O que move o Estado Islâmico?; por Reinaldo Nasser

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Reinaldo Nasser

Na Carta Escola

Por mais que utilize métodos de intimidação naqueles que estão sob seu domínio, o ISIS tenta espalhar a sua mensagem religiosa por meio de pregação pública, além de se esforçar para ganhar o apoio da população nas áreas que conquistou. Ao assumir o controle de uma cidade, procura administrar a distribuição de água, farinha e outros recursos, além policiar ruas, fornecer eletricidade e fiscalizar o comércio, colocando em prática o que parece ser o início de estruturas quase estatais. Estabelecem, nos territórios dominados, ministérios, tribunais e até mesmo um sistema de tributação rudimentar, que, segundo alguns, é muito menos espoliativo do que o governo da Síria de Assad.

Estima-se que por volta de 8 milhões de pessoas vivam sob controle total ou parcial do grupo. Esse trabalho de governo requer, por sua vez, recursos financeiros que o Estado Islâmico demonstrou habilidade na produção e exportação de petróleo. Cerca de 9 mil barris diários de petróleo a preços que variam de 25 a 45 dólares. Relatos de serviços de inteligência avaliam que possui cerca de 2 bilhões de dólares em dinheiro e bens que advêm do uso dos campos de petróleo e gás que controla, bem como de impostos, pedágios, extorsão e sequestro. A ofensiva no Iraque também tem sido lucrativa, dando-lhe acesso ao dinheiro mantido em grandes bancos em cidades e vilas dominadas.


O fenômeno ISIS pode ser caracterizado dentro daquilo que agentes da CIA denominaram, nos anos 60, de blowback. O termo é empregado para referir-se às consequências desastrosas, e não intencionais operações clandestinas realizadas pelo governo dos EUA com o objetivo de derrubar regimes estrangeiros. Como se sabe, o grupo terrorista de Osama bin Laden, a Al-Qaeda, originou-se nos campos de batalha do Afeganistão com o auxílio dos EUA.

Blowback é outra maneira de dizer que uma nação colhe o que semeia. O ISIS é mais um na longa lista que os americanos vêm colecionando desde que se tornou grande potência. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Analise redudante , ainda

    Analise redudante , ainda mais quando se leva em conta que atos assim são inerentes à grandes potenciais.

    E ai nao importa a ideologia pois tanto os EUA como a URSS fizeram coisas assim.

    A vantagem sovietica ( e que tambem favorecera a China ) é que como era ( ainda é no caso Chines ) uma ditadura a repressao poderia ocorrer a ferro  e fogo a revelia da opinião domestica.

    Obs: Estes caras nao sou loucos, pois se fossem existiriam durante a vigencia das ditaduras de Saddan, Kadafi, e da Assad quando o regime nao era atacado.

    Esses pilantras usam suicidas boçalizados pela religião para se matar mas seus ” chefes ” estao em lugar seguro para poder viver e alcançar o controle pretendido.

    Só são loucos contra o ocidente quando a coisa ta feia e a ditadura esta em todo vapor, eles silenciam como todo covarde…  

  2. Professor Nasser, menos ideologia, mais informação

      Procurar explicar a ascenção do ISIS apenas como uma derivação  “blowback” , até mesmo como um sub-produto de uma intervenção americana direta, sem avaliar suas consequencias ( exemplo de estudo blowback original: Vietnã do Sul, anos 60 ), é um reducionismo, eivado de ideologia que não faz jus a um estudioso do OM como o Sr. o é.

       Variaveis tão ou mais importantes, historicamente, existem, tanto geopoliticas como religiosas, excluir de sua analise a divisão “por regua” e interesses, das potencias ocidentais quando da divisão do Império Otomano, que formou estados  culturalmente e religiosamente dispares, é importantissimo, diria que básico.

        O ISIS estava em gestação há décadas, pode-se até mesmo afirmar que sua origem, não seria de um “blowback” engedrado pela CIA/USA/UK/Ocidente, mas da falencia, provocada tanto pelo ocidente, como pela antiga URSS, do nacionalismo arabe, ou melhor dizendo pan-arabico, ou em termos mais religiosos, com uma outra visão de analise, com base na cultura politica muçulmana da Umma sunita, na qual o ISIS se contrapõe diretamente ao “maahdi” do xiismo.

          O ISIS , sua compreensão e desenvolvimento, não é restrito ao auto-denominado Sheik Baghdali, o financiamento original deste teórico Estado, não deve ser procurado na Siria ou no Iraque, mas na Arabia Saudita e demais paises do Golfo Pérsico – a maldição de Ali, e Kerbala, ainda é patente na região, e claro que o Ocidente sabe disto, e usa para seus interesses.

  3. Roubo de carros diminui em Porto Alegre!

    Depois de muito tempo o roubo de carros na cidade de Porto Alegre caiu, e caiu simplesmente porque o Estado e a polícia começaram a combater os desmontes de carros e a venda de peças no ferro velho.

    Agora o que tem a haver roubos de carros em Porto Alegre com o ISIS?

    Tudo, os roubos de carros se mantinham através dos desmontes e vendas de peças roubadas a população em geral através das lojas de ferro velho que vendiam sem o mpinimo controle. O ISIS se mantém devido a contribuição de outros países do golfo e da venda do petróleo.

    Agora pergunto. Como o petróleo sai de uma região em que todos os vizinhos são teoricamente inimigos? Certamente o petróleo não é carregado escondido nas cuecas dos guerrilheiros.

    Outra pergunta inconveniente? Os Estados Unidos com seus famosos drones que segundo a propaganda norte-americana podem acertar na cabeça de qualquer um em qualquer parte do mundo, por que não bombardeiam os caminhões que transportam este petróleo? Poderiam até ser bonzinhos dar uma revoada sobre o caminhão dando tempo para o motorista fugir e bombardear os caminhões sem nenhuma vítima.

    Esta história do ISIS no passado foi muito mal contada e no presente continua pior ainda.

  4. É só procurar o dinheiro!

    A imprensa ocidental tem faturado muito com reportagens sobre o ISIS, a cada decapitação são milhões em jornais, mas ninguém se dá conta que o ISIS pode até ter começado numa pequena parte como um “Blowback” da política norte-americana, baseada no princípio, a Síria é inimiga de Israel e amiga da Rússia, logo vamos apoiar quem estiver contra, porém ou os norte-americanos estão diretamente interessados na presença do ISIS na região ou tem o serviço de espionagem mais estúpido do mundo.

    As tensões na região entre etnias e grupos religiosos não é segredo para ninguém há décadas, a tendência de qualquer movimento de insurreição na região resulta sempre em divisões seculares de grupos religiosos, logo é um simples 2+2=4 e não 4,5 ou 3,5, era previsível completamente um quatro.

    Agora qual seria as verdadeiras razões do governo norte-americano em preservar a região em permanente confusão? Talvez a resposta seja tão óbvia que ela está expressa na própria pergunta!

    Talvez exatamente o que os estados-unidos desejam é manter toda a região de produção de petróleo em niveis quase pré-históricos, para que suas reservas de petróleo fiquem praticamente intactas e a disposição num futuro próximo da conservações de excedentes que servirão para a exportação.

    O Iraque, por exemplo, tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e se estas reservas estiverem na mão de um governo que mesmo corrupto distribua parte desses recursos a sua população, tería-se num futuro muito breve milhões de altomóveis rodando neste país e gastando da forma mais irresponsável possível o petróleo, que segundo acham os norte-americanos, pertence a grande nação do norte.

    Conforme se pode ver depois de qualquer intervenção militar norte-americana ou europeia o país invadido fica rigorosamente numa situação muitas vezes pior do que antes da invasão. No Iraque e na Líbia, dois grandes produtores de petróleo acontece exatamente isto.

    Este raciocínio é uma explicação bem mais coerente do que citar os “Blowbacks” que se vem repetindo, ou seja, promover a desordem fianciando e armando grupos das mais diversas denominações é bam mais simples do que ocupar um país e impedir que o mesmo utilize o seu petróleo para o seu próprio proveito.

    Qualquer semelhança com a tentativa de desmontar a Petrobrás é mera coincidência!

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