Governo Temer: sempre existe algo pior, por Jorge Rebolla

Por Jorge Rebolla

Existe algo pior

A corrupção aparente destruiu a governabilidade de Dilma Rousseff. Dois anos de escândalos constantes, envolvendo o PT e os partidos aliados, a afastaram da presidência da república. Em seu lugar temos no momento um antigo aliado. Figura que estaria melhor desempenhando o papel, num filme trash, de mordomo envenenador ou assistente de algum Dr. Frankenstein. Talvez dividindo a tela como Renfield para o Nosferatu da Moóca. Ao menos possui o physic du role para vilão. Ao contrário da búlgara, que para esse tipo de personagem não tem a aparência ou a personalidade. Um governo que perdeu a representatividade foi substituído por outro sem nenhuma legitimidade. No momento temos o vácuo e quem o está ocupando?

Na política institucional vemos o avanço dos plutocratas, agora sem nenhum pudor, e dos fundamentalistas religiosos. Economicamente preconizam, ou melhor, exigem em troca de apoio, medidas que vão ao encontro dos seus interesses. Desmantelamento do SUS em benefício das empresas privadas de seguro saúde. Asfixia da imprensa, antigamente chamada alternativa, com o cancelamento de contratos de publicidade com o poder público, e consequente realocação das verbas para as tradicionais famílias midiáticas. Supressão da legislação trabalhista e dos direitos ali garantidos. Ajustes e reformas que privilegiarão o setor financeiro especulativo em detrimento dos programas sociais. Uma Genebra calvinista, sem a preocupação com o social. Por aí vai e de mal a pior.

Por outro lado temos a participação política que muitas vezes aparenta ser individual, mas devido à repetição do discurso vemos que não. Pessoas que se rotulam como conservadoras ou liberais, algumas até como libertárias. Muitas agregam ainda o cristão como mais um adjetivo. Na sua quase totalidade pregam em si próprios o dístico: de direita! Um rótulo que significa apenas preconceitos de todos os tipos, incluindo em muitos casos o racismo velado, e um Estado mãe para si mesmos e verdugo para os outros. O velho discurso do mérito, das pessoas bem nascidas. Nas redes sociais e nos espaços de comentários dos sites jornalísticos esses são predominantes. Defesa constante da casta a qual pertencem.

Essa minoria que se faz ouvir, basicamente da classe média para cima, é chamada de povo pelos seus líderes. Algo como Higienópolis falando por São Paulo ou o Leblon pelo Rio. Ao mesmo tempo a maioria do povo não se faz ouvir. Pesquisas de institutos, contratados pela mídia, são um tênue reflexo do que pensam as pessoas que não se manifestam publicamente. O chavão da maioria silenciosa aplica-se a este caso. O que ela realmente deseja não sabemos. Sobre suas costas recairá o custo do ajuste exigido para a obtenção do apoio que efetivará o golpe. Principalmente a perda dos direitos sociais. No entanto ela permanece bovinamente estática. Até o momento. Porém existe algo ainda pior. Também para ela.

Os protestos contra a corrupção e a mobilização na internet feita por pessoas economicamente favorecidas, com instrução superior e moralidade distorcida, gerou algo muito pior que os malfeitos financeiros expostos pela Lava a Jato. Uma onda de intolerância e violência retórica que está alimentando uma ideologia totalitária. Embora muitos se escondam no anonimato, diversos já utilizam os próprios nomes, e o que escrevem é assustador. Em alguns momentos ao ler os comentários tenho a impressão que são nazistas referindo-se aos judeus. Embora a impressão em geral seja a de que ainda estejamos na guerra fria. Sentem-se ameaçados por outros, baseando-se em estereótipos, e possuem tal pavor de um perigo vermelho que falta pouco para publicamente elevarem alguém a füher.  

Redação

10 Comentários

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  1. Rebolla, o pessoal saindo do

    Rebolla, o pessoal saindo do anonimato tem um lado positivo. Fica mais fácil punir esse pessoal de moral distorcida (na minha opinião, é uma parcela pequena da população, só sabemos que existem por causa de redes sociais, que amplificou a imbecilidade humana)

  2. É preciso dar tempo ao

    É preciso dar tempo ao tempo.

    O mundo gira e a Lusitana roda.

    Quem te viu quem te vê.

    Nada como um dia atras do outro.

    A mão que aplaude é a mesma que apedreja.

    À noite todos os gatos são pardos

    O tempo é o senhor da razão

    Dizes com quem andas…

    Agora Ignes é morta.

  3. Foi  mesmo a corrupção,  de

    Foi  mesmo a corrupção,  de gente ligada ao PP, ao PMDB, ao PT, e, sabemos agora, ao PSDB, que derrubou o governo Dilma,  para que assumissem os golpistas do PP, PMDB, PSDB, Dem, PPS e  outros ?   Há controvérsias.

  4. É assustador mesmo …

    É assustador mesmo. Gente com esse perfil, assaltou o poder e agora querem impor suas fantasias. Lá estão representados pelo ministro da Justiça do PCC, pelo chanceler entreguista e pelos fundamentalistas religiosos. As redes estão divulgando uma chamada da Abin, rotulando como terrorista qualquer pessoa que se veste “de maneira distoante”. Sim. Isso mesmo. Evidentemente essa chamada estupida virou piada. É pra rir? É. mas devemos nos mobilizar por que a coisa tá tomando um rumo que vai nos levar a um caminho sem volta. 

  5. Esse Rebolla é o mesmo que

    Esse Rebolla é o mesmo que aquele Rebolla que o pessoal mandava rebolar quando falava besteira? Mas o que aconteceu afinal?

  6. Durante o ano de 2015 nutri o

    Durante o ano de 2015 nutri o hábito de dar o famoso “print screen” das postagens absurdas de facebook dos amigos e colegas de outrora que se converteram em genuínos coxinhas revoltados online.

    Pois bem, para manutenção de minha sanidade optei por utilizar algumas ferramentas de tal rede social como a atribuição de status “conhecido”, não “seguir” alguns e, em casos mais extremos, a exclusão de algumas pessoas de minha lista.

    E claro, parei significativamente com os tais “print screens”.

    Ontem, entretanto, estava eu a fazer uma pequena faxina em meu smartphone, forçado a isso em função de uma atualização necessária do programa de emails corporativos quando me deparo com o arquivo com os tais “print screens”.

    Primeiramente, fora Temer (não resisti). Primeiramente, me espantei com a quantidade de capturas de telas, tendiam a infinito.

    “Segundamente”, ao ler algumas das postagens capturadas, postagens essas que na época apenas me incomodavam muito, fiquei simplesmente chocado e horrorizado com os seus conteúdos. Creio que tal choque se deve a eu estar um pouco mais fora da “catarse” que foi o ano de 2015 até o afastamento de Dilma.

    O que vi foram pessoas que simplesmente, como escreveu o Rebolla, escreviam textos assustadores e que sim, muito se assemelham à nazistas se referindo à judeus. E tais pessoas ainda não tem vergonha alguma em escrever e manter tais barbaridades junto a fotos meigas com família, filhos e “pets”.

    Vamos a alguns exemplos:

    “reitero que vou cobrar de quem elegeu esse LIXO a fatura … “

    “suprima todos os petrelhos de seus círculos de amizade” (isso veio de um ex-diretor executivo de multinacional)

    “quando votar no PT encerra a amizade”

    “aos que ainda defendem a presidANTA com o fato de ela ter sido eleita democraticamente convido vcs a estudarem um pouquinho de História e lembrarem que Hitler também foi eleito democraticamente …” (Esta provavelmente não seguiu o que pregou)

    “Pt e petista são um nojo”

    “eles deveriam ser presos e fuzilados”

     

  7. O mundo está mesmo louquíssimo!

    Quando a gente vê o Rebolla criticando a Direita, percebe que há algo muito doido com o mundo mesmo. Tá tudo invertido!

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