A perplexidade e a batalha pela hegemonia, por Gilson Caroni Filho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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 A perplexidade e a batalha pela hegemonia, por Gilson Caroni Filho

“O governo está inteiramente aberto ao diálogo e assume como postura central o diálogo com todas as forças sociais. E pouco importa se são forças sociais que apoiam o governo ou são forças sociais contra o governo.” (Ministro José Eduardo Cardozo). Depois de ver a bancada petista aplaudir o ajuste fiscal de Joaquim Levy, gostaria de saber se ouvirá o que pedem as forças sociais que apoiam o governo: defesa da Petrobras, manutenção da Caixa Econômica Federal 100% pública, não à elevação da taxa de juros e às medidas de ajuste de caráter regressivo e recessivo, e o fim do fator previdenciário no cálculo para aposentadoria, sem elevação da idade

Este primeiro parágrafo pode levar alguns petistas a imaginar que ignoro as mediações políticas e a correlação de forças, enveredando por uma lógica binária voluntarista, simplória e inconsequente.

Há certa perplexidade de alguns militantes do PT com o novo cenário político. O que estamos presenciando é a primeira ofensiva articulada e organizada da direita desde 1964. Tendo como intelectual orgânico o oligopólio midiático, não podemos subestimá-la com adjetivações fáceis do tipo “coxinha” e ignorar a organicidade do movimento dos nossos inimigos de classe.

O primeiro passo é reconhecer que se trata de uma batalha pela hegemonia, na acepção precisa de Gramsci, e que estamos perdendo feio. São inegáveis os avanços que conseguimos no que diz respeito a programas de inclusão, bem como é indiscutível que não logramos fazer nenhuma reforma estrutural. Muitos dirão que o impedimento é o caráter conservador do Congresso, o que não deixa de ser parcialmente correto, mas a questão central é que deixamos em segundo plano os novos movimentos sociais. Não criamos produção de sentido para nenhum deles. Além da fadiga natural de 12 anos de governo, não temos um discurso que seduza a juventude e outros setores da sociedade.

Não vejo outra saída que não seja o confronto de ideias, a retomada de algumas bandeiras que deixamos pelo caminho, abandonando o tom conciliatório e desfigurante da “governabilidade”, das alianças sem qualquer balizamento programático. Não nos esqueçamos de que foi com uma agenda de esquerda que vencemos uma eleição dada por muitos como perdida. E é com ela que devemos enfrentar o momento atual.

A outra opção é esperar pela conversão ética de parcela majoritária do PMDB, liderada por Eduardo Cunha. Acreditar que a mídia, já sabendo que sofrerá corte de verbas governamentais, se curvará e pedirá desculpas pelo posicionamento claramente golpista que assumiu desde a posse de Lula. Ou que o Congresso precisará de um fato jurídico comprovado para embarcar na aventura do impeachment, ignorando a natureza política daquela casa e o caráter partidarizado do STF. E, claro, orar por uma intervenção divina.

Os que viram as manifestações de sexta, 13/08, deveriam atentar para as palavras de ordem gritadas na Avenida Paulista. O mais importante de tudo foi o recado das centrais e dos movimentos sociais à presidente Dilma: ou governa com a agenda com a qual se elegeu ou ficará refém do capital e das forças mais retrógradas. Irresponsabilidade política tem consequências de longo prazo.

Já entregamos muitos anéis para não perder os dedos. Se quisermos preservá-los precisamos dar as mãos uns aos outros e partir para a luta.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Fora de Pauta: atenção para esta denúncia

    Adelaide Moura: Boatos levam a saques no Banco do Brasil

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/adelaide-moura-boatos-levam-a-saques-no-banco-do-brasil.html

    publicado em 19 de março de 2015 às 11:14

    Captura de Tela 2015-03-19 às 11.13.49

    por Adelaide Moura, via Facebook

    Querido, trabalho em uma agência pequena e tem havido muitos saques, até em dinheiro, ou a simples transferência para a conta corrente. As pessoas se baseiam no “ouvi dizerem”. Alguns apontam inclusive a data AMANHÃ. Isso vem ocorrendo desde a semana passada e o volume está aumentando. Colegas em outras agências relatam o mesmo.

    Essa boataria vai que nem rastilho de pólvora. Estou na ponta e só consigo enxergar o que passa na bateria do caixa. Há que se monitorar as transferências eletrônicas, pode ser um volume maior, não sei.

    Saiu agora um cliente desesperado daqui porque não conseguiu sacar o dinheiro, afinal temos uma rotina de segurança, acionar carro forte com 48hs de antecedência, etc

    Como é banco público, já acham que estamos em conluio. Isso se expande, pode abalar até a solidez de um banco como o BB

    *****
    por Horatio Nelson, 19 de março de 2015 10:31

    Parte da família da minha mulher é de Nova Iguaçu, Rio de janeiro.

    Lá continua o boate sobre o confisco da poupança pela Dilma.

    Quem estiver contato com o governo, recomendo urgente que alguém diga que nunca haverá confisco de absolutamente nada .

    Estão divulgando provavelmente para também retirar a poupança nos bancos. P

    EÇAM URGENTEMENTE UMA DECLARAÇÃO NA TV OU JORNAIS…DE PREFERÊNCIA NA TV.

  2. A luta pela hegemonia

    Ótima a tua análise. A estratégia da direita tem sido, desde que o Lula assumiu o poder, apostar na desestabilização e fragilizar a aliança vitoriosa nas urnas até o presente momento.Até ai nada de novo, a novidade, como bem salientastes está na organização das forças reacionárias.Dá para perceber claramente que este movimento não tem nenhuma liderança expressiva e nehuma agenda, mas tem financiadores e entidades que entraram no jogo para defender seus interesses particulares. Não sei em qual estado do Brasil tu moras.Moro em Porto Alegre e dá para ver carros circulando com adesivos que dizem, não serem  responsáveis pela eleição da Dilma. Ouvi falar que a UNIMED tem financiado e apoiado esta movimentação toda. Os planos de saúde não querem nenhum tipo de melhoria no SUS,pois detestam concorrência.

    Agora te pergunto o seguinte: como jogar o jogo parlamentar? As decisões passam pelo Congresso Nacional que está em frangalhos, os movimentos sociais não conseguiram eleger representantes, a maioria dos deputados federais que foram recém eleitos, não mostram-se dispostos e nem querem votar mudanças ou melhorias que beneficiem ou atendam as reivindicações dos movimentos populares organizados. 

  3. perfeito…

    Professor Gilson Caroni, de forma serena mas firme, disseca com extrema clareza o dilema, as fragilidades e alternativas do campo progressista. Leitura fundamental. Compartilhem!

  4. Contraponto

    “A hegemonia na sociedade ainda é conservadora”

    17 mar 2015/2 Comentários  /Por 

    Imperdível a análise do professor João Emanuel Evangelista, do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), feita no debate “A Conjuntura da Política Nacional e seus desafios”, promovido pelo PT do bairro praia de Ponta Negra, em Natal (RN).

    Apontando o “drama ficcional no tratamento da política”, exposto diariamente pela pela mídia, como “uma espécie de luta entre o bem e o mal”, o professor explica a luta pela hegemonia das forças políticas hoje no país e a importância de tornarmos explícitos os projetos em disputa por trás dos atores políticos.

    O PT dirige “uma coalizão que ganha as eleições mas que não consegue se tornar hegemônica na sociedade. A hegemonia na sociedade ainda é conservadora”, constata Emanuel. “Estamos há 10 anos em uma campanha sistemática da mídia de desmoralização política e ideologica do PT, (campanha) em aliança e dirigindo esse bloco conservador no Brasil”. Segundo ele, foram supreendentes as vitórias do PT em um fogo cruzado como este.

    João Emanuel também avalia o desgaste da legitimidade do PT nos últimos anos e aponta a importância da disputa da hegemonia na reversão desse quadro. “O espantoso é que o partido, em termos nacionais, não aponta nada nesta perspectiva”, critica.

    Crise 

    Ao analisar situação econômica e o esgotamento das políticas de aproveitamento da expansão do consumo a partir do mercado interno, João Emanuel avalia que ser preciso ir além. Pondera, porém, que para dar esse passo “à frente no sentido de avançar nas transformações” – por exemplo, enfrentar o rentismo – é preciso conquistar a hegemonia. Ele destaca, ainda, a importância do ajuste fiscal, mas considera um equívoco do governo jogar a conta do pacote para a classe trabalhadora. “(Isso) tem de ser distribuído para outros segmentos na sociedade”.

    Em sua fala, o professor da UFRN avalia o contexto internacional. Destacando a importância geopolítica que o Brasil assumiu com a descoberta do pré-sal e também nos blocos BRICS e MERCOSUL. Emanuel afirma não ser adepto de teoria de conspiração, mas diz não acreditar, também, “que os Estados Unidos, que tentam interferir no Iraque e na Líbia, esqueceram-se da América Latina”.

    Sobre o governo Dilma, Emanuel aponta como fundamentais a retomada da iniciativa política e de uma ação mais rápida, apresentando uma agenda política e com políticas concretas. Já sobre o PT, considera importante que o partido questione o governo, “sem cair na irresponsabilidade política”. Avalia, ainda, o grande papel dos movimentos sociais e de sua mobilização.

    Cliquem aqui e confiram a íntegra da fala do professor João Emanuel.

     

    http://www.zedirceu.com.br/a-hegemonia-na-sociedade-ainda-e-conservadora/

     

     

    1. 5 estrelinhas

      Já que não consegui clicar nas estrelinhas, venho aqui registrá-las.

       

      Por que será que a gente só pode dar estrelinhas para alguns comentários? 

  5. Qual hegemonia? A do inimigo!

    Por que Dilma quer privatizar a Caixa?  Para jogar nas tesourarias da mídia pró golpe  mais dinheiro da Caixa.

    Se a mesma- CEF – gastou em publicidade no ano de 2014, a bagatela de R$ 2.292.291.000, 00 um aumento em relação ao ano anterior de 36,9%. Quarta anunciante do país.

     

    O Banco do Brasil gastou no mesmo ano R$ 1.206.186.000,00, um acréscimo de 12,5% em relação a 2013. Nono anunciante do país.

    E a Petrobrás R$ 1.388.890.000,00 gastou em 2014. Sétima anunciante do país.

    Qual hegemonia este governo e o PT está construindo?  

    Depois não sabem por que este governo está perdendo apoio de quem votou nele.

    Está na hora deste governo e seu partido se cercar de pessoas alfabetizadas em comunicação social e mídia.

    Sugiro fazer uma visita ao bispo Edir Macedo para tomar uma aula de comunicação. Ou ler a biografia de Brizola.

    Ou ler O que fazer? de Vladimir Ulianov. Ou ler o que Antonio Gramsci escreveu. Ou falar com Cristina Fernandez Kirchner. Ou falar com o presidente equatoriano Rafael Correa. Ou aprender com o governo Bolivariano sobre a Telesur e sua política de Comunicação.

    Por que as carmelitas descalças do PT ninguém mais aguenta.

     

  6. A ESQUERDA VIRA LATA!

    POR QUE A DIREITA AVANÇA NAS RUAS, CONQUISTANDO MAIS SIMPATIA?

    Isso ocorre, por causa da “esquerda vira lata”!

    Nossas esquerdas são uma vergonha tão grande, que:

    NÃO EXIGEM A PEC 73/2005

    e

    NÃO PROMOVERAM PRIMEIRO O IMPEACHMENT DO ALCKMIN

    Enquanto não erguerem a cabeça, e tirarem o rabo do meio das pernas, continuarão na mesma situação.

    O que é o rabo no meio das pernas? É não ter compromisso e coerência, pra exigir a PEC 73/2005. Pois se tivessem, ganhariam a confiança e simpatia do eleitorado, mobilizando mais facilmente a população para causas como o impeachment do Alckmin, por demonstrar mais austeridade e determinação. Aliás o país só mudará, quando o povo pensar mais em sua pátria, e menos em seus políticos. Manifestações contra o Alckmin e o pacotão da Dilma sem enfrentar a corrupção são coisas que deveriam unir a esquerda e a direita, se pensassem mais no Brasil. Entretanto, a esquerda não tomou iniciativa alguma contra o Alckmin…

    O complexo de vira lata é interessante! Porque o vira lata anda com o rabo no meio das pernas, por saber que não vale nada. Ou seja, ele tem consciência de que é uma porcaria. E, no caso, não vale nada, porque tem um grande poder de difusão midiática nas mãos, dinheiro, e membros mobilizados; mas não apoia grandes avanços para o Brasil, conquistados há séculos nos países mais desenvolvidos, como a PEC 73/2005.

    O vira lata é medroso por natureza, por isso esse tipo de militância política tem medo do RECALL, porque acha que a opinião pública pode ser mobilizada contra si, como estão fazendo agora com a Dílma, que despencou em popularidade. Esse é o principal argumento deles, que não tem o menor fundamento. Se tivéssemos direito de convocar o RECALL da Dilma, e pegássemos assinaturas de apoio suficiente para isso; se ela não tem o rabo preso, como diz, teria espaço para se defender nas TVs, seria absolvida pelo povo, como foi em 2014, e ainda promoveria seu sucessor. Ou seja, o RECALL não apenas é uma ferramenta contra os corruptos, mas também uma proteção para os honestos. E quem não deve, não pode temer…

    Portanto, esse pode ser até o argumento alegado pelas esquerdas vira latas, mas não o verdadeiro motivo. O que está por trás da rejeição delas ao RECALL, é a sua podridão e fisiologismo. Basta ver o amontoado de políticos ditos de esquerda, que estão envolvidos na operação lava jato, ao lado dos políticos de direita. Ou seja, não querem o RECALL, porque sabem que o povo os cassaria mais certamente que a “justiça”.

    Essa é a esquerda vira lata! Esperamos que aos poucos, a própria direita tome vergonha na cara, e levante essa bandeira. Basta perceber, porque os países mais desenvolvidos fazem isso, e as vantagens que tem, em radicalizar o combate à corrupção e impunidade. Lá na frente, talvez a militância de esquerda e direita perceba que não são inimigas, que todos querem apenas um país melhor. Ou seja, não são os simpatizantes de esquerda que são inimigos dos de direita, A luta se dá entre a corrupção e o povo, esta sim é a verdadeira baltalha, onde os corruptos tentam nos manipular a todo custo…

    NEM ESQUERDA, NEM DIREITA, VAMOS EM FRENTE:

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2014/05/capitalismo-comunismo-ou-democracia.html


    Não seja puxa saco de políticos e ideologias ultrapassadas, como o marxismo e o neoliberalismo. peça o REFERENDO REVOCATÓRIO DE MANDATO – RECALL, para acabar com a corrupção:

    PEC 73/2005 JÁ 

    http://democraciadiretabrasileira.blogspot.com.br/2014/05/referendo-revocatorio-de-mandato.html 

    A DEMOCRACIA DIRETA não é uma luta partidária, trata-se apenas de um movimento por mais cidadania. Não é uma ideologia, equivale apenas à luta da sociedade pelo voto universal, na época em que mulheres e pobres não tinham direito de votar. Venham conosco, venham para as ruas, peçam MAIS DEMOCRACIA, nossas próximas agradecerão imensamente.

  7.  
     
    Nós temos de dizer

     

     

    Nós temos de dizer claramente que o julgamento do mensalão foi político. Eu vez eu disse num círculo familiar que eu não podia levar a sério um julgamento feito paralelamente às eleições de 2012. A condenação de Dirceu, Delúbio e Genoíno foi decretada três dias antes do primeiro turno. Portanto, quem quiser acreditar que isso foi uma simples coincidência, que acredite, mas não me peça a mim. Só isso já seria o suficente para desmoralizar o julgamento reality show, mas qual a credibilidade de ministros embasbacados pelos holofotes das celebridades, em que indícios, ilações tornam-se provas materiais, onde a presunção de inocência é trocada pela presunção de culpa? Que na ausência efetiva de provas tira-se da cartola (ou da manga dos ministros) uma teoria do domínio do fato (jurisprudência criada para julgar crimes de guerra, onde havia uma hierarquia do tipo militar). O próprio jurista alemão, principal teórico vivo dessa jurisprudência, ainda durante o julgamento, declarou que a teoria do domínio do fato não prescinde de prova material.

    Além de todas essas arbitrariedades, ainda tivemos o triste espetáculo midiático da prisão dos réus, em pleno feriado de 15 de Novembro. A perseguição política da parte de Joaquim Barbosa ficou tão escancarada que repentinamente o campeão da justiça virou um incômodo. O juiz virou promotor, polícia e por último, carcereiro. JB parecia o gato que brinca torturando o rato antes de comê-lo. 

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