Crédito e financiamentos para o agronegócio

Jornal GGN – O câmbio atual é positivo para o agronegócio. Com o dólar em alta, o produtor ganha mais na exportação. O problema é que alguns insumos essenciais, como fertilizantes e defensivos agrícolas, também são cotados em dólar. Isso gera um momento de custo, que aumenta a necessidade de capital de giro e acesso a linhas de crédito para viabilizar economicamente a safra.

O assunto foi tema de discussão no 63º Fórum de Debates Brasilianas.org.

De acordo com José Carlos O’Farrill, diretor da Agropecuária Pessina e sócio da MB Agro Consultoria, a desvalorização do Real garante a retomada da rentabilidade para os agricultores. “Mas antes de ter essa safra, eles têm que plantar. Nós estimamos um aumento de custos de 15%, que cria uma necessidade maior de capital, em um momento que há maior restrição para financiamentos”, disse.

O principal alvo da crítica de O’Farrill foi o Plano Agrícola e Pecuário. “O governo diz que aumentou em 20% o crédito. Mas esse aumento foi nos juros livres. Porque o governo não tinha dinheiro para acompanhar a necessidade de capital do produtor. E o aumento nas taxas de juros levou a aumento nos juros subsidiados também”.

Além disso, os bancos estão mais seletivos na emissão de capital o que, segundo o executivo do agronegócio, está levando os produtores a fazerem vendas casadas, trocando insumos por produção futura. “É o que a gente chama de operação Barter. É comum. O problema são os juros embutidos. Existe um desconto no preço, que na prática é o repasse de juros de preço de capital”, explicou.

O’Farrill é um dos especialistas que acredita que o benefício da desvalorização do real depende do nível de endividamento dos produtores. “As empresas que estão em piores condições respondem por cerca de 20% da produção. Muitas empresas estão entrando em recuperação judicial. Mas dependendo no nível de endividamento, mesmo isso não vai resolver”.

De acordo com ele, investidores internacionais têm demonstrado interesse em adquirir essas empresas. “O problema é que às vezes a dívida é maior do que o valor da empresa. O produtor não quer vender porque ele vai sair sem nada, o ainda vai sair devendo”.

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Do outro lado, Finep aumenta crédito para inovação

Também presente no Fórum Brasilianas, Luis Felipe Maciel de Souza, gerente do Departamento de Agronegócios e Alimentos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), demonstrou uma evolução nas contratações de operações de crédito no agronegócio.

Em 2011 foram R$ 207 milhões. Em 2012 R$ 279. Em 2013 houve um salto para R$ 469 milhões. E em 2014 as operações ultrapassaram R$ 1 bilhão.

“O critério é que sejam projetos pioneiros, inovadores, que levem adiante a fronteira tecnológica do setor”, explicou Maciel de Souza.

A Finep oferece financiamentos reembolsáveis e subvenção econômica. E financiamentos não reembolsáveis para Institutos de Ciência e Tecnologia.

Financiamentos reembolsáveis (direto e descentralizado); Financiamentos não-reembolsáveis para ICTs; Subvenção econômica (direto e descentralizado).

No início do edital do Inova Agro, a Financiadora pré-aprovou 351 cartas de manifestação de interesse, com uma demanda inicial de R$ 4,9 bilhões. No final aprovou 49 planos de negócio, a um valor total de R$ 2,1 bilhões.

Com seu Fundo Tecnológico (Funtec), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também ajuda a compor a oferta de crédito para o setor agrícola.

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Redação

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