Dos Black Bloc aos Big Brothers: formação política por contágio

O Grito da Liberdade começou com uma ala de Black Block de braços dados e em silêncio e acabava com uma ala muito maior de Policiais no final. Entre esses dois extremos um mar de gente, movimentos, desejos. 
 
Emocionante calar a Av. Rio Branco inteira com 2 mil pessoas atravessando em silêncio a avenida ao som compassado e solene das batidas de tambores, só cortado pelos nomes lembrados de presos nas manifs, ativistas e sonhadores de todos os tempos.
 
O Grito, como todas as manifestações tem sido, foi um ato de formação política, que teve que superar a autofagia (antropofagia dos fracos que comem e detonam o parceiro mais próximo) para  tomar as ruas de forma linda e potente , recuperando o sentido estético e das diferentes linguagens nas manifestações políticas. 
 
O que prova  essa manif? Que é inútil e simplista dividir os manifestantes entre “vândalos”, “mascarados”  e os manifestantes pacíficos. Se gritam é uma dor que dói. Ou uma intensa alegria. Estamos todos juntos!
 
É impressionante ver como os garotos da periferia do Rio estão se apropriando e emponderando da linguagem politica e estética das manifestações e vice-versa. Porque ali, de máscara ou cara lavada, com táticas lúdicas (performance, fantasias, carnaval politico) ou violência real e simbólica o que está sendo viralizado e se propaga por contagio e intensos debates é um desejo de transformação. Uma escola de ativismo em fluxo, processo político.
 
Os Black Blocks, mas não só eles, todos os que sofrem o poder no corpo (jovens negros das favelas,  população de rua e agora ativistas e midialivristas) colocam de forma muito explicita uma questão decisiva para todos nós: o monopólio da violência pelo Estado. E toda a pauta politica que isso implica: do fim das mortes nas favelas até a total desmilitarização da policia e a neutralização do poder de morte do Estado. Biopoder, poder sobre a vida, escancarado e colocado em xeque. 
 
Ao mesmo tempo está tomando corpo uma guerrilha popular de combate aos poderes nas ruas. Não se trata aqui de ficar com medo ou condenar. Mas de observar eentender, antes de tudo.
 
E se os garotos do tráfico estão chegando junto das manifestações e se misturando nelas não se trata de expulsa-los ou denuncia-los, mas trazer para o lado de cá! Ou teremos fracassado não como manifestantes, mas como sociedade!
 
Entre os Black Blocks  e os Big Brothers (policia, mídia, todos os poderes) cabe um mundo de desejos, táticas, articulações em nome de um Comum. 
 
Fica menor (mesmo que necessário e parte do processo) o debate mal colocado contra os atores e atrizes “da” Globo que apoiaram o Ato, se posicionando como sujeitos políticos nessa disputa. É possivel e preciso politizar tudo, em diferentes níveis e esferas, inclusive a escolha dos aliados, nem sempre óbvia. Quem quiser apostar nos dualismo, no purismo, no moralismo, já perdeu! . 
 
O final do ato na Lapa _depois de uma manifestação com percussão, música, funk,  Pink Bloc, Black Bloc, socorristas, advogados que estão nas ruas, garotos recém saídos das prisões arbitrárias, movimentos de periferia, silêncios, gritos de retomada  dos territórios urbanas _  ainda vimos a aparição do Batman forte e do Batman pobre nos Arcos da Lapa  junto com uma faixa pedindo a liberdade dos presos nas manifs. 
 
As manifestações brasileiras estão reinventando os super-heróis! Vindos das ruas e/ou dos quadrinhos. Batman “rico” e pobre, homem-aranha, um bandeirante, Saci Pererê…
 
A Lapa virou uma praia noturna, onde ficaram todos pelo simples prazer de estar juntos. O  fato destoante era o helicóptero da policia rondando do alto como num game em que se procura um alvo no chão, ameaçadoramente. Nós somos o alvo de um poder que foi por nós constituido? Nós, poder constituinte (Antonio Negri), a nós nos cabe romper com esse estado de coisas.
 
Em um momento de tensão se descobriu um P2 no meio da dispersão. O que poderia virar um ataque ou linchamento no corre-corre foi desarmado e contido pelos próprios manifestantes e pelos Black Blocs, tornados força de paz.
 
Ao final, os “quinhentos” (eram muitos!) policiais também fizeram a sua rodinha de convivência e bate-papo, tão a vontade  que ficaram de costas para a aglomeração na praça tomada da Lapa.
 
O que prova esse Grito no meio de uma escalada de repressão e ódio?
 
Que podemos recomeçar tudo de novo e reinventar as manifestações e a cidade do Rio de Janeiro, todo dia. 
 
 
 
 
 
Redação

16 Comentários

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  1. A estética do nada!

    Titia hoje ‘tá sem paciência…

    O mais completo e perfeito tratado de esteticização da violência como arma(sentido real e figurado) de expressão política!

    Como o mercado acabou por virar fim em si mesmo, resignnificando as relações sociais ao redor, a Ivana nos propõe a violência pela violência, como resignificação das relações políticas…

    Na pretensão de legitimar vândalos, ela diz que é besteira classificar violentos e não-violentos, mas contranbandeia aí outra classificação que, não á toa, só lhe favorece: quem critica os vândalos age pelo Estado opressor e em nome das injustiças cometidas pela polícia…Mais ou menos como o partido do MP fez com a PEC 37, ao tachar sua posição (política e partidária) de “contra a impunidade”…Bem, a ação do Roberto de Grandis no caso Alstom é um sólido exemplo de “impunidade qualificada”…

    Ivana Bentes imprime um tom de crítica de cinema, ao evento.

    Fica a dúvidas: e se alguns reivindicassem, embevecidos a seu gosto, a perfeição e simetria das marchas dos camisas pretas de Mussolini sobre Roma e dissesse: processo de formação política e aprendizado…?

    Ué, mas por que não, só porque a orientação não nos satisfaz? Pois é…

    Se somos capazes de estilizar “poeticamente” a violência blackbloc, por que deixar de fora o espetáculo neonazi? Não teríamos mais e mais possibilidades estéticas e de aprendizado político?

    Ou só se aprende nas instâncias as quais somos ideologicamente simpáticos?

    Na tentativa ego-fágica de assimilar todas as emoções que viveu (sinceras, porém equivocadas), Ivana Bentes engole globais como necessários a “polítização de tudo”, desprezando as contradições da espetacularização e manipulação escrota dais quais são instrumentos e porta-vozes, junta com meninos das favelas (que não conseguiriam outra forma de se expressarem junto a Ivana Bentes, senão pelo rito da violência, instância que já dominam até com muito mais experiência), big brothers, etc.

    Então, como somos incapazes de dialogar nossos anseios (globais, policiais, meninos das favelas, batmans, e outros) e até nossa repusla a opressão, juntamo-nos todos sob o estouro da manada, onde afinal, todos seremos iguais…

    Uma absolutização de tudo, o fim dos limites de demarcações dos campos políticos (partidos?), a totalização e redução dos processos representativos, da expressão de maiorias, pelo delírio de vanguardas, que agora além de portadores exclusivos da “verdade e moral revolucionária”, ainda detêm o monopólio da estética da violência pela violência…

    Titia não esperava estar viva para ler um troço destes…peraí, será que estou viva mesmo?

  2. “Se gritam, é uma dor que

    “Se gritam, é uma dor que dói” 🙂

    É uma justificativa para muita coisa.

    E os que não gritam pq dói demais? Se não gritam é pq dói demais.

    E os que não têm grito pq não têm forças? Não gritam pq dói demais.

    E os que matam por não terem grito? Matam pq dói demais.

    E os que sentem dor demais pq não gritam? Não gritam pq dói demais.

    E a inflação, que é uma dor que dói? Dói pq dói no bolso demais.

     

    AH, qualé, a Ivana é uma excelente jornalista, mas está projetando os valores dela onde não há valor nenhum (digo, se é contra “tudo que está aí”, é contra NADA QUE ESTÁ AÍ!)

     

    São as manifestações RORSCHACH, cada um vê o que quer nelas!

  3. É um caso para o Wilson

    Além da analise certeira da tia Profana, aguardo a do Wilson Ferreira. Nada melhor do que um crítico de cinema para desconstruir uma crítica de cinema travestida de análise sociológica.

    Isso é uma bomba semiótica em nossas cabeças! E os estilhaços que mais doeram foram os seguintes. “Questionar o monopólio da violencia pelo estado”. Como? Vamos democratizar a violencia? É isso? Os traficantes e milicianos não poderiam concordar mais.

    Outra, “os meninos do tráfico que venham aderir a festa de democratização da democracia (se ela não usou esse termo, deveria)”. Certo, e quem ela acha que mandou eles lá? E com que propósito? “Democratizar a democacia”? A Ivana vai chamar o Celsinho da Vila Vitem para um debate na escola de comunicação da UFRJ?

    Mas na verdade eu tenho dificuldade de entender a razão de ser do protesto em si. É um protestos para pedir o direito de protestar? Mas tem protesto todo dia aqui no Rio. Nunca se viu tantos. Querem ter o direito de quebrar tudo e não ser “incomodado” pela PM? Tem acontecido isso tambem. As vezes a policia da ditadura Cabral só fica assistindo, ha inúmeros relatos

  4. Nuca fomos tão felizes.

    “O poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”.

    O texto acima é a definição resumida de George Orwell para o seu neologismo duplipensar.

    Grito da liberdade. 

    Duplipensar: liberdade = dominação.

    Foi a manifestação da Globo, não foi?

    Teve algum black bloc quebrando alguma coisa? Não.

    A Globo providenciou figurantes vestidos de preto para a “manifestação”?

    Tudo correu certinho como se houvesse um diretor de cena?

    E eu devo acreditar nesse texto que me diz que os black bloc são pacíficos e ordeiros?

    Black bloc = ordem. Polícia = desordem. Globo = o povo no poder.

    Duplipensar.

    Valeu Ivana, valeu Forum, mas não deu. 

    Eu já li 1984 de Orwell, sei quem é o BIG Brother. O original, o que nunca deixou de ser o que é. 

    Salve George.

    Duplipensar, definição completa : Saber e não saber, estar consciente de sua completa sinceridade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões que se cancelam mutuamente, sabendo que se contradizem, e ainda assim acreditar em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade e apropriar-se dela, crer na impossibilidade da democracia e que o partido era o guardião da democracia; esquecer o quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza máxima: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipinose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra “duplipensar” era necessário usar o duplipensar.

     

  5. ” O Grito ecoou. Você não viu

    ” O Grito ecoou. Você não viu nem vai ver na TV nem vai ler nos jornais porque foi lindo, porque não teve violência, nada foi quebrado e porque nada disso, nada… interessa à ‘grande imprensa’ mostrar. “

    Veja as fotos

    O Grito da Liberdade foi um ato de resistência, assim como os tantos que insistem em reincidir ao longo da História. Seja lá por qual razão, alguma força prefere manter o equilíbrio na Terra, e não são poucos os gritos contra a opressão e a injustiça que foram revolucionários. O Grito da Liberdade é mais uma semente nesse mar de manifestações, e se equivale, de certa forma, às lutas dos revoltosos plebeus e escravos romanos, que gritaram tanto que acabaram cunhando os direitos civis; aos debates que culminaram na Semana de 22; aos manifestos de ‘meia dúzia’ de Pagus e Herzogs. 

    Não foi um ato contra Cabral e Paes, simplesmente. Seria muito prestígio a apenas dois. Para quem só assiste ou lê o que dizem as Organizações Globo, entre outros da ‘grande imprensa’, que prefere fazer marketing político ao invés de jornalismo, informamos: o Grito da Liberdade foi um ato contra a opressão que se reconstrói no Brasil, e que começou local e se federalizou, ontem à tarde, na voz do Ministro da Justiça, enquanto uma pequena multidão caminhava de costas, na Rua Primeiro de Março, contra o retrocesso do Estado que se pretende ‘Democrático de Direito’. Por este mesmo motivo, entranhada uma coisa na outra, manifestou-se por liberdade de expressão, por uma mídia verdadeiramente democrática, pela libertação dos presos políticos e pelo livre direito de manifestação – para além dos discursos oficiais que também se agarram à Constituição. 

    Apesar das especulações de que o movimento seria cooptado por alguns grupos políticos, o Grito da Liberdade, iniciativa organizada pelos movimentos sociais e midiativistas, seguiu com sua proposta do início ao fim, e assombrou o Centro do Rio quando entrou a Rio Branco em silêncio sepulcral, sob uma marcha fúnebre. Foi forte demais. Do início ao fim da avenida, fotógrafos e cinegrafistas com suas ‘armas’ na mão, artistas, advogados, servidores, professores, manifestantes de toda categoria de gente, entraram amordaçados ao som da marcação de um bumbo, de poucas notas tristes, e da voz de um menino de rua que, de chinelo, se divertia, na verdade, contando o tempo da procissão: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito – Tum! Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito – Tum! A dele, era a única voz que se ouvia, no “oito” batia-se o bumbo e uma única palma, em uníssono, marcada pela multidão. Em meio a tamanha dor, de vez em quando uma voz lembrava o nome de alguns dos que ali também estavam presentes: Amarildo, Edson Luiz, Stuart Angel, Allende, entre os tantos. 

    O Mac Donald parou. Das janelas dos prédios, houve quem quisesse registrar, filmar, e de um andar, especificamente, voaram bolhas de sabão em sinal de bênção. Havia sim, faixas, cartazes, máscaras, caixas pretas (de papelão) a serem abertas sendo carregadas, as pinturas de Alex Frechette com os rostos de algumas das milhares de vítimas da violência policial – Alex nunca mais vai parar de pintar… –, a ativista e cineasta Sininho vestida com a famigerada primeira página de O Globo, presos políticos libertos e suas cabeças raspadas, índios da Aldeia Maracanã e até alguns artistas globais, bem poucos por sinal, mas também lá (e nenhum daqueles que apareceu no tal vídeo-convite para o ato), assim como o Batman “rico”, o Batman “pobre”, o Homem Aranha, os ambulantes que só conseguem trabalhar nas manifestações, bandeiras de alguns partidos, a resistência da OAB, Pink Blocs, Black Blocs e os anarquistas. A Mostra ‘Curta Cinema’ manteve o Cine Odeon de portas abertas como forma de se estar na rua também. A portaria de vidro blindado da EBX ainda está lá, quebrada e derretida, quase um muro de Berlim.

    A população, na calçada, assistiu também em silêncio. Alguns batiam continência, outros pediam uma mordaça para aderir ao protesto. Para quem não foi, houve grito de verdade, depois de arrancadas as mordaças, em frente à Cinelândia, que por minutos teve alguns de seus legítimos habitantes correndo e ocupando a escadaria da Câmara. Tudo seguiu em paz e terminou em paz na Lapa, com faixas de protesto contra a Globo e tudo mais sendo penduradas no beiral do bondinho de Santa Teresa, também extinto. O herói de Gotham City tomou os arcos, as luzes foram apagadas (como sempre) e o helicóptero da polícia ficou por ali, gastando nosso dinheiro em hora extra e gasolina, iluminando com voos rasantes os reunidos que, pelo menos por ali, no rescaldo, eram menos que uma noite de sexta-feira de verão.

    O Grito ecoou. Você não viu nem vai ver na TV nem vai ler nos jornais porque foi lindo, porque não teve violência, nada foi quebrado e porque nada disso, nada… interessa à ‘grande imprensa’ mostrar. 

    Não parou por aqui, de ambas as partes. E a História, oxalá!, saberá fazer a devida justiça.

    Texto: Raquel Boechat
    Fotos: Coletivo Carranca

    1. De revolucionário só o fotógrafo

      Que forçação de barra esse texto, até parece que estamos prestes a repetir a Revulação de Outubro de 1917 na Rússia, que tristeza, Lênin deve estar se revirando no túmulo. De revolucionário mesmo só fotógrafo ao clicar ângulos para suas bombas semióticas, como diria Wilson Ferreira

  6. Titia Ivana fumou?

    Concordo com a titia Morgana. Já a titia Ivana parece que pretende liderar a oposição armada numa guerra civil a la Síria, pode não ser mas pensei nisso: Com o crime organizando lhe dando apoio. Será que a titia Ivana não sabe que a política do crime organizado não é a democracia mas a bandidagem por si só. Tô fora titia Ivana. Estética da violência,..,,hum…não sei onde é possível a “violência revolucionária” praticada pelo Marcolla, Fernandinho Beira-Mar….

  7. O monopólio da violência,

    O monopólio da violência, pelo Estado??? É… tem que quebrar esse monopólio, né? Pulverizar a coisa… cada um ficar com uma parte… Mas que diabos é isso? Cara os “teóricos” do movimento conseguem ser piores que os moleques pq a molecada só FAZ as merdas; eles tentam explicar e, pior, dar um verniz científico numa tentativa fajuta de emprestar alguma seriedade a coisa. Tá  começando a dar vergonha.

  8. As declarações da Presidenta Dilma…

    As declarações da Presidenta Dilma, a reunião do Ministro da Justiça, com os Secretários de Segurança de SP e RJ, fizeram os bandidos mascarados e seus defensores e teóricos, pedirem arrego, ou é impressão minha? Se for isso espero que a justiça não esqueça de responsabilizar os responsáveis pelas depredações e saques. Eles têm que responder à justiça por seus atos.

  9. Titia Ivana está falando do Haití ou da Somália???

    Esses intelectualoides tão dando uma preguiça na gente, né não??? Será que da pra pedir a presidenta Dilma para trazer intelectuais extrangeiros para o Brasil? Esses daqui, não estão dando mais não!!! Ta chegando a beira do ridículo!!! Ô dona Ivana, peralá.. o povo não é burro não e já entendeu faz tempo que essa burguesia aí que está na rua, estão mesmo é se manifestando é contra o povo!!! Alô alô titia Ivana, nunca na história desse país se fez tanto pelo povo e a senhora quer nos convencer que estão na rua pelo povo??? Mas que povo é esse???

    Essa revolta dos coxinhas já passou de todos os limites!!! Já me irritei, já me revoltei, agora eu to na fase do  morrendo de rir com tanta palhaçada !!!  

  10. Bala de borracha apaga a democracia

    http://www.cartacapital.com.br/sociedade/bala-de-borracha-apaga-a-democracia-8357.html/view

     

    Piero LocatelliManifestantes em frente ao prédio onde mora Geraldo Alckmin

    Manifestantes em frente ao prédio onde mora Geraldo Alckmin

    Manifestantes promoveram concurso de “tiro ao olho” em frente à residência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, neste domingo 3. Vestindo máscaras com o rosto do tucano, eles espirraram tinta vermelha sobre outros manifestantes que tinham alvos em seus olhos e carregavam uma faixa escrito “bala de borracha apaga a democracia. Proíbe, Alckmin.”

     

    O grupo, identificado como “defensores dos direitos humanos” e responsável pelo tumblr Geraldo Borracheiro, protesta contra a volta do uso de armas “menos letais” para reprimir protestos. Os armamentos chegaram a ser proibidos após os excessos da polícia no mês de junho, mas seu uso voltou a ser corriqueiro durante o mês de outubro.

     

    “Entre as consequências já registradas, há uma morte e centenas de feridos com marcas de cassetete e outros ferimentos pelo corpo, gerando inclusive a perda de visão,” diz o manifesto entregue pelo grupo. Eles lembram, entre outros casos, da repressão ao protestos de moradores da comunidade Estaiadinha, zona norte de São Paulo, na última sexta-feira 1.

    Segundo os funcionários do prédio, o governador não se encontrava no local. Os manifestantes deixaram uma carta direcionada a Alckmin. Leia abaixo a íntegra dela:

    Excelentíssimo Governador do Estado de São Paulo,

    Sr. Geraldo Alckmin

    É inaceitável o uso de armamentos ditos “menos letais” em operações da Polícia Militar.

    No Estado brasileiro o padrão da brutalidade na atuação das instituições públicas é um traço característico e as intervenções institucionais são insuficientes para promover mudanças neste padrão de atuação. O aumento de 106% no número de abordagens excessivas registradas na ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo no primeiro semestre de 2013 evidencia este fato.

    Entre muitos outros, o uso abusivo da força policial durante o governo do Sr. pode ser lembrado em casos como:

    Massacre do Pinheirinho (2012) – 1.500 famílias foram expulsas por efetivo de 2 mil policiais fortemente armados, além de um número ignorado de Guardas Civis, descumprindo a suspensão de reintegração de posse do terreno;Retenção de 29 pessoas por quase dez horas na central de flagrantes da Polícia Civil no Grajaú para dispersar a manifestação por melhorias no transporte público no Extremo Sul da cidade (outubro, 2013);Morte de senhora de 66 anos com parada cardiorespiratória em decorrência da aspiração de gás lacrimogêneo em manifestação no centro de São Paulo (agosto, 2013).Perda da visão do fotojornalista Sérgio Silva, da agência Futura Press atingido por bala de borracha disparada pela Polícia Militar em Junho de 2013.

    O Sr. tem o poder e a obrigação de zelar pela integridade física e o direito a manifestação da população do estado de São Paulo. A atual política de violência executada pelo Comando da Polícia Militar faz o contrário: deixa as pessoas acuadas, gravemente feridas, com medo e caladas – atitudes antidemocráticas que, temos certeza, não é o modo como o senhor gostaria de ser conhecido na posteridade.

    Por isso pedimos que repita e aprofunde a decisão já anunciada pelo Sr. no dia 17 de junho de 2013: proíba o uso de armas menos letais em operações da Polícia Militar (a saber, balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, taser, spray de pimenta entre outras). No caso do gás lacrimogêneo, a Convenção sobre Armas Químicas, assinada por 165 países e ratificada pelo Brasil, proíbe desde 1993 seu uso em guerras.

    A especialista Marisa Fefferman, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo, condena o uso de armas menos letais na democracia:

    “Numa democracia, a priori, não se pode matar. Então eis a bala de borracha, que ressignifica o estado repressor, instala o medo nos movimentos sociais, escamoteia a violência contra aqueles que ousam desafiar alguns padrões estabelecidos.”

    Não fique para a história como o governador repressor.

    Atenciosamente,

    Defensores dos Direitos Humanos

           

     

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