Fascistas italianos imigraram para São Paulo após a Segunda Guerra

Por Motta Araujo
 
FASCISTAS ITALIANOS EM SÃO PAULO – 1945-1960  –  Problemas juridicos com a Italia não são coisa nova para o Brasil. Graças a grande emigração italiana ocorrida após 1880, a maior entre todas as diasporas italianas,
 
São Paulo é a maior cidade italiana fora da Italia, alem da vasta imigração especialmente de vênetos para o Rio Grande do Sul.
 
Um capitulo pouco conhecido das complexas relações italo brasileiras ocorreu ao fim da Segunda Guerra quando um expressivo grupo de italianos importantes da politica, da industria e das finanças ligados ao fascismo sairam da Italia para fugir às perseguições inevitaveis dos novos governantes do pós guerra que tinham contas a ajustar com os fascistas que ficaram no poder por 22 anos e criaram muitos inimigos, especialmente após a tragica aliança.

 
Porque sse grupo veio para São Paulo?
 
São Paulo, em 1945, tinha um grande empresariado italiano simpatico ao fascismo, destacando-se dois lideres, os Condes Francisco Matarazzo Junior e os filhos do Conde Rodolfo Crespi, Adriano e Raul Crespi, representando a tradição do pai e  a irmã deles, Renata, casada com Fabio da Silva Prado, Prefeito de São Paulo durante o Estado Novo. Havia portanto um ambiente favoravel e receptivo a essa nova imigração, geralmente rica e que vinha para o Brasil se refugiar contra persiguições, processos e linchamentos.
 
Vieram familias importantes, como os Pascolato (Pallavicini), cujo chefe foi Ministro de Mussolini, aqui ficaram com industria do ramo textil, o Grupo Matarazzo acolheu muitos e deu-lhes ocupação à altura de sua classe, como o Marques Blasco Lanzo d´Ajeta, importante diplomata do fascismo, para alguns abriu em sociedade empresas , como a Texnovo( Guido Castelnuovo)  e varias outras, as vezes eram pessoas abonadas na Italia mas tinham dificuldade para trazer recursos para o Brasil.
 
A personalidade  mais importante dessa imigração filo-fascita foi sem duvida Dino Grandi (foto), Conde de Mordano, o politico mais importante do Fascismo depois do Duce. Um dos lideres da Marcha sobre Roma, com Italo Balbo e
 
Ernesto De Bono, personagem historico de todo esse periodo 1923-1945, foi Ministro das Relações Exteriores, Ministro da Justiça e Embaixador da Italia em Londres (1935) e mais do que tudo foi o homem que apresentou a moção para a queda de Mussolini na fatidica reunião do Grande Conselho Fascista em 24 de julho de 1943, onde Mussolini foi deposto por 19 votos a 7, Grandi liderou com sua força o Conselho para derrubar o Ditador que saiu da reunião preso e levado  em uma ambulancia. O Conde Dino Grandi escapou da Italia nos ultimos dias da Guerra, foi para a Espanha, depois Argentina e finalmente se radicou em São Paulo, onde ficou até 1960.
 
Homem fundamental do periodo fascista, Grandi morreu em 1988 em Bologna, com 92 anos.
 
A partir de 1960 grande parte dessa imigração especial retornou à Italia, que já estava em estabilidade politica e tinha encerrado as perseguições aos fascistas. Alguns poucos, como os Pascolato se radicaram no Brasil onde estão até hoje.
 
Era uma turma no geral refinada, nada a ver com a velha imigração do Seculo XIX, lembro de alguns, muito posudos, vestiam-se muito bem e circulavam no high society paulistano, especialmente na Hipica Paulista , nos clubes de golfe, no Guarujá e em Campos do Jordão
 
Na primeira fase, de 45 a 50, muitos estavam sendo procurados na Italia, era o periodo de “acerto de contas” e o fascismo tinha muitos crimes nas costas, ao que eu saiba nunca o Brasil extraditou qualquer italiano, eles sentiam-se absolutamente seguros aqui, tinham boa proteção do grande empresariado italo-paulista, os Matarazzo, Crespi, Morganti, Pinotti Gamba, Noschese, Pugliesi, Siciliano, Lunardelli.
 
Um sub-grupo dessa mesma época foram os artistas, teatrologos e cineastas que fugiam da Italia por outras razões, especialmente falta de trabalho. Vieiram nessa leva Luciano Salse, Lucia Bosé, Adolfo Celi, Gianni Rato,
 
otimos cenografos, encenadores, iluminadores, diretores de cena, tinham um lider, Franco Zampari, que era engenhiro, ligado a Ciccilo Matarazzo e um personagem unico, fascistissimo, Pietro Maria Bardi que ligou-se ao Rei da Imprensa, Assis Chateaubriand e com ele fundou o MASP, o maior museu da America Latina.
 
Desse grupo saiu o TBC-Teatro Brasileiro de Comedia e a Cinematografica Vera Cuz, ambos modernizaram o teatro e o cinema no Brasil.
 
Imigração completamente diferente da imigração camponesa que veio em outras circunstanscias e com outros propositos. O corredor Italia-Brasil é muito anterior a Cacciola, Batisti e Pizzolato, tem muitos capitulos para contar.
Redação

3 Comentários

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  1. Entendi por isso que os

    Entendi por isso que os paulistas são fascistas, agora ta explicado, a esquerda estava certa o paulistano é fascista por causa disso, esta na sua genética ser fascista.(é uma ironia tem que colocar esta nota pq esquerdista não tem humor pq estão salvando o mundo).  

  2. Descendentes de Dino de Mordano Grandi

    Um dos netos de Dino de Mordano Grande, Marco Bufferli, filho de Simonetta Grandi Bufferli e Hugo Bufferli, reside no município de Andirá, Estado do Paraná, na Fazenda Santa Adelaide e, outro neto, Luca mora na Itália e, uma neta, reside ou residia na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná. Simonetta faleceu em um acidente automobilístico há alguns anos. Marco Bufferli é agricultor e empresário nesta cidade de Andirá Pr.

  3. Pergunto para esse, smj, IGNORANTE – alancaliberal – que paulista é fascista. SE ELE SABE OQUE É SER FASCISTA ? – leia toda a reportagem, os elogios à todos eles. VEJA OS SOBRENOMES/NOMES DE FAMIGLIA-NOS HORAM, COMO O MEU NONNO QUE LUTOU NA PRIMEIRA GVERRA MUNDIAL: CAPECCI, MATARAZZO, PUGLIESI, BERGAMO(meu primo) LUNARDELLI, PINOTTI GAMBA, CRESPI, MORGANTI, NORCHESE, SICILIANO, CRESPI, VICENTINI, VENDRAMINI, RAGAZZINI, PIAGENTINI e centena, milhares DE OUTROS HONRADOS !!

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