Apenas o DNA de Nisman foi encontrado em arma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Os únicos vestígios de DNA encontrados na arma que matou Nisman, na Argentina, foram dele mesmo. O resultado da investigação foi divulgado pelo promotora Viviana Fein, que está analisando o caso.
 
Do Estado de S. Paulo
 
DNA achado em arma era só de Nisman
 
Por Ariel Palacios, correspondentes, Buenos Aires
 
Investigação da Justiça argentina não encontra outros rastros em revólver ligado à morte
 
A promotora Viviana Fein, que investiga a morte do promotor federal Alberto Nisman, no dia 18, com uma bala na cabeça, anunciou ontem que os únicos vestígios de DNA encontrados na arma calibre 22 eram do próprio Nisman.
 
Desta forma, os peritos não encontraram nem mesmo rastros genéticos do dono da arma, o técnico em informática Diego Lagomarsino, que emprestou a arma ao promotor na véspera de sua morte. A promotora também confirmou que as escadas do edifício onde Nisman morava, no bairro de Puerto Madero, não têm câmeras de segurança. Além disso, as câmeras do elevador de serviço não estavam funcionando no fim de semana da morte de Nisman.
 
Dias antes da morte, Nisman havia denunciado a presidente Cristina Kirchner por ter ordenado em 2012 um suposto acobertamento de um grupo de altas autoridades iranianas que teriam realizado em 1994 o atentado contra a Associação Mutual Israelita­Argentina (Amia).
 
Na semana passada, a promotora Fein declarou que não existiam sinais de pólvora na mão direita de Nisman, embora essa mão ­ na hipótese de suicídio ­ tivesse supostamente sido usada para disparar a arma.
 
Enquanto isso, o governo da presidente Cristina Kirchner aponta Lagomarsino como o principal suspeito da misteriosa morte do promotor federal. No início da semana a presidente Cristina Kirchner, em rede nacional de TV, insinuou que Lagomarsino e Nisman eram “amigos íntimos”. Além disso, Cristina, tentou enquadrar o técnico como um “opositor”, citando tuítes que Lagomarsino havia postado em sua conta pessoal de Twitter de maio de 2013, ofendendo a presidente argentina. 
 
A presidente também afirmou que o irmão dele era um “alto executivo” de uma empresa associada ao Grupo Clarín, holding multimídia que considera seu “inimigo número 1”. No entanto, o irmão de Lagomarsino não era um alto executivo, mas um freelancer da empresa que nunca teve vínculos de sociedade com o Clarín.
 
O secretário­geral da presidência, Aníbal Fernández, também criticou Lagomarsino. “Esse moço começa a nos preocupar, pois fazia serviços de inteligência nas marchas de Cromañón”, em referência aos protestos feitos desde 2004 pelos parentes das vítimas de um incêndio em uma discoteca em Buenos Aires, que eram seguidos de perto pelos serviços de inteligência durante o governo do então presidente Néstor Kirchner (2003­2007).
 
Cristina, que na segunda­feira anunciou um projeto de lei para dissolver a Secretaria de Inteligência (SI) para substituí­la por uma estrutura totalmente nova, a Agência Federal de Inteligência (AFI), assinou um decreto que aumenta os salários dos espiões a partir de amanhã.
 
Os 2 mil agentes de inteligência orgânicos da SI serão transferidos para a AFI. Mas a nova agência ficará sem as prerrogativas atuais para os grampos telefônicos, que passaria para a Procuradoria­Geral da República, comandada por Alejandra Gils Carbó, declarada militante kirchnerista. Cristina, em discurso de uma hora de duração ontem na Casa Rosada, o palácio presidencial, não fez referências diretas ao caso Nisman. 
 
No entanto, fez alusões às investigações da Justiça argentina sobre a participação de iranianos no atentado contra a Amia: “Não vamos trazer para cá o drama de outras regiões, remotas, deste planeta, onde existem pessoas que jogam bombas umas nas outras, além de Cristina rebateu as críticas feitas pela Associação de Magistrados sobre seus comentários sobre o caso Nismam, entre os quais o de indicar Lagomarsino como suspeito, que foram considerados uma “interferência” na Justiça: “Ninguém pode dizer à presidente que não fale. Eu vou continuar falando!” Cristina, sem explicitar o contexto, também afirmou que está “avariada ­ como em uma batalha naval ­, mas jamais afundada.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. CLÓVIS ROSSI
    Memórias da

    CLÓVIS ROSSI

    Memórias da máfia argentina

    Governos democráticos não puderam ou não quiseram desmontar a máquina de matar criada pela ditadura

    Impressiona, mas não surpreende, a quantidade de vezes em que a palavra “máfia” ou derivados aparece no noticiário argentino, desde a morte do promotor Alberto Nisman.

    Mais ainda desde que o jornalista que primeiro tuitou o caso, Damián Patcher, refugiou-se em Israel, com medo de também ser morto.

    Faz tempo que se sabe o comportamento mafioso de parte dos serviços de inteligência do Estado, em especial a antiga Side (Secretaria de Inteligência do Estado), rebatizada para SI (Secretaria de Inteligência) e que, só agora, Cristina Kirchner promete fechar, para abrir uma nova agência.

    Já em 2004, Gustavo Béliz, então ministro da Justiça (governo Néstor Kirchner), dizia que a Side era “um Estado paralelo, uma polícia secreta sem nenhum controle”.

    Apontava o capo do esquema. É o mesmo António Stiusso, vulgo “Jaime”, que agora aparece no noticiário como o responsável pelas informações que o promotor Nisman usou para acusar a presidente de pretender desvincular os funcionários iranianos suspeitos de preparar o atentado na sede de uma entidade judaica, a Amia.

    “É um senhor que todo mundo teme” e que “participou de todos os governos”. Todos são, portanto, coniventes com o estilo mafioso dos serviços de inteligência (a antiga Side é apenas um deles).

    Mas a origem dessa máfia está na ditadura do período 1976/83. A partir do instante em que a cúpula militar liberou geral para que a “tigrada” –como são chamados os operativos– matasse e roubasse em nome da defesa do regime, abriu as portas que eles o fizessem também em benefício próprio.

    Eu tenho, talvez, as melhores condições de entender tanto o medo que levou o jornalista Patcher a fugir como o ambiente em que morreu Nisman. Quando era correspondente da Folha em Buenos Aires (1981/83), fui vítima de várias operações de intimidação, inclusive, como Patcher, seguido na rua. Dá mesmo vontade de fugir. Para me tirar do sufoco, a Folha antecipou uma viagem à América Central, já programada, e eu acabei de fato saindo temporariamente do país.

    Aí veio a Guerra das Malvinas, e os serviços de inteligência tiveram mais com que se preocupar.

    Invasão de residência? Foram duas e uma terceira tentativa, esta frustrada. Como sei que foram os serviços repressivos? Porque levaram notas de US$ 100 e US$ 50, que estavam numa gaveta, e deixaram as de US$ 20 e US$ 10, na mesma gaveta. Alguém conhece ladrão comum que aja dessa forma?

    Na terceira e frustrada tentativa, chamamos a polícia. Minha mulher apontou onde o rapaz que tentava abrir o trinquinho de segurança do apartamento apoiara a mão, sugerindo que tirassem impressões digitais. O policial disse que madeira, como a do batente, não deixa impressão digital. Então, tá.

    Nas duas bem sucedidas tentativas, não deixaram o menor rastro de arrombamento, tal como ocorreu no apartamento de Nisman.

    É saudável, pois, que Cristina Kirchner queira mudar o jogo, mas duvido que o consiga. O esquema é disseminado demais, e ela conviveu com ele tempo demais.

  2. Como o único DNA era o dele,

    Como o único DNA era o dele, mas ele não tinha vestígio de pólvora nas mãos, eu acho que ele bateu o revórvi na cabeça até morrer!!!

  3. Acho que foi suicidio mesmo.

    Acho que foi suicidio mesmo. UYm se suicidou, o outro, o jornalista fugiu para não deixar rastros. Eles são assim mesmo.

  4. Acho que foi suicidio mesmo.

    Acho que foi suicidio mesmo. UYm se suicidou, o outro, o jornalista fugiu para não deixar rastros. Eles são assim mesmo.

    1. É exatamente assim

      Que um matador iria querer que as pessoas pensassem – “não foi crime, e sim suicídio”. O .22 é uma arma com baixo nível de ruído, que pode ser abafado com uma almofada ou travesseiro, e um  poder de perfuração surpreendente pra um calibre tão pequeno. Por essas características era o calibre preferido do Mossad. Um matador sabe disso, um leigo não…

  5. Grandes  coisas  so se

    Grandes  coisas  so se encontrar o DNA  da  criatura,  Ora  todos nós  sabemos que   o  crime   tem que  ser perfeito  para  nao  levantar duvidas. e como  fazer  um  assassinato  parecer  um suicidio.  Bem sabemos  que  Nisman  esteve  la  pelos  EUA   onde  ele disse nao esperar retornar tao cedo.  sinal que  ele nem sabia   para onde  ia  o que ia  fazer  e quantro tempo  iria  levar.  nesse  periodo usou  escova  de dentes  que  geralmente sao  deixadas  no hotel   onde  ficou ou  poderia  ate  ter sido  roubada.  comol tambem ele  usou  varios  objetos  e onde  seu  DNA  tambem ficou, mais  o mais provavel  seria  a escova de dentes  ondde fica  sempre  muito  DNA.  simples.  Recolheram o material   e  puseram na  arma  do  homem. 

    Todos  mundo  sabe que  esse  promotor nao tinha  motivos  para se matar.  que  iria   a  camara  fazer  uma  denuncia, e que  muita  gente  da direita  queria   incriminar  a presidente  Cristina. inclusive  aproveitaram para  meter o IRÂ  NO MEIO da sujeira.  como é de  praxe  da espionagem americana.  Tuido que  acontecer  eles  farao  de tudo para incriminar  o IRA,  A  SIRIA   e outros  países que  eles tem  interesse em derrubar.  

    Tambem  é muito estranho   pois  ja  se  sabe que   a arma  pertencia  uma  pessoa  ligada ao  Clarin (rede globo)  que la  se  chama  Clarin.  e  nessa  arma  nao existe  o  DNA  do dono? ai tem coisa. 

  6. Estou em Buenos Aires desde

    Estou em Buenos Aires desde 26/01 e venho acompanhando o caso Nisman, mesmo porque a imprensa argentina, além de tendenciosa, é monotemática e o caso da moda, atualmente, é esse. Acompanhei, inclusive, uma coletiva de Lagomarsino, cujas declarações vou usar neste comentário.

    Antes de mais nada, me espanta que seja publicado, sem maiores comentários, um texto de Ariel Palacios, da Globo. Ambos, indivíduo e empresa, são altamente tendenciosos. Tanto isso é verdade que o tuíte postado por Lagomarsino, mencionado por Ariel, e altamente ofensivo a Cristina Kirchner (“andate a la reconcha de tu putísima madre”) foi confirmado, hoje, por La Nación, que também é de oposição.

    Se esse caso tivesse acontecido num país de justiça e, principalmente, imprensa sérias (portanto não é o caso da América Latina, em geral) Lagomarsino seria, unanimente, considerado o principal suspeito e já teria sido submetido a interrogatório e, possivelmente, indiciado, devido aos seguintes fatores, todos amplamente noticiados pela própria imprensa opositora:

    1 – Lagomarsino foi a última pessoa a estar com Nisman, como ele mesmo admite e os registros do condomínio fechado onde Nisman morava indicam. Ele esteve com Nisman às 16 e às 20 horas do sábado 18/01/2015 e, posteriormente, nem os registros, nem os guarda costas do procurador indicam qualquer outra visita externa ao condomínio.

    2 – A arma usada na morte era de Lagomarsino, como ele admitiu e foi comprovado pela perícia. Segundo afirmou na coletiva, Nisman, que dispunha de 2 armas próprias, pediu-a emprestado na primeira ida de Lagomarsino a sua casa e recebeu-a na segunda. Ainda segundo Lagomarsino, a arma não seria capaz de disparar, pois não era usada há muito tempo. Mas disparou!

    3 – Lagomarsino também admitiu ter manuseado a arma e instruído Nisman como usa-la, mas só havia DNA de nisman na mesma.

    4 – Nisman não tinha resíduos de pólvora nas mãos, que comprovariam, junto com o DNA, o disparo de suicídio. Lagomarsino não foi submetido a qualquer tipo de perícia forense.

    5 – Na segunda ida ao apartamento de Nisman, Lagomarsino saiu pela porta da frente, que foi encontrada fechada; aliás o acesso pelo elevador social ao andar depende da digitação de código na saída do elevador. Já a porta dos fundos foi encontrada fechada, com a chave por dentro, o que impedia a abertura da mesma por fora; para abri-la, foi necessário empurrar e chave, pela fechadura para dentro do apartamento.

    Inicialmente, a Presidenta Cristina Kirchner manifestou suspeitar de suicídio e foi ridicularizada pela imprensa. Depois que foi descoberta a presença de Lagomarsino na cena do crime a Presidenta apresentou suas suspeitas quanto a esse indivíduo, em rede nacional. À medida que mais indícios foram sendo revelados, a imprensa, pouco a pouco, foi passando a “gostar” da hipótese de suicídio.

    A imprensa aceita tudo que diz Lagomarsino, sem qualquer questionamento, demonstrando a cumplicidade entre ambos.

    Concluindo, como dizia Brizola: “se tem rabo de jacaré, barriga de jacaré e focinho de jacaré, deve ser jacaré”.

  7. Madame Larguetta, cartomante

    Madame Larguetta, cartomante reacionária aqui do bairro, afirma que Dilma é culpada pela morte de Nisman. As demais teorias sobre o caso são obras do PT. E não se fala mais nisso. 

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