Marina? Deus nos livrou… Dilma? Lula errou…

(Discussão suscitada no post “O xadrez do The House of Cards“, de Luis Nassif. Nos comentários surgem especulações sobre por que Lula teria escolhido Dilma em lugar de Marina em 2009/2010)

Do pouco que sei, se Marina estivesse numa situação igual à da Presistente Dilma, já teria colapsado e caído no primeiro estalinho que jogassem no chão. Aquela ali realmente não tem “what it takes”. Duvido que Lula, sabido como é em política, tivesse algum dia cogitado indica-la. É um símbolo bonito e “cool”. E só.

Evidente que havia o aspecto da “Mulher”. Mas para mim havia outros fatores mais relevantes: (1) queria alguém “virgem”, para a transferência de votos ser quase total, pois não há rejeição previa da pessoa no eleitorado e é uma tela em branco para a arte dos marqueteiros; (2) queria alguém sem ambição política pessoal – isso para o caso de querer voltar em 2010 e também para não alienar aliados naquela data que também nutriam ambições, mas de outra geração: Eduardo Campos, Sérgio Cabral, Ciro Gomes (mas esse foi rifado no meio do caminho e se amargurou pra sempre – o que mostra também uma limitação importante no que se refere a aptidão política), Jacques Wagner e por ai vai.

A minha grande duvida é como ele não viu – no seu desempenho na Casa Civil – que ela tinha o perfil de uma primeira-ministra OK ou de uma “chief of staff” ótima, executora e supervisora (o que a cacifou com ele), mas não de ótima Presidente. Não é um animal político, como Lula. É um animal cartesiano e inflexível – para funcionar otimamente precisa do cabresto de um político por excelência para dizer quando seguir em frente e quando parar de pressionar, para dar o devido “reality check” em uma pessoa idealista demais para tomar decisões políticas e fazer concessões nauseantes.

Realmente me escapa como Lula, o maior animal político em gerações, não percebeu esses traços em sua pupila, dada a convivência próxima e diária no Planalto.

Dilma poderia ser uma boa – não ótima – chefe de governo em um país que gozasse de enorme maturidade institucional, elevado nível de transparência e “accountability” do sistema político. Tipo escandinavos. Um povo onde o cinismo de um PMDB nunca nem existiria. Que dirá um Eduardo Cunha.

Dilma NUNCA poderia ser uma ótima Presidente do ainda muito imaturo Brasil. Nem que o PT tivesse 200 deputados. Ela tem dificuldades dentro do próprio partido pelos traços que citei acima.

Confesso que eu mesmo me iludi. Em 2010 fiquei entusiasmado com a perspectiva de ter alguém mais técnica e menos política na presidência. Não considerei então o quão frágeis as instituições no Brasil ainda eram. E o quanto a democracia e o Estado de Direito ainda não estavam entranhados no DNA nacional.

Mas creio que isso é uma “bias” de quem cresceu já na democracia, principalmente em mandatos com normalidade institucional (FHC/Lula/Dilma – bem, Dilma até agora, né?…). Eu, realmente, fiquei chocado com o Brasil ser tão suscetível a um “golpe paraguaio”. Esperava sermos já bem melhores do que isso.

Aí eu cai da cama e acordei. Com dor de cabeça e enjoo. Deram-me bom dia e eu respondi com impropérios…

Redação

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