas são produzidas para durar um curto tempo, obrigando à sua reposição reiterada e ampliando o consumismo.

Remédio, contudo, que está matando o doente ao impôr o pesado ônus de uma agressão sem paralelos ao ambiente em que vivemos. O extrativismo é feroz, a necessidade de ocupação da terra aumenta a cada segundo. Muitas espécies já foram extintas, outras estão em perigo. Diversos ecossistemas são hoje mera lembrança.

Nesse ponto retornamos a Tim Jackson o problema que ele nos apresenta da impossibilidade de crescimento infinito de qualquer subsistema que integre um sistema finito. A finitude do sistema obviamente determina idêntica finitude de todos os subsistemas nele contidos. O sistema denominado planeta Terra é finito, donde decorre que o subsistema ecológico terráqueo é igualmente finito, assim como finitos são todos os subsistemas desse subsistema, inclusive o sub-subsistema econômico. Portanto, a obsessão pelo crescimento econômico infinito e pela riqueza individual infinita são, tanto uma impossibilidade física, como uma patologia social capaz de conduzir ao aniquilamento da civilização.

Por conta disso, Jackson nos coloca a seguinte questão: o crescimento contínuo da riqueza dos indivíduos que já são muito ricos é uma meta saudável a ser perseguida pela economia política num mundo cujos limites ecológicos já foram alcançados e estão perigosamente sendo ultrapassados?

Como ninguém, nem os ricos, desejam a destruição da civilização, é muito possível que, em médio prazo, se inicie um processo de ausência de crescimento ou mesmo de redução da economia. Se isso ocorrer, entra outra questão: como ficará a renda do trabalho? Segundo Piketti, em situações de ausência de crescimento econômico, a tendência de concentração da riqueza em poucas mãos se acentua. Além disso, a tecnologia e o aumento da produtividade torna cada vez mais desnecessária a mão-de-obra humana. De que forma será possível a criação de emprego num ambiente de economia estagnada, de trabalho desenvolvido por artefatos tecnológicos, com alta produtividade e com concentração de riqueza cada vez maior? É possível que o setor de serviços preencha esses espaços?

Para que o setor de serviços crie a maior quantidade possível de empregos, é imprescindível que se pense em redução drástica do número de horas e de dias trabalhados. O ócio criativo surge desse tempo vago e possibilita o florescimento, com cada um procurando fazer aquilo que o realize individualmente. A busca pela cultura, pela saúde, pelo aperfeiçoamento físico e esportivo, pelo lazer, pelo conhecimento de lugares, pelo aprendizado e produção de arte, enfim de toda atividade que sirva ao propósito de construção da individualidade, naturalmente faz surgir o outro lado da moeda: os prestadores de serviços que serão os auxiliares dessa busca. Professores, médicos, artistas, agentes de turismo, profissionais liberais de toda espécie, produzirão grande parte das atividades e da renda necessária, destacando-se que são atividades de baixa produtividade que, por isso, possibilita o surgimento de empregos em quantidade proporcional à demanda. Basicamente, um cabeleireiro do século XIX estava limitado fisicamente a cortar a mesma quantidade diária de cabelos que hoje em dia um cabeleireiro pode cortar.

Entretanto, o setor de serviços não dará conta de gerar a renda necessária para todos os habitantes do planeta. O que fazer? Duas coisas parecem inevitáveis: a redução da população mundial a patamares administráveis e a diminuição forçada da concentração da riqueza.

A redução da população não é difícil e pode ocorrer de forma bastante acentuada em duas ou três gerações, desde que obstáculos morais e religiosos sejam postos de lado. Numa hipótese drástica, e praticamente impossível, se cada mulher tiver apenas um filho, o número de nascimentos será igual à metade da população em uma geração e à metade disso em duas. Nessa hipótese, em pouco tempo, alcançando-se, talvez, uma população de dois bilhões de pessoas, seria possível adotar a taxa de reposição, que é de 2,1 filho por mulher. Em uma suposição menos radical, se cada uma tiver 1,5 filho, a população se manteria estável durante algumas décadas e depois passaria a decrescer.

A redução da concentração da riqueza é necessária para a produção de renda para uma parcela considerável da população que, ao menos no início do processo de reforma da economia política, não encontraria emprego para auferimento de renda. Caberia ao Estado alocar recursos para essas pessoas. Os métodos para alcançar essa finalidade são variados e vão desde a vedação da formação de grandes conglomerados econômicos, com pulverização da produção, até a cassação de parte considerável do direito de herança, passando pela tributação pesada das grandes fortunas. O controle rigoroso sobre os títulos negociados no mercado, com proibição daqueles não vinculados diretamente ao setor produtivo, é uma imposição.

Paralelamente, o retorno de uma ancoragem real para a moeda aparenta ser salutar.

O fato aparentemente indiscutível é que o capitalismo precisará se reinventar.

Pode ser que Marx estivesse certo quando sugeriu que a superação do capitalismo surgiria de suas próprias crises e contradições intrínsecas. Se essa superação resultará em comunismo ou outra coisa, teremos que aguardar para ver.

no blog: http://marciovalley.blogspot.com.br/2014/11/a-obsessao-pelo-crescimento-economico.html

 

Redação

38 Comentários

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  1. Belo texto, mas…

    para poder abrir uma janela para o futuro, ele deve dar uma ideia de como melhorar a vida de bilhões de moradores da Africa, da Asia, e de outros lugares onde o padrão de vida material, incluindo acesso a saúde e educação, é totalmente inadequado e inaceitável.

    Se não fica uma reprise dos textos do famigerado André Lara Rezende datados de 2013 quando este entrou no barco da Marina Silva/Itau/Natura.

    1. Lionel Rupaud, não há como

      Lionel Rupaud, não há como resolver o problema da África sem passar por um consenso internacional. A redução da concentração da riqueza é um desses consensos necessários. A “obesidade” da riqueza poderia ser direcionada para melhorias das condições sociais dos africanos. Basta lembrar que apenas os valores gastos com as guerras americanas dos últimos trinta anos, todas fundadas na lógica da prevalência da propriedade e dos interesses dos proprietários, resolveria o problema africano não uma, mas várias vezes. Insisto na tese: a concentração da riqueza na forma como hoje permitimos, com menos de trezentas famílias sendo proprietária de metade da riqueza, é responsável pela quase totalidade da miséria e da violência que existem no mundo. Soluções não são fáceis e nem as tenho para apresentar, mas certamente passam pela necessidade de uso racional da inteligência humana. Olhar para um problema crescente e fingir que não existe é um passo gigantesco em direção à catástrofe. A população está grande demais e a riqueza está concentrada demais. São dois problemas a serem resolvidos e que afetam as nossas vidas e as vidas de nossos filhos e netos. Afetam a própria viabilidade da existência. Portanto, serão resolvidos, por bem ou por mal. Espero que escolhamos o caminho da solução do bem…

      1. Diminuição da concentração da riqueza?

        Desculpe-me Márcio, mas não existe diminuição da concentração da riqueza. Ou se elimina no mundo o que se chama de riqueza ou simplesmente sempre haverá privilegiados.

        Qual é o grau necessário para esta diminuição da riqueza? Quem define qual será a riqueza máxima permitida a qualquer um? Quem define a relação de trocas entre países? Ou seja, este gradualismo que seria o ideal, o romântico e sem ferir sentimentos de qualquer um, logo degenera para uma nova situação que no fim do texto é definida como reinvenção do capitalismo.

        Consenso não se consegue em praticamente nada, e muito mais quanto um deve perder para o outro ganhar, nunca estivemos numa sociedade tão individualista nos últimos 110 anos como nos dias atuais, e propagandas deste gradualismo dessa falsa ecologia em nome da sustentabilidade do planeta, esconde uma enorme farsa daqueles que querem fazer tudo para que nada mude.

        Este discursinho ecológico eu venho escutando há mais de 40 anos e cada vez nos enterramos mais, o que era uma perspectiva distante vai se aproximando mais e mais, porém o que mais me irrita é que temos possibilidade de organizar um mundo nos dias atuais sem pobreza, sem fome e sem excluídos, mas para esta nova organização nós teremos que quebrar todos os paradigmas atuais da vida ocidental. E para isto precisamos de mais do que meros paliativos, que pouco a pouco vão agudizando a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres.

        1. RDMaestri, o diálogo é sempre

          RDMaestri, o diálogo é sempre possível no mundo das ideias, sem exaltações e sem partir para o ataque pessoal. Não há razão alguma para isso. Dificilmente o mundo irá mudar em função do que penso ou do você pensa. Tampouco se pode imaginar que exista algum pensamento que mereça a unanimidade. Se livros santos ou repletos de mensagens de amor e auto-ajuda são criticados, imagine os meus rabiscos. Quanto ao que você expõe aqui, não há na História nenhum exemplo de ruptura revolucionária que tenha beneficiado a população. Acredito no gradualismo. Penso que a concentração da riqueza pode ser reduzida seguindo o modelo que coloquei no texto: mitigação do direito de herança, tributação pesada sobre as grandes fortunas, vedação de investimentos desvinculados da produção e pulverização da produção. Quanto à inexistência da riqueza e de privilegiados, primeiro devemos definir o que é exatamente riqueza e privilégio e o que é resultado da energia pessoal despendida no trabalho. Se trabalho em idênticas condições às de outro trabalhador, porém no dobro do número de horas, e recebo mais por isso, esse plus é riqueza, privilégio ou remuneração do esforço pessoal? Se, após o trabalho, fico horas em casa desenvolvendo um projeto e acabo por inventar um produto inovador, seria um privilégio ser recompensado de alguma forma por esse esforço intelectual? São questões difíceis. Por enquanto, minha utopia se resume a uma sociedade mais igualitária, com menos gente e menos concentração de riqueza. Se testemunhar essa conquista, talvez passe a pensar no comunismo.

          1. Já houveram milhares de tentativas fracassadas.

            Caro Márcio.

             Não duvido da boa vontade, mas a história está povoada de tentativas fracassadas de vias pelo diálogo e pela compreensão, e não existe nenhuma dessas tentativas que tenha dado resultados em médio prazo, muito menos em longo prazo.

            Todas em pouco tempo resultam em atrazos na evolução da sociedade, pois desmobilizam e desacreditam a ação política.

    2. Quem tem que fazer regime é quem tá gordo!

      Lionel, este é o grande problema, parece aqueles cortes lineares que os gestores públicos gostam de fazer nas despesas de governo, se um setor ganha X ele passa a ganhar X/2  e quem ganha Y deve ganhar Y/2.

      Eles não entendem que quem deve fazer um regime não é quem está magro, mas sim quem está gordo.

      A proposta de todos é fazer ajustezinhos voluntários de consumo em todos, ou seja os africanos que comem 1000 calorias por dia passarão a comer 500 e os norteamericanos e europeus que comen10.000 passarão a comer 5.000, e isto tudo de forma voluntária, pois quem não quiser em nome da democracia, se tiver dinheiro continua a comer os mesmos 10.000.

      Estes ecos capitalistas me irritam ao extremo e eu perco a paciência.

      Estamos na beira de uma crise mundial e eles ficam falando em ações voluntárias de abnegação religiosa.

      Os africanos, os asiáticos e outros miseráveis que estão passando fome podem e devem comer os búfalos, girafas e o mais que for necessário para sair da sua fome e começar a ter o direito a humanidade, os europeus e norte-americanos quando faltar comida que comam a sola de seus sapatos.

      Agora falar isto não é politicamente correto, o bonito é falar que devemos compreender o que o mundo passa e cada um fazer a sua parte (de forma voluntária) e quem não quiser fazer será chamado de bobo, feio e nojento.

       

  2. Componentes Sociais Degradantes

    “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

    A natureza humana precede, fomenta e tempera os macro-sistemas, independente de quais formas sejam. 

    Ayn Rand sintetiza o desequilíbrio provocado por essa latência de avidez exacerbada de alguns somada e contrastada à deficiência de ação/percepção de muitos. Assim como Rui Barbosa em 1914 quando disse: 

    “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. 

    São componentes sociais degradantes, que propagam a doença da exploração humana, usurpando o respeito socio/cultural que deveria haver entre nós. Contudo, mesmo a generalização da corrupção/prostituição de caráter ao longo dos tempos imuniza a humanidade, mas como todo excesso de doença, pode ser condenante.

  3. Dilma perde a chance de fazer uma reforma nos ministérios

    Com a reforma dos ministérios para 14 pastas, com 72 secretarias, seria a maior moleza, distribuindo cargos e orçamentos no congresso, fazer maioria, presidência e de quebra, endireitar o país.

    Não faz, porque não quer, vontade política.

    Acorda, Dilma!

  4. Juros pornográficos é extorsão do povo e da nação

    Não existe o que justifique estes juros que o Brasil paga. É desonesto a forma como é cobrado. Não interessa quem está lá, abdicar desta luta LEGÍTIMA dos brasileiros é jogar contra o patrimônio.

    Prioridade número um, combater a maior distorção, o que sangra e debilita o país.

    Não admito entregar  de mão beijada o ouro sem lutar, ainda mais para os derrotados que montaram um time de quinta categoria e perderam as eleições da pior forma possível.

    Dilma, acorda!

  5. De certo que pode haver

    De certo que pode haver mecanismos de exploração nas relações interpessoais tipo trabalho e capital, mas na essência eu não concordo com a afirmação de que “o crescimento econômico que gera uma imensa desigualdade na distribuição da riqueza”. Essa visão é muito curta na escala do tempo.

    No início dos tempos todos éramos pobres, diga-se, tínhamos poucos recursos, vivíamos da agricultura incipiente e da coleta. Nossas habitações eram toscas, não tínhamos higiene pública, a mobilidade era limitada. A fome era um fenômeno mais comum e as irregularidades do ambiente produziam efeitos mais drásticos na população.

    O crescimento econômico não é a fonte da pobreza, é o meio de erradica-la. O conhecimento e competição levaram aos ganhos de produtividade e qualidade para se produzir mais e melhor. Só há crescimento econômico sustentável onde houver ganho de produtividade obtidos pelo conhecimento.

    Concordo que felicidade está mais relacionada ao convívio social que com a riqueza acumulada. Viver de forma mais simples e despojada pode ser prazeroso. Felicidade é subjetiva.

     

    1. Sergio Pin Tor, não tenho

      Sergio Pin Tor, não tenho dúvida de que o crescimento populacional e econômico, lá no início dos tempos, era de fato uma imposição. Contudo, já estamos pelo menos umas três bilhões de pessoas após isso. E, presumindo-se uma população estável e uma distribuição mais equitativa da riqueza, o crescimento econômico perde o sentido.

  6. O Marcio, bom texto, mas eh

    O Marcio, bom texto, mas eh preciso cuidado com tais assertivas :

    “Remédio, contudo, que está matando o doente ao impôr o pesado ônus de uma agressão sem paralelos ao ambiente em que vivemos. O extrativismo é feroz, a necessidade de ocupação da terra aumenta a cada segundo. Muitas espécies já foram extintas, outras estão em perigo. Diversos ecossistemas são hoje mera lembrança.”

    Vc tem razao que estamos gerando pressao sobre o meio ambiente, mas eu nao estou certo se “diversos ecossistemas estao sendo extinto”. Claro, se tomarmos como definicao de ecossistema qualquer coisa que abriga relacaoes entre seres vivos e ambiente, qualquer poca d’agua depois de seca, ou mesmo um tronco velho removido serao considerados extincao.

     

    1. Desculpe-me, Francy Lisboa,

      Desculpe-me, Francy Lisboa, pensei que a devastação dos ecossistemas fosse inquestionável pela mera constatação de que o ser humano ocupa, hoje, imensas porções de terra na forma de cidades e fazendas que antes eram florestas, cerrados e pântanos. Apenas como exemplo, a Mata Atlântica possui atualmente apenas 7% do que já foi um dia. Será que 93% de destruição não significaria a extinção de centenas ou milhares de habitats integrados à Mata e, consequentemente, de parte significativa das espécies que delas dependiam? A meu ver, parece que sim.

      1. O mais importante na Mata Atlântica é criar corredores!

        O mais importante na Mata Atlântica no momento é criar corredores interligando diversas regiões remanescentes deste bioma, e isto pode ser feito se houvesse um program efetivo de conservação e recuperação de matas ciliares.

        Além do apoio daqueles que querem a conservação da biodiversidade, algo que parece meio abstrato para a maior parte da população, uma ação intensiva poderia ser baseada na conservação dos mananciais de água para as grandes cidades.

        Quem luta por um meio ambiente saldável tem que ser um pouco político, e no momento atual falar em falta de água toca diretamente na alma dos habitantes dos grandes núcleos habitacionais, recebendo um apoio importante da maioria da população.

  7. Crescimento econômico era um

    Crescimento econômico era um conceito inexistente entre os romanos. Eles tinham períodos de fartura e de carestia. Na história de Roma, há períodos de estabilidade monetária e períodos de corrosão da credibilidade das moedas em razão da redução da proporção de ouro e prata durante a cunhagem das mesmas. O equilíbrio entre o que era produzido e comercializado e a quantidade de metal precioso em circulação era difícil e raramente foi duradoura. A conquista de regiões ricas em ouro e prata acarretava um surto de riqueza seguido do empobrecimento derivado da abundância de moedas em circulação. Apesar dos percalços, Roma cresceu e governou o mundo conhecido por vários séculos. Sem ter obsessão por “crescimento econômico”, a civilização romana durou mais de mil anos. A civilização capitalista tem dois séculos e tudo indica que destruirá todas as suas possibilidades naturais de futuro nos próximos 50 anos. Curiosamente, nos sentimos mais bem sucedidos que os romanos.  

    1. Fábio, corretíssimo. Essa é a

      Fábio, corretíssimo. Essa é a ideia: botamos na cabeça que as coisas “são assim mesmo”, como se não houvesse alternativas viáveis de vida social e econômica. Elas existem.

  8. Marcio

    a bomba relógio do momento na questão ambiental é a exploração do  gás de xisto pelo método “fraking”, não só pela devastação nas áreas exploradas como na quanttidade de água necessária para tal além da poluição ods lençóis freaticos, se a moda pega tamos mal..

  9. O Sniff pediu que alguém

    O Sniff pediu que alguém melhororasse a edição do texto. Gostaria de contriibuir na interpretação do mesmo.

    “Tim Jackson, em seu livro “Prosperidade sem crescimento: Vida boa em um planeta finito”, surpreende os leitores ao apontar estudos que desvinculam o sentido de prosperidade individual à posse de riqueza.”

    Então por que desvinculamos o sentido da prosperidade indivual à posse da riqueza?

    Aqui no blog não consigo surpreender ninguém ao vincular a prosperidade individual à posse da riqueza, e mostrar que a prosperidade sem crescimento poderia ser resolvidada com o próprio sentido de apreensão da prosperidade individual.

    “A busca pela cultura, pela saúde, pelo aperfeiçoamento físico e esportivo, pelo lazer, pelo conhecimento de lugares, pelo aprendizado e produção de arte, enfim de toda atividade que sirva ao propósito de construção da individualidade, naturalmente faz surgir o outro lado da moeda.”

    Mas onde conseguiremos encontrar o elemento principal da prosperidade individual avançando para a posse da riqueza no outro lado da moeda? 

    “Hoje em dia, raramente alguém é admirado por sua cultura se não materializa esse valor interno em objetos icônicos externos.”

    O blog e os comentaristas são incapazes de valorizar textos que não sejam escritos por escritores estrangeiros, desprezando este comentarista que realmente escreve análises pertinentes aos próprios valores da individualidade (valor do trabalho) perante a sociedade civil, e os revela como podem ligá-los naturalmente à posse da riqueza, com o surgimento de materialização da moeda e sua constituição unificada com objetos icônicos externos (mundo real) para a nação. 

    O direito privado do valor do trabalho, diante de um mundo das necessidades externas, é o valor da existência do individuo, imediato à sua base natural, enquanto membro da sociedade da riqueza, ao passo que o investimento externo o torna apenas um homem imaginário, alegórico e abstrato que deve pagar impostos para a sua forma de individuo que está sem vinculo com a prosperidade nacional, justificado pelo endividameno da transformação da riqueza (em medida externa) com a moeda estrangeira.

     

     

  10. Tudo muito bom, tudo muito

    Tudo muito bom, tudo muito bonito, mas a gestão do sistema de produção proposto no texto somente poderia ser feito se existisse um comando político único no planeta,  de forma a obrigar todos os países a agirem da mesma forma na consecução do objetivo a ser alcançado, como o  equilibrio da população mundial, produção economica e industrial suficiente e controlada, nível de conforto adequado às populações, etc…

     

    Como se diz no ditado popular, apenas  falta ”  combinar com os russos ”  e não apenas com eles, mas também com os chineses e sua voraz máquina de utilização de insumos naturais e tecnológcos, com os americanos, japoneses, europeus, asiáticos em geral, etc…., o resto do mundo, nós sul americanos incluidos,  óbvio.

     

    Como isso não existirá num curto prazo, nem é possível vislumbrar sua ocorrência neste século que se inicia conflituado, pois  o poder mundial se fragmentou com vários centros de poder político e militar, então isso não é possível.

     

    O que a disputa pelos recursos naturais do planeta terra sinaliza então, se os recursos do sistema são finitos e o atual sistema de vida consumista exige cada vez mais intensa exploração desses recursos,  são crises políticas e militares sérias, e não se pode descartar a ocorrência de grandes  conflitos militares pela disputa dos recursos naturais.

    Infelismente esta é uma das leituras possíveis,  decorrentes das consequencias do consumismo desenfreado do modo de vida  da população mundial no estágio em que vivemos, guerras à vista e não a sonhada e sempre adiada paz mundial.

    1. Donizeti, a sua visão é mais

      Donizeti, a sua visão é mais realista para o momento. De fato, guerras sempre foram o meio mais eficaz de resolver os problemas da escassez e da população excessiva. Somente não são, e nunca serão, o meio mais inteligente e racional. Todavia, um dia, após todas as guerras, se a extinção da humanidade não vier antes, a razão prevalecerá. Então, virá esse acordo global sobre a economia de que você fala e que, por ora, é impossível. É o caso de nos perguntarmos: se a bestialidade dentro de nós, que nos conduz à guerra para resolver conflitos facilmente contornáveis através do uso da razão, é superior à racionalidade, qual é exatamente o valor da inteligência humana? Não seria melhor continuarmos macacos, ignorantes sobre as coisas, porém em sintonia com a ecologia? O objetivo da inteligência é, então, viver cem anos engordando e comprando coisas para os nossos armários? Nesse momento, diante de nós, abre-se uma escolha: vamos resolver as coisas pela inteligência, como seres humanos, ou pela violência, como os animais irracionais? No fundo, Sartre estava certo: vivemos a angústia de nos sabermos livres para escolher a direção que quisermos, pois temos ciência de que teremos que suportar os efeitos dessa escolha.

  11. gostei do texto.
    o


    gostei do texto.

    o capitalismo traz em si suas próprias mazelas…

    dessa dialética de suas contradiçõe  é que surgirá algo

    que precisamos ter pelo menos uma noção.

  12. O diagnóstico é o mesmo de sempre, já o remédio!

    Não sei por que ficarem tão maravilhados pelo diagnóstico apresentado, ele é o mesmo de sempre!

    Desde os tempos da publicação dos “Limites do Crescimento” que se descreve o mesmo cenário e se o diagnóstico fosse tão bom assim a doença não teria piorado, mas sim o paciente havia melhorado.

    Da época da publicação dos Limites do Crescimento para cá, continua-se batendo na mesma tecla, o problema é a superpopulação!

    Pois eu acho que a superpopulação é mais um sintoma do que uma causa, pergunta-se muito porque os “pobres” tem mais filhos e várias explicações surgem, desde as explicações da tradição rural, da falta de conhecimentos sobre anticoncepção e outras teorias sociológicas, e ninguém pensa que isto pode ser simplesmente uma reação natural do indivíduo ao meio ambiente e as condições que ele vive.

    Há décadas passadas, há bastante tempo mesmo, quando se perguntava a uma senhora quantos filhos ela tinha, naturalmente ela dizia, oito (ou qualquer número alto e absurdo como este) e logo ela complementava rapidamente, mas só vingaram três.

    Era algo natural, quanto mais adversa era a situação de sobrevivência, maiores eram os números de filhos, havia em alguns setores da classe média em que este número escapava da relação inversa pobreza número de filhos por razões ideológicas ou religiosas, mas mesmo nestes setores poderia se identificar uma razão atávica que levavam, por exemplo, a um número maior de filhos.

    Talvez esta relação natural seja negada por grande parte da população chamada “pensante”, pois ela inverte o raciocínio, enquanto na primeira forma de pensar, que o artigo reproduz com elegância e erudição citando autores modernos e em evidência, coloca-se uma relação A=>B, ela nega que talvez esta relação possa ser B=>A. Claramente A=>B é extremamente confortável, pois geralmente as “criaturas pensantes” que acham que optaram voluntariamente por uma diminuição da natalidade, eles se sentem aliviados por ter cumprido o seu papel (redução da população do mundo) e possa desta forma, se conseguirem bloquear o (A) pensar em soluções leves como reinvenção do capitalismo, mudança do padrão de moeda e outras coisas.

    Enquanto seguir no consciente ou mesmo no inconsciente coletivo a relação tive 8 filhos mas criei 3, a superpopulação do mundo não será resolvida, e pior, quanto mais se agravar as condições sociais a resposta natural, e eu diria extremamente logica, permanecerá como uma maneira de sobrevivência da população.

    Talvez muitos não tenham notado, mas a taxa de crescimento demográfico nos países mais ricos, em alguns momentos atingiram valores negativos e nos últimos anos convergem para um valor positivo e constante em torno de 0,5% a.a.. Mesmo em países europeus em que as pessoas vivem amontoadas que nem ratos as taxas continuam positivas. Alguns poderiam até dizer que este crescimento é dado pelo envelhecimento da população, mas se olharem as pirâmides etárias das principais economias do mundo verão que praticamente o único país do mundo em que a população de 0-4 anos é significativamente menor do que a de 5-9 anos é o Brasil (nem no Japão está acontecendo isto). Uns estão estáveis e num leve decrescimento (logo crescem devido à imigração e ao envelhecimento) outros estão crescendo! Logo, o que se vê é que as populações naturalmente tendem a um equilíbrio e não a um decrescimento.

    Se consultarmos os dados demográficos, sonhos como o decrescimento natural da população são completamente irreais e verdadeiramente antinaturais (não estou falando em termos éticos ou religiosos, estou falando em termos biológicos).

    Posto isto tudo, vamos raciocinar com o real, e não com fantasias, a RAÇA HUMANA tem a tendência de ocupar espaços, e ocupados estes espaços ela não abre mão dos mesmos, e qualquer pensamento que contrarie isto vai resultar num novo artigo escrito com soluções voluntárias e românticas.

    1. Rdmaestri, não podemos abrir

      Rdmaestri, não podemos abrir mão das utopias, pois são elas que nos impulsionam para a construção de uma sociedade melhor. O fato da dificuldade não implica inutilidade do sonho como paradigma do futuro. Em outras palavras, quando sonhamos com dez, difilmente passaremos de nove, mas quando colocamos a meta em cem, fica mais fácil atingir vinte. Imagine se não tivéssemos passado pelo Iluminismo e todas as suas utopias de dignidade do ser humano, que tipo de sociedade teríamos hoje? Por outro lado, estimular a solução de conflitos pelo uso da inteligência racional, sem o manejo da violência que nos caracterizou até agora, nunca deveria ser considerado um sonho inalcançável, pelo contrário, deve ser sempre visto como o nosso destino inexorável, dada a nossa condição de seres com a consciência em permanente evolução. Por isso, entendo que um dia, em futuro não muito distante, uma Ágora internacional certamente decidirá sobre os decrescimentos de que falo, populacional e econômico, pois são imperativos para uma continuidade existencial mais equilibrada e justa. Quanto a raciocinar com o real, penso que qualquer projeção para o futuro deixa de pensar o real, pois o real é somente o presente instantâneo. O real do futuro depende de planejamento e escolha. Se é possível um planejamento econômico que leve em consideração apenas os dados do passado, dimensão em que aparentemente você opera, não vejo porque esse mesmo planejamento não possa ser realizado com elementos da imaginação inteligente, buscando resultados mais satisfatórios do que os que nos conta a História. Percebe que os inventores fazem isso o tempo inteiro? Aliás, a ausência de satisfação com o passado é o fio condutor de todo o avanço civilizatório. Um macaco acomodado jamais teria saído das cavernas.

      1. Não podemos negar a natureza.

        O homem racional é algo muito estranho, ele quanto maior o grau de “evolução intelectual” ele procura o máximo respeito a outras espécies de animais e procura racionalmente o total desrespeito a sua própria espécie como elemento da natureza.

        Nos filmes de vida animal, um leão atacando uma gazela e destroçando-a e comendo é considerado um desígnio da natureza, para o homem que durante centenas de milênios de anos se alimentou de tudo aquilo que encontrava a sua frente, comer um bife para muitos parece um crime, não ambiental, mas um crime mesmo.

        Durante guerras a natalidade de homens é maior do que a de mulheres, numa natural tentativa de recompor o equilíbrio perdido, se passa de uma proporção de quase 105 bebes do sexo masculino para cada 100 do sexo feminino, para valores em torno de 108 do sexo masculino para os mesmos 100 do sexo feminino! (Vide Why Are More Boys Born During War? Evidence from Germany at Mid Century). Esta ocorrência é natural sem que se explique o por quê, simplesmente se constata.

        Se formarmos um organismo complexo que cada ser individualmente age como se fosse uma máquina pré-programada para manter a estabilidade das populações, por que procuramos contrariar a natureza e modificar algo em que cada casal faz a sua parte sem saber que está fazendo?

        Restrições à fecundidade só pode ser feitas na medida em que esta vá à direção natural, e não ao contrário, ou seja, distorcermos as taxas de fecundidade para que atingido a condição ótima de sobrevivência aí é que se tomem medidas para que esta condição ótima seja atingida?

        O que o homem dos países ditos civilizados estão propondo aos países do terceiro mundo é o seguinte: Vocês procuram ajustar a sua taxa de fertilidade a um valor razoável que permita algum dia a seguir a um nível de vida também razoável, enquanto isto, nós que consumimos os recursos naturais que existem nos seus países, nós continuaremos crescendo em termos numéricos e em termos de consumo até que os seus recursos estejam esgotados!

        Esta é a real proposta que os países civilizados e desenvolvidos tem para os periféricos, está muito longe da ética e do sonho por uma sociedade ideal, poder-se-ia dizer até que é algo verdadeiramente imoral.

    2. “se o diagnóstico fosse tão bom assim”

      “… e se o diagnóstico fosse tão bom assim a doença não teria piorado”

      Aponte um lugar onde o paciente tenha seguido tratamento, comportamento ou dieta adequada ao diagnóstico? Diagnóstico em si não cura doença, o que cura é o tratamento.

      Limites do Crescimento não aponta apenas para a questão populacional. É um relatório científico, feito com recursos e conhecimentos de seu tempo, 1972, feito por uma equipe de pesquisadores da mais renomada instituição de conhecimento científico daquela época, o MIT (carrega mais de oitenta Nobel em sua história); não foi um trabalho pedido a um laboratório de engenheiros encanadores da província de São Pedro. Os métodos e os dados da pesquisa são públicos para quem quiser contestar, não é um relatório conspirativo baseados em segredos que não se pode confirmar.

      Do início do século dezenove até o ano do relatório, a população cresceu menos de quatro vezes, a economia mais de vinte. O relatório analisa o impacto da economia, sobre recursos sabidamente finitos, alguns insubstituíveis, existentes na Terra. Se a população se tivesse mantida estável e o crescimento da economia sobre a natureza fosse o mesmo, o trabalho apontaria na mesmo sentido, falaria dos limites  de nossa intervenção no ambiente, da esgotabilidade dos recursos, da impossibilidade de crescimento perpétuo. O relatório chama atenção para esse crescimento, o da economia, que também causa aumento da população.

      Sinta-se à vontade, você é um pesquisador acadêmico, pode produzir um relatório “Crescimento sem Limites”, para ser submetido aos pares. A academia é cheia de pessoas bem humoradas, eles vão adorar e achar divertido o seu Samba do Engenheiro Doido.

      “a RAÇA HUMANA tem a tendência de ocupar espaços”

      Todo animal ou ser vivo tem tendência para ocupar espaços. Os biólogos sabem disso, chamam esses espaços de habitat da espécie; mas eles sabem também o que acontece quando uma espécie superocupa o seu habitat, quando eles demandam além da capacidade de renovação do habitat. Quando ocorrer a contração do habitat do H. sapiens, a contração populacional será forçosa, com consequências indesejáveis.

      Diferente dos animais e de outras criaturas, o homem é tido como o que pensa. Sei que é difícil acreditar nisso, quando se observa as instituições criadas pelo homem, ou quando se lê o que você escreve.

      Você é um ecofóbico confesso e radical, reage sempre no sentido do negacionismo da questão ambiental quando é apresentada. Como toda fobia extrema, ela dificulta e impossibilita qualquer forma de pensamento racional, levam as pessoas a acreditarem em absurdos, em quimeras, conspirações e as tornam até mitômanas.
       

    3. RDMaestri. Você é um dos

      RDMaestri. Você é um dos melhores comentaristas deste blog, por isto creio que vale a pena responder a seu comentário. Mas considere: Os países que escaparam ilesos à esta crise econômica mundial, quais foram?

      Candá, (maior país do mundo, com 25 milhões de hab); Austrália ( quase do tamanho do Brasil, 20 milhões de hab.), ambos com qualidade de vida altíssima, desemprego baixo, pouco envolvimento com guerras;  povos com baixa concentração demográfica.

      Os países ou continebtes com mais guerras, são aqueles com maior população e ou crescimento populacional. Se pesquisar na história da américa do Sul, que tem pouquissimas guerras, com 387 milhões de habitantes.

      Compare os conflitos  Índia vs Paquistão (mais de 1 bilhão de hab) ; Genocídio de Ruanda (um dos mais populosos países da África); Guerra e conflitos.

      Compare a qualidade de vida, compare a  poluição do ar, dos rios e do solo da China, com o Canadá, que grande diferença. Contra fatos não há argumentos.

      O mundo não tem recursos suficientes para um crescimento infinito. Não me refiro apenas a recursos alimentares, mas sim a uma vida com qualidade. 

      A Europa, com o dobro da população dos EUA, está patinando com muito mais dificuldades para sair da crise econômica. E isto mesmo com os europeus promovendo uma emigração em massa para outros continentes e ex colônias. Mais difícil é criar empregos para 700 milhões do que para 300 milhões.

      E até os gigantes populacionais, como China (1 bilhão e 300 milhões de hab), que mesmo adotando controle de natalidade extremo, tem uma grande parte de sua mão de obra reduzida à semi escravidão. Mesmo com crescimento de PIB da ordem de 10% por décadas, suas condições de trabalho são tão terríveis ao ponto de milhares se suicidarem.

      Será que estes países de grande crescimento populacional e ou grande população seriam um “exemplo” para um povo que preza a qualidade de vida? Será que é “este caminho” que realmente queremos seguir?

       

  13. Me desculpem todos, mas achei uma bosta.

    Este para mim é mais um dos textos nojentos que colocam a culpa de todas as mazelas do futuro do mundo no direito dos povos a autodeterminação.

    Os Europeus já desmataram 99% do seu território, os norte americanos um pouco menos, já extinguiram totalmente a sua biodiversidade e acabaram com todos os biomas que não eram “produtivos”. Já consumiram grande parte das reservas nraturais de todos os continentes, vivem alguns amontoados como ratos e nem por isto abrem mão de seu crescimento populacional para garantir que alguém os cuide quando ficarem velhos caquéticos, com toda esta bosta que fizeram no mundo agora vem colocar “o pecado original” nas costas de uma pobre africana ou asiática que pensa em ter filhos para garantir a sobrevivência na sua velhice.

    Olha, vou ser sincero, vão se catar todos vocês.

  14. Obrigado Marcio, com o seu

    Obrigado Marcio, com o seu texto excelente nos proporcionou um debate saudável e muito oportuno, enriquecido por comentaristas tb de 1a. linha. Parabéns !

  15. Crescimento econômico não significa aumento do bem estar.

    Parabéns pela postagem, Márcio. Deixo uma pequena contribuição ilustrativa: os gráficos abaixo mostram os fatos: maior renda per capita não significa melhor IDH.

    Disso sabemos bem no Brasil, a conversa de esperar o bolo crescer não convence, o bolo cresce pra poucos. Temos o dobro da renda per capita de Cuba, mais acesso ao consumo, uma frota renovada a crédito facilitado circulando na praça e crianças perambulando nas ruas.

    Eles têm uma frota antiquada, pouco acesso ao consumo, crianças em escola de tempo integral, melhores índices de educação, maior expectativa de vida, menor mortalidade infantil. Nós importamos médicos de Cuba, eles têm saúde pra dar e vender, nós a doença e a adicção do consumismo.

    Fico pasmo quando vejo gente que se gaba de “esquerda”, que não consegue dissociar a noção de desenvolvimento humano da ideia de crescimento de riqueza material. O brasileiro médio tem acesso ao consumo até com incentivos, mas ele não tem educação decente, tem péssima segurança social e precários serviços de saúde, mas esse mesmo pessoal de “esquerda” prega que é preciso fazer aqui o bolo crescer, para distribuir educação e saúde. Vai ver, aprenderam isso com o Delfim Neto, pois afinal, os caras defendem até o mesmo modelo que a ditadura tinha para Amazônia.

     

     


     

    1. Obrigado, Almeida, pela

      Obrigado, Almeida, pela contribuição. Pois é, o povo foi ensinado a entender “desenvolvimento humano” como “potencial de aquisição de objetos”. Difícil mudar essa percepção, mas não impossível. Abraços.

  16. Que reunião de abobrinhas facinante… muito saboroso

    Que legal, nunca vi tanta abobrinha reunida.

    Agora o amigo diz que adquirir bens é uma felicidade aprendida. Devo pensar então que felizes são os indios que nada tendo tinham suas, tribos, costumes e cultura.

    O teu equivoco é que a felicidade humana é inalcansavel e por isso é que corremos sempre atras de novos “objetos” e conquistas, pois apesar de não acha-la continuamos buscando.

    Agora o modelo de Marx tras é uma novidade fantastica, a necessiade de objetos com a impossibilide de te-los.
    O governo produzindo o que acha que o povo precisa e o povo não conseguindo achar o que precisa e tendo que apelar para o mercado negro para obte-lo.

    Entre o teu socialismo utopico e o meu capitalismo utopico prefiro o ultimo que uma maravilha e o mercado se auto regula e a sociedade evolue em tecnologia conhecimento e inovações.

    Agora entre teu socialismo real e o meu capistalismo real, com toda certeza fico com o ultimo, pois prefero achar que felicidade não é mesmisse e quero continuar tendo liberdade de pensar assim sem morrer no paredom.

    Saudaçoes dos livres!

  17. A compulsão do crescimento.

    A sociedade capitalista é crescentista compulsiva e dependente: sem crescer, o capitalismo não funciona.

    Os períodos de abstinência de crescimento econômico do capitalismo comprovam isso, são tempos de crise que se desdobram em consequências sociais e políticas muito agudas. Quando a recessão ou estagnação econômica avança para a depressão, as crises se tornam destrutivas. Capitalismo é um regime de acumulação de riqueza através de extrema mercantilização; produzir mercadorias e fomentar suas trocas e o seu consumo é da essência capitalista, se o crescimento econômico trava, vira um regime de autofagia, o capital só cresce afundando o mundo do trabalho; quando decresce, é o salve-se quem puder.

    O que permitiu o crescimento econômico das sociedades industriais foi, a exploração predatória da natureza e dos seus recursos energéticos em especial. Na nossa curta Era Industrial, a paisagem da Terra foi modificada profundamente; vastos biomas foram dizimados, com intensa desfaunização e intensificação da extinção de espécies; os recursos minerais seguem trajetória assemelhada, em muitas áreas estão em fase de esgotamento, com volumes mais baixos de extração. Estão em situação crítica, em variadas regiões e países, os recursos hídricos e solos para a agricultura. A crise ecológica é visível por toda a parte e produz mais refugiados atualmente do que as guerras.

    Até o início da Revolução Industrial, o crescimento econômico estava estreitamente associado ao crescimento populacional e, concomitante, da agricultura. A tecnologia industrial, associada ao aproveitamento de estupendos recursos energéticos retirados da natureza, alterou a equação, ela permitiu grande crescimento populacional e um crescimento econômico bem maior ainda. Estima-se que a população mundial se multiplicou por um e meio no século dezenove, o crescimento econômico foi de quase três, no mesmo período; no século vinte, a população humana cresceu quatro vezes e a economia quase vinte.

    Durante a Era Industrial, até os dias atuais, a capacidade da humanidade processar os recursos da natureza, o que chamam de produção econômica, ou seja, a interação dos homens com a natureza, cresceu mais de sessenta vezes, enquanto a população se multiplicou por sete. A uma certa altura do crescimento, alguns homens perceberam que essa interação tem limites, que não só é impossível prosseguir no objetivo de crescimento permanente, como também será imperativo o recuo da sua amplitude, na medida que o esgotamento de recursos determine menores amplitudes de interação possível. Essa cosnciência floresceu nas últimas décadas, quando o nível de atividade econômica foi mais intenso e tornou bastante evidente os seu efeitos, trazendo indicadores de uma crise de esgotamento de recursos naturais num horizonte bem próximo.

    É preciso entender que uma economia em decrescimento, não é uma escolha; será um fenômeno a ser observado na atividade produtiva humana, previsto pela investigação científica mais atual. É impossível o crescimento imparável dentro de um espaço limitado, a atividade de processamento material da ação econômica humana se realiza em mundo limitado, então parece óbvio que essa atividade tem limite, haverá um momento em que o crescimento econômico finda. Isso não é óbvio para quem enxerga a economia de modo abstrato como movimento de números e equações, não vê a comida que tem de ser levada à mesa, não enxerga a roupa a ser vestida e a água para lavá-la e tomar banho, acredita seriamente em desmaterialização da economia.

    A humanidade se iludiu com a ideia de crescimento econômico contínuo e de progresso imparável, entrou em um turbilhão eufórico com expectativas pródigas e irrealizáveis. Torrou-se no espaço de poucas gerações, basicamente concentradas da segunda metade do século passado para cá, ambientes e recursos imensos; florestas extensas foram devastadas, uma imensidão de solos agricultáveis se perderam e quantidades ciclópicas de materiais fósseis se queimaram para sempre. Não estamos deixando nada, muito pouco mesmo, para as gerações futuras, que têm a expectativa de serem mais numerosas do que a população presente, mas terão menos recursos disponíveis na natureza para se ajeitarem.

    Parar a atual alucinação predatória é um compromisso ético com as futuras gerações; parar de roubar o futuro dos netos. A economia da Civilização Industrial mostra-se impraticável de ser levada adiante, devemos ter uma economia de precaução com os recursos que se tornarão escassos; procurar usar os recursos existentes, para a transição de uma nova economia, mudar os paradigmas e os valores para uma nova civilização.

    Sei que não será uma transição tranquila, as pessoas e as instituições se mostram refratárias a discutir e aceitar sua finitude. O capitalismo e seu servo voluntário, o individualismo, são arredios à noção de possuirem limites. As sociedades não se convencem com a racionalidade, é preciso que a crise se instale com gravidade, para enxergarem necessidade de alguma mudança – que poderão vir demasiado tarde – mas isso não significa que elas terão obrigatoriamente alguma escolha racional, é nas crises que as irracionalidades explodem. Carregar um entendimento mais preciso, desenvolver uma teoria geral sobre o que a crise do esgotamento de recursos significa, pode representar uma probabilidade pequena de interferir no desdobramento da crise. O nome dessa probabilidade é esperança.

    Sei que pareço “sonhático”, falando em esperança, em compromisso ético com o futuro, em mudança de paradigma e valores de uma “civilização”, que há muito deslocou valores e a ética pela razão pragmática. Mas aí me lembro sempre da frase atribuída ao economista Kenneth Boulding:

    “Qualquer um que acredite ser possível crescimento perpétuo num espaço finito, ou é um maluco, ou é um economista”.  

    Posso admitir até que sou um sonhático, assim prefiro ser, porque alienado não sou, não, pois os verdadeiros malucos são os que acreditam na perenidade do crescimento permanente, da economia de uma civilização baseada nesse modo de produção que está aí.

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