Enviado por Vânia
Do Farofafá
O ditador virou presidente democraticamente eleito. A elite cafeeira não gostou da ditadura da democracia. UDN. Carlos Lacerda. Um ET cigano plantou Brasília no coração do Brasil: Juscelino Kubitschek. Eleições, democracia, bossa nova, república rycah de Ipanema y Copacabana.
João Gilberto, único baiano sertanejo feminino entre os garotos machinhos de Ipanema, destoou da fórmula praia-exaltação e, no corridinho das décadas, exaltou à vera a Bahia (e o Rio) e o Brasil: “Samba da Minha Terra” e “Saudade da Bahia” (ambas de Dorival Caymmi), “Na Baixa do Sapateiro” e “Aquarela do Brasil” (de Ary Barroso), “Eu Vim da Bahia” (do pupilo manso-e-rebelde Gilberto Gil), “Bahia com H” (do paulista-de-pseudônimo-anglo Denis Brean), ”Canta Brasil” (dos – será? – getulistas David Nasser e Alcyr Pires Vermelho), “Adeus América” (de Haroldo Barbosa e Geraldo Jaques)…
1964. MPB. 1968. Tropicália. AI-5, 13 de dezembro de 1968 (dia do aniversário de Luiz Gonzaga, eterno legalista admirador de Lampião). Os Estados Unidos da América do Norte invadem a América Latina inteirinha, e o BraSil, e o ufanismo braZilEUA vira a água que sai de todas as torneiras.
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Rogério Duprat, Torquato Neto, Mutantes, Tom Zé, Capinan, Júlio Medaglia e a ex-garota-de-Copacabana Nara Leão, entre vários outros, inventam a trans-exaltação. Exaltam para esculhambar, debocham para exaltar: “Tropicália”, ”Soy Loco por Ti, América”, “Marginália II”, “Panis et Circensis”, “Miserere Nobis”, “Parque Industrial”, ”Geleia Geral”, ”Três Caravelas”, “Lindoneia”, “Bat Macumba”, “Hino ao Senhor do Bonfim da Bahia”, “Yes, Nós Temos Bananas” (de Braguinha), “A Voz do Morto”, “São São Paulo”, “Divino, Maravilhoso”, “2001″, “Aquele Abraço”, “Meu Nome É Gal”, “Jimmy, Renda-Se”, “Chão de Estrelas” (de Orestes Barbosa e Silvio Caldas)…
Copa do Mundo de 1970. Wilson Simonal, “País Tropical”, Jorge Ben, Pelé, Jair Rodrigues, Toni Tornado, Tim Maia, black power, Vera Fischer, Arlete Salles, Rede Globo, repressão-power, “pra frente, BraZil!”, “ame-o ou deixe-o”, “eu te amo, meu Brasil, eu te amo”, Os Incríveis, Dom & Ravel, Ultragaz, O Pasquim, esquerdireitas (des)unidas, avante. Elza Soares (& Garrincha). Dilma Rousseff torce pela seleção brasileira entre uma sessão de tortura e outra.
É proibido torcer pelo BraZil: você é um traidor da pátria assaltada por ditadores (civil-)militares.
É proibido torcer contra o BraSil: você é um comunista comedor de criancinhas do iê-iê-iê.
É proibido fumar, é proibido pisar na grama, e os adaptadores tropicalistas do “é proibido proibir” foram expulsos do BraZSil.
O Festival Internacional da Canção, do aparato Globo-Time-Life, e a Copa do Mundo ensaiam se tornar mensagens brasileiras atiradas em garrafas latino-americanas nos oceanos do mundo. Há tortura (experimente perguntar para a hoje presidenta do BraSil), e o mundo não pode saber, senão cortem-lhe as cabeças! Vão-se as cabeleiras black power de Simonal, Tornado, Erlon Chaves etc. e tal.
A exaltação chega ao ápice com a vitória do BraZil na Copa de 1970, para logo em seguir iniciar seu mais longo e persistente inverno de hibernação. O sinal está fechado para nós, que somos jovens – Belchior, Elis Regina, mais uma “Aquarela do Brasil” (misturada com o tema racista “Nega do Cabelo Duro”, de Rubens Soares com o também-jornalista David Nasser), as “Águas de Março” fechando o verão (até mesmo na Cantareira).
1975, 1976. Fechadas as comportas do BraSZil-exaltação, há quem tente a brecha latino-americana – e a Latino América é toda ditaduras. ”América do Sul”, com Ney Matogrosso. “Los Hermanos” e “Gracias a la Vida”, com Elis. “Volver a los 17″, com Milton Nascimento (e Mercedes Sosa). “Soy Latino Americano”, com Zé Rodrix. Não vai durar muito a latino-ostentação.
Vem a reação pós-tropicalista ao “ame-o e deixe-o”, e a exaltação já não é a um país ou a um continente: “O seu amor, ame-o e deixe-o livre para amar”, “o seu amor, ame-o e deixe-o ir aonde quiser”, ”o seu amor, ame-o e deixe-o brincar, correr, cansar, dormir em paz”, cantaram os Doces Bárbaros Caetano, Gal, Gilberto e Maria Bethânia.
Anos 1980, 1990. O yuppismo norte-americanizado invade as redações moderninhas do eixo Tradição-Família-Propriedade, do eixo Rio-São Paulo. Gravadoras multinacionais, Organizações Globo e Folha de São Paulo manietam a indesejada redemocratização, e deus-nos-livre de qualquer ufanismo nem exaltação: “A gente somos inútil!”. Leonel Brizola. Luiz Inácio Lula da Silva. Fernando Collor. Prepara-se o ~consenso~ neoliberal. (“Falsa Baiana”, 1944, de Geraldo Pereira.) Fernando Henrique Cardoso.
“Sinais de vida num país vizinhEUA, eu já não ando mais sozinhEURO”, “bichos escrotos, saiam dos esgotos”, “se cheira pra todo lado: que país é este?”, “quem são os ditadores do partido colorado?, o que é democracia ao sul do Equador?, quem são os militares ao sul da cordilheira?, quem são os assassinos dos índios brasileiros?, quem são os estrangeiros que financiam o terror em Parador?”, “mostra tua cara!”. Renato Russo, Cazuza, Marina Lima, Titãs, Ira!, Paulo Ricardo, Roger Moreira, Lobão: proibidão-exaltação.
É proibido (se) exaltar. É proibido ufanar. Canção de protesto é proibida – além de ser cafona, chata, panfletária. O neoliberalismo jornalístico musical braZilEUA exalta Blur e Oasis enquanto massacra o amor-próprio e a auto-exaltação-ostentação, devidamente garroteado pelo ideário político dos chefes mais ~altos~ das redações (e, evidentemente, dos patrões e dos patrõe$ dos patrões).
É proibido protestar contra o BraZil porque é proibido exaltar o BraSil porque é proibido ostentar o orgulho braSileiro porque as canções de protesto Geraldo Vandré e Mano Brown e Marcelo Yuka são chatas cafonas fanáticas panfletárias ~esquerdinhas~.
Esmorecida(s), a(s) ditadura(s) faz(em) últimos refúgios nas redações, noJornal Nacional, na OMB, na OAB, na TFP, no CCC, na monarquia, na sujeição a Washington. As ditaduras encolhem, mas vigoram.
A exaltação migra para o corpo: pagode, lambada, fricote, axé music, forró, brega. Segura o Tchan, amarra o tchau, libera o tchau! Quem não gosta do corpo bom sujeito não é – e, nos nichos de ditadura, é proibido gostar do corpo.
Então Luiz Inácio Lula da Silva, então Gilberto Gil & Juca Ferreira no Mini(mi)stério das Culturas, então Dilma Rousseff.
Então o rap. O funk. O tecnobrega. O forró eletrônico. O lambadão. O sertanejo universitário. O Teatro Mágico. A tchê music. O funk do pré-sal (canção 104 abaixo). O funk-ostentação. O funk brasileiro. (Os MCs assassinados pelo aparato civil-militar paulista.)
Enquanto a MPB é sistematicamente (auto)calada pelas ditaduras midiáticas, o BraSil profundo SE exalta, à margem das desmaiadas gravadoras e das moribundas redações. A Globo se debate para submeter Gaby Amarantose MC Guime – esse jogo não pode ser zero a zero!
O sinal permanece fechado para nós que somos velhos, mas está novamente aberto para nós que somos jovens.
Mas está aberto, ou está fechado, o velho sinal de Paulinho da Viola?
Por que, em plena Copa do Mundo do BraSil, a música braSileira guarda uma mordaça atada à face por entre black blocs e anonymous e rappers brancos norte-americanos vestidos de pula-brejo numa cerimônia junina que sabota a neurociência braSileira?
Por que as arenas de futebol estão invadidas e dominadas e domadas por caras-pálidas fantasiados de verde e amarelo (as cores que, na maior parte do tempo, os caras-pálidas odeiam)?
Por que não toca música brasileira na Copa da mais pujante DEMOCRACIA que já tivemos?
Quando foi que, neste longo caminho, nos auto-interditamos de exaltar, de nos exaltar e de (por que não?) exaltar os nossos contra-irmãos?
Junho de 2014, BraSil braZileiro. (Assis Valente, mulato baiano homossexual suicida.) A mídia BraZil braZileuro braZilEUA, após quatro anos ininterruptos de profecia do caos, assassina Mãe Menininha do Gantois e se consuma na recém-falecida Mãe Dinah.
#NãoVaiTerCopa. PSOL. Marina Silva. Bradesco, Natura, Itaú-Kaiowá. Caos aéreo. Caos energético. Caos terrestre. (Caos hídrico ou metroviário, jamais!) Caos subterrâneo. CAAAAAAAOOOOOOOOOOZ BRAZYLEYRO!!!!!! Glauber Rocha, Sérgio Ricardo, Jorge Mautner. Profeta Gentileza (gera gentileza).
E o mundo chega ao BraSZil. A mídia braZileura anunciara e garantira que não ia chegar, mas chegou.
Se em 1970 braSileiros se exilavam no chamado ~Primeiro Mundo~ e levavam para fora notícias da tortura braZilEUA, hoje é o mundo que vem aqui nos visitar e contar para nós-braSileiros e eles-braZileiros que o BraSil é UM POUCO diferente daquilo que os anfitriões da festa & $eu$ patrõe$ andaram pintando. Um pouco. Diferente. Ronaldo, fenômeno de vergonha alheia (ou não-alheia, porque NOSSA).
Nas ruas, florestas e praias amazonenses, gaúchas, cariocas e baianas do Bra$il, holandeses, argentinos, ingleses e croatas fazem o carnavalito para bailar. Nós-braSileiros, por enquanto, assistimos de braços meio cruzados o inesperado, surpreendente, inimaginável espetáculo que nós mesmos proporcionamos. Sem ostentação. Sem exaltação. Sem exaltar. Sem NOS exaltar. Agora antimacunaímicos. Porque vivemos numa democracia plena que (ainda) nos proíbe de (nos) exaltar.
P.S. 100% leigo sobre futebol: merece ganhar a Copa do Mundo um país que não se ufana, não se exalta, não se emociona, não se orgulha de si e não mergulha de cabeça nas suas paixões? Particularmente, acho que não merece…
P.S. 50% leigo sobre música: segue abaixo uma radiola sonora (a música) e uma listagem escrita (o jornalismo) de 108 canções ufanistas (a política) de BraSil-exaltação (o esporte) de samba-ostentação (a cultura). Podiam ser 1.008. Ou 10.008. Ou quantas os srs. e sras. compositoras decidam nos presentear dora dora dora em diante.
1. João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil, “Aquarela do Brasil” (1980) – samba-exaltação mais eloquente da era Getúlio Vargas, foi composto em 1939 pelo mineiro Ary Barroso e gravado originalmente pelo carioca Francisco Alves – 41 anos mais tarde, ainda na vigência da ditadura civil-militar de 1964, a tropicália e o homem-vertente-baiana da bossa nova aprovavam.
2. Francisco Alves e Dalva de OIiveira, “Brasil!” (1939) – o índio civilizado?, e abençoado por Deus??
3. Francisco Alves, “Aquarela do Brasil – 1ª Parte” (1939) – o mulato risoneiro???
4. Francisco Alves, ”Aquarela do Brasil – 2ª Parte” (1939) – o Zé Carioca?, o Pato Donald??
5. Jorge Goulart, “Isto Aqui o Que É” (1949) – este Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz, um pouco de uma raça que não tem medo de fumaça.
6. Marlene, “Lata d’Água” (1952) – o morro-exaltação: sobe e não se cansa, lá vai Maria (e lá vai Marlene, que a Copa do Brasil de 2014 nos levou e que FAROFAFÁ homenageia com amor e emoção).
7. Inezita Barroso, “Lá Vem o Brasil” (1956) – caipira e interiorano, o BraSil da paulista Inezita é dos tamoios, de pai joão, da mãe preta, das violas, de Lampião, do candomblé, do samba, do braseiro das suas fogueiras, das noites bonitas de junho…
8. Dorival Caymmi, “Samba da Minha Terra” (1957) – quem não gosta do Brasil bom sujeito não é: é ruim da cabeça, ou é doente do pé.
9. Angela Maria, “Canta, Brasil” (1957) – a exaltação getulista de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser, toda exacerbada, seus ~ritmos bárbaros~, suas reservas de prantos, sua voz enternecida, sua ~alegria~ macunaímica.
10. Dorival Caymmi, “Saudade da Bahia” (1957) – porque Bahia é um pedacinho de Brasil, iaiá – o pedaço mais orgulhoso de si?
11. Blecaute, “A Voz do Morro” (1959) – Juscelino Kubitschek, Brasília, Zé Keti: eu sou o samBrasil, a voz do morro sou eu mesmo, sim, senhor, quero mostrar ao mundo que tenho valor.
12. Luiz Gonzaga, “Marcha da Petrobras” (1959) – nove anos antes de se tornar sustentador disciplinado da ditadura civil-militar, Gonzagão era um nacional-getulista petrolífero: “Brasil, eu Brasil, tu vais prosperar, tu vai, vais crescer ainda mais com a Petrobrás”.
13. Gilberto Gil, “Povo Petroleiro” (1962) – desconhecido, anônimo, pré-tropicalista, pré-MPB: Gilberto Gil petroleiro, está jorrando petróleo das terras da nossa Bahia!
14. Inezita Barroso, “Hino à Bandeira Brasileira” (1964) – começa a ditadura civil-brasileira do dia da mentira, sob o lindo pendão da ~esperança~, símbolo ~augusto da paz~.
15. Doris Monteiro, “Deus Brasileiro” (1964) – um ufanismo bossa-novista, na aurora de nova ditadura, da clave do jovem Marcos Valle: quem nasceu na minha terra nem sabe o que é guerra.
16. Elizeth Cardoso, “400 Anos de Samba” (1965) – escreve-se no asfalto a história do Rio de Janeiro – e do Brasil.
17. Gal Costa, “Eu Vim da Bahia” (1965) – do Gilberto Gil pós-petroleiro, pré-tropicalista, sempre baianista: eu vim da Bahia contar tanta coisa bonita que tem.
18. Dalva de Oliveira, “A Bahia Te Espera” (1965) – Bahia-exaltação, da magia, dos feitiços, da fé, dos saveiros, do candomblé, do vatapá, de Iemanjá – ela te espera.
19. Tonico & Tinoco, “Percorrendo Meu Brasil” (1966) – o Brasil tem Rio Grande, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais…? Tem, sim, sinhô.
20. Paulo Diniz, “Brasil, Brasa, Braseiro” (1967) – samba-soul-exaltação: salve o povo brasileiro!, gente que nem formigueiro!
21. Caetano Veloso, “Soy Loco por Ti, América” (1968) – a manhã tropicalista se inicia, tendo como colores la espuma blanca de Latino América y el cielo como bandera.
22. Sidney Miller, “História do Brasil?” (1968) – o velho Lamartine Babo e a antitropicália, do guarani ao guaraná: quem foi que inventou o BraZil?
23. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes e Gal Costa, “Hino ao Senhor do Bonfim da Bahia” (1968) – dessa sagrada colina, mansão da misericórdia, dai-nos a graça divina da justiça e da concórdia – oi?
24. Noriel Vilela, “Saudosa Bahia” (1969) – são tempos de exílio, está fazendo três semanas que eu saí de lá.
25. Gilberto Gil, “Aquele Abraço” (1969) – ora, vamo-nos embora, mas o Rio de Janeiro continua lindo.
26. Jorge Ben, “País Tropical” (1969) – Brasil, eu fico!
27. Wilson Simonal, “Aqui É o País do Futebol” (1970) – Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
28. Tom Jobim, “Brazil” (1970) – do exílio cultural, nosso branquelo inzoneiro.
29. Milton Nascimento, “Para Lennon & McCartney” (1970) – por que vocês não sabem do ~lixo~ brasileiro?
30. Paulo Diniz, “Quero Voltar pra Bahia” (1970) – I don’t want to stay here, I wanna to go back to Brazil.
31. Mutantes, “Chão de Estrelas” (1970) – morro-exaltação de Orestes Barbosa e Silvio Caldas, paulistano-tropicalizada.
32. Jair Rodrigues, “Martim Cererê” (1971) – o coração de Jair não aguentou esperar pela Copa de 2014, vir cá Brasil ler sua mão, que grande destino reservaram pra você?… (com as mais profundas homenagens de FAROFAFÁ a São Jair).
33. Baden Powell, “Brasiliana” (1971) – e quem disse que são necessárias palavras para ufanar, São Baden?
34. Vinicius de Moraes, Marília Medalha e Toquinho, “A Bênção, Bahia” (1971) – os afro-samba-exaltação!!!, nós viemos dormir no colinho de Iemanjá.
35. Tim Maia, “Meu País” (1971) – de volta dos Estados Unidos da América, onde amargou cana, Tim dá um passa-moleque encabulado na viralatagem: sim, bem, sei que aprendi muito no seu país, porém no meu país senti tudo o que quis.
36. Jorge Ben, “Porque É Proibido Pisar na Grama” (1971) – Ben-exaltação, acordado com uma vontade de abraçar o mundo no colo do Brasil.
37. Dom & Ravel, “Terra Boa” (1971) – terra boa, terra boa, tá nascendo tudo – e a esquerda brasileira não perdoará dois ~caipiras~ do fundão do apoio popular à ditadura de direita.
38. Elis Regina, “Exaltação a Tiradentes” (1971) – em nova onda de samba-exaltação, a MPB revive os enredos ufanistas das décadas anteriores, até para revalidar nas barbas de Tiradentes as barbas de Jesus Cristo.
39. Dom & Ravel, “Você Também É Responsável” (1971) – ou você NÃO é, NUNCA, responsável por NADA que seu país cria e destrói?
40. Jorge Ben, “Salve América” (1972) – salve América – América Latina, SOUTH América. Permaneceu inédita em 1972…
41. Elza Soares e Roberto Ribeiro, “Swing Negrão/ Brasil Pandeiro/ O Samba Agora Vai/ É com Esse Que Eu Vou” (1972) – suingue do negrão brasileiro para o tio Sam tocar pandeiro e o mundo sambar: o litoral.
42. Cascatinha & Inhana, “Relíquias Sertanejas” (1972) – ó meu sertão do meu país, aqui na roça vivo alegre e sou feliz: o interior.
43. Roberto Carlos, “A Montanha” (1972) – a exaltação a um deus, já que anda difícil exaltar um país…
44. Dercy Gonçalves, “A Perereca da Vizinha” (1964) – não tem nada a ver com a cronologia, nem com o tema, mas, sei lá, é Copa, deu vontade de colocar aqui. Afinal, a vizinha é boa-praça, a vizinha é camarada.
45. Wilson Simonal, “Saravá” (1972) – Para não falar que não falamos de quando quisermos falar com Deus: Salve o povo de aruanda, a terra de nagô, muita paz e amor na Terra, o reino do senhor!
46. Ronnie Von, “Cavaleiro de Aruanda” (1972) – quem é esse cacique?
47. Antonio Marcos, “O Homem de Nazareth” (1973) – ou vamos seguir com fé tudo que nos ensinou o… Brasil?
48. Raul Seixas, “Al Capone” (1973) – quem é que te orienta, senhores não-samba-exaltadores?
49. Synval Silva, “Brasil, Explosão de Progresso” (1973) – Brasil, gigante do universo, explosão de progresso, passado de glória, lutas, amor, vitória, união das raças, miscigenação…
50. Pessoal do Ceará, “Terral” (1973) – Ednardo e a nata do lixo, o luxo da aldeia, o Ceará.
51. Cartola, “Alvorada” (1974) – Mangueira-exaltação, ninguém chora, não há tristeza, não existe dissabor.
52. Nara Leão, “Grandola, Vila Morena” (1974) – Nara, a bossa, a fossa, a Coroa Portuguesa, o Brasil, a nossa imensa dor.
53. Rogério Duprat, “Isto Aqui o Que É” (1974) – o maestro paulistropicalista, exilado dos companheiros de invenção, pós-exaltador num disco denominado Brasil com S.
54. Mano Décio da Viola, “Heróis da Liberdade” (1974) – um samba-exaltação composto com Silas de Oliveira para as avenidas?, ou um dos maiores libelos antiescravagistas da história da humanidade?
55. Ademilde Fonseca, “Brasileirinho” (1975) – brasileirinho Waldir Azevedo, um desacato quando chega no salão global.
56. Baiano & Os Novos Caetanos, “Ameriqueiro” (1975) – Chico Anysio e Arnaud Rodrigues, samba-rock, samba-soul & forró-samba: não sou americano com meu pouco dinheiro eu sou brasiliano e se não me engano sou ameriqueiro.
57. Martinho da Vila, “Aquarela Brasileira” (1975) – o Brasil-exaltação tem Amazonas, Pará, Marajó, Ceará, Tupã, Bahia, Pernambuco…? – tem, sim, sinhô Silas de Oliveira!
58. Ney Matogrosso, “América do Sul” (1975) – desperta, América Brasileira!
59. Zé Rodrix, “Soy Latino Americano” (1976) – muita gente me censura e acha que eu estou errado.
60. Tim Maia Racional, “Brasil Racional” (1976) – nada de fuzil, nada de canhão – uma marchinha-exaltação para o Universo em Desencanto?!#SóNoBraZil!
61. Wando, “O Rei” (1976) – pré-~brega~, Wando cerze o épico-exaltação do rei que se despe e vira passageiro de trem.
62. Joyce, “Nacional Kid” (1976) – ele é um rapaz brasileiro, mas sua identidade secreta braZileira ficou inédita em 1976…
63. Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso e As Gatas, “As Ayabás” (1976) – as orixás e a mulher-exaltação: nem um outro som no ar, eu agora vou bater para todas as moças.
64. Maria Bethânia, “A Bahia Te Espera” (1976) – e para mãe Dalva também.
65. Benito di Paula, “Tudo Está no Seu Lugar” (1976) – no Brasil braZileiro do ~milagre~, tudo está no seu lugar, graças ao(s) Rei(s).
66. Novos Baianos, “Ninguém Segura Este País” (1978) – por um Gilberto Gil pré-pós-ufanista: é moda dizer que baiano está por cima, e entra ano e sai ano e mais um carnaval de lascar o cano – mas e o país?
67. Bebeto, “Céu Aberto Colorido” (1978) – que felicidade, que grande alegria por eu ter nascido no país de maravilha.
68. Edu Lobo, “O Trenzinho do Caipira” (1978) – nem bossa, nem MPB, muito menos tropicália, Edu revalida a exaltação getulista de Heitor Villa-Lobos pelos trilhos moídos dos interiores.
69. Elizeth Cardoso, “Bachianas Brasileiras Nº 5 – 1ª Parte da Ária (Cantilena)” (1979) – Villa-Lobos, David Nasser e este céu vazio de esperança…
70. Belchior, “Brasileiramente Linda” (1979) – linda mente brasileira, oh yes.
71. Elis Regina, “O Bêbado e a Equilibrista” (1979) – anistia-exaltação, enquanto a tarde ditatorial começa a cair e nos leva Elis.
72. Alcione, “Dia de Graça” (1979) – avenida-exaltação, pela pena poética do militar Candeia.
73. Clara Nunes, “Brasil Mestiço Santuário da Fé” (1980) – exaltação amarga de Paulo César Pinheiro, desde o tempo da senzala enquanto mais chicote estala e o povo se encurrala.
74. Martinho da Vila, “O Grande Presidente” (1980) – presidente-exaltação: Getúlio Vargas, estadista, idealista, realizador, grande presidente de valor. Pode, Arnaldo Antunes?
75. Luiz Gonzaga, “Sou do Banco” (1980) – eu sou do banco, do banco, do banco, mas de qual banco? Do Banco do Brasil. (Do mesmo compacto duplo que conteve a versão gonzaguiana de “Para Não Dizer Que Não Falei das Flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré.)
76. Raíces de América, “Soy Loco por Ti, América” (1982) – desperta, América Mais-Que-Brasileira!
77. Rita Lee e João Gilberto, “Brazil com S” (1982) – porque terra linda assim não há, com tico-ticos no fubá, quem te conhece não esquece.
78. Dori Caymmi, “Samba do Carioca” (1983) – vamos, brasileiro, sai do teu sono devagar…
79. Elza Soares, “Heróis da Liberdade” (1985) – o mais lindo libelo antiescravagista, na mais linda voz pró-liberdade: exaltação, por todos os poros.
80. João Bosco, “Jeitinho Brasileiro” (1984) – porque o negócio é levar vantagem em tudo, mora?
81. Leci Brandão, “Isso É Fundo de Quintal” (1985) – quintal-exaltação: é pagode pra valer!
82. João Bosco, “Da África à Sapucaí” (1986) – lirismo África-Brasil: exaltação.
83. João Gilberto, “Adeus América” (1986) – para Carmen Miranda, que só pôde voltar morta.
84. Olodum, “Revolta Olodum” (1989) – retirante, ruralista, lavrador: revolta-exaltação?
85. Roberto Carlos, “Amazônia” (1989) – a ascensão de Fernando Collor, o índio capixaba e a Amazônia, insônia (oi?) do mundo.
86. Daniela Mercury, “Menino do Pelô” (1991) – todo menino do Pelô sabe exaltar o tambor.
87. Grupo Raça, “Da África à Sapucaí” (1991) – o lirismo de João Bosco de Minas Gerais, em pagode-exaltação.
88. Gal Costa, “Tropicália” (1992) – já sob o crepúsculo de Fernando Collor, a manhã tropical se irradia.
89. Bezerra da Silva, “Eu Sou Favela” (1992) – a favela-exaltação se levanta: nunca foi reduto de marginal!!! – e essa verdade não sai no jornal.
90. Cidinho & Doca, “Rap da Felicidade” (1993) – o funk-exaltação!
91. Fernanda Abreu, “Brasil É o País do Suingue” (1994) – e deixa solta essa bundinha.
92. Grupo Fundo de Quintal, “Brasil Nagô” (1994) – se mandarem me chamar eu vou, sou brasileiro, sou nação nagô.
93. Chico César, “Mama África” (1995) – mãe-exaltação, solteira, mamadeireira, empacotadeira nas Casas Bahia.
94. Daúde, “Vida Sertaneja” (1995) – sertão-exaltação: modernidade.
95. Farofa Carioca, “Moro no Brasil” (1998) – Seu Jorge e um novo modelo de amor-próprio: moro no Brasil, não sei se moro muito bem ou muito mal, só sei que agora faço parte do país: a ~beleza~ que nos perdoe, mas a inteligência é fundamental.
96. SNJ, “Se Tu Lutas Tu Conquistas” (2000) – rap-exaltação do Somos Nós a Justiça: as periferias se erguem.
97. Racionais MC’s, “Negro Drama” (2002) – sente o drama, sente um novo caminho que se abre para o Brasil na esquina entre 2002 e 2003.
98. Rappin’ Hood e Arlindo Cruz, “Muito Longe Daqui” (2005) – rap-pagode-favela-exaltação: numa cidade muito longe, muito longe daqui, que tem favelas que parecem as favelas daqui…
99. Matéria Rima, “De Rolê pelo País” (2005) – rap-forró-exaltação: minha vida é andar por este país…
100. Banda Fruto Sensual, “Coisas de Santa Izabel” (2010) – tecnobrega-exaltação às coisas das periferias paraenses.
101. Gang do Eletro, “Panamericano” (2010) – meu amigo americano chegou de Nova York, veio conhecer aparelhagem do norte.
102. Aviões do Forró, “Pegadinha do Inglês” (2010) – eu vou cantar pra tu, girl beautiful, I love you, I love you: boy, te peguei na pegadinha do inglês, sou brasileira, não sou americana. 3-)
103. Michel Teló, “Humilde Residência” (2011) – é humilde, mas é de responsa: bem-vindos à nossa residência pra gente fazer Copa do Mundo, sras. & srs. gringos.
104. MC Sabrina, MC Suzy, Andrezinho Shock,Martinho, Hermes Filho e Mag, “Pré-Sal” (2010) – tu acha certo usufluir do que não é seu?, vocês tiveram suas riquezas, ninguém se meteu.
105. Leandro Lehart, “Do Iorubá ao Reino de Oyó” (2011) – samba-exaltação paulistano de avenida: os orixás, o calor, a nobreza, a tradição contrariada do ~amor~.
106. Carlinhos Brown e Ítala Marques, “Seu Cabelo É Bom” (2012) – cabelo-exaltação: respeitem nossos cabelos, brancos!
107. MC Guime e Emicida, “País do Futebol” (2013) – até gringo exaltou!
108. Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, “O Seu Amor” (1976) – os Doces Bárbaros, e basta de “ame-o ou deixe-o”: o seu amor. ame-o. e deixe-o. livre. para ir. onde. quiser.
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Excelente!
Pedro Sanches é praticamente o que nos resta na crítica musical, pela inteligência, erudição, criatividade e senso político. Aliás, a crítica de artes foi extinta do jornalismo cultural no Brasil.
Mas na ilustração da matéria parece-me que a imagem não é de Carmen Miranda, mas de uma cover.
samba, choro e outras coisas mais.
Nunca eh tarde para revisar e aprender.
um momento!
uma lembranca da vivencia.
—– Original Message —–
From: Eduardo <[email protected]>
To: Helion Povoa <[email protected]>; ‘Paulo Eduardo Neves’
<[email protected]>; Tribuna Livre <[email protected]>
Sent: Sunday, July 30, 2000 7:21 PM
Subject: Re: [S-C] Morte do Samba?
> Que coisa ridícula esta história do Pedro A. Sanches escrever um livro pra
dizer que o samba morreu depois da tropicália. Nos anos 70 explodiram nas
paradas Martinho da Vila, Clara Nunes, Beth Carvalho, Alcione, Roberto
Ribeiro, Luiz Ayrão, Paulinho da Viola, etc…Cresci ouvindo estes cantores,
que tocavam absurdamente em rádio de nas trilhas de novela. Na década de 80
surge Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra, etc…Tudo bem
que nos anos noventa prevaleceu os grupos de pagode bunda e os grupos de
Axé, mas isto gerou um movimento e uma reação em contrário daqueles que
primam pelo samba de raiz. Em 96 Paulinho da Viola lança BebadoSamba e ganha
seu primeiro disco de ouro. Jorge Aragão vende mais de 500 mil cópias. Zeca
Pagodinho reune multidões pelo Brasil inteiro. “Tudo Azul” da Velha Guarda
da Portela, “Mangueira e Convidados” da Velha Guarda da Mangueira, “Ganha-se
pouco mas é divertido”, a série “Boteco do Cabral” lotando os SESC de São
Paulo e São Carlos a cada novo show.
> Onde está a morte do samba? Patético este jornalista.
> valeu!
> Eduardo Martins.
>
Deve ser amigo do Giron – pelo menos a chutação é bastante semelhante…
Felion, você está se tornando um especialista em cavar judas para que nós os
malhemos…:-) Acho isso ótimo, serve para descarregar nosso substrato de
agressividade…
______________
Autor: Fernando Toledo (fernandotoledo_at_hobeco.net)
Data: Qui 08 Jan 2004 – 14:33:52 BRST
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Sam, o Burá:
Notícia tenebrosa. Mauro Dias era um dos últimos jornalistas da imprensa
paulista que dedicava um espaço generoso ao samba, choro e outras formas
populares brasileiras, com constância e qualidade.
Será que estão substituindo MD por outro ou estão mesmo eliminando o espaço
da MPB no jornalão? Vai virar aquela coisa caricatural da Folha, que está
mais preocupada com aparência que com conteúdo?
Aliás, a nossa Folia de Reis, lá da Freguesia do Ó, teve uma pequena matéria
no Estadão, com foto. Na Folha? Nem pensar… Tradição, folclore, samba,
choro, essas coisas de brasileiro pobre, não é com eles. Mas se for o
penúltimo ensaio de uma medíocre banda londrina, onde o vocalista beijou o
baterista na boca, em plena Times Square, aí vira capa da Ilustrada.
Quando moderno vira sinônimo de futilidade, é hora de mudar de rumo. Melhor
ser eterno que moderno, como diria… (escolha: Cartola, Pixinguinha, Ary
Barroso, Caymmi, Nélson Cavaquinho, Chico Buarque, Paulinho da Viola…)
Eu:
Uma lástima, apesar de discordar muitas vezes do Mauro.
Quanto à Folha, o que dizer de um jornal que pôe Pedro Alexandre Sanches
para escrever sobre samba?
Já apontei várias vezes por aqui furos antológicos da Folha, e não vale a
pena bater num cachorro que, para mim, está para lá de morto, apesar de seus
leitores (fazer o quê, né, eles existem?) não saberem disso.
Quando o glacê toma o lugar do bolo, tudo é permitido (parafraseando
Dostoiévski).
Um abraço,
Fernando Toledo
Autor: valldir_menga (valldir_menga_at_terra.com.br)
Data: Qua 26 Nov 2003 – 19:38:01 EDT
Próxima mensagem: Sonia Palhares Marinho: “Artigo sobre Candeia na Revista Caros Amigos”Mensagem anterior: Tom Lemos: “Re: Tereza Cristina vs Dorina”Possivelmente em resposta à: Fernando Toledo: “Re: A Voz do Morto (era) Caetano e o samba”Próxima na discussão: iara teixeira: “Re: A Voz do Morto (era) Caetano e o samba”Próxima na discussão: Tonico Bastos de Ilhéus: “Re: A Voz do Morto (era) Caetano e o samba”Próxima na discussão: Daniel Brazil: “Re: A Voz do Morto (era) Caetano e o samba”
Caros e caras A história de A Voz do Morto é um pouco mais complicada do que parece. Transcrevo abaixo o parágrafo introdutório do segundo capítulo do livro Tropicalismo a decadência bonita do samba, de Pedro Alexandre Sanches, onde ele discute a relação desta música especificamente com o movimento Tropicalista. ” Enquanto cantava, em 1968, os versos de “A Voz do Morto”, de Caetano Veloso, a já ancestral sambista carioca Aracy de Almeida provavelmente não fazia a mais vaga idéia do que estava se passando. Não era defeito dela – de resto, provavelmente, ninguém mais sabia também. Acontece que dona Aracy, já esbofeteada antes pela Bossa Nova, agora recebia uma punhalada no coração e não estava nem sequer sentindo ainda. Talvez nunca Aracy haja percebido – nem mesmo quando, envelhecida e atocaiada, encolheu-se como idosa irascível ao programa televisivo de calouros de Sílvio Santos – mas nos parcos e históricos minutos daquela canção A voz do Morto, fazia vez de porta-voz do que teria sido, porventura, um hino oculto dos novos tempos – hoje , em 2000, já velhos, ainda que poucos o percebam. Naqueles dias de tempos idos – menos idos então que os de Cartola – o então estonteante Caetano Veloso não havia podido participar da I Bienal do Samba – coisa velha, ora, veja só, e ele queria – porque usava guitarra, então lançara a Voz do Morto, vingança, num compacto gravado ao vivo com a banda de rock Os Mutantes – que foi imediatamente censurado, porque aquele era tempo político, de radicalismo e… de assassinato do samba. De sua vez, Aracy, para quem se diz foi composta a canção, era então a voz do morto e o morto era, senhoras e senhores, o samba.” A argumentação do Pedro segue mais pra frente, interpretando vária citações da letra para provar a sua tese. Parece que o Caetano não desmentiu a história, mesmo numa famosa entrevista dada ao próprio Pedro em 2001, se não me engano. Então parece-me que A Voz do Morto é muito mais deboche que homenagem, embora feita com rara beleza realçada pela voz melancólica da Aracy. Tammém acho, junto com o Totô que a liquefação de vários ritmos feita pela Tropicália, embora mostrasse muito criativa em várias oportunidades, foi danosa ao samba, cuja personalidade própria e soberana não dá pra confundir com o viés de Coração Materno ou (que me desculpe o Eduardo) de um Orlando Dias, também recriado pelo Caetano. Tchau. Valdir De:[email protected] Para:Fernando Toledo Cópia:[email protected],Tonico Bastos de Ilhéus ,[email protected] Data:Wed, 26 Nov 2003 10:51:05 -0200 Assunto:Re: [S-C] A Voz do Morto (era) Caetano e o samba > > > Fernando Toledo confundindo tudo! > > > Deveria ter desconfiado quando Caê pediu que o levássemos a nossos > > líderes… > > Eu, > não esqueça que hoje em dia um dos nossos “líderes” é Gil!;-))) > > Abraços > Iara, eles já tomaram o poder!;-) > > _______________________________________________ > Para CANCELAR sua assinatura: > http://www.samba-choro.com.br/tribuna/cancela > Para ASSINAR esta lista: > http://www.samba-choro.com.br/tribuna/assina > Antes de escrever, leia as regras de ETIQUETA: > http://www.samba-choro.com.br/tribuna/netiqueta >
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Quando Caetano faz o
Quando Caetano faz o excelente samba “A voz do morto” para Aracy cantar, quando ela estava ignorada pelas novas gerações, não era para debochar, nem para apregoar que o samba estava morto e enterrado, mas ressuscitado, vivo (tanto que a canção diz “Viva o Paulim da Viola”, lembra? Não custa lembrar que o jovem Paulim da Viola estava começando a carreira na época, e anos depois acompanharia o Caetano nessa canção). E o Pedro Sanches também não defendeu a morte do samba, ao escrever sobre a Tropicália, mas aponta que obviamente a música popular não se cristaliza e para no tempo, mas se transforma. Se isso não acontece, aí sim, é a morte.
[video:https://www.youtube.com/watch?v=LgyhLaSog0g%5D
Terminei a leitura do texto
Terminei a leitura do texto de boca seca e só então percebi que estava de boca escancarada, de queixo caído. Maravilha!!
Invocação em Defesa da Pátria
Mais ufanista impossível…
[video:https://www.youtube.com/watch?v=mK1i72pbRWs%5D
Waldemar Henrique
Minha Terra!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=L0YaFW326mM%5D
(Sem título)
[video:http://www.youtube.com/watch?v=DdDwMm9eAEU%5D
[video:http://www.youtube.com/watch?v=KzR9R5-6fBk%5D
Beleza Pura
Beleza pura esse texto, embora exageradamente longo (isso eh la com Cazuza).
Apenas uma “observation” Carmen Miranda apenas nasceu em Portugal, era carioca da gema nos seus requebres sutis.
Aquele abraco!