Não fugiremos à luta, por Jandira Feghali

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Não fugiremos à luta, por Jandira Feghali

Em fevereiro do ano passado, Lula emudeceu uma gigantesca plateia formada majoritariamente pelo primeiro escalão da política italiana. Seu relato sobre o combate inédito à fome que promoveu a partir de 2002, então presidente do Brasil, gerou respeito e admiração. Conseguiu, com maestria, que entendessem o que era a dor daqueles que não tinha o que ingerir de manhã, de tarde e à noite. Realidade antes comum do agreste aos rincões de nosso país, Lula descreveu para os italianos o Brasil de muitos: os miseráveis e excluídos – invisíveis para os governantes anteriores à ele.

Lula, o sétimo dos oito filhos de Aristides e Eurídice, um casal de lavradores analfabetos que vivenciaram a fome a miséria na zona mais pobre de Pernambuco, nasceu em outubro de 1945 na pobre Caetés. Foi esse ex-metalúrgico que desfez a lógica do Estado que permitia a carestia e deixava diariamente órfãos milhares de brasileiros. Em todos os sentidos, ele é o cara.

A indicação do ex-presidente como ministro-chefe da Casa Civil é uma ótima notícia neste ambiente de instabilidade econômica, política e social. Seu conhecimento único, advindo de sua experiência de vida, será aliado poderoso do Governo Dilma Rousseff, como já o foi no combate à pobreza extrema, na geração de oportunidades, emprego, renda e posição firme e soberana frente ao setor financeiro internacional.

Isso incomoda imensamente uma minoria derrotada nas urnas por quatro vezes consecutivas. Não respeitam o processo democrático e demonstram desconhecer princípios caros ao Estado Democrático de Direito. A motivação de suas histerias tem comando.

Ao divulgar áudios de Lula, numa conversa com a presidente Dilma, o juiz Sérgio Moro escancarou sua parcialidade e soterrou o andamento ético e amparado em nosso arcabouço legal da Operação Lava-Jato. Ultrapassou, ali, a fronteira do que rege a Constituição por motivações políticas. Uma combinação clara de arbitrariedades e ilegalidades por parte dos que ostentam, perigosamente, posicionamentos ideológicos que não combinam com a imparcialidade da Justiça, num verdadeiros Estado de Exceção. Que sejam apuradas essas ilegalidades e seus autores punidos.

Essa massa nas ruas não representa a imensidão plural e diversa de nosso povo, que trabalha, batalha e luta por dias melhores. Suas palavras de ordem raivosas e atitudes violentas só revela o ódio, o preconceito e a desinformação. Ocupam as ruas com gritos fascistas, expulsando até a própria oposição, aliada natural de sua pauta. Foram alimentados por um espetáculo torto de apolítica, de ética quebrada, produzido diariamente nas televisões abertas e na internet.

A convulsão que vem sendo fomentada criminaliza a política e abre espaço para o fascismo, e nossa resposta só pode ser uma: o fortalecimento da democracia e do Estado democrático de Direito. É o que nos cabe neste momento da História, denunciar o golpe e suas consequências. Amanhã, dia 18, será vez de trabalhadores, movimentos sociais, estudantes, setores organizados ou não da sociedade reivindicar o respeito a esta pátria que não são de poucos, mas de muitos. Aqueles muitos que Lula mudou suas vidas um dia. A maioria deles deu seu voto a um projeto que, desde então, está sob ataque. Vamos às ruas, pois não fugiremos à luta!

Jandira Feghali é Médica e deputada federal (PCdoB/RJ)

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Uma Jandira vale por mil Lucianas

    O Partido Comunista é um exemplo de dignidade nessa hora tenebrosa.

    Com comunista não tem enriquecimento ilícito, nem viracasaquice de última hora. Se é para defender a Constituição, os caras são guerreiros do começo ao fim. Não tem traíra.

    Grande Jandira.

  2. Em primeiro lugar, não há

    Em primeiro lugar, não há verá golpe porque o golpe já foi dado. Muito importante toda e qualquer manifestão em favor de Lula e do PT, ou do Governo. Ocorre que, afora Jandira Fegalli, Requião, entre outros parlamentares da base governista, fieis a seus propósitos, gente da mais alta consideração e respeito por suas posições e coerências, muito do que hoje vemos é o resultado de um governo que se fez inépito. Falta de comunicação, e reação por parte inclusive dos parlamentares petistas, conformados em ouvir desaforos e nunca mostrando contrapontos suficientes para salvar a Pátria; a manutenção de Eduardo Cardoso na PF, razão maior da conduta progressiva da corporação, que encontrou em Moro seu dono, seguindo-o à risca, enquanto o Ministro Zero, se se comunicasse era pra dizer merda, enfim, por grande infelicidades, o jogo já não está mais jogado no sentido de livrar Dilma do impeachment. Este tem tudo pra seguir em frente, e ser aceito na Suprema Corte, com a desculpa de que há que se ouvir a voz das ruas, e outras nojeiras mais.

    Mas, como diz o velho adágio: há males que vem pra bem. E Jesus dizia no Sermão da Montanha: “Não vos preocupeis com o dia do amanhã, porque ele cuidará de si mesmo; basta a cada dia o seu mal”.

    O amanhã poderá ser aquilo que, mesmo a gente não desejando, possa acontecer: o Governo nas mãos dos pilantras, que vão se engalfinhar, e dizer ao povo o quão imbecis eles foram. Se Lula não for preso, voltará, por certo, com sua carga de político preparado para voltar, e por cima. 

    Não quero, e não devo perder as esperanças. 

  3. Como sempre, uma andorinha.
    Jandira é sempre a 1a. Voz a se levantar. Ultimamente, na prática, a única.
    Todo o resto olha para ver onde o vento vai bater…
    Bando de ratos covardes e pusilânimes!
    Deixam a mulher apanhar sozinha, a ver onde batem os fortes…
    Fortes com os fracos, fracos com os fortes.
    Isto tem nome…
    Jandira me representa.

  4. Brasileiro tem memória

    Brasileiro tem memória fraca. 

    Sempre ouvia alguém dizendo, mas, agora, mais do que nunca, isso faz muito sentido para mim.

    O Lula prometeu acabar com  a fome e cumpriu a promessa. Ele não prometeu acabar com a corrupção, quem prometeu isso foi o Jânio Quadros e o Collor, um apeou e outro foi apeado do poder. Este seria o destino do Lula, se tentasse combater a corrupção, dado o alvoroço que ocorreu antes de sua posse e que exigiu um pacto de governabilidade. Seu governo era bem classificado como pragmático, porque conseguiu conciliar mudanças sociais e econômicas sem ruptura com os grupos políticos tradicionais. Agora, querem culpar o Lula por não ter combatido a corrupção, como se ele tivesse tido a escolha.

     

  5. poéticas

    Após fugir da luta durante treze anos, o PC do B acorda agora para a provável perda de cargos.

    Sem cargos a “luta” é impossível.

    Esquenta não, Jandira. Mutatismutando Drummond: “Meu bem, não chores,

    este ano tem Olimpíadas”.

    1. Troll idiota

      Só pq vc é desonesto, não quer dizer que todos o sejam.

      Jandira é mulher guerreira e digna. Só vc, que é frouxo e indigno, não consegue ver.

  6. Vem da FEB (Força Expedicionária Brasileira) um dos

    maiores exemplos de dignidade de todos os tempos:

    Itália, final da segunda grande guerra, batalhas de Monte Castelo e Montese. Um pracinha teve um momento de relaxamento e ofereceram a ele um prêmio: transar com uma mulher casada que havia se prostituído para suportar os rigores da guerra.

    E intermediaram  um encontro entre o  pracinha e a “prostituta”. Ao chegar na casa da “rameira” o pracinha observou que o marido da mulher, descorado e fraco, se encontrava na cama que deveria ser desocupada para que o casal do encontro arrajando pudesse transar. Deitado na cama, o dono da casa tinha a aparência de um turbeculoso. Aquela cena dantesca despertou a compaixão no coração do Brasileiro (com B maiúsculo, mesmo). E o pracinha entregou para a mulher a quantia que havia sido combinada e voltou, sem transar, para a frente de batalha.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador