O esclarecimento de FHC, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Parte da coluna de Janio de Freitas desta quinta-feira. A primeira parte tem o título Direito de Resposta e trata dos pedidos recebidos pela Justiça Eleitoral e a proposta de julgar o pedido e que possa ser exercido, caso julgado procedente, até a véspera da eleição, quando já se encerraram os horários eleitorais gratuitos em rádio em tv. O segundo tópico é este aqui publicado, que trata do esclarecimento feito por Fernando Henrique Cardoso sobre aspectos de escândalos de seu governo. Leia a seguir.

da Folha

Janio de Freitas

O ESCLARECIMENTO

Em cartas à Folha e a “O Globo”, Fernando Henrique Cardoso propôs-se a esclarecer aspectos de escândalos no seu governo, mencionados nos dois jornais. Começa a esclarecer: “Quanto ao caso Sivam, não só que a contratação da Raytheon se deu no governo Itamar, como que ao governo nunca foi atribuído haver participado de malfeitos.”

A Raytheon foi contratada em julho de 1997. Já terceiro ano do governo de Fernando Henrique Cardoso. Assinado o contrato, sob muita contestação, Fernando Henrique telefonou ao então presidente Clinton, como contou, para comunicar que estava feita a contratação do seu interesse, para ser a empresa americana a fornecedora principal e construtora do Sistema de Vigilância da Amazônia, Sivam.

Durante o governo Itamar Franco houve, em 1993, a contratação da empresa brasileira Esca, indicada pelo Ministério da Aeronáutica e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, para gerenciar o processo de criação do Sivam. Em maio de 1994, das 12 candidatas, ficam a Raytheon e a francesa Thomson, cujo escritório no Rio é misteriosamente assaltado e dele retirados estudos e documentos do projeto, enquanto a CIA denuncia nos Estados Unidos a existência de corrupção no pessoal brasileiro ligado à concorrência. Logo em seguida, em junho, a Thomson é excluída da disputa.

Em abril de 1995, já governo Fernando Henrique, o deputado Arlindo Chinaglia revela estar a Esca envolvida em fraudes contra a Previdência. A partir daí, descobre-se que nove dos seus integrantes são também da Comissão de Implantação do Sistema de Controle Aeronáutico, pessoal da Aeronáutica no lado contratante e no lado contratado.

Em novembro, o chefe do Cerimonial da Presidência, diplomata Júlio César Gomes dos Santos, é surpreendido e gravado pelo secretário da Presidência, Xico Graziano, em telefonema no qual combina com o representante da Raytheon, José Afonso Assunção, o modo financeiro de assegurar parecer favorável, no Senado, à contratação da empresa americana. O relator era o então senador Gilberto Miranda, personagem de vários assuntos discutíveis. Graziano é afastado da Presidência e, mais tarde, Júlio César dos Santos ganha uma embaixada na Itália, na FAO. Obtida a aprovação no Senado, o contrato foi assinado, afinal.

Depois, o governo e seus parlamentares tiveram apenas que inviabilizar a CPI da Raytheon. Não é preciso dizer o que significa, ainda, a construção do sistema de controle aéreo e físico da Amazônia por uma costumeira contratada do governo dos Estados Unidos.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

37 Comentários

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  1. Prova d a oposiçao

    Prova d a oposiçao fraca,corrupta tambem e covarde!12 anos matando a pau o governo do Pt,junto a uma midia sem escrupulos!Agora que estao provando do proprio veneno nao aguentam o tranco! A Dilma esta no rumo certo!!!!

  2. Esse episódio do Sivam foi

    Esse episódio do Sivam foi muito conhecido na época. Até porque, como consta no texto do Janio de Freitas, envolveu esse bizarro grampo do Xico Graziano – o cara grampeou o próprio patrão, o presidente da república, sabe-se lá com quais fins. Conhecendo a trajetória do Xico Graziano em certos submundos, podemos imaginar onde queria chegar. X.Graziano foi demitido e encontrou alojamento em outro nicho tucano, em SP. E FHC, agora, como se costuma dizer, faltou com a verdade. OU, em bom portugues, mentiu.

  3. É por esclarecimentos como

    É por esclarecimentos como esse que o povo compreende como agia o governo de FHC, envolvendo assuntos de interesse nacional com os Estados Unidos, enquanto os tucanos no Congresso blindavam as tramóias. Depois é Lula que quer entregar o Brasil ao Extrangeiro.

  4. Esclarecimentos?

    Sinceramente, será que FHC realmente pensa que isso esclarece alguma coisa?

    Dizer que em seu governo não foram encontrados malfeitos e se referir a “estranhos assaltos”, mencionar membro de seu governo envolvido em combinações com representante de empresa estrangeira para definir “o modo financeiro de assegurar parecer favorável” e, no final, relatar a “inviabilidade” de CPI.

    Se depois disso tudo, ainda houver algo que se possa considerar honesto, devo admitir que tudo o que se diz inferno é pura injustiça.

     

  5. Sivam: Janio pega FHC na mentira!

    Sivam: Janio pega 
    FHC na mentira !

    E ainda por cima foi entreguista !

    Fonte: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/10/23/sivam-janio-pega-fhc-na-mentira/#comment-1695322

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    Na foto, cartaz da manifestação do FHC na Potato Square, em SP

    Saiu na Folha dessa quinta-feira (23/10):
     

    O ESCLARECIMENTO

    Em cartas à Folha e a “O Globo”, Fernando Henrique Cardoso propôs-se a esclarecer aspectos de escândalos no seu governo, mencionados nos dois jornais. Começa a esclarecer: “Quanto ao caso Sivam, não só que a contratação da Raytheon se deu no governo Itamar, como que ao governo nunca foi atribuído haver participado de malfeitos.”

    A Raytheon foi contratada em julho de 1997. Já terceiro ano do governo de Fernando Henrique Cardoso. Assinado o contrato, sob muita contestação, Fernando Henrique telefonou ao então presidente Clinton, como contou, para comunicar que estava feita a contratação do seu interesse, para ser a empresa americana a fornecedora principal e construtora do Sistema de Vigilância da Amazônia, Sivam.

    Durante o governo Itamar Franco houve, em 1993, a contratação da empresa brasileira Esca, indicada pelo Ministério da Aeronáutica e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, para gerenciar o processo de criação do Sivam. Em maio de 1994, das 12 candidatas, ficam a Raytheon e a francesa Thomson, cujo escritório no Rio é misteriosamente assaltado e dele retirados estudos e documentos do projeto, enquanto a CIA denuncia nos Estados Unidos a existência de corrupção no pessoal brasileiro ligado à concorrência. Logo em seguida, em junho, a Thomson é excluída da disputa.

    Em abril de 1995, já governo Fernando Henrique, o deputado Arlindo Chinaglia revela estar a Esca envolvida em fraudes contra a Previdência. A partir daí, descobre-se que nove dos seus integrantes são também da Comissão de Implantação do Sistema de Controle Aeronáutico, pessoal da Aeronáutica no lado contratante e no lado contratado.

    Em novembro, o chefe do Cerimonial da Presidência, diplomata Júlio César Gomes dos Santos, é surpreendido e gravado pelo secretário da Presidência, Xico Graziano, em telefonema no qual combina com o representante da Raytheon, José Afonso Assunção, o modo financeiro de assegurar parecer favorável, no Senado, à contratação da empresa americana. O relator era o então senador Gilberto Miranda, personagem de vários assuntos discutíveis. Graziano é afastado da Presidência e, mais tarde, Júlio César dos Santos ganha uma embaixada na Itália, na FAO. Obtida a aprovação no Senado, o contrato foi assinado, afinal.

    Depois, o governo e seus parlamentares tiveram apenas que inviabilizar a CPI da Raytheon. Não é preciso dizer o que significa, ainda, a construção do sistema de controle aéreo e físico da Amazônia por uma costumeira contratada do governo dos Estados Unidos.

     

     

  6. olho vivo

    Esse ex, se ainda tiver algum juizo, que se acanhe e suma.

    Todos sabemos o que ele fez no verão passado.

    No Brasil tucano não fica preso mas, mesmo assim é melhor ele se preservar (e a nós) e sair de cena.

    Alberto Fujimori lhe sirva de exemplo.

    Deixar o bico de fora não é um bom negócio para ele.

  7. Brasil embrulhado para presente

     

    Submissão e entrega. Essa história parece  ultrapassar qualquer limite de corrupção. Tudo varrido para baixo do tapete. Como podem  essas pessoas pretender o controle de nosso país, novamente? Para dizimar o que restou de nossas riquezas? Felizmente ainda existem jornalistas com decência e memória.

     

    1. Mais do que submisso, à serviço

      Como FHC, esse pessoal consegue “emprego” com discretos e vitalícios benefícios, de corretores da nação, colocando-nos, os brasileiros, como inquilinos em nosso próprio país.

      Assim como o capital especulativo, que vem aqui como esponja seca para sair encharcada, os dólares que patrocinam estes traíras são retornados, com gigantescas sobras, em reais produzidos com o suor do nosso trabalho e a miséria daqueles que sequer conseguem usufruir um mínimo das fartas riquezas que deveriam dispor.

      Este FHC, flagrado aqui (mais uma vez) em cínica mentira, é o que há de mais asqueroso na categoria da degradação dos seres humanos políticos.

      Conseguiu, como emérito traidor, alcançar a mais alta representação de seu povo! Com a ajuda da míRdia idem.

      É por causa de gente deste grupo (e laia) que há séculos ainda controla o país de fato, que ainda não alcançamos a evidente posição que o Brasil deveria ter no mundo.

      Mas a despeito deles, já estamos mudando. E continuaremos!

  8. Acho que há uma confusão

    Acho que há uma confusão sobre a questão.

    Todo o processo de seleção da Raytheon, inclusive a decisão pela dispensa, foi feita no governo Itamar. A escolha da Raytheon, e a ratificação pelo Senado, também foi feita em 94, o que gerou a assinatura do contrato.

    O que ocorreu em 97 foi o início da vigência do contrato, e não sua assinatura.

    Verifiquei tudo isso em 5 minutos de pesquisa na internet. É assustador ver um jornalista, com seu tempo de trabalho dedicado a buscar informações, distorcer a história dessa forma.

      1. Vou lhe dar uma sugestão: não

        Vou lhe dar uma sugestão: não fique nem com um nem com outro.

        Fique com você! Faça sua própria pesquisa na net e chegue a sua conclusão. Pra ajudar:

        “No dia 18 de julho de 94, a Raytheon foi escolhida por Itamar.”( http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/3/02/brasil/20.html )

        “Em 1993 (governo Itamar Franco), escolheu-se a empresa americana Raytheon para montar um sistema de vigilância no espaço aéreo da Amazônia.”( http://www.entrefatos.com.br/2014/10/20/todos-soltos-ate-hoje-por-elio-gaspari/ )

         

        1. Escolher não é assinar

          Os jornais (como este usado por vc) também disseram que “Lula escolheu os jatos franceses”.

          Anos depois, Dilma assinou com os suecos…

          Deixe de papo furado, sr. Chavez.

        2. Continuo com Janio

          A não ser que você tenha protagonizado os fatos ou os tenha testemunhado atentamente, suas informações não são primárias, o que você aliás confirma. Portanto, você não está com você, está com Folha, Entrefatos etc. Eu, continuo com Janio e, também, agora com o DOU que me indicaram e que confirma Janio.

        1. Hehe, AL traz a prova e não percebe …

          DOU de 16/1/1997 :… “que veio a ser assinado em 27.05.95” …

          Portanto, sob FHC.

          O que o Congresso aprovou (curiosamente em 27/dez/1994, festas de fim de ano e a 4 dias de FHC) foi a provisão de verba para o projeto, ainda não assinado e portanto passível de quaisquer alterações.

          1. O que o Senado aprovou no fim

            O que o Senado aprovou no fim de 94 foi a contratação da Raytheon, por envolver operação de crédito externo. A seleção da empresa foi feita antes, durante o governo Itamar.

            No início de 95, FHC só poderia contratar com a Raytheon, que foi selecionada no governo Itamar.

          2. Já respondi isso em outro comentário seu

            Não canse my beauty!

            O Congresso autorizou o gasto a ser feito, não a contratação, que poderia ou não ser feita.

            Quem assinou o contrato foi a Aeronáutica, em maio/95, autorizado (necessariamente) pelo superior presidente (FHC).

            (estou começando a desconfiar que vc tem Motta no sobrenome… não?)

    1. Confusão mesmo – e nao são

      Confusão mesmo – e nao são necessarios nem esses 5 minutos de internet. O o processo de seleção começou sob Itamar, com dispensa de licitação. Mas foi transformada em licitação, já no govenro FHC e ai se deu a disputa relatada pelo jornalista, com a escolha da Raytheon em 1995. Dai, no governo FHC foi feito o contrato e iniciado o projeto. Alias, se nao fosse assim, porque é que o grampeamento do sr. Xico Graziano teria ocorrido sob FHC? X.Graziano era secretário do presidente e grampeou o proprio presidente, ao que tudo indica, para pressioná-lo  a alterar a decisão e punir o embaixador mencionado. 

    2. Não Há confusão!

      Em 1993, o presidente Itamar Franco, após ouvir o Conselho de Defesa Nacional, decretou que o projeto não seria alvo de licitação, dentro da legislação em vigor. Desta forma, no ano de 1994, deu-se início ao processo de seleção da proposta vencedora.

      No governo Fernando Henrique, o processo de seleção foi modificado, tornando-se uma licitação. A disputa se concentrou entre dois grupos, o americano Raytheon e o grupo francês Thomson. Após pesado lobby da diplomacia americana e de denúncias de espionagem e grampos telefônicos por parte da CIA,[3] e oferta de empréstimo por parte do Eximbank dos Estados Unidos, em 1995 sagrou-se vencedora a proposta da Raytheon.

    3. Traga as suas fontes (dá menos de 1 min) ao invés de blablárizar

      O Congresso autorizou, em dezembro de 94 (algumas semanas antes de FHC) o financiamento do projeto…

      Em 27 de maio de 1995, ouvido o Conselho de Defesa Nacional, o Presidente da República (FHC), para evitar a descontinuidade da implantação do projeto, autorizou a assinatura …

      No dia 25 de julho de 1997 o contrato do SIVAM entrou efetivamente em vigor…

      Sivam foi inaugurado em 25 de julho de 2002 por FHC…

      O sr. tem a mesma doença da mentira de FHC, um mitômano de pseudolalias?

      Ou é só um fã nático tucano?

       

      http://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/programas_e_projetos/projeto_sivam_%E2%80%93_sistema_de_vigilancia_da_amazonia.html

      http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_Vigil%C3%A2ncia_da_Amaz%C3%B4nia

       

        1. Não esquarteje o comentário a “sel béu” prazer

          Está lá: assinatura em 95 (FHC).

          “Exata” é sua burlesca tentativa de triturar os fatos.

          Houve até CPI (presidida por ninguém menos que Kassab, hehe). E tome trator marca Serjão!

      1. Ué, ele assinou em 95??? O

        Ué, ele assinou em 95??? O Jânio de Freitas está dizendo que foi em 97…

        A seleção da Raytheon foi feita no governo Itamar. O Senado ratificou em dezembro de 94 (ainda Itamar) e o contrato foi assinado no início de 95. Toda a seleção, inclusive a decisão de não fazer licitação, foi do governo Itamar.

  9. FHC merece um voto de Alzheimer…

    A memória de FHC anda um horror… Primeiro ele convoca uma “passeata” para protestar contra o que mesmo? Ah… a podridão do Brasil de hoje. E agora essa… Ele que sempre diz que o Real é dele e não do Itamar, nesta cabeluda questão da entrega do controle da Amazonia aos USA diz que foi o Itamar, e não ele. Só pode ser Alzheimer… Ou então, o mais provável, muita safadeza. 

  10.  Disse Fernando Henrique:

     Disse Fernando Henrique:  que ao  Governo (FHC) nunca foi atribuido ter participado de mal feitos. QUAQUA. Este sujeiro é um cara de pau, só pode sr um grande ator ou um desmemoriado total. Não apenas o Clinton, seu sócio no SIVAM,chamou-o de corrupto, como um anônimo entrevistador na TV americana classificu o governo dele como de ladrões e o acusou de nomear um engavetador da República. Cala a boca pilantra!!!

  11. Vamos lá, com calma:
    O

    Vamos lá, com calma:

    O Decreto que dispensou a licitação é este, no governo Itamar Franco: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0892.htm

    Todo o processo de seleção da Raytheon durante o governo Itamar.

    A Resolução 97/2004 do Senado que autorizou a União a contratar a Raytheon é esta, de 27 de dezembro de 2004 (finalzinho do governo Itamar): http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=242914

    Em consequência, foi firmado o Contrato 1/95, no início do governo FHC. Mas a seleção foi feita ainda no governo Itamar.

    O que ocorreu em 2007 foi a entrada em vigor desse contrato, após muita controvérsia.

     

    1. Insiste na (típicamente tucana) blablárização dos fatos

      O Congresso autorizou o gasto, não efetivou o contrato.

      Leia no final: “A autorização concedida por esta resolução deverá ser exercida no prazo de quinhentos e quarenta dias, contados da data de sua publicação”

      Quem a exerceu  (assinatura do contrato) foi FHC, ~130 dias depois.

       

      PS1: FHC foi chanceler de Itamar e dificilmente não terá participado da patranha, digo, do processo.

      PS2: Lembremos que pouco se fala que o sistema implantado e seu software ruim foram “parças” dos pilotos estadunidenses lá recebidos com festa, após derrubar um avião com mais de 100 a bordo…

  12. Escândalo Sivam – Mais da Sujeira – Por Laurez Cerqueira

    EM CARTA MAIOR  (grifos meus ao longo do texto)

     

    O Projeto Sivam – Sistema de Vigilância da Amazônia foi concluído pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República em agosto de 1993. Segundo o governo, o sistema se destinaria a preservação do meio ambiente na Amazônia, ao combate ao narcotráfico, à melhoria das condições de segurança da navegação aérea e fluvial, fiscalização das reservas indígenas, guarda das fronteiras e apoio a outras atividades governamentais.

    Porém, ao dar início à consecução do projeto, o Governo não abriu concorrência pública alegando sigilo dos dados relativos à aquisição de tecnologia e equipamentos de comunicação. Contraditoriamente, o Governo enviou um dossiê sobre o Sivam para 16 embaixadas em Brasília. Depois da dispensa da concorrência pública, para um contrato no valor de US$ 1,4 bilhão de dólares [!] o Governo escolheu o consórcio liderado pela Raytheon Company, uma empresa americana. A negociação para formação desse consórcio e para que ele fosse o escolhido, teve a interferência direta de Bill Clinton, Presidente dos EUA, e de Ronald Brow, Secretário de Comércio daquele país. Este senhor esteve no Brasil um mês antes do anúncio do resultado da “concorrência”. Brow tratou do assunto com autoridades brasileiras.

    Em seguida o grupo Esca-Engenharia de Sistemas de Controle e Automação S/A, de São Paulo, se associou à Raytheon. No mesmo período o Senado Federal foi acionado, e, numa sessão extraordinária conturbada, na qual o regimento interno foi violado, aprovou-se em regime de urgência um projeto autorizando o Governo Federal a contrair um empréstimo no valor de US$ 1,4 bilhão, destinado à implantação do Sivam. O relator do projeto foi o senador Gilberto Miranda, PFL/AM, um cidadão denunciado por suposta participação em diversos escândalos de corrupção. Ele foi denunciado na CPI que investigou a corrupção no Governo Collor, como membro do “esquema PC”, no escândalo dos precatórios e no envolvimento num esquema de corrupção da Prefeitura de São Paulo.

    Em fevereiro de 1995, o deputado Arlindo Chinaglia, PT/SP, encaminhou requerimento à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, convocando para depor: ex-ministros, ministros e dirigentes das empresas envolvidas na disputa pelo projeto Sivam, além de jornalistas que denunciaram a tentativa de suborno oferecido por lobistas franceses para participação no projeto.

    Em abril de 1995 a empresa Esca foi acusada de fraudar a quitação de guias do INSS pelo Ministério da Previdência e Assistência Social. Fiscais do INSS apreenderam nas dependências da empresa, guias de recolhimento de contribuições falsas relativas a 13 meses.

    A Esca participou de uma concorrência pública da Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações usando certidão falsa de quitação com a Previdência. Esse mesmo documento foi utilizado pela empresa para assinar contratos com o ministério da Aeronáutica. Comprovou-se também que a Esca usou uma falsa Certidão Negativa de Débito junto ao INSS.

    Mesmo sabendo das denúncias de falcatruas da empresa o Governo manteve pagamentos à Esca. Em maio de 1995, Fernando Henrique telefonou para Bill Clinton e oficializou a assinatura do contrato do projeto Sivam com a Raytheon.

    Em novembro de 1995, a imprensa publicou o conteúdo de uma gravação telefônica em que o Embaixador Júlio César Gomes dos Santos, assessor da Presidência da República, conversava com o Comandante Assumpção, dono da empresa Líder Táxi Aéreo e representante da Raytheon. Nessa conversa ficou evidenciada a existência de tráfico de influência e um grande esquema de propinas utilizado para favorecer a escolha da empresa Raytheon. Ao invés de recuar e apurar as denúncias, o Governo preferiu articular no Congresso Nacional a obstrução de um pedido de CPI apresentado pelos partidos de oposição para investigar o caso Sivam. Vale lembrar que o Comandante Assumpção foi um colaborador da campanha eleitoral de Fernando Henrique, colocando jatinhos à disposição do comitê eleitoral para viagens pelo País.

    Em janeiro de 1996, o senador Antônio Carlos Magalhães agiu nos bastidores do Congresso Nacional e conseguiu impedir que o brigadeiro Ivan Frota, da Aeronáutica, fosse depor na Comissão do Senado que investigava o caso Sivam. No mesmo dia a Sociedade Brasileira (SBPC) para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou à Comissão do Senado um estudo demonstrando que cientistas brasileiros poderiam montar um projeto equivalente ao do Sivam, com um orçamento de apenas 65,09% do montante previsto pelas empresas escolhidas pelo Governo. Em maio de 1996, desconsiderando as denúncias de superfaturamento e tráfico de influência, o Senado aprovou o andamento do projeto Sivam. A revista Istoé nº 1368 revelou haver um contrato assinado entre a Esca, a Raytheon e a Líder Táxi Aéreo, feito antes mesmo de o governo anunciar a vencedora da “concorrência”. Neste caso o Governo Fernando Henrique agiu deliberadamente em favor das empresas escolhidas sem licitação pública.

    A revista Época publicou matéria informando que a CIA e a NSA, agência de segurança dos EUA, grampearam as comunicações do Palácio do Planalto, além do grupo francês Thompson, no Rio de Janeiro e em Paris, durante a disputa pela compra do conjunto de radares do Sivam. O Diretor da CIA, em depoimento no Congresso dos EUA, disse textualmente: “Fornecemos informação econômica útil ao governo dos EUA. Mostramos tentativas de empresas estrangeiras de impedirem uma competição de alto nível.”

    Outro diretor da CIA, James Woolsev, em depoimento no Senado americano, em 1994, disse: “Informamos à Casa Branca sobre tentativas de suborno no caso Sivan. Já beneficiamos várias empresas dos EUA em bilhões de dólares. Muitas nem sabem que tiveram nossa assistência.”

    O fato é que este escândalo foi impedido de ser investigado na época pelo Congresso Nacional. O requerimento para a instalação de uma CPI é datado de 1995. Seis anos se passaram até que, em agosto de 2001, a CPI foi instalada, mas funcionou precariamente. As reuniões foram esvaziadas, muitas delas convocadas não atingiram sequer o quórum para abertura dos trabalhos. Deputados governistas diziam que a CPI não fazia mais sentido porque mais de 90% do projeto Sivam já havia sido executado. O principal acusado de suspeita de tráfico de influência, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos, na época chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto, foi nomeado representante do Brasil no Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) desde 1997, ganhando um salário de R$ 15 mil.

    Sem a aprovação pela CPI da quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico do embaixador Júlio César a CPI foram encerrados os trabalhos com a alegação de insuficiência de provas materiais de corrupção no caso Sivam.

  13. Acredito que o Jânio de

    Acredito que o Jânio de Freitas esteja certo.

    Mas a minha dúvida, segubda dúvida, é p’ra serve o SIVAM? qual a efetiva melhoria no sistema de defesa aérea do pais? Quantas aeronaves foram interceptadas? e, quanta droga foi apreendida com o uso do SIVAM?

    A minha primeira dúvida é onde fica o Riachuelo, aquele da batalha naval da guerra do Paraguai?

  14. Mentiroso contumaz

    Fegacê pensa que esta todo mundo biruta demais para se lembrar de fatos ou apenas ir busca-los. Dizem que se mandou para Paris, antes mesmo de votar domingo. Pois é, bom para ele que pode manter um apartamento vazio em Paris, com gente para cuidar e tudo… Aposentadoria de presidente deve ser muito boa mesmo. 

    E o tal Xico Graziano esta sempre metido nas podridões do PSDB. E ainda levou o filho junto. Ô gente de bem. 

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