Morre aos 70 anos Joe Cocker, músico conhecido após Woodstock

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O cantor e compositor britânico Joe Cocker morreu nesta segunda-feira (22) aos 70 anos, segundo comunicado da Sony Music a uma emissora de TV estrangeira. Cocker lutava contra um câncer de garganta. Ele ficou famoso em 1969 ao fazer um cover de “With a little help from my friends”, dos Beatles, no festival de Woodstock. Em 2012, durante passagem pelo Brasil, ele falou dos artistas que admirava – e que partiram antes dele – à reportagem do Estadão. Veja abaixo.
 
As preces de Joe Cocker
 
Jotabê Medeiros
 
Do Estadão
 
 
Num quarto de hotel em Porto Alegre, o homem hospedado como Robert Clark é, na verdade, uma das maiores e mais trágicas vozes que o blues e o soul já tiveram em seu time: Joe Cocker.
Ele esteve na lendária primeira edição do Festival de Woodstock, emprestando sua voz à versão sanguínea de With a Little Help from My Friends, dos Beatles. Como Janis, insinuou que uma canção fundamental seria aquela que consumisse o artista no palco, como num incêndio.
Mas Janis morreu e Joe Cocker sobreviveu, aos trancos e barrancos. “Não havia ‘rehab’ na minha época. Ninguém chegava para mim e dizia: Joe, você precisa parar com isso”, ele disse ao Estado de S. Paulo, comentando o destino de Amy Winehouse (que admirava). Ele canta hoje em São Paulo.
 
Você está vindo com um disco novo na bagagem, Hard Knocks (2012), certo?
Eu fiz esse álbum com a Europa na mente. Eu tive boas passagens pela Alemanha, tenho muitos fãs lá. Então fiz esse disco com a Sony da Alemanha, é uma coleção de canções mais do tipo “para tocar no rádio” do que meus três álbuns anteriores. No show, eu canto duas canções desse novo disco, Hard Knocks e Unforgiven. Para não chatear as pessoas com muitas coisas desconhecidas.
 
Como você define uma música “tipo para tocar no rádio”?
Bem, o produtor do disco, Matt Serletic, ele tem uns 40 anos de idade e andou por uma banda chamada Collective Soul anos atrás. Ele tinha algumas boas ideias do que poderia ser um som moderno. Devo confessar que ele pareceu doido demais para mim. Mixamos algumas coisas no meio do caminho, e o resultado é o que eu chamo de som de rádio.
 
Você tem lembranças da última vez que cantou no Brasil?
De uma certa forma, não foi tão bacana, porque eu fiquei chateado com o assédio. Eu não podia caminhar pelas redondezas, sempre ficava cercado de garotos. Não podia ir a lugar nenhum sem ser sequestrado. Mas agora está mais tranquilo, posso ir a todo lugar. Nós fizemos agora shows no Peru, pela primeira vez passei pela Argentina. Está sendo ótimo.
 
E Porto Alegre? O que está achando?
Muito boa a comida. Fui almoçar hoje, eles têm um jeito diferente de preparar a carne aqui. Eu pedi um steak gigante, e a apresentação é diferente daquela da Argentina. Muito boa. Não tenho reclamações. Foi um pouco surpreendente na Argentina para mim, porque eles não reagem muito às canções. Pareciam muito sérios. Espero que seja diferente aqui, no Brasil, um pouco mais quente. Ao menos em canções como You Can Leave your Hat On (risos).
 
Desde que você surgiu em 1968, poucos atingiram um nível de interpretação tão trágico. Surgiram alguns, como Jeff Buckley e Anthony Hegarty, mas é difícil.
Você fala do soul natural. É raro. Eu nunca escrevi muitas canções, até escrevi algumas com um pianista de minha cidade natal, Sheffield, Chris Stainton. Foi no começo. Eu me dediquei a encontrar boas canções que eu pudesse deixar na memória das pessoas. Quando interpreto canções como You’re so Beautiful, minha proposta é reinventá-la a cada noite. Isso é interpretação, trazer emoção à sua voz. Eu tenho uma boa banda, que sabe o que eu quero. Se estou ainda cantando após 45 anos, é porque talvez eu possa transformar uma canção em algo especial. Tento comunicar um sentimento por meio de uma canção, o que não é fácil.
 
Você é inglês, mas é muito mais natural para você cantar o american songbook.
É verdade. Eu nunca tentei entender isso, mas sou do Norte da Inglaterra. Quero dizer, os Beatles eram de Liverpool, que não é tão distante de Sheffield. Ali, nós fomos muito influenciados pelo blues de Chicago. Acho que eu carreguei aquilo comigo em minha voz. Eu amo Ray Charles, Muddy Waters, Sonny Boy Williamson. Eu sou um “bluesband guy”.
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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. Joe Cocker: Mad Dogs and Englishmen

    No auge, um giro por terras americanas, que resultou em documentário e disco, na batuta de Leon Russel

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=iv25o_zzqrE align:center]

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=3iVkvqlperk align:center]

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  2. Hey Joe!

     

    Across the Universe

    John e Paul escreveram a canção que os Beatles gravaram, um ano antes, que nunca lançada como single.

    A antológica canção “With a Little Help from My Friends” foi gravada com Jimmy Page. No mesmo ano ele arrebentou no  Woodstock Festival com um show consagrador.

    Festival

    Joe fala sobre o seu show, no livro ‘Woodstock’, do jornalista Pete Fornatale: “Tivemos uma reação emocionante quando tocamos ‘ With a Little Help from My Friends’. Foi um sentimento maravilhoso de comunicação. Era o último número do show, mas senti que finalmente tínhamos nos comunicado com alguém…”

    [video:http://youtu.be/POaaw_x7gvQ width:600 height:450]

    Os Beatles ficaram tão impressionados com a versão de Joe Cocker, que enviaram um telegrama de congratulações e colocaram anúncios nos jornais elogiando o Monstro de Woodstock.

    O pagamento para três dias de vendido por US $ 18, cerca de 95 dólares atualmente.

    Woodstock!

    [video:http://youtu.be/Y3JtCAw4_R4 width:600 height:450]

    O lendário Woodstock Festival foi um evento pacífico que aconteceu entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, em Bethel, Estados Unidos.

    O ponto forte do festival eram as apresentações, mas o destaque ficou para a plateia que exibiu um comportamento harmonioso, onde todos estavam em sintonia com os ideais de paz e amor dos anos 60.

    Quem viu, viu…

    1. ‘Eu’

       

      Sonhos de Woodstock

      Qual é o lapso de tempo que nos leva ao passado?

      woodstock

      Como ondulações através do espaço

      Ansiamos tornar parte de algo que não éramos.

      Talvez isso é o que é ‘ser humano’

      Querermos o que nunca tivemos

      Para experimentar o que não tinha sido experimentado

      Para vivermos tempos idos.

      Procuro meu coração e encontro esses sonhos

      As visões enchem o olhar da minha mente

      Talvez seja a encarnação de um espírito

      Que vive a sua vida através de mim.

      Talvez seja o desejo…

      De ser livre das armadilhas de uma sociedade

      Que se desintegra e se deteriora

      Bem diante dos meus olhos.

      woodstock

      Deixe-me ter os meus sonhos, pois são meus

      Para escolher a partir de cada célula do meu cérebro

      Como flores selvagens em um prado.

      Corajosamente me atrevo a manter essas visões

      Internas e protegidas nas profundezas da minha alma

      Um dia, elas serão libertadas

      Quando eu deixar todo mundo ver a pessoa que eu chamo de ‘Eu’.

       

      Sherri Tuck

      1. jns

        depois disso Lennon decretou: ” o sonho acabou”, infelizmente ele tinha razão..foi uma época de estertores dos verdadeiros sonhos, depois foi só pau (ditaduras) e consumismo..prabéns pelas fotos..

  3. R.I.P Joe!
    Mais um personagem

    R.I.P Joe!

    Mais um personagem central da epoca dos grandes festivais ( iniciados em 67 com o Monterey pop festival)

    Essa galera toda vai virando historia e deixando uma nostalgia danada …

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