O terror econômico na associação entre Meirelles e o BC, por J. Carlos de Assis

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O terror econômico na associação entre Meirelles e o BC

por J. Carlos de Assis

A política econômica do PT se caracterizava por uma espécie de jogo de contrapesos pelo qual o Banco Central exercia forte ação contracionista, derrubando a economia, enquanto a política fiscal era ora era contracionista, ora expansiva, produzindo crescimento medíocre. A exceção foi 2009 e 2010, de grande expansão fiscal, confrontando com total sucesso a crise mundial. Nos demais anos dos 12 do PT – os últimos dois foram contraídos pela Lava Jato e o ajuste Levy -, fizemos belas políticas sociais e políticas econômicas quase sempre destrutivas.

É importante assinalar o desempenho das políticas expansivas de 2009 e 2010 porque delas resultou um crescimento anual de 7,5% nesse último ano. Um espetáculo. Crescimento chinês. O que levou Guido Mantega a dar meia volta no crescimento foi nosso eterno complexo de vira-lata, pelo qual seguimos a política imposta à zona do euro pela Alemanha, França e Inglaterra, na reunião do G-20 em 2010, depois do início da recuperação nos dois anos anteriores. A Europa do euro foi condenada a um fracasso que prevalece ainda hoje.

Pois bem, a política que está sendo preparada por Henrique Meirelles e o BC – dado o fato de que, independentemente do seu presidente, a condução do Banco Central não vai mudar – resultará numa coordenação perfeita entre políticas monetárias e fiscais de extrema restrição, levando provavelmente a economia a uma contração sem precedentes até o final deste ano e provavelmente no próximo. Estou falando de contração de 4 a 5% pelo terceiro ao consecutivo, e de taxas de desemprego da ordem de 25%, em média, como na Europa.

Os dirigentes sindicais estão tão afogados pela necessidade de resistir à agenda destrutiva de direitos trabalhistas e previdenciários que ainda não se deram conta da ameaça representada pela política econômica entregue a Meirelles. Diga-se de passagem que este é um dos mais despreparados ministros da Fazenda que o Brasil já conheceu, movido quase exclusivamente pela ideologia neoliberal. Nem mesmo economista ele é. Sua experiência é de banco, não de economia real. Se ficar solto, vai destruir o Brasil.

Diante desse desastre iminente, ouvi de alguns companheiros menção à necessidade de que os sindicatos ou centrais sindicais mais combativos convoquem, com urgência, uma Conferência Nacional em Defesa do Trabalho – por cima de diferenças ideológicas e políticas -, de forma a acordar o Brasil sobre o risco que todos estamos correndo na medida. É que, por trás da perda do emprego em larga escala, desestrutura-se toda a sociedade. Resistir ao desemprego, de forma articulada, é a forma mais eficaz de resistir ao golpe neoliberal em curso.

O fato é que os não iniciados sequer suspeitam das consequências de uma política monetária e fiscal contracionista de forma conjunta. Nunca tivemos isso. Por política fiscal contracionista entenda-se cortes agudos nos gastos públicos; por política monetária contracionista entendam-se taxas de juros estratosféricas, já praticadas. Antigamente, desde a ditadura, a expansão do gasto público costumava contrabalançar a contração monetária, ou vice-versa. O que um governo usurpador está preparando para nós é o terror econômico.

J. Carlos de Assis – Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira.

Redação

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