Sobre a sondagem eleitoral para 2018, por Roberto Bitencourt da Silva

Fontes das imagens: respectivamente, webpágina do ex-presidente Lula e O Cafezinho

Sobre a sondagem eleitoral para 2018

por Roberto Bitencourt da Silva

Os números apresentados pela CNT/MDA, a respeito das intenções de voto para presidente da República, oferecem algumas informações que podem ser consideradas alvissareiras. Contudo, especialmente o perfil do acolhimento desses números – nas redes sociais, no jornalismo dos conglomerados e mesmo alternativo – requer maior prudência e reflexão. Senão, vejamos.  

A sondagem confere liderança folgada para o ex-presidente Lula. Os números poderiam ser ainda maiores, considerando o poder dos meios de comunicação na moldagem da opinião pública e a característica maior das sondagens, que tradicionalmente buscam mensurar a capacidade de influência da pauta e dos enquadramentos dos conglomerados de mídia.

Isto é, os assuntos privilegiados, os personagens louvados e demonizados etc. Como de notório conhecimento, pouco importando a opinião política que se possa ter sobre o ex-presidente da República, o fato é que Lula é vítima de perseguição e satanização midiática.

Como era de esperar, a sondagem reflete um aspecto da atuação dos veículos de comunicação: eles têm maior capacidade para obscurecer, neutralizar, silenciar temas etc., do que propriamente para manipular. Em todo caso, o fenômeno empobrece, amesquinha, e muito, a democracia. Quase a ponto de anulá-la. Mas, a última e decisiva barreira para os seus apelos, sobretudo das TVs, é a experiência cotidiana dos grupos e das classes sociais.

Como o povo tem a sua sabedoria prática, as suas vivências cotidianas que contradizem muitas ideias e projetos de sociedade defendidos pela mídia, a agenda vende pátria e reacionária do governo golpista de PMDB, PSDB, DEM e satélites, de maneira alguma passa pelo crivo do voto. A sondagem demonstrou tal realidade, que é politicamente bastante alvissareira. Os mervais, as leitões, que durmam com um barulho desses.

Dito isso, na contramão da receptividade calorosa demonstrada pelas redes sociais, atores políticos, parcelas dos movimentos sociais e do jornalismo alternativo, a flagrante aposta em Lula para 2018 merece reflexão. Detida e atenciosa.

Em primeiro lugar, não vejo o menor sentido no entusiasmo sobre 2018. O mais básico: não existem mais garantias constitucionais (a Carta de 1988 está sendo constantemente rasgada); estamos sujeitos a um golpe de estado que visa alienar a população de vez em relação à coisa pública e entregar o país como colônia, aos banqueiros, às multinacionais e aos latifundiários; a justiça, se já deixava muito a desejar, ora está descaradamente mergulhada no golpe, no desmonte nacional, cega para as leis, o povo, o País; o uso das Forças Armadas como polícia do cotidiano começa a ser introduzido, com forte tendência a se generalizar e enraizar-se no País.

Haverá eleição em 2018? Haverá ainda sistema presidencialista? Lula poderá concorrer ou será grotescamente afastado? Não há garantias constitucionais, reitero.

Outra coisa: não fossem os “pequenos” detalhes acima, qualquer candidatura presidencial precisa representar setores da sociedade, oferecer uma visão mínima de País etc.

O ex-presidente Lula representa o que? Uma conciliação interclasses, em um período de expansão dos preços e das vendas dos bens primários no mercado internacional. Esse período de boom das commodities foi para o beleléu. A retração é geral e assim perdurará por bastante tempo. Lula teria que se colocar em condição conflitiva frente ao grande capital. Não é seu perfil.

Então, o ex-presidente buscaria apoio de quem não quer saber de conciliação alguma? De amplas frações das burguesias locais e forâneas que rasgaram a Constituição, um dos pilares institucionais – e derrubados – da conciliação política?

Apoio de setores que declararam guerra aberta de classes aos trabalhadores do setor privado, aos servidores públicos, aos jovens estudantes, aos idosos, aos humildes desempregados e subempregados e até à pequena burguesia?

Sem bases políticas e sociais o projeto e o modo de operacionalização política encarnados por Lula naufragaram. O mesmo vale para Ciro Gomes, que aborda um “nacional desenvolvimentismo” sem agentes que deem carne, suporte às suas etéreas aspirações.

Dito isso, não tem saída fácil e cômoda. Lançar energias e olhar com demasiada esperança para as eleições, senão são perda de tempo, não deveriam adentrar o cento das expectativas e das ações. É um meio obtuso e enviesado de legitimar o atual estado de coisas no País, submerso em um contexto de medidas golpistas de exceção, de flagrante enclausuramento político oligárquico e de ditadura aberta do grande capital.

O fundamental nessa quadra é o Povo se organizar, pleitear, lutar e se mobilizar muito. Se houver eleição (há alguma garantia real?), uma candidatura teria que nascer como expressão da vontade popular, sem qualquer compromisso com reacionários vendilhões da Pátria.

Demandaria ter suporte popular amplo, com disposição e convicção. Nenhum governante ou candidato potencialmente contrário ao regime de exceção e neocolonial imposto à Nação teria condições de se manter no cargo, sem dilatadas bases sociais populares, dos trabalhadores, norteadas por esclarecimento, convicção e envolvimento. Talvez sequer possa se candidatar.

Não há milagre, nem milagreiros que resolvam os graves problemas brasileiros. Resta-nos apostar como foco principal: organização, educação política e mobilização, para preservar direitos e capacidade de repercussão dos anseios populares na agenda pública, com força de incidência na vida política, hoje sob bloqueio de parasitas reacionários e entreguistas. Essas ações são decisivas. O resto vira quase espuma, no presente momento.

Roberto Bitencourt da Silva – historiador e cientista político.

Redação

27 Comentários

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  1. Lula X rapa

    O Lula tem historicamente 30% do eleitorado desde 89 , esses institutos sabem aonde tem mais ou menos, dependendo da encomenda mudam a regiao da entrevista e se tem  pronta a encomenda .

    1. Este é um ponto

      Este é um ponto importantíssimo que vejo poucas pessoas falando. Lula ter até 1/3 das preferências de voto não significa nada, pois ele historicamente sempre teve em torno disso. As grandes questões que não vejo ninguém falar sobre essas pesquisas eu cito a seguir.

      1) e a rejeição a ele ? Está circunscrita aos outro 1/3 que hostóricamente vota no PSDB e agora parece querer votar em Bolsonaro ou não ? Se aumentou em relação a isso, Lula candidato em 2018 torna-se um problema, ele impede que outro candidato de esquerda possivelmente mais competitivo em termos de rejeição chegue ao segundo turno, e torna muito mais provável uma derrota em segundo turno.

      2) e o resto das eleições ? Congresso, estados, etc ? O fato de Lula ser um candidato competitivo em termos de recall eleitoral não traz necessariamente um congresso melhor ou mais alinhado a ele e o mesmo pode-se dizer das eleições nos estados. Assim, ainda que ele seja eleito, de nada adiantará, se mais de 2/3 do congresso estiver alinhado à oposição, assim como a maioria dos estados governados por ela. Seria um trágico fim de carreira para Lula que se veria na mesma sinuca de bico que Dilma esteve no início de seu segundo mandato.

  2. POde esquecer. Não haverá

    POde esquecer. Não haverá eleições em 2018.

    Tudo se encaminha para a perpetuação da solução Temer no governo. Não importa que o brasil se autodestrua por isto.

    Tudo com amparo do judiciário, a começar pelo STF.

    Tudo que os golpistas procuram neste momento é um desculpa para oficializar aquilo que já decidiram.

    Podem ser tumultos em estados como aquele que aconteceu no ES.

    Mas o ES é um estado minúsculo. serve de teste mas não de justificativa.

    Esperemos acontecer em um estado maior ou em vários estados.

  3. Eu acho impressionante que

    Eu acho impressionante que Lula tenha a liderança folgada mesmo com todo esse ataque que ele sofre. Ele é atacado e caluniado há anos, todos os dias, por praticamente todos os veículos de mídia. Acho que prudência é bom. Vejo muita gente tomando um “porre” com essa notícia, agindo como torcedores e quase que comemorando a pesquisa. Não podemos nos esquecer de que estamos num golpe de estado, então não é como se Lula fosse concorrer em eleições livres e justas.

    Por outro lado, isso é bom para animar a apática esquerda brasileira e demais setores progressistas. Tenho notado um aumento de auto-confiança e de disposição no momento nas pessoas, pessoas que até então, no geral, estavam baixando a cabeça para os fascistas. Então acredito que a notícia seja positiva, porque numa situação de quase que apatia total, um fator positivo (mesmo que não seja tão positivo assim, por estarmos em um golpe) é extremamente importante.

    Que esse seja um início de um movimento de união em torno de Lula e de sua candidatura, um movimento que adquira volume e qualidade suficientes para colocar, nem que seja na marra, esse cara no Palácio do Planalto de novo. Pois é isso ou é o fascismo, pois quem vai ganhar (e só não vê isso quem não quer) o Jair Bolsonaro. Se Lula tivesse uma cobertura equilibrada e não sofresse essa campanha contrária que sofre, quantos por cento ele teria? 60%? 70%? Ele seria quase que uma unanimidade. Os setores mais avançados e conscientizados no momento precisam cumprir esse papel. 

  4. “Dito isso, não tem saída

    “Dito isso, não tem saída fácil e cômoda. Lançar energias e olhar com demasiada esperança para as eleições, senão são perda de tempo, não deveriam adentrar o centro das expectativas e das ações. É um meio obtuso e enviesado de legitimar o atual estado de coisas no País, submerso em um contexto de medidas golpistas de exceção, de flagrante enclausuramento político oligárquico e de ditadura aberta do grande capital.

    Gratos, Professor.

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  5. > Como era de esperar, a

    > Como era de esperar, a sondagem reflete um aspecto da atuação
    > dos veículos de comunicação: eles têm maior capacidade para
    > obscurecer, neutralizar, silenciar temas etc., do que propriamente
    > para manipular. 

     

    Discordo.

    Os veiculos de comunicacao tem um *extraordinario* poder de manipulacao.

    Eles nao conseguem manipular 100% da populacao, como e’ obvio.

    Mas conseguem manipular 20% ou 30%, que sao a diferenca entre eleger ou nao um presidente.

    Pense na ultima eleicao:

    Aecio, o mega-delatado, nao teria chance se a imprensa fosse imparcial.

    Mas ele quase ganhou.

    E a populacao desiludida com os politicos e com o PT elegeu uma das piores bancadas de deputados da historia.

    Deu no que deu.

    Dilma ganhou por pouco, e nao foi capaz de governar.

    Foram esses 20 ou 30% que fizeram a diferenca. 

     

  6. Todos os riscos e ameças

    Todos os riscos e ameças apontados estão ai, presentes e atuantes. O artigo se concentra naquilo que é a preocupação corrente e anuncada em todo vestuário de time favorito antes do jogo: não entrem nessa história do “já ganhou”, tem que entrar com garra, vontade de vencer e respeito à capacidade do adversário.

    Estamos a algo como 18 meses do início da campanha eleitoral para a eleição de 2018, entendido como quando o bloco vai para rua. Até lá os acordos de bastidores, a força da máquina pública e a ação da mídia predominam na montagem do cenário e na moldagem da opinião do eleitor. Então, o pano de fundo observará, obrigatoriamente, a influência de alguns fatores incertos.

    O primeiro é a ação do Judiciário na Política. Como se darão os desdobramentos da Lava-Jato e demais ações persecutórias contra Lula/PT e por quanto tempo conseguirão segurar a blindagem a Michel Temer/PMDB, mas, principalmente contra AécioSerra/Alckmin/PSDB? Estão, nitidamente, reforçando a linha de frente para isso. A morte de Teori abriu a porta para nomear um Ministro do STF e o Ministro da Justiça e Celso de Melo está em vias eminentes de se aposentar o que permitirá outro reforço. Logo, se espera que a proteção aos atores do golpe se intensifique ao passo que se intensifica a tentativa de alijar Lula do páreo. Isso contará com o apoio da mídia dos setores empresariais e dos conservadores da classe média.

    E, ai surge o fator preponderante, a economia. Pelo que tudo indica as chances de recuperação, nos moldes da política econômica do Ministério da Fazenda e do Banco Central, são exíguas dentro do horizonte eleitoral. Sem me estender no óbvio, é factível crer que o esperarado é a receita das empresas continuar em queda, o desemprego aumentando e a insatisfação crescendo. Eventual, mas na minha opinião, a pouco provável recuperação, dificilmente, virá a tempo de auxiliar os candidatos do PSDB em 2018.

    A depender da extensão dos danos acumulados até lá, o fator econômico poderá representar um fator de derrota absoluta. Ao lado de enfraquecer eleitoralmente o PSDB, pode levar a efeitos colaterais graves. Ao primeiro sinal de que a desgraça se abaterá sobre o governo e, consequentemente, sobre seus aliados, tirando-lhes as possilidades de vitória eleitoral ou, pior, mostrando um quadro de rejeição popular disseminada, haverá debandada na base de apoio parlamentar, haja vista o ocorrido com Dilma/PT. Acredito que defecções parciais na base já se mostrarão, em breve, com a votação de projetos de lei que afetam direta e fragorosamente a renda, o emprego e a segurança das familias, seja a reforma da previdência, seja a reforma trabalhista. Mesmo minimizadas se aprovadas com emendas, conferindo circunstanciais ares de vitória ao governo, os efeitos desfavoráveis sobre as pessoas, na renda, no nível e na insegurança do emprego, se farão sentir quase que imediatamente. Virão das mudanças na relação de trabalho, da aposentadoria e da proteção previdenciária em caso de doença ou acidente de trabalho. O ônus político de carregar os danos eleitorais dessas medidas em um quadro de recessão pode não ser aceitável por grande parte dos parlamentares da dita base aliada. Também, deverá tornar mais dificil a tarefa de aplicar a lei e distribir a justiça seletivamente como agora, bem como, limitará a força maipuladora da mídia. A coincidência desses fatores, altamente provável dado o rumo dos acontecimentos, poderá levar à desarticulação política e o desfazimento das alianças montadas em 2015 para a tomada do poder.

    Entretanto, como destaca o artigo, isso não significa necessariamente a volta de Lula e do PT. As forças opostas a essa possibilidade, enquanto lhes for possível, farão o máximo ao seu alcance para impedi-los. Há, ainda, a se considerar que o PT e a esquerda contam exclusivamente com a popularidade de Lula, não têm um plano político anunciado e encaram defecções de partidos que poderiam compor apoio a uma candidatura única, como PSOL, o PDT e, mesmo, a Rede. Sem contar que há uma possbilidade, embora neste momento tênue, de se ver a candidura de Bolsonaro crescer, capturando o eleitorado do PSDB e cooptando os demais partidos, em sua maioria, comensais no banquete do poder, não importando qual.

    Por último, temos que considerar a possbilidade de um golpe dentro do golpe. Chegando-se a tal desordem política que não permita o mínimo de sustentabilidade é possível que o governo de Temer seja afastado. Mas, se a hipótese se mostar real e emininente, abre-se um leque de possibilidades que exigem uma análise ponto a ponto e de suas nances alternativas que vão desde um pouco provável golpe militar, até a uma aproximação pragmática entre parte do PSDB e do PT, liderados por Lula e FHC.

     

     

     

     

  7. Como de hábito, o autor

    Como de hábito, o autor escreve instigante e esclarecedora análise, fazendo-nos refletir e pensar atentamente sobre o presente e o futuro de nosso País. No 4º parágrafo o autor afirma:

    “Como era de esperar, a sondagem reflete um aspecto da atuação dos veículos de comunicação: eles têm maior capacidade para obscurecer, neutralizar, silenciar temas etc., do que propriamente para manipular.”

    Embora Roberto Bitencourt não esteja errado quanto ao aspecto semântico, dicionaresco, dos verbos ‘obscurecer’, ‘neutralizar’, ‘silenciar’ e ‘manipular’, percebe-se que ele subestima a capacidade que têm os veículos de mídia em manipular a chamada ‘opinião pública’ segundo os interesses da classe dominante. O autor parece se esquecer do que ocorreu na eleição presidencial de 1989 ou do que ocorreu com a classe média que vestiu camisas da  CBF e outras com as cores verde e amarela que, manipuladas pela TV Globo, foram às ruas pedindo a destituição da Presidenta Dilma, pedindo intervenção militar, fazendo auto-fotos com torturadores, empunhando cartazes enaltecendo Eduardo Cunha e quejandos.

    Há 20 anos Perseu Abramo elaborou estudos, depois publicados como um pequeno livro, intitulados “Padrões e manipulação na imprensa”, que continua atualíssimo e leitura essencial para todo cidadão que deseja possuir discernimento para ler, ouvir e assistir criticamente ao que é publicado como notícia nos veículos de comunicação.

    Conforme mostrado no final desta mensagem, quando devidamente contextualizados, ‘neutralizar’, ‘obscurecer’ e ‘silenciar’ podem ser sinônimos de ‘manipular’. É exatamente isso o que ocorre com grande parcela da classe média, que não é (ou não era) necessàriamente conservadora, reacionária ou nazifascista, mas que está sujeita à manipulação por parte dos veículos de mídia.

    Feitas essas observações, concordo com o restante da análise.

    _____________________________________________________________________________

    Neutralizar

    – Tornar ineficiente ou inútil, anular

    Obscurecer

    – Dificultar a visão, o entendimento etc.; OCULTAR

    – Confundir, perturbar

    – Lograr proveito, esconder, disfarçar 

    Silenciar

    – Fazer calar ou calar-se

    Manipular

    – Alterar de acordo com os próprios interesses; FALSIFICAR; ADULTERAR

    – Controlar ou influenciar indevidamente, segundo os próprios interesses

     

  8. ciclo vicioso

    Sempre se conclui que o importante não é esperar um “salvador da pátria”, mas que o povo desenvolva cultura política, participe, aprenda a votar melhor e cobrar seus representantes. Mas como o povo fará isso sendo tão ignorante? E como deixará de ser ignorante se nossa educação é horrível e produz ignorância? E como nossa educação melhorará se quem a domina é justamente a classe ladra que se beneficia disto e a quer assim? Então o povo não aprende a votar e participar, vota mal e elege o ladrão, o ladrão mantém a educação do povo péssima e o povo manipulável, e o povo manipulável não aprende a votar e participar. Com quebrar este ciclo? Pois este problema já foi apontado mil vezes, mas apontar como quebrar o ciclo perfeito, isto ninguém consegue…

  9. Já vimos este filme

    Era muito jovem e aprendi com os outros sobre o que se passou em 64. A idéia de se fazer uma eleição e se redemocratizar o país, pelo que entendi sobre aquele momento, também passava por uma eleição onde os golpistas da época achavam que levariam. Foram derrotados e o que se seguiu foram os atos institucionais e a caça as bruxas pelo regime que assumiu de vez a sua excepcionalidade.

    Tenho hoje a mesma impressão. Se os golpistas de agora ( que são os mesmos de 64 , ou são seus descendentes políticos , genéticos ou por afinidade) perceberem que podemos voltar ao regime regular democrático ( ou estado democrático de direito como dizem) não titubiarão 1 segundo em correr o risco de verem a sua ilegitimidade comprovada cabalmente nas urnas.

    Lula é o principal, mais carismático, mais pronto e melhor político para assumir a Presidência da República. Tem seus erros, erros próprios de um regime presidencialista , erros comuns ao jogo de poder, mas é o melhor hoje e certamente por alguns anos.

  10. Elogios?

    Acho que já fiz elogios à alguns artigos do Bitencourt aqui no blog, não sei e não me lembro.

    O que nós podemos extrair desse artigo?

    Particularmente, eu digo: absolutamente nada.

    A pesquisa CNT/MDA é um sinalizador no qual aponta que Lula ainda é o único líder no país.

    O próprio autor confessa que se não fosse a mídia obscurantista, os números seriam melhores.

    Todos os possíveis caminhos apontados por Bitencourt levam a uma situação de incredulidade, principalmente se considerar Lula como candidato em 2018. E segundo ele, se houver eleições. Aqui eu concordo.

    Mas e do resto?

    Como diz um colega meu para situações como essa: é o que se apresenta para o momento.

    Realmente Lula é um conciliador e deverá se compor com a “nata” que sempre o odiou e o derrotou nesse golpe?

    O país é esse e o que temos ainda é o Lula. Se deixarem ele se elege. Se eleito vai governar? Essa é a questão.

    Os movimentos populares devem se organizar, pleitear e lutar muito para que uma candiadtura expresse essa vontade popular.

    Mas a pesquisa já não sinalizou isso?

    E o que Lula representa não é o desejo da maioria?

    Os números estão lá, claros, límpidos e cristalino.

    O que o autor deveria propor, já que é um historiador e cientista político, são ideias, propostas mais objetivas, sem generalidades como o povo se organizar.

    Tá bom. O povo se organizar sem liderança?

    Me parece que o autor deixou implícito que Lula não é essa pessoa, pelo fato da perseguição de todo o segmento político/midiático/empresarial e institucional envolvida no golpe.

    Será que o autor está imaginando que Jesus Cristo virá para nos salvar?

    Cadê as ideias Bitencourt?

    A sua formação em história não lhe tras nenhuma conjuntura política de momentos idênticos aos quais estamos vivendo e que possa servir de exemplo?

    Não há paralelos histórico que possamos nos nortear?

    “O povo tem que ser esclarecido para nortear as ações”.

    Mas haverá tempo para isso?

    Temos que extrair dos dados da pesquisa, conclusões que o autor do artigo se esqueceu de comentar.

    Já existe um sentimento no seio do povão da era Lula, um recall que começa a ganhar força e que o autor deixou passar batido.

    Devemos nos concentrar nesse aspecto e provocando a população com a sanha do desmonte do estado nacional.

    Os dois projetos em tramitação no Congresso, o desmonte da Previdência Social e da CLT, são os carros chefes que devem ser intensamente combatidos e divulgados a exaustão.

    Esse dois projetos já estão na boca do forno.

    Todos os trabalhadores serão prejudicados, mas as entidades de classe dos professores programaram para 15 de março uma greve geral.

    Um detalhe que vem sistematicamente se repitindo nas pesquisas são as intenções de voto do Ciro Gomes.

    Embora eu considere um político bem preparado, com todas as suas particularidas, especialmente o seu estilo incendiário, que aliás me agrada, eu sugiro uma composição do Lula conciliador numa chapa com Ciro incendiário de vice.

    Funcionaria como um parlamentarismo disfarsado com Ciro batendo pesado na bandidagem vendilhona e Lula conciliando nos bastidores.

    Seria uma chapa já prevendo um futuro imediato, até porque Lula, hoje com 71 anos, deixaria preparado o caminho para Ciro em 2022, como sucessor.

    Eu vejo, fora essa alternativa, o confronto direto com os bandidos que assaltaram o poder.

    Nese caso o pau tem que bater doído.

    Ou então capitular mesmo e entregar as chaves aos irmãos do norte.

  11. estamos comemorando um fato muito positivo

    o fato positivo é que o povo não é absolutamente bobo. Pode se impressionar num primeiro momento mas se lembra das coisas no decorrer do tempo. As políticas conciliatórias do Lula poderão prosperar sim, mesmo sem ciclo de commodities e outras chorumelas dos que adoram atribuir o sucesso do PT a fatores externos. O tempo mostrou pra muita gente qual tipo de sinceridade tem as classe mandantes deste país. E Lula nunca deixou de chamar a atenção para o povo de sua condição de classe mandada que só pode progredir se for ganhando paulatinamente poder de mandar também. A negociação é dura e cheia de reveses, mas é a única experiência que trouxe agum resultado. Algo pode ter sido subtraído com o golpe, mas nada que não seja possível reaver com a mesma força de antes e agora com muito mais consciência de onde estão os perigos.

     

    1. Há saída

      Falta a aproximação dessa garotada linda e com vontade de lutar com os movimentos ¨tradicionais¨ .

      Muitos pais, mães, tios e parentes dessa juventude fazem ou fizeram parte de algum sindicato, partido político, associação de bairro, movimento social, ou qualquer outro tipo de ação política; a aproximação e conjunção dessas forças há de produzir a transformação do país.

      Nenhum capitão-de-mato, por mais poderoso que seja, será capaz de barrar e se contrapor a tamanho poder gerado pela expansão dessa força avançando na mesma direção.

      [video:https://youtu.be/bq8zLyKM4lY%5D

  12. LULA e o PT

    ¨…Demandaria ter suporte popular amplo, com disposição e convicção…

    …dilatadas bases sociais populares, dos trabalhadores, norteadas por esclarecimento, convicção e envolvimento…¨

    Não é o que o Lula está fazendo agora? Não é por aqui, e somente por aqui, o reverso do Golpe?

     

     

  13. Está correto o comentário do
    Está correto o comentário do Professor Bitencourt apesar de certos momentos caminhar em ziguezague.Aponta incertezas quanto a realização das eleições presidenciais de 2018.Quem lê meus comentários mesmo a contragosto,notará que falo isso em todos eles.Por óbvio,elas só realiza-se-á se houver intensa mobilização popular.O Governo Temer de despinguela em uma velocidade impressionante,não resistirá por muito tempo,mesmo ancorado nas colunas da mídia e do aparato judicial.Palpito que a plebe ganhará o asfalto já agora na reforma de previdência,de forma avassaladora.Os tanques ganharão as ruas? O Professor Bitencourt,sobre esse tema,preferiu não se arriscar.Atrelado ao fato da velocidade luz da desintegração do governo,está a imprevisibilidade,que chega ao clímax de naufragar submarinos.Como bem colocado pelo Professor Bitencourt,estamos na dependência do asfalto.Como previ um pouco mais atrás,ali se travara a batalha.Esperamos vence-la.

  14. Ingenuidade

    Interessante que ninguém até agora põe em dúvida a lisura das urnas. São imexíveis? Não mesmo! Os hackers americanos fazem qualquer coisa se forem bem pagos. Não é estranho que em São Paulo o PSDB que tem laços muito estreitos com tais criaturas levou todas as vitórias? Deixem de ingenuidade! Acordem!

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