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  1. Um novo jeito de produzir e consumir informação

    Do Observatório da Imprensa

    Um novo jeito de produzir e consumir informação

    Por Vitor Hugo dos Santos Anastácio em 12/07/2015

    A noção de “portal” tem perdido cada vez mais a sua principal funcionalidade na Web 2.0. Se compararmos a página inicial de um site de notícias com a capa de um jornal, perceberemos que ambos obedecem a uma hierarquia editorial e a um ordenamento (por relevância ou editoria), com a diferença de que o portal suporta muito mais conteúdo e permite a interatividade e atualizações ao longo do dia. Em alguns casos, o usuário pode até mesmo personalizar a sua homepage. Porém, o estudo português “Públicos e consumos de média”, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que analisou tendências em 11 países, incluindo o Brasil, em setembro e outubro de 2014, concluiu que 56% das pessoas utilizam as redes sociais para se informar – perdendo apenas para a televisão, que alcança 93% dos entrevistados.

    A informação nas redes se dá principalmente através do compartilhamento de links entre amigos ou por meio das páginas que cada usuário acompanha. Uma das consequências pode ser uma menor fidelização do internauta a determinado site: apesar de os grandes portais manterem sua “audiência” nas redes sociais, eles agora disputam entre si, e também com a mídia alternativa, qual conteúdo chama mais atenção e gera cliques. Além disso, eles se tornam “reféns” dos algoritmos, que de certo modo editorializam aquilo que é relevante e que será apresentado para cada usuário, com base nas informações fornecidas durante a navegação.

    Entra em questão, nesse caso, o filtro-bolha, que é a personalização (automática ou voluntária) do conteúdo disponível na internet a partir das preferências de cada um, buscando apresentar aquilo que lhe agrada ou pode lhe interessar. O conceito é recente e ganhou destaque em 2011, quando Eli Pariser, um ativista político, lançou o livro The Filter Bubble. Uma das declarações mais claras a respeito disso vem de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, maior rede social do planeta, com mais de 1,4 bilhão de cadastrados até janeiro deste ano: “A morte de um esquilo, na frente de sua casa, pode ser mais importante para você do que pessoas morrendo na África.” Isso significa que, a partir dos interesses e contexto de cada usuário, a rede social vai apresentar somente o que considera relevante para esta pessoa. Na área política, por exemplo, o Facebook de alguém da direita vai disponibilizar, sobretudo, conteúdos referentes aos seus posicionamentos, enquanto aquilo que lhe desagrada provavelmente será ocultado.

    Os algoritmos não são claramente explicados, com a justificativa de que alguém poderia burlar o código para usar em benefício próprio. O risco é as pessoas ficarem cada vez mais engessadas em suas próprias crenças, sem perceber que estão sendo direcionadas para viver em uma espécie de “bolha”. O poder que a rede de Zuckerberg tem para determinar as reações das pessoas é grande a ponto de uma pesquisa, realizada em 2012 pela própria empresa, ter concluído que um feed de notícias com teores negativos faz as pessoas postarem mensagens mais amargas. A análise gerou polêmica por não ter avisado a cerca de 700 mil usuários que eles estavam fazendo parte de experimentos.

    Pessoas são forçadas a clicar no link para saber o assunto

    Surge, então, a seguinte questão entre as empresas jornalísticas que atuam no meio digital: afinal, o que deve ser privilegiado? O conteúdo, que provavelmente gerará mais cliques para o site – e obviamente mais lucros, por meio dos centavos obtidos pelos cliques nos anúncios? Ou o jornalista deve manter o seu papel de informar até mesmo aquilo que possa não agradar ao seu público ou não ser do interesse da maioria, mas que tenha relevância, como geralmente acontece nas áreas de política e economia?

    Quem segue a primeira opção prioriza casos inusitados e histórias que antes ficavam reservadas para pequenos espaços, e de pouco destaque, nos jornais impressos e telejornais; dessa forma, o “mundo cão” vira protagonista. “A rede abrange todas as partes da nossa vida. Os jornais e as emissoras sempre trataram superficialmente essas coisas, considerando-as secundárias à sua verdadeira missão, a cobertura dos acontecimentos” (DOCTOR, 2011: 120). Claro que os virais da internet são uma boa alternativa para pautas e geram impactos positivos no números de acessos, mas eles não deveriam ser priorizados em detrimento das informações que realmente geram algum impacto na sociedade.

    Dentre os portais, um exemplo claro do foco no sensacionalismo e no “mundo cão” é o R7, do Grupo Record. No dia 30 de junho, algumas das manchetes eram: “Famosos esticados: compare o antes e o depois de quem exagerou na plástica”, “Mãe suspeita de matar a filha já havia tentado no ano passado”, “Mistério no DF: mãe de 2 filhos é achada morta com sinais de estrangulamento”. O site de esportes Lancenet, por sua vez, não recorre ao “mundo cão”, mas reforça a lógica do clickbait (conteúdo de natureza provocativa para atrair atenção e cliques) em sua página do Facebook. Muitas vezes, é comum alguém “se informar” apenas através de títulos, imagens e textos introdutórios das notícias nas redes sociais, em meio a um turbilhão de conteúdo (fenômeno este que já acontecia desde a leitura dos jornais impressos). Mas, no caso do clickbait adotado pelo Lancenet, as pessoas são praticamente forçadas a clicarem no link para saber o mínimo a respeito de determinado assunto. Afinal, a página recorre a títulos que não trazem nenhuma informação, como “Que trapalhada!”, “Veja os maiores artilheiros do Santos após a era Pelé”, “Urgente!”, “Saiba para quando o Fla planeja estreia de Guerrero”.

    O mecanismo de geolocalização

    A internet também tem influenciado a pauta até mesmo do principal telejornal do país, o Jornal Nacional, da Rede Globo, que este ano tem passado por mudanças – a começar pelo novo cenário e pelo modo de apresentação dos âncoras. No dia 22 de junho, o noticiário exibiu um vídeo, viral, que mostrava um gato pendurado em um ultraleve, na Guiana. “Por um momento, foi como se ele [o piloto] pensasse: ‘Eu acho que vi um gatinho’”, narrou William Bonner. Os 21 segundos dedicados ao assunto não foram o destaque do dia, mas a matéria imediatamente gerou grande repercussão nas redes sociais. Fenômeno parecido aconteceu no dia 3 de julho, quando comentários preconceituosos a respeito de Maria Júlia Coutinho, a Maju, da previsão do tempo, surgiram nas mídias digitais, mobilizando os internautas com a hashtag#SomosTodosMajuCoutinho. Bonner, que ao longo do dia já havia manifestado seu apoio à jornalista na web, trouxe o assunto à tona, ao vivo, ressaltando que os autores dos comentários serão investigados. “Os preconceituosos ladram, mas a caravana passa”, disse Maria Júlia.

    Além disso, em menos de dois meses após a estreia do novo formato, o âncora se manifestou duas vezes, ao vivo, a respeito de comentários feitos no Twitter sobre a edição do dia – na primeira, criticavam o apresentador, por ter dito que um hacker tinha “cara de maluco”; na segunda, alertavam que ele confundiu “boa noite” com “boa sorte” em uma tradução. “Fui corrigido pelo pessoal das redes sociais”, afirmou Bonner.

    O Facebook tem testado iniciativas para manter as pessoas na sua plataforma o máximo de tempo possível. A primeira delas foi desenvolver um mecanismo que acessa os links dentro do próprio aplicativo para celular ou tablet, de modo a evitar que os usuários abram outro aplicativo (no caso, o navegador) e possivelmente se dispersem. Já este ano, nos Estados Unidos, a rede social deu início à publicação direta das notícias na sua própria plataforma, sem necessidade de links, por meio do chamado “Instant Articles”. O conteúdo fica nos servidores da rede social, e não de quem o produziu. Essa iniciativa já conta com nomes de peso, que ainda estão buscando o melhor caminho a seguir na internet, como os jornais The New York Times e The Guardian, a revista The Atlantic e o site BuzzFeed. A ideia é que os artigos tenham anúncio e que, incialmente, os veículos recebam toda a receita gerada.

    É importante observar que essa novidade não somente influencia o tempo gasto pelos usuários na rede social, aumentando os lucros, como também pode ser vista como uma “afronta” a um dos principais concorrentes da empresa: o Google. As notícias publicadas diretamente no Facebook não são indexadas pelo Google, ou seja, não aparecem nos resultados de pesquisa do buscador, criando um mundo “à parte” na internet.

    Outra questão é o impasse que as empresas jornalísticas deverão encontrar diante das políticas editoriais da rede social. A foto de uma índia nua, por exemplo, que não tem caráter pornográfico, pode ser censurada, de acordo com as regras e termos de uso do Facebook. A “bolha” tende a se intensificar cada vez mais.

    O Google, por sua vez, também lançou uma ferramenta dedicada aos jornalistas: o Google News Lab. “Nossa missão é colaborar com jornalistas e empresários para construir o futuro da mídia. Estamos focando nisso de três maneiras: garantindo que nossas ferramentas estejam disponíveis para todas as redações do mundo (e que estas saibam como usá-las), entregando dados úteis nas mãos de profissionais e por meio de programas criados para construir uma das maiores oportunidades que existem na indústria da mídia atualmente”, divulgou a empresa, em seu blog. A plataforma Google Trends foi atualizada para oferecer dados em tempo real sobre o desempenho das matérias na internet.

    Em junho, o YouTube, que pertence ao Google, anunciou o NewsWire, uma ferramenta que fornecerá, aos jornalistas, notícias em vídeo relacionadas a grandes acontecimentos. Todas elas poderão ser enviadas por qualquer usuário do site, mas antes passarão por uma curadoria do próprio YouTube. O mecanismo de geolocalização, do Google Maps, será aliado à nova plataforma para uma melhor referência espacial.

    Referências bibliográficas

    DOCTOR, Ken. Newsonomics. São Paulo: Cultrix, 2011.

    Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Públicos e Consumos de Média: o consumo de notícias e as plataformas digitais em Portugal e em mais dez países.

    ***

    Vítor Hugo dos Santos Anastácio é aluno de Jornalismo da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ)

  2. Com um dia de atraso, mas o que vale é a homenagem.

    SANTA MARIA MADALENA, DISCÍPULA DE JESUS

    http://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria#.Va-sX_lVikr 

    DIA 22 – QUARTA-FEIRA  

    (branco – ofício da memória)

    Madalena (Palestina, séc. 1º), segundo o Evangelho de João, foi a primeira testemunha da ressurreição de Jesus e grande colaboradora em sua missão, seguindo-o até a cruz. Exemplo de fé e de dedicação ao evangelho, procurou retribuir ao Senhor o sublime amor dele recebido.

    Primeira Leitura: Leitura (Cântico 3,1-4)

    Leitura do livro do Cântico dos Cânticos – Eis o que diz a noiva: 1“Em meu leito, durante a noite, busquei o amor de minha vida: procurei-o e não o encontrei. 2Vou levantar-me e percorrer a cidade, procurando, pelas ruas e praças, o amor de minha vida: procurei-o e não o encontrei. 3Encontraram-me os guardas que faziam a ronda pela cidade. ‘Vistes porventura o amor de minha vida?’ 4E logo que passei por eles, encontrei o amor de minha vida”. – Palavra do Senhor.

    Salmo Responsorial: Salmo responsorial 62(63)

    A minha alma tem sede de vós, Senhor!

    Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! / Desde a aurora ansioso vos busco! / A minha alma tem sede de vós, † minha carne também vos deseja, / como terra sedenta e sem água! – R.Venho, assim, contemplar-vos no templo / para ver vossa glória e poder. / Vosso amor vale mais do que a vida, / e por isso meus lábios vos louvam. – R.Quero, pois, vos louvar pela vida / e elevar para vós minhas mãos! / A minha alma será saciada, / como em grande banquete de festa; / cantará a alegria em meus lábios / ao cantar para vós meu louvor! – R.Para mim fostes sempre um socorro; / de vossas asas à sombra eu exulto! / Minha alma se agarra em vós; / com poder vossa mão me sustenta. – R.Evangelho: Evangelho (João 20,1-2.11-18)

    Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – 1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”. 11Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”.14Tendo dito isso, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste e eu o irei buscar”. 16Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou em hebraico: “Rabunni” (que quer dizer mestre). 17Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.18Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” e contou o que Jesus lhe tinha dito. – Palavra da salvação.

    Reflexão:

    Maria de Magdala é a mulher que seguiu Jesus desde a Galileia até a Judeia. Esteve presente à morte e ao sepultamento de Jesus. Enquanto chorava por não encontrar o amigo morto, Jesus ressuscitado se dirige a ela chamando-a pelo nome “Maria”. Ao reconhecer o Mestre, acaba o choro, e a alegria inunda-lhe o ser. Jesus controla o ímpeto de Maria que quer segurá-lo, talvez como demonstração de imenso carinho. Os discípulos, doravante, deverão reconhecer Jesus, não mais pelo contato físico, mas pelo caminho da fé. Jesus então lhe confia o anúncio do grande mistério: “Vá encontrar os meus irmãos e diga a eles: ‘Eu estou subindo para junto do meu Pai e Pai de vocês, do meu Deus e Deus de vocês’ ”. Esta é Boa Notícia do Ressuscitado, de quem ela é testemunha ocular e fidedigna: “Eu vi o Senhor”.

    (Dia a dia com o Evangelho 2015, Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

     

  3. As construtoras da lava jato na cidade administrativa de Minas.

    http://revistacrise.blogspot.com.br/2011/01/cidade-administrativa-de-belo-horizonte.html 

    quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

    Cidade Administrativa de Belo Horizonte

     Abaixo há uma notícia do jornal Hoje em Dia sobre a Cidade Administrativa de Minas Gerais. Também já falei sobre o assunto há um tempo aqui com outro enfoque.
    Para construir a Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde (Região Norte), a tempo de o ex-governador Aécio Neves (PSDB) inaugurá-la, o Governo do Estado declarou um gasto com obras de R$ 948 milhões. Outros R$ 280 milhões foram gastos em serviços e equipamentos contratados por meio de licitações públicas, totalizando R$ 1,2 bilhão. Todo o complexo ergueu-se do chão em menos de 15 meses. Agora, três meses depois da inauguração, o Governo admite gastar nova soma significativa de recursos para corrigir algumas escolhas “infelizes” do projeto arquitetônico, e manter o complexo de pé. A lista de “defeitos” na obra, apontados num check-list preliminar, vai do tipo de piso usado no pilotis dos três prédios principais – cuja granitina apresenta uma série de fissuras -, passando por maçanetas que não mantêm as portas fechadas.

    O gasto com a troca do piso é consenso no Governo. Trata-se da mais aparente “falha” no projeto de construção do complexo. As rachaduras levantaram até a suspeita, entre os servidores, de um possível problema estrutural na obra. Engenheiros e arquitetos ouvidos pelo HOJE EM DIA, com base no valor do metro quadrado aplicado com granitina, calculam que o Estado terá um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhão se optar por arrancar o acabamento usado no complexo, fora o investimento no novo piso. O assunto é delicado e vem sendo tratado com cuidado. Afinal, o projeto executivo recebeu a assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer. Além disso, a execução dos 310 mil m² de área construída ficou a cargo de nove construtoras: Camargo Corrêa, Santa Bárbara, Mendes Júnior, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS, Andrade Gutierrez, Via Engenharia e Barbosa Mello.

    As obras tiveram início em janeiro de 2008 e foram inauguradas por Aécio no dia 4 de março, data do centenário de nascimento de Tancredo Neves (morto em 1985), que dá nome ao complexo. A área requereu grandes esforços de infraestrutura, envolvendo a dragagem do barramento, aterro, escavação e fundações profundas, devido ao solo pantanoso do terreno de 804 mil m2 do antigo Hipódromo Serra Verde. Fora o tempo considerado recorde pelo próprio Governo para uma construção deste porte, o que chama a atenção é a ousadia do projeto.

    Do ponto de vista da engenharia, o Palácio Tiradentes é o edifício mais complexo. O prédio de 146 metros de comprimento e 26 metros de largura aparece suspenso por “alças” metálicas presas à cobertura. A construção possibilita um vão livre duas vezes maior do que o do Museu de Arte de São Paulo (Masp), até então, o maior do mundo. E é justamente no piso do pilotis do Palácio Tiradentes onde se encontra o maior problema da obra.

    O revestimento com granitina (acabamento argamassado com aparência de granito branco) apresenta rachaduras por todas as partes. Os pisos dos prédios ‘Minas’ e ‘Gerais’, que abrigam as secretarias e demais órgãos do Estado, receberam o mesmo tipo de revestimento, e também apresentam as fissuras. As falhas no piso, conforme interlocutores, incomodaram o governador Antonio Anastasia (PSDB). Diante das reclamações dos servidores, o governador exigiu uma solução junto às construtoras. Pelo contrato, as empresas são responsáveis pela correção das falhas comprovadas na execução do projeto. 

    Maçanetas que não funcionam e ratos incomodam servidor 

    Até outubro, a previsão do Governo é de que a Cidade Administrativa reúna 16,3 mil funcionários. Hoje, os cerca de 4 mil servidores que trabalham no complexo já apresentaram seu “check-list” pessoal aos gestores. Nos processos licitatórios conduzidos pela Seplag, uma série de empresas forneceu, aproximadamente, 59 mil itens para rechear o complexo, incluindo móveis, equipamentos e serviços essenciais para as atividades. Entre as principais reclamações dos servidores, estão a falta de molas nas portas dos banheiros, maçanetas que não funcionam e até a presença de ratos.

    Conforme o Governo, pelos contratos, está garantido, além do fornecimento e da instalação completa do mobiliário e dos equipamentos, o serviço de garantia e assistência técnica por cinco anos. O Estado espera definir a lista de problemas que precisam ser resolvidos dentro de 90 dias. “Isso é igual à casa da gente. Existem coisas que precisam de manutenção ou de serem trocadas mesmo. No caso das trocas, o Governo terá de fazer novos contratos”, diz o diretor da Codemig, Marcelo Arruda Nacif.

    Na licitação do mobiliário, o edital previu a compra de 22 mil cadeiras, 10 mil armários e mil mesas. Com mobiliário e divisórias, o desembolso do Estado foi de R$ 93,9 milhões na aquisição de 58.731 unidades. Na aquisição de 79 máquinas de café, foram gastos R$ 5,7 milhões, contando a distribuição de 3 mil doses mensais por máquina. Para cinco lotes de lixeiras, num total de 11.978 unidades, foram pagos R$ 882,8 mil.

    Ainda na área interna dos prédios, os servidores reclamam do barulho feito pelo sistema de esgoto sanitário a vácuo e das portas empenadas. Segundo o “prefeito” do complexo, Reinaldo Alves da Costa Neto, como o vão livre do Edifício Tiradentes não permitia a instalação da rede hidráulica, optou-se por esse sistema a vácuo. “Não é caso de desgaste. As maçanetas, por exemplo, desagradaram aos servidores. Já na porta dos banheiros serão instaladas molas para que elas fiquem sempre fechadas”.

    O térreo, em torno das edificações, foi composto por uma laje impermeabilizada e recoberto com grama. Foram plantadas quatro mil árvores. No entanto, o complexo ainda passa a impressão de um imenso descampado.

    Construtoras se isentam de responsabilidade

    O acabamento do piso dos três pilotis, previsto no projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, desde o início, sofreu resistência da equipe de engenheiros. Apesar de o piso ser recomendado para áreas de grande circulação de pessoas, os especialistas acreditam que, hoje, há alternativas mais “eficazes’, tanto do ponto de vista funcional quanto do ponto de vista do custo.

    Em reunião que contou com as presenças da secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, e do diretor da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), Marcelo Arruda Nacif, o coordenador do projeto de implantação da obra e atual “prefeito” do complexo, Reinaldo Alves da Costa Neto, chegou a justificar o surgimento de “rachaduras” no acabamento do piso em função da escolha “infeliz” do material utilizado.
    http://revistacrise.blogspot.com.br/2011/01/cidade-administrativa-de-belo-horizonte.html
    Diante da própria avaliação do engenheiro, as construtoras consideram que todas as especificações da obra foram seguidas. Com isso, nenhuma empresa teria “obrigação” de arcar com os custos da correção ou da instalação de um novo tipo de piso. Segundo o diretor da construtora Mendes Júnior, Fernando Linhares, a empresa ainda não foi “comunicada” pelo Governo sobre as possíveis falhas na execução do projeto. Mas Linhares, que, ao lado de engenheiros das construtoras Camargo Corrêa e Santa Bárbara foi o responsável pela construção do auditório, do Palácio Tiradentes e pela infraestrutura (abertura de ruas, terraplenagem, conformação de terreno) do complexo, afasta qualquer tipo de erro. “O problema pode estar no tipo de acabamento escolhido, não na execução”.

    A discussão sobre quem “pagará a conta” das imperfeições do complexo já cria certo constrangimento entre as empresas e o Governo. Pelos contatos preliminares entre representantes do Governo e das construtoras, houve quem defendesse uma espécie de “divisão dos prejuízos”. Mas as construtoras não querem ceder. Argumentam que não têm responsabilidade sobre a decisão do Governo de mudar o acabamento do piso dos prédios do complexo. Tanto que o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), Oswaldo Borges da Costa Filho, empresa de capital misto que arcou com os recursos da obra, admite fazer um “aditivo” nos contratos para a realização dos reparos. “Tudo está caminhando sem qualquer atrito. O Estado pode arcar. Não é nada que vá causar desgaste maior”.

    Fonte: Hoje em Dia Postado por às 01:34 

     

  4. DA GLOBO PARA O MUNDO – Dois

    DA GLOBO PARA O MUNDO – Dois presentes para seus espectadores. O casal Purgante da TV , Huck e Angelica anunciando linguiça. Haja bicarbonato e Sal de Fruta Eno. A Angelica, nascida e criada na Vila Zelina no ABC paulista adquiriu um sotaque carioca melhor do que a Regina Casé. O Huck, feio e emplastrado dá credibilidade ao anuncio

    de linguiça. Mas quem será que escolhe testemunhais de produtos com esse perfil? Não seria melhor o Rivelino? 

    Vão brigar contra a Fatima Bernardes, a Miss Presunto Seara e ainda os publicitarios se dizem genios.

    Mas a Globo tem hoje uma grande comica, a conselheira de finanças pessoais Mara Luquet, que ontem no programa

    Em Pauta mais uma vez deu uma lição aos telespectadores endividados : “”Voces precisam negociar com os bancos, vão pedir um emprestimo mas não paguem a taxa de juro que o banco pede, negociem com o gerente”, que candura, o banco, compreensivo e comovido, vai baixar a taxa para o espectador da Globo, mas em que mundo a Mara circula?  “”Se o gerente não baixar o juro, vc ameaça levar sua conta para outro banco, eles vão ficar preocupados e ai baixam a taxa.””. Antes ela já tinha recomendado negociar a taxa de administração do fundo de investimento do banco, vc vai aplicar um dinheirinho, eles cobram uma taxa de administração de 2% ai vc negocia e eles baixam, não é uma graça?

    Alias os “conselheiros de finanças pessoais”” das radios e tv falam para retardados, um dos mais conhecidos dizia com toda a seriedade “”se vc quer comprar um carro e não quer pagar juros, vc deve todo mês colocar um dinheiro na poupança e quando vc tiver o valor do carro vai na concessionaria e compra à vista, ai vc não vai precisar pagar juros” ou melhor ainda, “”se vc vai viajar, fazer compras e não quer correr o risco cambial, o dolar pode ter subido quando vc for pagar a fatura do cartão, então é melhor vc usar cartão de débito”” não é bacana?

    E tem estação de radio e tv que paga salario para esses Acacios das finanças.

    A Globonews ultimamente está carregando na cobertura de acidentes, desabamentos, incendios, enchentes, assaltos, parece que tem gente que gosta dessa linha desgraça, para fazer par com programas intragaveis como Navegador, Profissão Reporter, Dialogos com Mario Sergio Conti, naturalmente para combinar com o clima politico de bruxa.

  5. Colegas
    Perguntas de

    Colegas

    Perguntas de engenheiro

    No relatório da PF by Estadão o conteúdo tarjado “branco” mostra perguntas em que é óbvio que a recuperação do Brasil passaria pela infra-estrutura, e não interessando quem ganhasse a eleição,  dependeria deste vetor, por isso fico matutando o óbvio  para descobrir a lona deste circo chamado Lava-Jato.

    Vê-se que  a Lava-Jato tem o mesmo DNA do  Mensalão;

    Quem concebeu e quem pôs em pé essa operação?  

    Este cidadão/entidade (MPF, alas do STF, alas de Partidos como PSDB/mídia ou quem? Maçonaria/Opus sociedades secretas? Industriais e rentistas reacionários? Todas as alternativas) teriam noção de como respingaria e os efeitos?  

    Sabia que as prerrogativas de foro seriam frágeis e depois questionadas e passíveis de anulação quando respingarem em quem não deveria?  

    Sabiam que uma vez caso expostos poderiam fazer nascer uma repulsa por parte do empresariado interessado em produzir em vez de conspirar?

    Quem motivou Moro? Sabemos que foi inchado pelos holofotes, aplausos em restaurantes, prêmos e gracinhas da mídia. Ele sabe onde isso vai acabar, ou surfou a maior parte do tempo e quando viu que a coisa saiu do controle era tarde demais. 

    Que forças políticas gravitam em torno do MPF e da Justiça Federal de Londrina/Maringá capazes de se aquartelar por lá e rodarem esse script e blindarem essa turma?

    Vamos ser claros, mais do que os delatores, um potencial alvo hoje pra queima de arquivo para todos os interesses confrontados seria o próprio Moro, e passível ainda de colocar na conta do Planalto.

     Modus Operandi

    O quão compartimentada é e como é articulada essa  conspiração. Quais são as ferramentas para se mater em movimento?  Como você mesmo disse eles tem uma disciplina invejável? Ferramentas importadas, geridas por aliados profissionais? Interesse estrangeiro? 

     

    Na parte mais abaixo da organização existe as operárias (pequenos repórteres editando sem o grosso da informação) Mas quem logo acima executa os filtros  tão rapidamente e tão sincronizado (as Capas e Manchetes variam só pra não serem iguais, como isso permeia , como é articulado?

    Engenharia Reversa

    Como toda estrutura mafiosa porque uma ala legalista da justiça ainda não  corrompeu um de seus membros mais altos para como na segunda-guerra revelar alguns de seus passos.

    Por mais que se trate de liberdade de imprensa e etc…, O governo e seu aparato  tem que considerar que isso é um rio, um fluxo, um fenômeno que se comporta sempre do mesmo jeito, tem que investir em descobrir, aliciar  e usar algumas peças desta máquina e entender como ela funciona para prever seus passos. E tudo dentro da lei, Acho que existem dentro desta moedor  muitos elementos sensíveis e descontentes dispostos a evitar que nossas empresas sejam destruídas, nossos recursos naturais entregues e que nosso potencial seja preservado é um mínimo de cidadania.

    Lanço um desafio

    Toda essa Massa Crítica de comentaristas dos blogs sujos tem capacidade de sobra para fazer um raio-x dessa máquina e  desvendá-la, seremos capazes?

  6. A falsa inflação manipulada pelo cartel de supermercados .

    Cartel dos Supermercados

     

     

    Duas redes estão a dominar o mercado brasileiro varejista de alimentos. O Extra e o Carrefour. Ambos estrangeiros. E estão matando o mercado de produtores brasileiros. Em seu conjunto, os dois grupos dominam cerca de 70% do mercado nas grandes metrópoles, principais centros de consumo.
    O que está acontendo? Simples e complexo. Vou me ater ao Extra, do grupo Pão de Açúcar, para exemplificar.
    O grupo possui a marca comercial Qualitá. Os produtos com essa marca possuem local de destaque nas gôndolas, sem o custo adicional que cobram dos outros fornecedores.
    Os produtores, para conseguirem colocar seus produtos têm que se submeter a algumas condições:
    a – embalar seus produtos com a marca Qualitá;
    b – submeter-se à política de preços leoninos.
    Com isso, perde a referência de sua marca no mercado. Assim, o grupo pode trocar de fornecedor a seu bel-prazer, pois o consumidor fica iludido ao pensar que o produto é o mesmo.
    Os preços nas gôndolas nada têm a ver com o preço de aquisição pelo grupo. Hoje mesmo vi três exemplos claros.
    O primeiro deles foi o açúcar mascavo. Para que se tenha referência, o preço no produtor oscila em torno de R$ 3,00/kg. Na gôndola havia somente o embalado com a marca Qualitá, ao preço de R$ 12,99/kg, ou seja, uma margem bruta de 400%. Sem alternativa.
    O segundo foi o pêssego em conserva Qualitá. No caso, importado da Argentina, com o preço de R$ 8,49. O produto nacional, em geral com origem em Pelotas-RS, é fornecido por um preço em torno de R$ 3,00. O Extra sobretaxa em mais de 250%. Sem opção de outra marca, ou é essa, ou é essa. Claro que seus tentáculos ultrapassam fronteiras, há interesses pessoais envolvidos chegando até a propinas aos decisores de compra. Enquanto isso, nossa indústria em Pelotas e os fruticultores quebram, por falta de ponto de venda.
    Terceiro exemplo. Suco de uva. O da marca Sinuelo e o Qualitá. Ambos fabricados pela Irmãos Moron, na serra gaúcha, rigorosamente o mesmo produto, mas o segundo com preço 40% inferior ao primeiro. Não significa que o preço de aquisição pelo grupo tenha sido menor, mas pura e simplesmente estão matando a marca Sinuelo. Isso abre caminho para que, em curto prazo, possam fazer um leilão entre os produtores de suco de uva, a essa altura já descaracterizados, e submeterem-nos aos únicos interesses de lucro do Pão de Açúcar. Ainda que signifique sua quebra em médio prazo, pouco importa a essa rede de facínoras. A partir daí, cobram o preço que quiserem, pois a concorrência já foi pro brejo.

    Ainda está em nossas mãos reverter esse quadro de bucaneiros. Boicotar essas redes Extra e Carrefour, pelo absoluto descompromisso com o consumidor brasileiro e com o próprio Brasil. Comprar nas feiras livres, nos mercados de pequeno porte. O que aparentemente poderia parecer um gasto maior, não o é de fato. Porque aquilo que pode nos parecer alguma vantagem, na realidade. é o preço de nossa liberdade. E essa não tem preço.

    http://fregablog.blogspot.com.br/2014/05/cartel-dos-supermercados.html

     

  7. O Vale do Café

    por Vânia Maria Cury no blog http://faltahistoria.com.br/

    Há cerca de dez anos (talvez um pouco mais), iniciou-se um projeto de revitalização da antiga região cafeeira no sul do Estado do Rio de Janeiro. O “epicentro” dessa iniciativa localiza-se nas grandes fazendas de café que outrora fizeram a riqueza e a fama da região, ao transformarem o Brasil no maior exportador mundial de café do século XIX e ao converterem o porto do Rio de Janeiro no principal polo importador de escravos trazidos da África, no mesmo período. Diante da novidade, houve até quem comparasse a beleza dos casarões e a sua indiscutível importância histórica ao Vale do Loire, na França! Exageros à parte, é claro que uma proposta que visa transformar parte do Vale do Paraíba fluminense numa frente dinâmica de turismo cultural e histórico deve ser recebida com entusiasmo, mesmo porque a região não tem oferecido alternativas viáveis de desenvolvimento econômico e social.

    No mês de julho, nos últimos dez anos ou mais, organiza-se um festival nessa antiga região cafeeira coalhada de belas casas de fazenda, cujo ponto alto é a apresentação de concertos musicais nos jardins dessas diversas propriedades rurais. Em alguns casos (não todos), além do concerto musical, os visitantes são brindados ainda com uma visita guiada à sede das fazendas, tendo a oportunidade de conhecer o interior dos belos casarões e de apreciar o requinte do mobiliário e dos adereços da decoração. Algumas chegam a ser deslumbrantes, com suas paredes lindamente pintadas, pisos originais de madeira maciça, portas entalhadas e esculpidas, tapeçarias, pratarias, louças e cristais dos mais talentosos artesãos do mundo. Em todas elas, dá-se grande destaque aos oratórios, ornados com belíssimos objetos da melhor e mais rica arte sacra brasileira. Essa suntuosidade dos ambientes não passa despercebida a ninguém. Toda a beleza e todo o luxo das moradias dos grandes proprietários de terras e escravos do Brasil monárquico remetem a uma fase da história em que foram moldados os principais traços da profunda desigualdade social que caracteriza o País.

    O projeto de revitalização da região cafeeira que está em curso é ainda incipiente e deixa bem aparente a sua falta de investimentos adequados. Para início de conversa, a divulgação é bastante precária. Isso leva necessariamente ao questionamento acerca da absurda concentração dos meios de comunicação no Brasil: fazer publicidade de qualquer evento requer grande volume de dinheiro, porque os segundos e minutos das rádios e televisões são caríssimos. Disso resulta que o acesso dos organizadores ao público fica muito limitado e passa a depender de uma divulgação mais modesta e, consequentemente, de resultados mais lentos. Aos poucos, por meio do popular “boca a boca”, o evento vai se tornando mais conhecido e mais capaz de atrair uma audiência cada vez maior, mas isso leva tempo. Já são mais de dez anos de festival, todo mês de julho, e a frequência ainda é bastante restrita a grupos de classe média e classe média alta, que pagam relativamente caro pelo programa (que inclui o trajeto, a hospedagem, os ingressos para os concertos etc.). Popularizar esse tipo de turismo histórico, que teria certamente um impacto muito positivo na formação das pessoas, é um enorme desafio.

    Mas não é apenas a organização do festival que se depara com as limitações próprias da antiga região cafeeira fluminense. Ao percorrer esse belo território, o visitante é levado a indagar sobre o que ficou de toda aquela prosperidade que marcou durante décadas as plantações de café. Profundamente dependente da mão de obra escrava, a cafeicultura fluminense entrou em franco declínio após a abolição da escravatura em 1888. As fazendas se esvaziaram rapidamente e o café plantado em São Paulo e no Paraná, já empregando trabalhadores livres e assalariados, assumiu a liderança na pauta de exportações do País. Os proprietários das fazendas cafeeiras fluminenses rearrumaram suas fortunas e seus patrimônios, mas a região se empobreceu e se enfraqueceu de modo inelutável. Hoje, o café se tornou apenas parte da história. A maioria das fazendas que se integram ao festival do Vale do Café não possui plantações comerciais e nem produz para consumo próprio.

    Inquietante é também a observação da paisagem atual. É possível percorrer quilômetros e mais quilômetros de estradas sem ver nenhuma plantação sequer. São milhares, talvez milhões de hectares de terras sem nenhuma utilidade concreta, sem criação nem plantio, sem nenhuma produtividade. Mas as cercas estão lá! Não há um único pedacinho de chão que não esteja devidamente cercado. De modo esparso, aqui e ali, de vez em quando, há uma meia dúzia de bois num pasto, ruminando com seu jeito modorrento, sem nenhuma expectativa. Foi esse o legado da cafeicultura fluminense, outrora tão próspera e tão abundante. Terras vazias, imensidões verdes e desertas…

    Corre-se o risco de perpetuar esse modelo, mesmo com o advento de um turismo baseado nas lindas fazendas deixadas pelos cafezais de antigamente. O que se nota, ao percorrer algumas delas, é que não irradiam nada da sua pujança para o meio ao redor. Não interferem na paisagem, não incidem nos arredores, não afetam as estruturas já existentes. Anda-se por estradinhas de terra estreitas e íngremes e, de repente, eis que surge um belíssimo casarão com suas dezenas de janelas azuis, suas escadarias de pedra, suas varandas aprazíveis e floridas. Nada, mas nada mesmo, até aquele momento, indicaria que um monumento como esse estaria à espera do viajante. É como uma surpresa: algo que não encontra nenhuma referência no seu entorno. Totalmente inesperado, inevitavelmente surpreendente. Os belos casarões das antigas fazendas de café continuam, então, a seguir a sua velha trajetória do passado de glória — vivem em si mesmos e para si mesmos, não afetam o mundo à sua volta. Querem atrair visitantes, pretendem tornar-se o “epicentro” de uma revolução turística, mas não transformam as bases dos seus arredores. E nem se deixam transformar por elas…

     

  8. Brasiliana Fotográfica. Pura Vida.

    Brasiliana Fotográfica é um espaço para dar visibilidade, fomentar o debate e a reflexão sobre os acervos deste gênero documental, abordando-os enquanto fonte primária mas também enquanto patrimônio digital a ser preservado.

    Esta iniciativa começa com a união de esforços da Fundação Biblioteca Nacional e do Instituto Moreira Salles. A ela poderão vincular-se, no futuro, outras instituições do Brasil e do exterior, públicas e privadas, detentoras de acervos originais de documentos fotográficos referentes ao Brasil.

    Para tanto, as instituições interessadas deverão contribuir com arquivos digitais e respectivos metadados que estejam de acordo com os padrões adotados internacionalmente.

    http://brasilianafotografica.bn.br/

    Eu que adoro fotogradia estou mais faceiro do que pinto no lixo..hehe Dá para se divertir muito…

     

  9. http://f.blick.ch/img/aktuell

    http://f.blick.ch/img/aktuell/origs238582/2060489626-w980-p40/Marc-Rich-Peter-Hossli.jpg

    O CASO MARC RICH E O INTERESSE NACIONAL – Marcel David Reich nascido em Antuerpia em 1934 emigrou para os

    EUA ainda jovem com os pais e não terminou a educação basica que é padrão nos EUA. Empregou-se na trading de commodities Philip Brothers, a famosa PHIBRO que por decadas dominou a importação e exportação de metais em muitos paises, inclusive no Brasil, lá tornou-se um dos maiores traders e onde adquiriu conhecimento e o network .

      Vou mais adiante escrever um post sobre a PHIBRO, lendaria empresa com muitas ligações no Brasil.

    Rich em 1974 fundou sua propria trading Marc Rich & Co.  A firma praticamente criou o mercado spot de petroleo, até então o petroleo se vendia em contratos de longo prazo mas havia um espaço para venda para pronta entrega e Rich o desenvolveu, tornando sua empresa prospera e crescente. Não tinha qualquer escrupulo em transações, negociava com qualquer um, ditadores, golpistas, se aproveitava especialmente de situações de embargo e de sanções, quando o produtor ficava estrangulado, ele comprava furando regras de bloqueio, ai é que ganhava mais. Seus clientes foram o ditador da Romenia, Ceaucescu, Fidel Castro, o lider da Nicaragua Daniel Ortega, os lideres da Revolução Iraniana, especialmente Khomeini, Pinochet, Hugo Chavez, que escoava quase toda exportação da PDVSA através da Glencore, nome corporativo da outrora Marc Rich & Co., com sede em Zug, na Suiça.

    O pano de fundo do mercado spot foi a mudança na geopolitica do petroleo que se deu nessa época. Antes toda exploração e produção eram das Sete Irmãs, as majors do petroleo. A partir dos anos 70 as produtores do Orente Medio e, Africa e America Latina foram estatizadas e os novos donos precisavam de tradings, algo que as majors não

    necessitavam  pois elas mesmo faziam a distribuição. Todo petroleo do Oriente Medio, Venezuela, Equador, Colombia

    e Peru viraram estatal, Brasil e Mexico sempre foram estatais, esse o campo das tradings.

    O maior instrumento de Mar Rich era a corrupção. Os ditadores vendiam oleo através da Glencore e em cada barril Marc pagava o “por fora”, 5 ou 10 dolares por barril, porisso os novos donos do petroleo preferiam vender para a Glencore e não para a Shell, que não pava comissão.  A PDVSA vendia para sua propria subsidiaria CITGO nos EUA usando a Glencore e assim quase todas as estatais.

    Hoje a Glencore transiciona 800 bilhões de dolares por ano, contando a Xstrata, sua subsidiaria de metais não ferrosos, que tambem explora minas proprias. A Glencore não ficou sozinha no mercado, é

    seguida paela Trafigura, de Lucerne, na Suiça, formada por ex-operdores da Glencore, com 380 bilhões de dolares e pela Vitol da Holanda e Texas, com 400 bilhões de dolares anuais de transações.

    Em 1983 Marc Rich foi condenado por 65 acusações de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e desrespeito a embargos contra o Irã e Rodesia, sendo condenado a 300 anos de prisão. Fugiu dos EUA onde nunca mais voltou e se escondeu na Suiça. Não voltou nem para o enterro da filha  em 1996. O promotor de seu caso foi Rudolph Giuliani e Rich foi considerado o maior sonegador de impostos da historia dos EUA. Como fugitivo foi considerado um dos dez mais procurados do mundo. Seu passaporte americano foi cancelado mas Rich tinha passaportes da Suiça, Espanha,

    Bolivia, Belgica (ond nasceu) e Israel (por ser judeu).

    Seu mandado de captura internacional ficou circulando até 20 de janeiro de 2001, ultimo dia do mandato do Presidente Bill Clinton, que lhe deu completo perdão criminal e fiscal, mandou encerrar todos seus 65 processos. A decisão de Clinton foi legal mas ele sofreu uma bateria de criticas violentas, especialmente porque Rich e sua esposa Denise foram grandes doadores de campanha para Bill Clinton. O elo era Denise Rich, amiga do casal Clinton e que morava nos EUA, mesmo depois de sua separação de Marc, que se casou e separou novamente.

     

    Clinton se defendeu alegando que Rich era um empresario de grande importncia para os Estados Unidos e para a economia americana. Na realidade, através da Glencore, os EUA tinham laços com todo mercado mundial de petroleo,

    onclusive de paises inimigos, provavelmente msmo condenado Rich passava informações desses movimentos para

    o governo dos EUA, é impossivel operar nessa escala sem algum tipo de cooperação com os EUA.

    Marc Rich morreu em 26 de junho de 2013, de infarto, na Suiça, deixou uma fortuna de cerca de 10 bilhões de dolares

    e uma das maiores coleções de arte privadas do mundo, com abundancia de Renoirs, Monets e Picassos.

    Foi enterrado em Israel.

    Lição da Historia: Governos de grandes paises operam por razões de interesse nacional, moral, ética, raiva, justiça, 

    ressentimentos, ficam em um plano inferior, o interesse nacional sempre está em primeiro lugar.

    Como disse uma vez Delfim Neto em uma frase lapidar “”O Estado é um ente aético”.

     

  10. O grande mercado de cadastro reserva

    Esta acontecndo aqui em BH concurso para o TRT e os inscritos ja passam de 130 mil,gente de varias partes do pais.hoteis cheios,nas redes sociais amigos,parentes pedindo guarida par o fim de semana ja que domingo é a prova,em varios locais e horarios.A taxa de incrição mais barata foi de R$ 92,00 reais.E tudo isto para formação de cadastro reserva,ou seja sabe-se la Deus que dia ou se vão se abrir todas as vagas do tal cadastro e ou simplesmente a extinção.

    É uma excrecencia moral,etica e juridica,colocar dezenas de pessoas em uma lista de emprego,pelo qual ela pagou,perdeu horas,dias estudando especificamente para a prova,tem gastos para realizar a mesma,e depois fica chupando o dedo por meses,anos,e ainda pode ver todo seu esforço ir pro ralo.Concurso público hoje,pelo montante que envolve,virou uma industria de interesses para quem aplica estas provas.Ha num projeto largado em alguma gaveta no congresso que regulamente,ou acaba com este negocio de cadastro reserva,mas como agora é um negocio,não ha,ou mmelhor ,so se pode deduzir que ha interesses para que continue.Como cidadão faço a mesma indagação da Record sobre a revista Veja :”pra que serve cadastro reserva ?”

    1. Serve á boa adm pública,

      Serve á boa adm pública, serve para o órgão ter uma reseva caso algum servidor se aposente, morra, peça demissão ou seja demitido (ainda que issso seja quase impossível). Sem cadastro de reserva como seria ? O órgão precisaria abrir concurso com o exato número de vagas faltantes ou seja, o órgão ficaria muito tempo sem estes servidors, pois precisaria esperar haver a vaga ou a falta de servidores para, só ai, abrir o concurso. Como o processo é moroso, em alguns casos poderia se ficar mais de um ano com falta de funcionários.

      É preciso pensar também na administração pública e não apenas no prestador de concurso.

      Outro ponto são os benefícios excessivos que estes concursos do judiciário, notadamente de nível médio oferecem, com salários altos, poucas horas de trabalho, recessos, emendas de feriados etc, tudo isso leva a esse mundaréu de candidatos. Não é por outro motivo.

       

      1. E o concursado ?

        Beleza,voçe elencou uma serie de beneficios ao estado,e o concursado? Este tem que ficar a disposição,fez o concurso porque precisa,quer melhorar de vida,estabilidade.Muitas vezes desempregado.E ainda o estado tem a prerrogativa de prolongar o tempo de contratação para os que passaram e estão no cadastro reserva ou o simples cancelamento.O ponto é, tem que se pensar nos 2 lados ,na necessidade do estado e no respeito as pessoas,que não são peças de reposição para se colocar em um deposito e utilizar quando puder ou quiser.Estas pessoas gastam dinheiro,que precisam para outros fins mais urgentes para pagar matriculas,apostilas,cursos,aulas particulares,tempo para estudar,de suas horas de lazer ou descanso.Ha um desrespeito total ao cidadão,ha formas mais inteligentes,mais respeitosas com o cidadão de se equacionar esta questão,o que não é aceitavel é como as coisas estão agora.

        1. Mas qual é a sugestão ? Nâo

          Mas qual é a sugestão ? Nâo tem outra forma. Cadastro de reserva significa que o candidato que fizer o mínimo, pode ou não ser convocado.

          O interesse público deve estar acima do interessa particular do candidato.

          1. Discordo novamente
            O interesse publico nào deve superar o interesse publico,não estamos falando de uns poucos gatos pingados,mas de milhares,nas esferas municipais estadiluais e federais.Henry Ford revolucionou com a produção em serie,os japoneses com o just in time em que se reduziu estoques na produção.Tudo isto é profissionalismo,visão,inteligencia,estudo.Não é possivel acreditar que quaisquer orgão publico lance um edital em que se coloque 500,600 ou 700 vagas de cadastro reserva e leve de 2 a 4 anos para efetivar,que é isto? Falta de planejamento,gestão e principalmente respeito,cidadania.Repito são seres humanos que investiram para conseguir a vaga,fizeram por merecer.Nunca vou concordar em que o interesse do estado se sobreponha ao cidadão,a não ser em casos extremos.A coisa publica é justamente para isto oara servir ao cidadão.e não vejo como uma melhor gestão,planejamento possa prejudicar o estado.o que vejo é o cidadão,sendo tratado como numeros e não são.

          2. Equilíbrio

            A questão não é a existência do cadastro de reserva, mas sim sua aplicação. Um concurso normalmente tem validade de dois anos. Devem ser aberts uma quantidade de vagas correspondente ao que se espera contratar nesse peŕiodo e não um númeo muito maior (por muito entenda-se fora do desvio padrão. Se uma eventualidade exigir muitos novos serv idores faz-se o próximo concurso antes, se a necessidade for menor que o esperado o novo concurso deve esperar que o cadastro se esgote. É justo para o concursado e para o Estado.

            O interesse público prevalece sobre o interesse individual desde que não venha a ferir os direitos básicos do cidadão, mas também não tem por que o poder público onerar demais os concursantes, que em boa parte ainda virão a ser novos servidores em algum cargo, já que muitas pessoas prestam vários concursos.

            Acho que com bom senso e boa fé é possível fazer um processo de contratação justo, que atenda ao interesse público sem prejudicar os participantes.

            A questão dos concursos públicos é complexa e tem muitos outros problemas, mas ainda é a melhor forma de suprir as necessidades de quadros para o serviço público. A pior e mais injusta delas é a terceirização, mas isso é assunto para outra conversa.

    1. Está esquisito (estranha)

      Está esquisito (estranha) toda esta movimentação.

      Julio Camargo (que tinha? CPreta) está com o Bastos como adv – o mesmo de Youssef e outros réus da lava jato.

      É necessario levantar a lista. 

       

       

  11. Datena na prefeitura para …

    O Sensacionalista

     

    Programa de governo de Datena é acabar com o crime para o Marcelo Rezende não ter audiência

      

    Após confirmar que foi sondado por partidos políticos para ser candidato a prefeito de São Paulo no ano que vem, o apresentador José Luiz Datena revelou revelou os primeiros elementos de um possível programa de governo.

    Segundo fontes ligadas ao apresentador, a prioridade de Datena, uma vez na prefeitura e fora da televisão, é acabar com a criminalidade para tirar a audiência do rival Marcelo Rezende.

    “Ele quer se candidatar para isso”, disse um amigo. “Já sonha em entrar ao vivo no programa do Marcelo Rezende como prefeito só dando boas notícias, falando bem das ciclovias, do trânsito, da defesa civil no período de chuvas e elogiando projeto social de recuperação de presidiários .”

    M Zorzanelli

     

  12. O ACORDO
       Esses dias na fila do mercado eu peguei uma Veja pra folhar e li uma manchete tipo “Os tropeços de Sergio Moro”. Pensei : ” A veja retirando o apoio editorial ao Super Moro?, Alguma coisa tá acontecendo”, poucos dias depois prenderam o cara da Odebrecht e rolou as denúncias contra o Cunha.   A turma viu que o Juiz é apolitico e que  as investigações podem se alastrar  para a  oposição. O sergio Moro apreendeu o celular pessoal do dono da maior empreiteira ever do país, que financiou com milhões as campanhas eleitorais de todos os presidentes da história moderna, se existe corrupção no Brasil, parte dela passa pelo celular (e  PCs) desse Marcelo Odebrecht, e de cara já rolou o nome de Serra, Pinheiro e etc. Ou seja, com a Lava jato o Sergio Moro tem o poder de demolir o mundo político, pra não sobrar pedra sobre pedra.   Meu palpite de leigo:    ironicamente a salvação de “todos” parece estar nas mãos do PT. Acho que os agentes  esse mundo politico ameaçado  vão parar de brigar para se salvarem. O PT vai esquecer essas história de “regulação econômica da mídia” , a mídia então vai encontrar “erros graves nas investigações” e vão desconstruir o Moro igual como fizeram com Protogenes,  então Moro desfeito  o Ministro da Justiça vai afasta-lo, enterrar essa Lava Jato e jogar uma pá de cau encima. Em troca por sua vez, a oposição e a mídia  esquece de uma vez essa história de Impeachment. E assim as empreiteiras sobrevivem, os “sistema da corrupção” (porque a corrupção aqui é um sistema que transpês partidos) do pais continua girando e tudo volta como era antes.    Hey, mas e a população faminta? Tem que jogar algo pra elas trucidarem. .as quem será que vai?   Aparentemente eduardo cunha é um deles (ou não).E assim tudo volta a normalidade e felizes para sempre. Fim

  13. Mídia

     

                                       

                               

     

    Só 13,2% dos brasileiros acreditam na mídia e 21,2% nunca confiam no que ela publica.

    Pesquisa da CNT/MDA, feita em 25 estados e no Distrito Federal, ouviu 2002 pessoas, divulgada na última terça-feira (21), aponta que só 13,2% dos brasileiros confiam na imprensa e 21,2% nunca confiam no que ela diz. E não é só a Globo, toda a imprensa brasileira é atingida por esses índices. Temos que falar na Globo porque ela é  um monopólio, atingindo todo os estados brasileiros. 

    Eles escondem essa pesquisa dos brasileiros! O que diminui mais ainda a credibilidade em nossa imprensa é que notícias como essa você não vai ver no Fantástico,  no jornal Nacional  ou na capa de jornal ou revista. A pesquisa só veio comprovar o que muita gente desconfiava, da baixa credibilidade de nossa imprensa.

    E o mais grave é que a imprensa brasileira não tem nenhum controle institucional como todos os demais setores da nossa economia. E são radicalmente contra qualquer controle! Respondem à tentativa de regulação, como tentativa de golpe ou mordaça. Aliás, a sociedade precisa saber que, em todo o mundo civilizado, existe a regulação da mídia, menos no Brasil.

    Talvez até para evitar esse descrédito, cremos que a sociedade deva exigir a regulação da mídia, que são concessões públicas, e também para melhorar a credibilidade desse setor tão estratégico para o país.    

     

    *Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

     

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    Rio de Janeiro, 23 de julho de 2015

    http://emanuelcancella.blogspot.com.br/

     

     

     

     

  14. Aí o Fora de Pauta é um

    Aí o Fora de Pauta é um pouquinho elevado.

      Fora do tempo, Nassa.

      Tem que ser fixo.

       E no alto.

       Vc não acha que dará certo ?

       Pelo menos tente por uns 10 dias.

       Pessoas inteligentes não podem ser tão teimosas assim.

        Se não der certo,volte a forma antiga,

             E Fora de Pauta e Clipping ocupam muito espaço;

       É necessário otimizar e trabalhar mais,–e anúncio no espaço liberado.

          Estamos em crise,Nassa.

  15. Crisistóvão Buarque
     
    O

    Crisistóvão Buarque

     

    O triste é que educação de qualidade para todos, pela escola pública, não é um sonho de consumo dos brasileiros.

    É revoltante a modéstia como se trata a educação no Brasil. Os comentários à minha última mensagem sobre a necessidade de termos salas- de -aula -naves, no lugar das salas -de -aula -carroças de hoje assumem que é loucura e desnecessário pensar tão ambiciosamente, uma vez que nossas escolas ainda têm goteiras e professores com baixa remuneração. Por que nós brasileiros somos tão ambiciosos no resto, mas nos contentamos em tapar as goteiras das escolas. Por que não é possível tapar as goteiras, ter os prédios escolares bonitos e confortáveis, com ar condicionado central nas regiões quentes, com os melhores equipamentos e os professores muito bem remunerados, preparados e dedicados? 
    Ou disseram que o importante é o professor, e não os equipamentos. Mas por que não podemos ter o professor e o equipamento, e os dois bem combinados. Nunca ouvi alguém dizer que o importante é o piloto e que por isso não precisa de radar no aeroporto, nem computadores nos aviões. Até os carros nós queremos com GOS e toda parafernália moderna, mas nas escolas dizemos que não é preciso.
    Por que desejamos isso para os bancos, os shoppings, as lotéricas, mas para as escolas públicas isso parece loucura?
    Outros dizem que a loucura é pensar isto para o Brasil. É possível na Irlanda, na Coreia ou Finlândia, mas não neste Brasil. E por que não podemos ter outro Brasil? Salvo pelo fato de que não queremos, não acreditamos. 
    E depois dizemos que a culpa é dos políticos, mas quando um deles começa a sonhar com uma escola ideal,diz como fazer, quanto custa e de onde vem o dinheiro, é chamado de louco, defensor de coisas desnecessárias e mandado para a Dinamarca, onde ele parece estar. 
    O problema maior do atraso da educação no Brasil é que nós brasileiros não acreditamos que ela pode ser boa, nem desejamos de fato que isto aconteça. Até temos medo. Educação de qualidade para todos, pela escola pública, não faz parte dos objetos de desejo dos brasileiros. Queremos ser campeões de futebol, não de conhecimento; ricos em PIB, renda e consumo, não em ciência e tecnologia. Só que a primeira riqueza não é mais possível sem a segunda. Não haverá mais fábrica sem escola, riqueza sem educação.
    Fica a dúvida: ter paciência ou entrar no espírito geral e dizer que isto não é para nós e nos contentarmos em tapar as goteiras das escolas, consertar as cadeiras, colocar giz ao lado quadro negro e aumentar um pouquinho o salário do professor?
    Eu prefiro ter paciência, sem abrir mão dos sonhos

  16. Adam Smith pode conversar com Richard Sennet

     20/jul/2015, 8p6min

    Adam Smith pode conversar com Richard Sennet

    Por Tarso Genro

    Um livro do jornalista inglês James Buchan, “O autêntico Adam Smith”, que não li e cito-o apenas para demonstrar que certas polêmicas de hoje são bastante antigas, afirma que a obra de Smith “A Riqueza das Nações” (1776) é alvo de muita “mistificação dos economistas e da simplificação dos políticos”. O jornalista escritor diz que Adam Smith não serve para ser apontado como “pai do neoliberalismo”, nem era -aquele tranquilo e rotineiro escocês- insensível em termos sociais.

    Na verdade, a obra de Smith, estudada profundamente por Marx e influenciada por Thomas Hobbes e John Locke, deve ser apreciada no contexto histórico em que foi escrita. Principalmente em relação à contraposição que fazia às amarras feudais, que ainda bloqueavam o desenvolvimento do capitalismo triunfante, necessitado de intensificar a exploração do trabalho para avançar na modernização da sociedade burguesa.

    Esta nova sociedade trazia consigo, à época, as luzes democráticas da Revolução Francesa em conjunto com os navios negreiros, que ainda cruzavam os mares e que, de certa forma, poderiam ser considerados uma metáfora do seu futuro. A mesma sociedade que erigia as placas de recrutamento, nas manufaturas de Manchester, chamando crianças de cinco anos para trabalhar no inferno das manufaturas inglesas. Este era, naquela época, o significado prático do “liberalismo”. Ao mesmo tempo revolucionário, em termos econômicos, e profundamente hostil aos pobres e aos trabalhadores, de todas as raças, que morriam com pouco mais de trinta anos nos porões da sociedade industrial.

    Não é de pasmar, portanto, que quando o autor de “A Riqueza das Nações” apela para os “interesses pessoais dos indivíduos”, para promover o crescimento da sociedade a partir do seu desejo de enriquecer, ele identifique principalmente estes interesses -como ambição de riqueza- no dono da mercearia e no dono da padaria. São aqueles indivíduos proprietários, “movidos por interesses”, que chamam a sua atenção como motores do progresso. Não os trabalhadores ou “jornaleiros”, seus empregados, que não tinham fisionomia social e política definida. Nem eram portadores de demandas com força política suficiente para serem incorporadas nas teorias econômicas. Essa tarefa é cumprida, mais tarde, depois de aberta por David Ricardo, por Karl Marx, ambos respeitosos leitores e estudiosos de Adam Smith.

    É natural que as interpretações das grandes obras marcantes no mundo científico e intelectual mudem no tempo, pois o significado dos conceitos vai também se desnudando na História. As interpretações sobre a Bíblia Sagrada, sobre o Alcorão, sobre as obras de Marx, sobre o pensamento de Keynes e Ricardo, também sofreram -ao longo de décadas- o padecimento de vozes autorizadas (ou privilegiadas), em cada tempo histórico.

    As polêmicas travadas a respeito das questões, por exemplo, que envolvem Estado e Mercado são muito antigas, mas incidem nos dias de hoje sobre teses “prontas” de forças políticas diferentes, que não pensam de forma idêntica às que e apareceram em outras épocas. Debate-se, em cada crise, é verdade, praticamente os mesmos temas, tais como sobre como lidar com as questões da dívida pública, qual a função do Estado e do Mercado e como, teoricamente, melhor promover ou restaurar aquilo que Smith chamou de “riqueza das nações”, ou das regiões, a partir do lugar geográfico e social, que os sujeitos as enxergam. Mas estes debates travam-se com conceitos já adaptados, por experiências novas de Governo, por novas teorias e fórmulas doutrinárias e, também, coagidos por interesses contrapostos, de grupos e classes sociais, que já se movem de formas diferentes, comparativamente a épocas anteriores. Discutir o liberalismo, hoje, depois dos efeitos de longo prazo da Revolução Americana, da Revolução Mexicana, das experiências da social-democracia, do apogeu e queda da Revolução Russa, da Revolução Cubana e das ditaduras latino-americanas, é diferente do que discuti-lo somente à luz dos textos de Smith e das críticas de Marx.

    Assim, quando se fala em “novo liberalismo”, ou mais propriamente, “neoliberalismo” – embora no terreno político este conceito possa aparecer como um ataque sem fundamento”- (como uso da palavra “socialista” ou “comunista”, pode também aparecer como “ofensa”) na verdade está se remetendo para toda uma experiência histórica que, para ser alvo de uma discussão verdadeira, deve ser ligada aos dramas do presente. Assim como a burguesia “clássica” industrial, não é mais a mesma –hoje ela está fundida no capital financeiro ou é tributária deste- os trabalhadores também não são mais os mesmos da época de Smith e Marx. O capitalismo não é mais o mesmo e o socialismo e a democracia não são mais os mesmos.

    O que se verifica, porém, infelizmente, é que as relações comerciais, os intercâmbios culturais e as relações entre os povos, tornaram-se menos “controlados” pelos processos políticos e mais subjugados à força coercitiva do capital. Tal estado da arte impede uma visibilidade maior de novas alternativas, que não seja a do império desta força, como se viu recentemente na Grécia. E o manejo das questões do Mercado e da dívida -em torno das quais giram os assuntos de maior relevo do Estado- continuam asfixiando as ex-colônias, tornadas países soberanos sem soberania: países com pouco sentimento de pertencimento nacional autêntico, na ampla maioria do povo. A força da política, da Lei e do Direito, portanto, torna-se secundária, comparativamente à força avassaladora das normas financeiras ditadas pelos Bancos Centrais, verdadeiros centros do poder institucional em cada país. Isso degrada a política e despotencializa a discussão de alternativas para a consolidação da nação.

    As grandes lutas anticolonialistas, que se desenvolveram nos séculos 19 e 20, já com o capitalismo industrial em acelerada modernização, enfrentaram, depois das independências nacionais, os legados de dependência do sistema colonial, embora as ex-colônias já tivessem adquirido soberania jurídica. Esta disputa, herdada do velho colonialismo e do sistema colonial-imperial perdura até hoje, no conflito entre a extorsão promovida pelo capital financeiro (através da manipulação da dívida pública), de um lado, e, de outro, a ampla maioria da população miserável, (que precisa de Estado para garantir direitos) sem os quais a riqueza e a identidade da nação lhes é indiferente.

    Depois das independências nacionais foram iniciadas, em todas as partes do globo, as disputas para a estruturação dos novos Estado Nacionais, enfrentando a resistência imperial, cujo suporte social interno foi formado pela parte mais poderosa das novas elites nacionais nos países já formalmente soberanos. Depois, estes sucessivos governos nacionais soberanos, tiveram que enfrentar o manejo da dívida pública, que não é de hoje (sempre foi), a questão mais problemática da soberania concreta do Estado Nacional, para controlar o território e também dominar a economia, no território, para implementar políticas de coesão interna, promotoras da identidade nacional moderna.

    Com posições certas ou erradas (dependendo do lugar de quem olha) venho aprendendo e debatendo estas questões de maneira intensa desde o início dos anos 80, buscando os seus reflexos, não só no terreno do Direito, mas também na esfera da política e do Estado. Sempre me fixei em dois horizontes neste debate: primeiro, como substituir a proposta nacionalista, tradicional de esquerda, que baseava sua visão numa economia “fechada” para o mundo, que visivelmente não tinha mais futuro fundamentando uma visão de “cooperação interdependente com soberania”, possibilitada pela diversidade dos novos blocos econômicos globais, que já se formavam nos anos 80.

    Em segundo lugar sempre procurei imaginar como “separar” a dívida real da dívida “ficta”, especulativa, produto da manipulação dos juros no sistema financeiro global, sistema que, pela força da sua persuasão política e chantagem material, subjugou os Estados e dominou ideológica e burocraticamente os Bancos Centrais, permitindo que os próprios credores promovessem as políticas monetárias.

    Faço esta advertência, não para convencer alguém, já fixado em seus pontos-de-vista, que temos razão em relação às ideias que defendemos aqui no Estado, sobre o nexo entre o “tratamento da dívida pública” e o “desenvolvimento social e econômico”, de uma região ou de um país. Faço-o para ressalvar que os debates sobre estas questões, só tem algum sentido se forem feitos também fora do circuito fechado de um orçamento público regional, pois, com estes limites, a saída será sempre “cortar” políticas sociais, serviços públicos e arrochar salários. Este debate é um debate já secular sobre a natureza e as funções do Estado Moderno, que vem adquirindo formas novas, tanto pela agressividade do capital financeiro globalizado, como pelo nível de extorsão que ele já exige das ex-colônias de todos os continentes hoje juridicamente soberanas.

    Os temas do Brasil, do Rio Grande, da Grécia, do Egito, da Argentina são, fundamentalmente, os mesmos: Estado, dívida, Mercado, Democracia. As políticas meramente orçamentárias, para adaptar os orçamentos às crises são as mesmas, com outros nomes, desde a formação dos novos países, ex-colônias, que sempre aumentaram, tanto a dívida monetária como dívida pública social, que se transforma, mais tarde, em nova dívida monetária.

    Vejam a analogia que é possível fazer, por exemplo, da Grécia de hoje com o Egito do fim do Século 19, quando o “Quediva” Ismael Paxá, renuncia ao governo do país e logo após, “em 1880, (é) declarada a moratória nacional. Em 1881, foi criado pelos credores o Comitê de Administração da Dívida, que assumiu a tutela do fisco e das finanças egípcias. Mas, apesar disto, em 1882, as tropas inglesas invadiram o Egito em nome dos credores, transformando o país numa colônia, e depois num protetorado militar, que durou até 1952.” Aqui no Brasil, esta ação imperial-colonial está representada pela “intervenção do Banco Central, podadora da capacidade de investimento da Petrobrás, impedindo o BNDES de financiá-la: medida reprovável, coerente com a tradição do BACEN, hostil às atividades produtivas, e determinante do eterno desequilíbrio das contas públicas, através da política de juros exorbitantes.” Este processo econômico-financeiro e o debate a ele vinculado, para uma geração inteira, é recente, mas para a vida política de um indivíduo é um longo período.

    Em novembro de 1986 eu remetia ao professor Roberto Lyra Filho, um dos trabalhos que escrevera sobre as relações do Direito com a nova economia global do capital financeiro e recebia dele, por carta que guardo até hoje, um estímulo para continuar pesquisando e trabalhando nesta direção. Suas palavras, taxando meu texto de “arguto, estimulante e erudito” -o que certamente era um exagero determinado pela nossa colaboração intelectual e amizade- até hoje me calam fundo, quando as releio nos momentos em que o massacre midiático, em defesa do “caminho único”, se torna mais agressivo. Destas lições de Roberto Lyra Filho, entre outras, cresceu o meu interesse em tentar formular novos nexos entre Direito e Política, através de uma crítica inclusive aos limites do velho Direito do Trabalho, para ser eficiente como sistema protetivo no novo capitalismo “informático”, para usar uma expressão cara a Adam Schaff.

    Dentre outras opiniões que pedi, desta feita sobre assuntos que versavam sobre a “questão democrática” e a sua relação com a questão do socialismo -sobre as quais eu começara a escrever já na década de 90- estava a opinião do professor Alain Touraine. Ele me estimulou continuar estudando o vínculo da “crise da democracia” com a ditadura do capital financeiro dizendo-me em carta de junho de 1997: “Li com muito interesse o documento que me enviou em espanhol e inglês. Parece-me muito acertado seu ponto de vista sobre a necessidade de repensar, de maneira nova e global, o terreno da política, frente ao triunfo atual do capital financeiro internacionalista”(…) “O tema da cidadania toma uma força nova e um significado mais amplo que teve há dois séculos atrás”(…) “Sem partidos políticos estruturados e sem movimentos sociais e de opinião, autônomos e representativos, é impossível dar vida ao espaço político”. Deste intercâmbio com o professor Touraine e outras cabeças privilegiadas com as quais tive a sorte de dialogar, nasceu a ideia dos Conselhos de Desenvolvimento Econômico e Social.

    Em agosto de 1997, Raymundo Faoro, para quem eu mandara o trabalho “Reflexão Preliminar sobre a influência do neoliberalismo no Direito”, publicado em livro e pela revista “Direito em Debate” n.10 (Unijui), depois de nominar o ensaio como “um trabalho pioneiro”, inaugurando “um debate até então circunscrito e fechado na economia”, responde-me de maneira taxativa: “Impressionou-me que V. foi capaz de abrir um campo de combate à praga política pós-keynesiana e pós-marxista, de um fato que seus ex-seguidores não ousam chamar pelo nome. Na inundação neoliberal, na qual estamos submergindo, expandindo cruelmente o número já inadmissível dos excluídos, temos usado de pouca racionalidade e de muita indignação emocional, o que facilita a sua penetração. V. sugere uma estratégia política que é também um caminho jurídico.” Das indicações de Raymundo Faoro tentei, confesso que às duras penas, suprimir uma certa emoção, que ainda permeava meus textos de crítica ao projeto do novo liberalismo, orientando-os mais para indicações propositivas para superá-lo.

    É óbvio que o apelo à autoridade intelectual destas figuras emblemáticas do nosso tempo não encerra a discussão, nem é, frequentemente, instrumento de convencimento. Serve, porém, para demonstrar que este debate não é de hoje e que jamais o campo político a que pertenço no Estado, “improvisou” suas ações e posturas no Governo, o que ajudou a configurar diferentes campos políticos com programas coerentes sobre como “sair da crise”. E digo “coerentes” sem maldade, pois a coerência deve ser medida pelos atos de Governo, não por discursos, embora, às vezes, os atos possam conflitar, não com o “dito”, mas com a cautela política do “não dito”.

    Estes dois campos tornaram-se claros e se formaram em função de interesses mais, ou menos legítimos, como reflexos das medidas dos cinco últimos governos gaúchos: os empresários que tem seus serviços e obras reduzidas ou não pagas, os servidores públicos atingidos pelas restrições salariais, os empresários que dependem de estímulos financeiros para desenvolver os seus negócios e empresas para aumentar a oferta de emprego, os agricultores que precisam de estímulos e projetos do setor público, os setores da população que dependem dos serviços públicos de saúde e educação do Estado (que iniciavam a sua recuperação), a segurança pública que iniciava implementação de um programa exemplar para o país, os pequenos empresários que dependem do microcrédito subsidiado pelo Governo para crescer, o sistema de cooperação que recebeu financiamento e estímulos do Estado, os trabalhadores de baixa renda -dependentes do Salário Mínimo Regional- as famílias mais pobres abarcadas com os subsídios do “RS Mais Igual”, a cultura que estava completamente sucateada e subfinanciada, as políticas de gênero – estes setores sociais e funções do Estado- foram os que mais procuramos defender no nosso Governo. Na verdade as suas necessidades são do nosso Programa de Governo, porque elas refletem as questões mais universais da sociedade gaúcha. Por isso, assumimos o risco de dizer “só sai da crise crescendo”, de uma maneira honesta transparente.

    Quaisquer saídas para crises desta natureza (que são reflexos crises mundiais em regiões e em países) são arriscadas e nunca são matematicamente previsíveis nos seus resultados. Mas, os efeitos de quaisquer destas medidas sobre as pessoas, ou grupos de pessoas mais débeis, ou mais pobres ou mais “abonadas”, são perfeitamente identificáveis em cada momento em que elas são aplicadas. As saídas definitivas são viáveis só num espaço entre quinzes e trinta anos e dependem muito das decisões locais, mas não se consolidam sem decisões nacionais.

    Certamente, as opções de hoje e a luta “junto” e “contra” as decisões do governo da União, que prejudicam os Estados, deve ser sempre atual e ofensivamente planejada. Não podemos esquecer que assim como Rio Grande do Sul mudou de governo, democraticamente, na União também ocorreu uma mudança de Governo. Assim como meu partido era o partido mais importante do Governo Federal, na minha gestão, o partido do atual Governador do Estado é o partido mais importante nos dias de hoje, no mesmo Governo Federal.

    Tsipras foi ao limite das suas possibilidades de enfrentamento, para ser coerente e ter respaldo na sua meia-vitória, que foi política, não financeira. A dívida da Grécia vai aumentar e aumentaria em qualquer hipótese de permanência da Grécia na Europa. Mas o acordo evitou o caos financeiro, que seria gerado pelo isolamento, proporcionado por uma ruptura provocada pelos credores. Na questão da dívida do Estado, nós também fomos ao limite do enfrentamento com o Governo Federal e conseguimos abater mais de vinte bilhões de reais da dívida pública do Rio Grande, abatimento este já garantido por lei. Iríamos prosseguir neste caminho, que foi interrompido pelo mesmo tipo de decisão soberana que tomou, agora, o povo grego.

    Mas o que é certo -tanto na crise grega como na “crise gaúcha”- é que ambas são episódios de longos e dolorosos processos, que não se encerram com acordos financeiros e com simples leis de reestruturação. São processos econômicos e políticos de longo curso, que se relacionam com o futuro do capitalismo, com a sua derrocada ou com a sua barbárie. Na Grécia, foi desnudada política da sra. Merkel, Chefe da nova política imperial europeia, que transformou as finanças da União, no Exército de ocupação dos países endividados. No Rio Grande do Sul, ainda é difícil falar, pois ainda não se sabe quais as medidas que o Governo do Estado vai apresentar para que o Estado supere a crise.

    De outra parte, a amarga meia-vitória de Tsipras foi mostrar ao mundo que é possível interromper a liquidação da soberania política nacional, com coragem e determinação, transformando uma solução provisória de conflito numa resolução referendada pela soberania popular democrática. Dizer que Tspiras não avançou mais porque não quis, é desconhecer a força destrutiva da consciência política da cidadania, exercida pelo novo liberalismo -midiático e violento- e é esquecer o poder que os ricos da Europa exercem sobre as políticas dos seus respectivos Estados.

    Mais de dois séculos depois de “A Riqueza das nações”, o livro do americano Richard Sennet, “A corrosão do caráter” (1998), examina as dimensões humanas e os efeitos, nos indivíduos e nos grupos sociais do mundo trabalho, da forma atual do liberalismo econômico, na época do “novo liberalismo”. Sennet, a partir das suas pesquisas junto aos trabalhadores americanos, mostra a impossibilidade de construir uma sociedade feliz e indivíduos com “caráter”, numa sociedade capitalista “flexível”, sem objetivos duradouros, ou que mudam rapidamente -de acordo com os interesses imediatos de riqueza da acumulação privada- insensível à angústia e à pobreza de quem não tem sucesso.

    Não se trata de um estudo sobre os trabalhadores dos países não-ricos, mas sobre os trabalhadores americanos, país em que vem diminuindo o ganho real dos mais pobres e aumentando a concentração de renda. É como se Sennet, dissesse a Adam Smith: “agora vamos ver como é que estão, não os donos da mercearia ou os donos das padarias, cuja ambição de riqueza – necessária ao Século 18 – movia a economia capitalista; vamos ver como é estão, agora, os que fazem os pães, organizam as mercearias, constroem os seus prédios e embalam as verduras, para constatarmos o resultado humano atual, do liberalismo do século 18: ‘custo humano do progresso’…”. E o resultado é estarrecedor.

    Apelo para o livro de Sennet, para dizer que a discussão sobre as formas de sair de uma crise é, igualmente, análise sobre a sociedade a ser construída no futuro. Sociedade adequada às condições nacionais, à cultura específica do povo, à capacidade das suas políticas de Estado projetarem valores universais para a comunidade viver em mais condições de igualdade, ou induzirem uma sociedade que reabrirá crises mais agudas, até novas guerras. Defendemos uma sociedade que seja menos violenta e mais generosa, mais igualitária, acolhendo e rejeitando as experiências dos países que já passaram por tormentos que combinam riqueza e desigualdade de forma humilhante.

    Defendemos que não se trata somente de construir uma sociedade mais “tecnológica” ou com mais consumo “suntuário”. Mas uma sociedade em que as novas tecnologias sirvam para felicidade e as pretensões de acumulação de bens e consumo, sejam mediadas pela redução das desigualdades. Não pela sua expansão. Isso se chama socialismo como “ideia reguladora”.

    Pode ser dito que estes valores estão superados, que tudo isso é impossível de construir, que os “de baixo” (os de sempre) devem continuar pagando pela comodidade luxuriante dos muito ricos, escondidos atrás das agências de risco e dos dogmas neoliberais. Bem, se assim for dito, pode ser considerado por alguns um começo de conversa. Mas, para o meu campo político e para mim, pessoalmente, isso é chancela da barbárie e início de um nova catástrofe. Para que isso não aconteça, seria bom que Adam Smith conversasse com Richard Sennet, sob as bênçãos de Norberto Bobbio e de Karl Max. No Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo.

    .oOo.

    Tarso Genro foi governador do Estado do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, Ministro da Justiça, Ministro da Educação e Ministro das Relações Institucionais do Brasil.

    http://www.sul21.com.br/jornal/adam-smith-pode-conversar-com-richard-sennet/

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