Ação contra Aníbal obriga respostas à denúncia contra Renan Calheiros

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Aproximam-se de julgamentos os caciques do PMDB já denunciados pela Operação Lava Jato. Isso porque o ministro relator Edson Fachin decidiu manter Aníbal Gomes (PMDB-CE) réu de ação penal, nesta terça-feira (14). A medida abrirá para decisões do Supremo contra os políticos já denunciados, sobretudo Renan Calheiros (AL).
 
Isso porque, por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) seguiu o entendimento de Fachin de que a ação penal contra o deputado está clara e não apresenta nenhum impedimento para o investigar.
 
Por outro lado, o deputado federal pelo PMDB é acusado de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. No andamento da denúncia contra Aníbal, a atuação do peemedebista foi associada a supostos crimes cometidos por nada menos que o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros.
 
Logo que as denúncias foram enviadas à última instância pela Procuradoria-Geral da República, o GGN mostrou o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, que indicava: Aníbal trabalhou a mando de Renan Calheiros. 
 
Segundo Costa, Calheiros era quem dava a sustentação política para que ele continuasse como diretor da Petrobras. E o representante do senador peemedebista nas negociações de propinas junto a empreiteiras era Aníbal Gomes.
 
“O senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros. O Aníbal Gomes, sim”, havia contado Paulo Roberto Costa em depoimento. “O senhor negociava com ele também valores, propinas, comissionamento?”, perguntou o advogado da OAS presente na audiência. “Não. Não, com ele não. Mas ele tinha um representante lá, um deputado, Aníbal Gomes, que em algumas vezes negociou comigo isso”, disse o ex-diretor.
 
Hoje, na ação penal que agora tramita sem empecilhos no STF, Aníbal é acusado pela Procuradoria-Geral da República de um acordo de R$ 800 mil em repasses a Costa, para “facilitar” contratos entre a Petrobras e empresas de praticagem atuantes na Zona Portuária. Mas o ex-diretor narra que o montante ficou como dívida, não pago.
 
No depoimento prestado em fevereiro de 2015, Paulo Roberto Costa deixa claro: o deputado Aníbal Gomes “estava representado” o senador Renan Calheiros. “Ele [o deputado] falou que R$ 800 mil era para mim, o restante era para o grupo deles. Ele não me falou ‘Renan’, mas eu subentendi”, contou o ex-executivo.
 
O avanço da ação penal contra o ainda terceiro político réu da Lava Jato no STF deverá acelerar as denúncias que envolvem Renan Calheiros e a cúpula peemedebista acusada de comandar o esquema de corrupção na Petrobras. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Se esse deputado aqui pelo

    Se esse deputado aqui pelo Ceará é ou não culpado do que o acusam, só a Justiça e o tempo dirá. Agora certo mesmo é que compõe uma das oligarquias políticas  mais antigas aqui da terrinha(e quiçá do NE). A mesma matriz que gerou também os irmãos Gomes de Sobral(Ciro, Cid).

    Oligarquia com caracterização política-sociológica bem definida: patrimonialismo, coronelismo/mandonismo, patriarcalismo, eliminação(física) de inimigos políticos, empreguismo e outros “ismos” não lembrados 

    1. “A mesma matriz que gerou

      “A mesma matriz que gerou também os irmãos Gomes de Sobral(Ciro, Cid).”

       Caro JB, desculpe, mas essa coisa de “matriz” não diz muito, não.

      Me diz de qual matriz veio o Cristóvão Buarque. Me diz de qual matriz veio a Marta Suplicy.

      Posso estar enganado, mas admiro muito o Ciro e o Cid também. Ciro tem sido um bravo defensor de Lula e Dilma. Também não esqueço o discurso do Cid, que gerou sua saida do governo, denunciando a corja que tentava achacar a presidente Dilma no Congresso, entre eles o Cunha.

       

  2. Estamos sob a égide da

    Estamos sob a égide da justiça contorcionista, e frequentemente muda de cor ao sabor do freguês…

    Os golpistas escolheram não voltar, para eles não haverá meia volta…

    A ordem é seguir com o golpe…

    Triste fim do STF…

    O presidente do STF disse que qualquer mau feito a um juiz, é um mau feito a ele…

    Pois eu fico com o original, que foi Jesus Cristo, e assim cada um dos trabalhadores que voltarem a pobreza, que caírem na prostituição, no mundo do crime, se perder na ignorância – que seja debitado na conta dos golpistas feito uma pec 55…

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