My name is Cunha, por Gregorio Duvivier

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Gregorio Duvivier

Na Folha de S. Paulo

Você conhece. Você confia. Please allow me to introduce myself. My name is Cunha, mas pode me chamar de Cramunhão, de Sete-Pele, Coisa-Ruim, Cão-Tinhoso, Cabrunco, Gota-Serena, Caralho-de-Asa, Sinteco Gelado. Escrevo porque tem uma garotada por aí que está achando que eu vou cair. Mua-ha-há (difícil digitar risada malévola). Meninada, vamos ter uma a aula de história? Eba. Vamos!

Sou muito, mas muito mais antigo do que vocês pensam. Cheguei aqui há uns 500 anos, na primeira chacina de índios batizada de descobrimento. Lembra dos navios negreiros? My bad. Guerra do Paraguai? Sorry about that. Tiradentes? Eu que esquartejei aquele comuna safado. Cabanagem, Sabinada, Balaiada, Canudos, eu que abafei a badernagem toda. Mua-ha-há.

Aí você me pergunta: “Como saber que você é você, príncipe das trevas?”. Dica: não procurem por um rabo pontudo, chifres, pele vermelha. Esse look é muito século 12. Dica: a-do-ro um terno cinzão. Com uma gravata azul-bebê.

Também não tenho partido, muito menos ideologia. Cuidava da polícia política do Vargas ao mesmo tempo em que tocava fogo na favela em nome do Lacerda. 1964? Check. Benário, Herzog, Paiva, Angel, Chico Mendes, Amarildo? Check, check, check. Carandiru? My fucking idea. Candelária? Me, good old me. Meu nome é Legião. Mas não adianta procurar legião no Face. No momento, atendo por outro nome.

Cansado de ser Sarney, saí do Maranhão com a sensação de dever cumprido. Vim para o Rio porque tenho muitos correligionários (PMDB rules, hehe). Assumi o nome de Cunha –abreviação de Cramunhão, quem pegar pegou– e não planejo sair deste corpo tão cedo. A-mo um implante malfeito e uma boca babada.

Uma dica: estou só começando neste corpo. Falta fazer muita coisa. Falta reduzir a maioridade penal para oito anos, falta intervenção militar, falta poder para as igrejas (sim, sou neopentecostal, ób-vio).

Acho fo-fo quem acha que vou cair. O homem que me nomeou presidente da Telerj, meu muso Fernando Collor, caiu . E eu, nada. Meu compadre PC Farias, que me trouxe para a política, caiu. Tomou teco. E eu, nada.

Filhão, é como diz o outro: “Mil cairão ao meu lado, 10 mil à minha direita, mas eu não serei atingido”.

Já protagonizei 20 escândalos de corrupção e não caí. Se vocês acham mesmo que é uma miserinha de US$ 5 milhões que vai me derrubar… Vocês definitivamente não me conhecem. 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. Sympathy for the Devil teria

    Sympathy for the Devil teria sido feita no Brasil, durante umas férias qu Jagger tirou aqui? E olha que nem havia cunha ainda.

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  2. Fala assim não, Gregório. Dá

    Fala assim não, Gregório. Dá um desânimo.

    Esse cem anos de solidão nosso é eterno como o caralho-de-asa?

  3. Injustiça

    Isso é um injustiça, estão fazendo isso com ele só porque é velho. Nesse país existe um preconceito muito grande com mulher, gay e velho. O que são 5 milhões de dólares. Não dá nem pra comprar uma casa decente. O problema é que no Brasil tem muito pobre, e já vão achando que 5 milhões de dólares é algum dinheiro. Me dá um cansaço dessa gentinha.

  4. Pior é que neste turbilhão

    Pior é que neste turbilhão conspirativo da direita são dois os CUNHA: o Eduardo e o Aécio (Neves da CUNHA – Neves era o avô materno; o pai, golpista em 64, chamava-se Aécio Ferreira da Cunha). Incorporação dupla da mesma carronha histórica.

  5. Desde o descobrimento

    Os mesmos que chegaram ao Brasil na corte de Dom João VI e implataram a corrupção por aqui. Desde então, pouco mudou na Terra Brasilis. A herança de uma corte perdulária e corrupta, a qual deixou muitos herdeiros, junto aos traficantes de escravos que eram, então, os respeitáveis homens de comércio.

  6. Duvivier cada dia me

    Duvivier cada dia me surpreende mais de forma positiva.

    Quando Nasif escreveu o fim da era Cunha também achei exagerado…

    Principalmente pelo apoio que a mídia da a esse senhor.

    Vamos rezar para achar mais escândalos envolvendo esse demônio.

    e claro a sociedade começar a fazer pressão. Um novo Junho2013 é bem vindo.

     

  7. Seus 42 meses estão acabando, seu tinhoso!

    Ou se preferir, 1260 dias. Não esqueça de levar o PiG junto com você na viagem:

    “De volta para o inferno”.

    Parabéns ao autor.

  8. Uma das características do

    Uma das características do capiroto é falar como se falasse em nome de Deus, arrotar moral, dar lição, tudo prá confundir a audiência. Mas no fundo só fala em nome de si próprio e de seus interesses. Outra caracterísitca: não tem amigos, compra aliados, cumplices. Há notícias que Cunha financiou a campanha de mais de 100 deputados.

  9.  
    “NUMDISSEMOS” que quem

     

    “NUMDISSEMOS” que quem manda no ‘braZ$&l’ são as organizações criminosas Globo?!

    Jornalista do folhetim fascista ‘veja’ confirma!

    #####################

    João Roberto Marinho e Eduardo Cunha tiveram um longo encontro, diz colunista [da revista ‘veja’]

    Por volta de 15 de setembro de 2014 (segundo o colunista Lauro Jardim), faltando cerca de 20 dias para o primeiro turno das eleições:

    (…)

    CACHOEIRA – perdão, ato falho -, FONTE: http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2015/07/o-pacto-joao-roberto-marinho-e-eduardo.html

  10. Cunha
    REI DAS TRAMAS
    by Ramiro Conceição

    Tenho um criadouro de fantasmas,
    de cadáveres… a gerar miasmas.
    Sou um vencedor que respeita muito
    a lei: aquela destinada a mim mesmo…
    Contrabandeio passarinhos, sementes,
    crianças e putas. Tenho vasta experiência
    no tráfico de influências. Sou da academia
    dos professores, dos padres, dos pastores,
    dos advogados, dos jornalistas,
    dos publicitários e dos artistas.
    Estou acima de qualquer suspeita porque choro
    em público; abraço criancinhas; doo cheques
    à caridade; vou às quermesses e às passeatas.
    Já comprei governadores, prefeitos, deputados
    e senadores; quase me tornei dono da República.
    Sou o rei das tramas, o meu negócio…: é grana!

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