Escolha de Moraes só é explicável num regime de exceção, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Escolha de Moraes só é explicável num regime de exceção

por Jeferson Miola

A rigor, o usurpador Michel Temer não tem legitimidade para indicar o juiz que deve ocupar a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki.

Temer não é um presidente eleito legitimamente; é um conspirador que tomou de assalto o Palácio do Planalto com sua turba corrupta, branca e masculina, e que exerce prerrogativas presidenciais porque o país está sob a vigência de um regime de exceção.

Os golpistas que promoveram o golpe de Estado com a fraude do impeachment e que controlam o legislativo e o judiciário atribuem a ele, o “MT” das planilhas de propinas da Odebrecht, os poderes que seriam legítimos somente a um mandatário eleito pelo voto popular. A mídia, liderada pela Rede Globo, cumpre a função legitimadora do governo usurpador e naturaliza cada passo da evolução golpista.

É neste contexto que se inscreve a indicação do tucano Alexandre Moraes para o STF. Só num ambiente desses poderia prosperar a nomeação para a Suprema Corte de um ex-advogado de Eduardo Cunha e ex-advogado de uma cooperativa associada à organização criminosa paulista PCC – o Primeiro Comando da Capital, que se espalhou pelo país durante a atuação dele em São Paulo.

Com posicionamentos no mínimo polêmicos, Moraes gerou fortes controvérsias em todos os cargos que ocupou. Como professor universitário, foi acusado por alunos de não se opor ao emprego da tortura como método de confissão de suspeitos.

Na secretaria de segurança de São Paulo do governo Geraldo Alckmin/PSDB, o ataque brutal às manifestações estudantis e populares foi de proporção somente equiparável à repressão e à violência policial do período ditatorial.

No Ministério da Justiça, não conteve o hiper-ativismo militante e a cultura fascista de partidarizar as instituições do Estado para atingir adversários políticos e proteger os seus. Ele nunca hesitou em interferir nas investigações da Polícia Federal para prejudicar o PT, como na ação montada para prender o ex-ministro Palocci na semana da eleição municipal passada.

Estivesse o Brasil vivendo um ambiente de normalidade institucional, jamais um governo legítimo indicaria seu próprio Ministro da Justiça, filiado a um partido conspirador [PSDB] e sem os atributos necessários, para o cargo mais alto do judiciário do país.

Pelo critério que o próprio Alexandre Moraes defendeu na tese de doutorado, ele não poderia ser escolhido para o cargo. Em 2000 ele defendia que “é vedado o acesso ao STF daqueles que estiverem no exercício de cargo de confiança no Poder Executivo durante o mandato do presidente da República em exercício no momento da escolha, de maneira a evitar-se demonstração de gratidão política ou compromissos que comprometam a independência de nossa Corte Constitucional“.

O despudor e a desfaçatez nascem da ilegitimidade de um governo que pouco se importa com a impopularidade, porque é sustentado por uma maioria golpista no Congresso e por uma mídia partidarizada e engajada.

A indicação do tucano para o STF é parte da recomposição do bloco golpista para abafar a Lava Jato e proteger o PSDB, o PMDB e os aliados citados nas delações das empreiteiras mantidas sob sigilo pelo procurador-geral Rodrigo Janot. A substituição de Moraes por um peemedebista no Ministério da Justiça é um desdobramento importante que deve ser acompanhado com lupa, porque representa novos movimentos no tabuleiro da Lava Jato.

Dificilmente a indicação dele será recusada pelo Senado, por maior que seja a combatividade das bancadas de oposição ao golpe. Afinal, o Senado é uma sucursal do golpe; é a correia de transmissão da “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, como caracteriza a imprensa internacional a Câmara dos Deputados.

Quando o Brasil voltar à normalidade com a eleição de um governo legitimado pelo sufrágio popular, esta indicação indecente, assim como todos os retrocessos e ataques contra o povo brasileiro e a soberania nacional, como a PEC 55, a entrega do pré-sal e outras medidas prejudiciais ao país, deverão ser revogadas com o apoio popular.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. Parem com essa besteira de

    Parem com essa besteira de “estado de exceção” e chamem pelo nome correto: Ditadura.

    E se pensam que não estão em uma ditadura então experimentem se rebelar para verem como o atual governo “democrático” brasileiro responde. E aproveitando o comentário também não esperem que vá ter eleições em 2018, elas não irão acontecer ou serão anuladas se vencer um candidato que não seja do partido PSDB.

  2. Dificilmente a indicação dele

    Dificilmente a indicação dele será recusada pelo Senado, por maior que seja a combatividade das bancadas de oposição ao golpe. Afinal, o Senado é uma sucursal do golpe; é a correia de transmissão da “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, como caracteriza a imprensa internacional a Câmara dos Deputados. (penúltimo parágrafo do autor). Somando ao próprio stf que tudo chancelou desse golpismo até hoje.

    Tudo o que está escrito no último parágrafo jamais acontecerá; é mirage. 

  3. O silêncio…

    ….constrangedor e conspirador, das forças que recentemente batiam panelas  exigindo “moralidade”   já diz tudo !

    Só queriam o poder de volta.   Não importa  os  meios, para  se atingir os  fins  desejados !!

  4. Celular de Marcela

    Que poder é esse que o Morais tem sobre o golpista Temer o que tinha naquele celular de Marcela, se tivessemos jornalismo investigativo e não partidario nesse pais já saberiamos  disso bem que  Glenn Greenwald , poderia nos dar uma forcinha nisso.

  5. O Brasil atual,  dos

    O Brasil atual,  dos golpistas e usurpadores, é , lamentavelmente,  fonte inesgotável de atos espúrios e anti- éticos.È necessário, é urgente que o povo brasileiro reaja com desobediência civil, com greves, com  manifestações pacificas  em cada praça pública do país..

  6.  
    Concordo Jeferson Miola, um

     

    Concordo Jeferson Miola, um governante nascido de uma tramoia golpista como a dirigida por agentes estrageiros e executada por comparças aqui radicados. O ato praticado por esses agentes infiltrados, com a parceria de quinta-colunas locais, é tipificado como crime gravíssimo de lesa-pátria. Estes senhores, além de desprovidos de legitimidade, são criminosos. Portantanto, tanto o golpista Michel Temer, assim como a súcia que o acompanha deverão ser julgados pelos crimes de lesa-pátria. Acrescido de agravante, pela criminosa descontinuidade na governança a que submeteram o país.

    Por conseguinte, todos os atos e ações praticados por esses falsos e ilegítimos agentes publicos, padecem de autenticidade e são passíveis de anulação plena. Se o país contasse com uma imprensa nacional brasileira, esta se encarregaria de levar ao público brasileiro informações honestas, verídicas, além de comunicar aos desavisados de boa fé, assim como, aos empresários oportunistas e de má fé, de que não há nenhuma segurança jurídical capaz de “legalizar”  as rapinagens oferecidas por este farsante e usurpador Michel Temer & a corja que o acompanha.

    Quando nós, os brasileiros, recuperarem o governo todos os atos praticados por esses bandidos serão sumariamente revogados. Sem prejuizo às demais medidas saneadoras que deverão ser imediatamente implementadas.

    Orlando 

  7. O Elemento tem bagagem e isso foi atestado pelo MAM

    Já pensou na Ursula Andress, Elizabeth Taylor e Greta Garbo, entre outras divas, inscritas num concurso prá Miss Universo. Do nada, aparece, para se inscrever no referido Concurso, a Mulher Melancia. Se o Marco Aurélio de Melo fosse jurado, ele diria: a Mulher Melancia tem bagagem para ser Miss Universo. Inscrevam-na.

  8.  
    PQP! Que vergonha, tenho

     

    PQP! Que vergonha, tenho desses conterrâneos. Que inveja tenho dos povos e de países que tem Forças Armadas nacional próprias…

    Orlando

  9. A propósito, lgum ministro du

    A propósito, lgum ministro du supremo, indicado pelos militares, saiu depois da redemocratização ???

    Preparem-se para aturar Alexandre de Moraes até 2043.

    No Brasil, a delinquencia é legalizada. 

     

  10. Não existe precedente para oa

    Não existe precedente para oa afastamento de Alexandre de Moraes, mesmo sendo o governo Temer é ilegítimo. Os ministros indicados pelos militares permaneceram no supremo de forma vitalícia. 

     

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