Como a Odebrecht ajudou Serra a enviar misteriosos R$ 7 milhões ao exterior

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Empresa recolheu o dinheiro em espécie com Paulo Preto e usou conta no exterior indicada por dono da Brasif, um amigo de Serra
 
 
Jornal GGN – A delação de Benedicto Junior, que tinha acesso ao chamado departamento de propinas da Odebrecht, revelou mais detalhes sobre como pessoas próximas a José Serra pediram ajuda ao grupo, então controlado por Marcelo Odebrecht, para remeter misteriosos 7 milhões de reais ao exterior.
 
BJ contou à Lava Jato que, em 2011, foi procurado por Paulo Preto, já ex-diretor da Dersa (ele foi exonerado quando José Serra deixou o governo paulista para disputar o Palácio do Planalto), que queria ajuda para remeter ao exterior os R$ 7 milhões.
 
Paulo Preto informou que a Odebrecht seria procurada por Jonas Barcellos, dono do grupo Brasif (o mesmo que ajudou FHC a custear a permanência de Mirian Dutra no exterior, disse a jornalista). O empresário, “dono de free shops em aeroportos, indicaria uma conta” à Odebrecht, para onde o dinheiro deveria ser enviado.
 
A amizade entre Serra e Barcellos foi objeto de nota assinada pelo jornalista Lu Lacerda em 2012, que reportou uma visita do tucano à loja de calcinhas da mulher de Barcellos.
 
Em 2016, o GGN também lembrou que “todas as lojas da Brasif [em aeroportos] eram concessões obtidas nos anos anteriores na Infraero – foram concessões públicas entregues de graça à empresa. E concessões únicas junto à Secretaria da Receita federal.” Praticamente, não houve concorrência à Brasif, que lucrava vendendo produtos importados sem impostos e na locação de espaços para lojas, também em áreas isentas de tributação.
 
Segundo BJ, a Odebrecht não sabe da origem dos R$ 7 milhões que estavam em posse de Paulo Preto. O ex-diretor da Dersa havia dito ao delator que mantinha o montante em casa, “em espécie”. BJ disse que achava que era verba “ilícita”.
 
O delator ainda afirmou que o setor de Operações Estruturadas da Odebrecht cuidou do assunto. Ou seja, pegou os R$ 7 milhões de Paulo Preto e o devolveu em pagamento no exterior. Porém, ele não pôde dar garantia de que o dinheiro foi enviado para fora. Presume que sim, porque nem Paulo Preto nem Barcellos voltaram a procurá-lo.
 
BJ ainda disse que era importante manter contato com Barcellos porque a Odebrecht estava interessada na privatização de aeroportos.
 
AS PROPINAS DO GOVERNO SERRA
 
Além disso, revelou que enquanto Serra era governador de São Paulo, a Odebrecht recebeu pedidos de pagamento de propina pelas obras do Rodoanel e de caixa 2 para a campanha de Gilberto Kassab ao Paço paulistano, em 2008.
 
Nos anos de 2006 e 2007, houve pagamentos de propina em função das obras da linha 2 do Metrô e de projetos da Dersa. 
 
Outro delator, Luiz Eduardo da Rocha Soares, disse à Lava Jato que em 2011 foi procurado por um “operador do PSDB” (o lobista José Amaro Pinto Ramos) para ajudar a justificar ao Ministério Público da Suíça os pagamentos feitos pela empreiteira à empresa do operador, a Circle Technical Company Inc, em Los Angeles.
 
O delator disse que Serra foi o “beneficiário final” de 753 mil euros da Odebrecht em 2006, pelas obras do Metrô. Em 2007, houve pagamento de mais 853 milhões de euros pelas obras do Rodoanel à mesma empresa nos EUA. O delator não informou se Serra também era o destinatário final desses recursos.
 
Na planilha da Odebrecht, Serra era o “vizinho”, por morar perto do ex-presidente do grupo, Pedro Novis.
 
O “Vizinho” também teria recebido, em 2009, mais R$ 6,2 milhões da Odebrecht, pagos através da Offshore HTW Energy, por obras da Dersa na rodovia Governador Carvalho Pinto.
 
O delator ainda corroborou as informações de BJ sobre o pedido de Paulo Preto para remeter dinheiro ao exterior. Mas ao invés de R$ 7 milhões, segundo a delação de BJ, Luiz Eduardo da Rocha Soares fala em R$ 4 milhões.
 
Com informações do Valor
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. MAS .. MAS .. SÓ QUE … HUM

    Serra é Senador ,, tem fôro privilegiado. Tem mandato até 2022. Quem bota a mão nesse cara? Tem hoje 75 anos. Sabe quando veremos esse relevante tucano na Cadeia? NUNCA! 

  2. Gostaria de ver um jornalismo imparcial, não tendencioso. Engraçado que postam as propinas criminosas ao PSDB e travestem as propinas pagas ao PT de lobby, palestras legítimas etc. 

    1. Quer ver jornalismo imparcial?

      Assista ao Jornal Nacional e assemelhados.
      Lá eles são imparciais.
      Ora batem em Lula, ora em Dilma.
      E quando a imparcialidade deles parecer manjada, aí eles batem no PT.

  3. Por um bom tempo (creio,

    Por um bom tempo (creio, 2008/2013) a Brasif era um dos principais anunciantes das inserções de comentaristas políticos da Rádio CBN (se não me engano, merdal, Míriam ou sardenberg) .

    Seria interessante se algum comentarista tiver paciência em pesquisar e trazer o áudio aqui para o blog .

    Eu sempre achei muito estranho uma empresa que administra lojas em aeroportos anunciar em emissora de rádio .

    Qual seria o retorno para essa empresa ao fazer anúncios ?  Ela tinha concorrentes ?

  4. como….

    Ou seja o “Dossiê Cayman” era verdadeiro. Mas a PF no bolso do Tucanato nunca quis investigar. Ou seja, levamos mais de 40 anos, para comprovar que BANDIDOS fizeram carreira política acusando Paulo Maluf. Usando suas indicações políticas no Poder Judiciário e nas Forças Policiais e do Ministério Público, para encontrar o que nunca foi encontrado nem denunciado por empreiteiro algum. Mas bastou poucos anos e um único mandato para que todas estas forças tivessem que acusar a quem tndicou a elas mesmas. Tamanha era a bandidagem. Nada como um dia após o outro. 40 anos de ladrões e farsantes. Como acreditar em bandidos?  

  5. Não entendi

    Ué, “setor de Operações Estruturadas da Odebrecht”?

    Não era apenas firmas como “Globo” ou acusadores como Sérgio Moro que tentavam fazer colar a história de que a construtora tinha esse departamento? Só porque é cúmplice de Serra nesse crime de evasão de divisas a Odebrecht passa a ser demonizada aqui, no GGN, também?

  6. o natural dos tucanos é que todos sejam esquecidos…

    mas, para entender, basta folhear qualquer investigação decente……………………….

    e, ao folhear, rir à beça ao concluir que a única salvação para lava jato será mandar prender preventivamente Serra e Aécio

  7. Com tudo que se revela,

    Com tudo que se revela, descortina-se que esse senhor está longe de ser senil e despreparo político, como defendido por LN. 

    Desta forma, a história da necessidade de se esconder por trás da figura do fhc, munúsculo mesmo, pois mediocre, é um engodo e, sendo assim, ou o ex-presidente é cúmplice, ou não merece o título de príncipe.

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