Economia brasileira está perdendo de 7 a 1, por Laura Carvalho

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Jornal GGN – Em sua coluna publicada ontem (9) na Folha de S. Paulo, a economista e professora da USP Laura Carvalho analisa os números do PIB divulgados pelo IBGE, ressaltando que a queda acumulada desde 2014 atinge 9,1% em termos per capita. 
 
A professora também pontua que o ritmo de queda da economia parece ter acelerado desde o fim do processo de impeachment de Dilma Rousseff. “Ao contrário do prometido, a troca de liderança não foi suficiente para o retorno à estabilidade e a retomada dos investimentos”.
 
Laura também diz que as medidas do governo Temer podem, se muito, substituir recessão por estagnação, e discorda da tese de que a crise foi causada unicamente pela “irresponsabilidade com as contas públicas”.

 
Leia mais abaixo: 
 
Da Folha
 
Economia brasileira leva de 7 a 1
 
Por Laura Carvalho
 
Os números de 2016 recém-divulgados pelo IBGE confirmaram o colapso vivido pela economia brasileira desde o início da maior crise econômica da qual já tivemos notícia —ou estatística.
 
Desde 2014, a queda acumulada do PIB já chega a 7,2% em níveis absolutos e a 9,1% em termos per capita.
 
O ritmo de contração da economia, que diminuiu entre o segundo trimestre de 2015 e o segundo trimestre de 2016, parece ter acelerado desde o fim do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
 
Ao contrário do prometido, a troca de liderança não foi suficiente para o retorno à estabilidade e a retomada dos investimentos.
 
Entre os mais otimistas, restaram apenas os que defendem que a aprovação da PEC do “teto de gastos” e da reforma da Previdência se encarregará de colocar o país novamente na rota do crescimento robusto, pois abriria espaço para a redução dos juros e a volta da confiança.
 
Entre os mais pessimistas, estão os que, como eu, acreditam que, em um contexto de capacidade ociosa da indústria, desemprego elevado e alto endividamento privado, as contrações sucessivas nos investimentos públicos continuarão impedindo uma retomada substantiva dos investimentos privados e do consumo das famílias nos próximos anos.
 
Dado o baixo patamar em que a economia se encontra, as medidas anunciadas pelo governo até aqui podem, no máximo, substituir recessão por estagnação.
 
As previsões distintas sobre o futuro refletem diagnósticos também distintos sobre as causas da crise.
 
Enquanto, para muitos analistas, a crise é explicada pela gastança desenfreada, para alguns de nós, a deterioração nas contas públicas desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff é sobretudo fruto de uma queda na arrecadação —pelas custosas desonerações concedidas e pelo baixo crescimento. Na segunda hipótese, o corte de gastos e investimentos públicos implementado desde 2015 lançou gasolina ao fogo.
 
Como mostrou Vinicius Torres Freire em coluna nesta Folha, quase não há registro histórico de uma crise dessa magnitude em um país com tamanho, instituições e renda per capita minimamente comparáveis aos nossos. Sobretudo fora de um contexto de crise financeira.
 
Em 2015, a Rússia foi o único outro país entre os 46 que constam da base de dados da OCDE a passar por uma recessão.
 
Ainda assim, mesmo sofrendo sanções econômicas de Estados Unidos, União Europeia, Japão e Canadá pelo conflito na Ucrânia, a queda acumulada foi de cerca de 4% no biênio 2015-2016 e parece já ter chegado ao fim.
 
No Brasil, nem a crise da dívida da década de 1980 nem o confisco da poupança em meio à hiperinflação tiveram efeitos recessivos tão profundos ou duradouros. A economia mexicana caiu menos de 4% quando declarou a moratória da dívida em 1982. Atribuir todo o colapso atual a uma irresponsabilidade com as contas públicas ou ao descontrole de preços parece pouco plausível.
 
Mas o ajuste fiscal tampouco explica o tamanho do buraco em que nos metemos. As repercussões da Operação Lava Jato, as aberrações do nosso sistema político e o troca-troca de ministros pelos piores motivos, por exemplo, têm de ser levados em conta.
 
O governo Temer não parece mesmo ter vindo para assegurar a estabilidade política, superar o caos institucional ou colocar o “país nos trilhos”. 
 
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Redação

8 Comentários

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  1. A que veio?
    O governo Temer não parece mesmo ter vindo para assegurar a estabilidade política, superar o caos institucional ou colocar o “país nos trilhos”.

    Veio para estancar a sangria, nada mais.

    O incrivel é o MPF achar que esta fazendo bem ao Brasil, destruindo-o. O doente morto pelo remédio e não pela doença.

  2. Título sugestivo

    Ilustra bem a analogia, onde o jogo contra Alemanha também foi combinado (corrupção na CBF).

    Os golpistas que seguiram Aécio no “quanto piro melhor” exageraram a dose e hoje não sabem como colocar o país para crescer.

  3. Laura, oh, Laura, nós começamos a superar a crise. Acorda

    “A situação que vivemos no Brasil é sintomática do impacto da irresponsabilidade fiscal sobre o exercício dos direitos humanos. A crise econômica que agora começamos a superar tem origem sobretudo fiscal.”

    Mi$hel Temer

    A Laura não vê a superação invisível da crise. Para ver essa superação, tem que ter visão aguçada. O Temer tem essa visão, pois isso ele tá colocando o trem desgovernado nos trilhos. Se antes gastávamos mais do que arrecadávamos, agora o Temer vai arrecadar menos e gastar menos do que arrecada.

    O Temer tá mais por fora do que bunda de Índio. Ele não sabe que:

    “Por um período de mais de cem anos, os sectores do serviço público e da infra-estrutura social foram reconhecidos em toda parte como o necessário suporte, amortecimento e superação de crises do processo do mercado. Nas últimas duas décadas, porém, impôs-se no mundo inteiro uma política que, exactamente às avessas, resulta na privatização de todos os recursos administrados pelo Estado e dos serviços públicos. De modo algum essa política de privatização é defendida apenas por partidos e governos explicitamente neoliberais; há muito ela prepondera em todos os partidos. Isso indica que não se trata aqui só de ideologia, mas de um problema de crise real. Seguramente, desempenha um papel nisso o facto de a arrecadação pública de impostos retroceder com rapidez por conta da globalização do capital. Os Estados, as Províncias e as comunas super-endividadas em todo o mundo tornaram-se factores de crise económica, ao invés de poderem ser activos como factores de superação da crise. Uma vez delapidadas as “pratas” dos sistemas socialmente administrados, as “mãos públicas” acabam por assemelhar-se fatalmente às massas de vítimas da velhice indigente, que nas regiões críticas do globo vendem nos mercados de segunda mão a mobília e até a roupa para poderem sobreviver. Porém o problema reside ainda mais no fundo. No âmago, trata-se de uma crise do próprio capital, que, sob as condições da terceira revolução industrial, esbarra nos limites absolutos do processo real de valorização. Embora ele deva expandir-se eternamente, pela sua própria lógica, ele encontra cada vez menos condições para tal, nas suas próprias bases. Daí resulta um duplo acto de desespero, uma fuga para a frente: por um lado, surge uma pressão assustadora para ocupar ainda os últimos recursos gratuitos da natureza, por fazer até mesmo da “natureza interna” do ser humano, da sua alma, da sua sexualidade, do seu sono o terreno directo da valorização do capital e, com isso, da propriedade privada. Por outro, as infraestruturas públicas de propriedade do Estado devem ser geridas, também, por sectores do capitalismo privado.” – Roberto Kurz, A Privatização do Mundo

  4. A folha não é um jornal. É

    A folha não é um jornal. É antro que abriga picaretas e bandidos altamente periculosos, desde seus donos a família frias, até falsos jornalistas / colunistas da mesma laia ajustados para darem uns ares de gente normal. Vejam como são chiques: com a colaboração da golpista laura carvalho,mocozada lá, descrevem o quadro que êles próprios fomentaram com seus parças, e continuam fomentando já que bandidos assassinos vivem prá isso. Os que colaboram com a família frias são piores do que êles. Muitas familias brasileiras com entes assassinados por êles morrerão esperando que um dia paguem pelos crimes que amontoam-se em suas contas.

    Resultado de imagem para ditadura militar imagens folha de sao paulo

    A Folha da Tarde, do mesmo Grupo Folha, era ainda pior. Aqui a primeira página do jornal quando os militares assassinaram Bacuri, talvez o caso mais horroroso de tortura no Brasil

    .

    Carro que o jornal utilizava para transporte de torturados / mortos por tortura e que acabou incendiado por militantes de esquerda (essa foto não saiu na Folha):

  5. Se você mora, eu não moro.

    Nunca vi país com gigantescas passeatas, com oposição do congresso, imprensa, judiciário e demais órgãos públicos como polícia federal, etc., crescer. A derrubada de Dilma Roussef provocou essa mega recessão ou a mega recessão derrubou Dilma? Um fenômeno alimentou o outro. Como Temer não tem a menor legitimidade e seu governo está eivado de suspeitas cabeludíssimas, como o TFR-4 autorizou moro a agir fora da lei porque a lava jato é complexa, mesmo quem deu o golpe não é besta para investir um centavo no país, pois os mais bem informados não têm a menor ideia de como isso vai acabar.

    E podem apostar, não vai acabar bem. Ou haverá um super acordão entre os bandidos envolvidos, ou haverá sangue nas ruas. Como a História do Brasil é uma história de arreglos, talvez aja um grande arreglo, Lula seja impedido por moro de disputar as eleições em 2018 (agora ele pode tudo, STF e TFR-4 deram carta negra a esse Adolf Eichmann de Curitiba).

  6. É a política, não a economia, estúpido!

    Por ser muito leigo em economês, vou inverter aquela frase que todos tomam como lei universal.

    Foi sabotagem da elite financeira, que não admitiu que o projeto de justiça social do PT avançasse mais. 

    Junta isso com o voluntarismo sem diálogo da Dilma, a falta de politização dos beneficiados do petismo e o discurso de ódio fomentado pela mídia e dissiminado pelas redes sociais e temos a tempestade perfeita.

    PS: Last but not least,  na geopolítica, o ataque do império aos Brics, onde este era mais frágil

  7. Michel Temer ou Roberto Kurz?

    O Temer sustenta que a crise econômica, que ele afirma que agora começamos a superar e que o Meirelles diz que já acabou, tem origem sobretudo fiscal. Por seu turno, o Roberto Kurz disse que a crise fiscal tem origem na crise econômica.

    A diferença é que o Roberto Kurz prova sua afirmação enquanto o Michel Temer apenas afirma gratuitamente.

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