Ao contrário do que disse Alckmin, não houve aumento de 45% no salário dos professores

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Durante a maior greve dos professores da rede estadual de São Paulo, de abril a junho deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) usou dados para justificar porque não cedia ao reajuste do salário dos educadores. A edição desta segunda (06) da Folha de S. Paulo desmentiu o discurso do governador, que alardeava que os professores tinham recebido 45% de reajuste ao longo do seu mandato anterior.
 
“Na realidade, professores da ativa da rede estadual tiveram 12,3% de aumento no valor que recebem mensalmente, descontada inflação”, informou o jornal. Para conseguir tais informações, o jornal paulista teve que recorrer à Lei de Acesso à Informação, obrigando o governo tucano a repassar os dados originais.
 
Desde abril, quando a greve teve início, a Folha começou a cobrar a Secretaria de Educação, que apenas enviou as informações após o fim da paralisação, que durou 89 dias e atingiu parcialmente a rede até o mês passado.
 
De 2011 a 2014, dos 45% de “aumento salarial” divulgado por Alckmin, denunciando que os professores não tinham motivo para a greve, 11,2% referia-se à incorporação de gratificações que os professores da ativa já recebiam, ou seja, horas extras; 21,5% foi a inflação no período, segundo o IPC-Fipe, e apenas 12,3% foi o aumento real que os professores ativos tiveram no salário que recebem mensalmente. 
 
O ganho real ainda cai para 5,3%, considerando nas contas a inflação dos cinco primeiros meses deste ano. Ainda segundo os cálculos da Folha, R$ 2.725 é a média salarial dos professores do Estado de São Paulo, considerando todas as jornadas.
 
Durante a greve dos professores, a Apeoesp (sindicato dos docentes) apontava que os 45% falados pelo governador não eram aumentos reais. O reajuste “já concedido” foi um dos principais embates entre o sindicato e o governo.
 
Procurado pelo jornal, o Palácio dos Bandeirantes repassou a responsabilidade dos dados para a Secretaria de Educação. Em nota, ainda responderam que era “inacreditável que a reportagem da Folha conclua, sabe-se lá como, que a incorporação de gratificações historicamente pleiteada pela categoria não beneficie diretamente profissionais da ativa”.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. A questão central é: por que

    A questão central é: por que o jornal não pressionou o governo paulista a divulgar a informação, antes do fim da greve dos professores? Como diz o Paulo Nogueira, do DCM, parafraseando Wellington: “quem acredita nos jornais brasileiros e no que dizem os tucanos acredita em tudo”.

    1. Pela mesma razão que estão

      Pela mesma razão que estão dizendo que o aumento do Judiciário é 78%, sem separar juiz de servidor, sem dizer que a carreira dos 78% não existe mais, sem mencionar que a última negociação para reposição foi em 2006.

      A manada é fácil de manobrar.

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