Nassif: Lava Jato afronta Supremo porque tem apoio da Globo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Reprodução/Youtube

Jornal GGN – A tentativa juvenil e frustrada da Lava Jato de influenciar o Supremo Tribunal Federal a decidir contra José Dirceu, e as críticas do procurador Deltan Dallagnol aos ministros após a derrota na Suprema Corte, formam mais um capítulo da “rebelião da primeira instância” que afeta a hierarquia do Judiciário, em favor de uma minoria antidemocrática. Rebelião, aliás, patrocinada pela Rede Globo. É o que avalia o jornalista Luis Nassif, diretor do GGN, em mais um vídeo de opinião, publicado nesta quarta (3).

Segundo Nassif, a “insubordinação da primeira instância” tem, por um lado, a marca da ansiedade de procuradores e juízes que querem romper com “obstáculos impostos por instâncias superiores” em grandes investigações. Um ensaio do tipo ocorreu com a Satiagraha, com Gilmar Mendes tentando reverter a prisão de Daniel Dantas. Por outro lado, essa insubordinação exarcebada se alimenta da ideia de que “com apoio da Globo, não existe mais hierarquia no Judiciário”.

“A Globo entrou num caminho sem volta”, comentou Nassif. “Esse pessoal [que hoje comanda a emissora] pensa no momento. E pensando nisso, acharam que tinham conseguido poder absoluto nessa parceria com a Lava Jato. E investiram tanto em princípios antidemocráticos que chegaram a um beco sem saída.”

“Se Lula voltar ou se volta um governo progresssita, o primeiro adversário vai ser a Globo. [A meta] Vai ser reduzir o poder da Globo. Então o que eles fazem? Eles bancam essa insubordinação, que é subversão da Lava Jato, de procuradores questionando o Supremo, entrando numa linha de ultradireita que outras publicações estão tentando escapar.”

De acordo com Nassif, “quando o principal veículo de mídia se transforma no principal adversário da democracia, significa que, lá na frente, numa evental vitória de Lula, ou Ciro com Haddad, vai virar uma verdadeira guerra.”

A DECISÃO DO STF

Na visão de Nassif, a decisão da 2ª Turma do STF em favor da concessão do habeas corpus a Dirceu era esperada. “Celso de Mello foi contra por questão de posição. Ele é um garantista, ou seja, aquele que defende direitos individuais, desde que não esteja envolvido nenhum petista. É coerente com a história dele.”

“Fachin é diferente. Fachin tornou-se linha dura. A partir de um certo momento, teve uma mudança radical na postura dele no Supremo, e essa mudança vem acompanha de boatos, pressões e chantagens que ele sofreu.”

“Gilmar”, por sua vez, diz Nassif, “pega um adversário que é o Dirceu pensando nos seus, pensando em conter a arrancada da Lava Jato. Gilmar, dentro do Supremo, é de longe o sujeito mais coerente com suas convicções.”

Já Dias Toffoli seguiu o direcionamento de Gilmar, como vem fazendo há um tempo. “E Lewandowski é garantista, companha a coerência dele.”

Assista o Opinião do Nassif, na íntegra, abaixo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. Dúvida

    Ok.

    Mas tenho dúvida se realmente se trata de uma “minoria antidemocrática”.

    No âmbito do Poder Judiciário, acho que os antidemocráticos são hoje maioria.

  2. “Celso de Mello foi contra

    “Celso de Mello foi contra por questão de posição. Ele é um garantista, ou seja, aquele que defende direitos individuais, desde que não esteja envolvido nenhum petista. É coerente com a história dele.”

    Ah! As jabuticabas… 

    Com relação ao Celso de Mello “garantista desde que não seja petista” é preciso prestar tributo aos “saudosos”, como ele gosta de dizer,   juizes garantistas históricos que devem ter servido de exemplo para esse juiz da Suprema Corte do Brasil.

    Os juizes da inquisição eram garantistas. Com exceção dos casos que envolviam hereges

    Os juizes nazistas eram garantistas. Com exceção dos casos que envolviam judeus,comunistas, ciganos.

    Não é muita permissividade, Nassif, qualificar um juiz de garantista quando ele persegue membros de um partido político? 

     

    Com tanta permissividade para a prática da Justiça na Suprema Corte  é preciso demolir a deusa Têmis da Praça do Três Poderes. Lembrando que Têmis é uma divindade grega por meio da qual a justiça é definida, no sentido moral, como o sentimento da verdade, da equidade e da humanidade, colocado acima das paixões humanas. E por esse motivo é  representada de olhos vendados e com uma balança na mão.

    1. A letra e o espírito

      Vera, v. se deixou levar pela letra e não percebeu que o espírito é outro: o Nassif se permitiu gozar o decano. Ele é garantista da patota dele (“desde que não esteja envolvido nenhum petista”). E nisso é coerente, sim: sempre garante os do lado dele e lasca os do lado oposto.

  3. Dirceu, boi de piranha?

    Se eu não tivesse lido, meio debaixo do tapete, que o sr. Aécio, o mais chato segundo fontes, prestou depoimento na PF AINDA SOBRE FURNAS (meus caramujos possuem mais velocidade, mesmo quando enterrados), na parte da manhã de ontem, acharia que seria apenas o caso do Dirceu.

    Não foi.

    Mas a grande notícia é essa. Uma avalanche.

    OK, muito bom, fiquei feliz com a decisão do STF, mas ainda estou a ver as consequências mervalistas da coisa.

    Sabe, o Mussolini só soltou o Gramsci pois ele estava nas últimas.

  4. O confronto de classe é iminente

    Com a greve geral, e o avanço da votações do congresso vai crescer a disposição dos trabalhadores e trabalhadoras a lutarem contra as reformas trabalhistas e da previdência.
    Não vai demorar para surgir comitês de lutas nos bairros da periferia, e na zona rural, principalmente de setores não organizados nos sindicatos e nos partidos.

    O que vai resultar no surgimento de novas lideranças dos trabalhadores.

    A atual estrutura dos partidos e dos sindicatos não permite uma ampla participação dos trabalhadores, o que vai abrir espaço para o surgimento de comités de lutas independentes dos partidos e dos sindicatos.

    O ataque aos direitos dos trabalhadores, permite um objetivo claro que unifica os trabalhadores da cidade e do campo, caminhando rapidamente no confronto social, principalmente por tratar de setores da sociedade que não tem a menor confiança nas instituições políticas.

     

     

     

     

     

  5. Só a Globo?

    Ouviram o sermão do Boeachat? O que conta não é o respeito da Lei, mas aquiescer a PERCEPÇÃO da opinião pública (apesar desta estar dividida sobre a Lava Jato).

    E depois culpam a rede para a difusão do ódio.

  6. OU seja, o nosso GRANDE

    OU seja, o nosso GRANDE INIMIGO atende pela alcunha de GLOBO.

    É contra este inimigo que devemos concentrar as forças sem pacifismo.

    Primeiro passo é incendiar a matriz com os proprietários dentro. Depois, incendiar toda e qualquer afiliada que encontrar pela frente.

    Tem pessoas que se dizem jornalistas lá que ficariam bem melhor linchados porque pregam o ódio, então, nada mais justo que sejam vítimas do ódio propagado por eles mesmos.

    Dizem que a globo tem 18000 empregados e o MPF 1200. 

    O que são mais 19200 desempregados em um universo de 14 milhões, muitos dos quais, de responsabilidade direta destes 18200?

  7. Globo

    Nassif,
    O quadro de conflito é inevitável, com a Globo à frente, seguida da mídia impressa.
    Área que, em tempos de concentração de capital e concorrência com novas plataformas, encontra-se à beira do abismo e apela a qualquer artifício para sobreviver.
    Mas a Globo poderia estar bem pior, tivesse o escandâlo da Fifa avançado mais… especialmente nos Estados Unidos, país que tem recentemente indicado interventores em empresas brasileiras.
    Até agora, no entanto, os Marinho não estão com receio de viajar para o estrangeiro.

  8.  
    A rede globo já declarou

     

    A rede globo já declarou guerra ao Brasil, os soldados são os procuradores e juízes de primeira instância no Paraná.

  9. O STF não tem que se submeter

    O STF não tem que se submeter à Rede Globo.

    E se aquela rede de TV instigar a desobediência à ordem judicial o dono da empresa deve ser responsabilizado na forma do Código Penal.

    Só assi a credibilidade do Estado será recuperada.

    A liberdade de imprensa não pode ser um escudo para a Rede Globo subverter a ordem jurídica e fazer um juizinho mequetrefe de primeira instancia violar uma ordem do STF.

    Simples assim. 

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