Agenda Brasil começa com nova indenização para donos de terras indígenas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – A tramitação da Agenda Brasil – um pacote de projetos lançado por parlamentares liderados por Renan Calheiros, com o intuito de superar a pauta da crise política e econômica do governo Dilma Rousseff – avança no Senado com a aprovação de duas PECs (Propostas de Emendas à Constituição) até agora. Uma delas está relacionada às discussões do pacto federativo. A outra cria um novo tipo de indenização para proprietários de terras consideradas indígenas. Trata-se da PEC 71/2011.

De autoria do senador Paulo Bauer (PSDB-SC), a PEC foi aprovada na noite da última terça-feira (8), e determina que a União indenize as pessoas detentoras de títulos dominiais, em terras declaradas indígenas. Até então, o governo vinha indenizando donos de terras desse gênero que tivessem realizados benfeitorias na área. Agora, a simples posse da terra dá direito ao pagamento.

Quando o texto estava numa das comissões do Senado, movimento ligados à luta indígena pressionaram pela sua rejeição, alegando que o projeto terá o efeito de “alimentar uma indústria de indenizações, paralisar os processos de demarcação de terras indígenas e alongar, indefinidamente, a espera dos indígenas pela garantia de seu direito à terra – já que os proprietários teriam o direito de ficar na terra até receberem suas indenizações.”

Na comissão, a proposta era de indenizar apenas os detentores de títulos expedidos a partir de 2013. Porém, o plenário da Câmara aprovou que o pagamento a proprietários de títulos expedidos desde outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal.

Na visão dos senadores que defenderam a matéria, a PEC é o único meio de acabar com as brigas entre ruralistas e indígenas. “Entendemos que, passados mais de 25 anos da promulgação da Constituição, deu-se tempo mais que suficiente para a conclusão dessas demarcações, motivo pelo qual, após esse prazo, as terras com homologações pendentes devem ser indenizadas, qualquer que seja a época da expedição de seus títulos de domínio, desde de que tais títulos tenham sido regularmente expedidos pelo poder público”, argumentou Blairo Maggi (PR), segundo relatos da Agência Senado.

A PEC também estabelece medidas para coibir as pretensões de grileiros ou posseiros. Para reivindicar a indenização, o dono do título dominial terá não só de provar a concessão do documento pelo poder público, mas ter sofrido prejuízo com a declaração da terra ocupada como indígena. Outra exigência é que a posse atual seja justa (isto é, não tenha ocorrido de forma violenta, clandestina ou precária) e de boa-fé (o beneficiário do título, ou quem o tenha sucedido, deve provar desconhecer o vício ou obstáculo que impedia a aquisição da terra).

O senador Roberto Requião (PMDB) teve uma emenda acatada, que versa sobre a indenização aos donos das terras que forem consideradas áreas indígenas em dinheiro ou, se for de interesse do indenizado, por Título da Dívida Agrária (TDA).

Pacto federativo

Já a PEC 84/2015 foi a primeira do pacote previsto pela Agenda Brasil a ser aprovada no Senado, no final de agosto. Ela proíbe a União de criar despesas aos demais entes federados sem prever a transferência de recursos para o custeio. A matéria é uma reivindicação de estados e municípios que alegam não ter como arcar com alguns programas criados pela União. O texto, que foi relatado pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), está na Câmara dos Deputados.

Ambos os textos seguem para apreciação da Câmara.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Quem é quem nessa porra de país?

    Não culpo a oposição, não culpo os políticos profissionais desse país, culpo o povo que a meu ver não aprende nada sobre política, não ser quando algum político se oferece pra comprar seu voto, a culpa é do povo, então chora menos quem pode.

  2. Enquanto os índios continuam

    Enquanto os índios continuam na pior, os ladrões de suas terras são recompensados por isso, às custas do minguado dinheiro público.

  3. O partido responsável pela

    O partido responsável pela CF-88 a desconstrói completamente. Em 1988, a liderança do PMDB era Ulisses; em 2015 é Temer, Cunha e Renan. Mudaram os tempos e as pessoas. Resta saber os petistas que votaram a favor dessas pecs. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador