Os dilemas em torno do déficit fiscal

O governo enviou para o Congresso a proposta orçamentária com uma previsão de déficit primário de 0,5 ponto do PIB. Apenas os juros consumirão este ano 7,5% do PIB. Esse 0,5 ponto seria compensado com a mera redução de 1 ou 2 pontos percentuais da taxa Selic.

Mas, por aqui, criou-se o fetiche do superávit primário (receita menos despesa, excluindo juros), justamente para deixar em paz o Banco Central para praticar a taxa que quiser.

Agora, tem-se as seguintes alternativas:

  1. Emissão de moeda ou de título público para cobrir o 0,5 ponto.

  2. Redução de despesa. Arrisca-se, por aí, a desmantelar o sistema de inovação, o financiamento das universidades, atropelar o SUS e a educação. E a derrubar ainda mais o PIB por conta da redução dos investimentos.

  3. Aumento de impostos, esbarrando na perda de credibilidade do governo.

O caminho mais provável parece ser o da proposta de criação de uma CPMF com prazo de validade, amarrada à recuperação dos demais tributos.

O que não poderá ocorrer será algum tipo de reforma fiscal que interfira em despesas obrigatórias, especialmente na área social, a pretexto de cobrir um rombo provocado exclusivamente pela recessão e por um festival de isenções fiscais que começa a ser revertido.

Luis Nassif

27 Comentários

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  1. Governo é perdulário

    Que CPMF que nada! O Governo precisa é ser mais responsável. Fizeram desoneração de folha sem planejamento consistente. Serviço porco. Voltaram atrás. Alimentaram, mais uma vez, a insegurança jurídica. O ralo dos beneficios trabalhistas estava na cara há anos…e só agora resolveram mexer. E os salários pornográficos das estatais, do executivo, do judiciário e do legislativo? O Estado sufoca algumas categorias e paga duas a tres vezes mais que as iniciativa privada a outras. E os cartões corporativos? E as lumusines da visita de caipiras aos EUA? Puseram (por indicação do Lula) uma palerma incompetente no Governo. Detonam a economia e querem mais impostos. 

    1. Exatamente
      E alteraram sem
      Exatamente

      E alteraram sem sequer tocar no assunto da redução da jornada para 40 horas semanais.
      Para vc ver como são amareloes.

  2. Ou a gente fala de déficit

    Ou a gente fala de déficit nominal ou de déficit primário. As despesas com juros, que são ridículas por causa do tamanho da dívida e do nível da taxa de juro, somam ao déficit nominal. A lógica dos economistas liberais é aumentar o superavit primário para reduzir a dívida e diminuir os juros. A lógica econômica da presidente Dilma é não ter compromisso com as contas primárias, aumentar a dívida e, depois, sei lá, vamos ver o que é que dá, usa as receitas do pré-sal, vende mais soja para a China, quem sabe. Essa é a dureza da nossa crise atual. 

  3. Dinheiro não faltará para pagar um desembargador R$ 200 mil/mês

    Mesmo sendo aposentado.

    Judiciário, Legislativo em todos os níveis é uma orgia de gastos. Ninguém quer mais impostos então que se corte

    a gordura sebosa desses dois poderes.

    1. Desembargadores então integram a categoria de SUPER-RICOS

      Segundo o levantamento do IPEA, quem ganha mais de 160 salários mínimos, ou seja R$ 126.000,00 (cento e vinte e seis mil Reais) por mês é super rico e petence aos 0,05% da elite brasileira. Agora pagar isto a funcionário que não acrescenta um prego de valor, ou seja, não produz nada para a economia é um espanto, para dizer o mínimo.

      O maior provento do Brasil não é o do Ministro do STF?

      A Lei está sendo burlada na cara dura.

  4. O mais engraçado é que os EUA
    O mais engraçado é que os EUA estão literalmente deficitários há mais de uma década. E a partir da crise de 2008 o déficit piorou muito e se mantém em patamares elevadíssimos. A dívida americana cresce quase um pib brasileiro todos os anos. E eles estão claramente utilizando esse deficit na forma de gastos públicos para fomentar crescimento econômico. ..Exatamente o contrário do que pregam mundo a fora. .. http://mobile.valor.com.br/internacional/4132142/deficit-orcamentario-dos-eua-soma-us-431-bilhoes-ate-fim-de-junho

    1. São paises completamente

      São paises completamente diferentes com dinamicas economicas totalmente diversas. O restante do mundo todo financia os déficits dos EUA, de nós evidentemente que não.

      Temos que partir do nosso patamar real para tentar melhorar.

      1. Nós somos um país com taxa de

        Nós somos um país com taxa de juros de 14 % e grau de investimento. O país do mundo que não financiar nosso déficit é burro. A diferença entre os EUA e nós é que pagamos uma taxa de juros maior para financiar nosso déficit. Mas mesmo assim, o défict deles é tão grande que gera uma distorção enorme na economia mundial…. 

         

        O Brasil deveria abaixar sua taxa de juros e encontrar outros meios de atacar a inflação, como aumentar depósitos compulsórios, limitar parcelas de finaciamento , etc, etc …. Assim, como disse o Nassif, além de zerarmos o déficit, teríamos superávit e dinheiro para investimento publico !! 

        1. Com relação ao parágrafo 1, a

          Com relação ao parágrafo 1, a realidade é que é, não o que gostaríamos que fosse.

          Com relação ao 2, se fosse fácil assim crescer e se desenvolver já teríamos feito isso. Evidente que não é simples assim, essa pode ser a ideia do Nassif, mas não é absolutamente consenso entre economistas de várias matizes.

          1. Opiniões de economistas..

            Concordo com a afirmação “Temos que partir do nosso patamar real para tentar melhorar.: “

            Qualquer discussão séria sobre política econômica deveria partir do que é para chegar ao que deveria ou poderia ser.  E qualquer crítica sobre determinada política econômica deveria esclarecer quais seriam as alternativas, e as possíveis consequências dessas alternativas.

            Quanto às opiniões de economistas de várias matizes, temos que ter cuidado com o que lemos na dita grande imprensa. Fica difícil para o leitor com razoável instrução mas não versado  em Economia, distinguir o que é defesa de interesses do que é opinião imparcial.

  5. Os dilemas do deficit público.

    Na realidade, os dilemas do deficit público inexistem. O próprio Nassi f já deu a solução: REDUÇÃO DOS JUROS EXTORSIVOS do BC.

    Mas a planilhar cabeça levyana não consegue captar essa verdade. É SIMPLES DEMAIS .

    Precisamos de algo mais complexo para “enrolar o meio de campo” e o “nosso time” – o sempre lembrado 1 % – siga vencendo. TODAS as políticas econômicas dos navegantes neoliberais levam a essas transferências brutais de recursos.  

    Aqui no RS temos uma agenda, formulada por, entre outros,  conhecidos no escândalo do CARF e denominada Agenda 20/20. Igualmente penaliza brutalmente o desenvolvimento do estado e os salários dos SERVIDORES DO EXECUTIVO e poupam os variados e milionários penduricalhos dos poderes LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO, esses a salvo do “ajuste” do SARTORI. Sartori que é o legítimo sucessor de Brito que perpetrou um acordo criminoso com o governo federal em desfavor do Rio Grande do Sul assumindo dívida com reajustes fora do contexto econômico/financeiro. Assim quanto mais pagamos mais devemos. Algo parecido  com o “ajuste” levyano.

    São os mesmos 1% legislando em causa própria e transferindo o custo aos 99 %.

    Muda o cenário mas os atores e o enredo são os mesmos .

  6. Ágora versus Octógono

    Caro Nassif e equipe, bom dia.

    Olá debatedores,

    estava esperando o texto do r. jornalista à respeito deste tema: ORÇAMENTO PÚBLICO FEDERAL.

    Bom, veio este aí que trata do “deficit”. Não é bem o que estava esperando, mas já é alguma coisa. E vai direto ao ponto específico do déficit.

    Quanto a isso, agradeço-lhe pelo levantamento de bola. Vamos lá.

    É claro que me veio a cabeça o pronunciamento de sua excelência, o vice presidente da república.

    A “águia” voou bem baixo. Deu pra ver.

    Ele tratou de falar , claramente, em deficit e TRANSPARÊNCIA!  Eis a águia voando!

    Falou e disse!

    Tratou, especulo,  de “pedaladas” , ou melhor, de ausência de pedaladas na próxima LOA.

    Não bastasse, tratou também da lei de responsabilidade da gestão fiscal ( e não , lei de responsabilidade fiscal, como dizem alguns manipuladores enviesados e de má-fé por ai)

    E pra ficar ainda mais eloquente, trata de accountabilty.

    Espremendo ainda mais o “voo da águia” enfatiza a LEI DE MEIOS( orçamento), que por ser uma LEI deve ser debatida e aprovada lá no poder LEGISLATIVO. E não totalmente, na  PROPOSTA( executivo e judiciário)  que foi enviada com o Déficit.

    Eis a águia voando. ( obs.: águia: substantivo de DOIS GÊNEROS. Logo, pode ser águia-fêmea)

    Voltando.

    Aliás, um déficit não é , necessarimante, ruim de per si, mormente, ao tratamos de orçamento público.

    Os debatedores mais atentos já sabem que o orçamento já não é mais uma planilha meramente econômica-financeira.

    É muito, mas,  muito maior do que isso, com todas as ênfases!

    Fico vendo alguns economistas bobocas por ai, e outros enviesadamente maliciosos, tecerem comentários imbecis nos quais comparam um ORÇAMENTO PÚBLICO E FEDERAL  com um orçamento privado e familiar.

    Ex: quando você não tem dinheiro para pagar suas contas o que você faz? Corta custo, ajusta, não compra aquela cerveja do final de semana e um monte de BLÁ, BLÁ, BLÁ, que só engana OTÁRIOS.

    Ouvi pela manhã um “jornalista” daqueles ó! comparar “déficit público com prejuízo! Ah!… francamente… 

    Ora, ora, ora, quanta  imbecilidade!

    Tem que ser muito idiota para cair numa patifaria dessas.

    Quero ver agora ( na ágora!) os representates do povo debaterem os ORÇAMENTO PÚBLICO DEFICITÁRIO. Retirar dali, colocar acolá, dizer quem vai pagar o que e por que. E ainda, aprovarem “seus interesses” nas emendas e tudo mais que a peça orçamentária carrega consigo!

    Tó louco pra ver isso! Ah como estou!

    Quero saber se o plano de governo, que deve se tonar um  plurianual da vida, uma  LDO da vida e , enfim,  a LOA de milhares de vidas,  diante deste cenário GOLPISTA que se espalha pelas mentes das amebas  empaneladas brasil afora.

    Vamos pro octógono agora. Ops. vamos pra ÁGORA, agora.

    Venham todos! Vem pra rua!, ops, Vem pra ágora!

    Saudações 

     

  7. Só exitem duas saídas óbvias e lógicas:

    redução de juros já e contenção de evasão fiscal dos grandes bancos e empresas do país que nós roubam quase o mesmo que os juros do bc. O problema é que a Dilma não age de maneira óbia nem lógica, ela provavelmente vai aumentar impostos e cortar mais em educação e saúde e garantir assim vinte anos de governo psdb depois que ela deixar o planalto.

  8. Segundo o blog do
    Segundo o blog do PHA:
    Deficits em relação ao PIB
    Reino Unido = 5,2%
    França = 4%
    Itália = 3%
    EUA = 2,8%
    Alemanha = 0,6%
    Zona do Euro 2015 = 2,3%
    Zona do Euro 2016 = 1,7% (se tudo der certo)
    Então o nosso deficit de 0,5% do PIB, menor que todos os acima, não é tão grave quanto quer fazer crer o oligopólio da imprensa de oposição.
    Ainda mais considerando que pagaremos 480 bilhões de juros da dívida, o que como Nassif demonstrou poderíamos reduzir e zerar o deficit diminuindp a taxa de juros.
    Para isso precisaríamos ter um executivo menos meia boca, mais assertivo e com coragem para enfrentar o talibã mediático-financeiro.
    Está difícil ….

    1. Esses são os primários deles

      no nosso falta a conta dos juros. Dá um nominal de 8% do PIB. É coisa demais para um país com mercado financeiro incompleto e sem moeda conversível. Não à toa, só seria viável com a economia crescendo pelo menos uns 2%. 

      Sem isso, esse déficit acaba com o grau de investimento. Isso só não acontecerá em duas hipóteses:

      sai um pacotão com aumento de alguns impostos e redução de algumas despesas;

      há uma melhora muito surpreendente da economia antes do final do ano, que incida rapidamente sobre o nível de confiança. 

       

  9. TAlvez uma forma do governo

    TAlvez uma forma do governo ter credibilidade pra passar um imposto pra cobrir o rombo seria fazer antes uma lista de tudo aquilo que poderia ser tirado, principalmente no andar de cima da burocracia = motorista, 14, 15 sálario, tirar tudo o que é auxíio; gente como maitê proença, nossa anais nin (rs) tupiniquim, se fazendo de virgem pra não perder o benefício passado de pai pra filha ;  não permitir que deputado use classe executiva como fez Cunha e sua gangue pra fazer compras em Nova Iorque; racionalizar o máximo que puder os gastos do estado; É claro que isso não daria nem pro comçeo pra cobrir o rombo. Mas teria valor simbólico, como se o governo dissesse: Você povo, já está fazendo a sua parte, tentando se adaptar à redução do seu orçamento doméstico ; então eu governo farei o mesmo que você. E feito isso, vamos ver o que falta e ver como vamos dar um jeito ao rombo. Como Dilma não quer saber de política depois de cumprir o mandato dela, ela não teria que se preocupar com as perdas políticas com essas políticas de tirar privilégios. 

  10. minha modesta contribuição

    minha contribuição:

    1-Criar aliquota de 30%, 32,5%o  sobre rendimentos realmentes expressivos.

    2-criar imposto sobre grandes furtunas (mesmo)

    3-o congresso tambem pode ajudar:

    congelar gastos nos proximos 5 anos.

    acabar com 1 senador por estado (2 esta bom demais).

    acabar a figura do vice prefeito – vice gorvernador  ( so servem para fazer politicagem).

    Se querem mais ou dou…

     

     

     

     

  11. Simples, reduza-se a taxa

    Simples, reduza-se a taxa Selic de 1 a 2 pontos.

    Essa a mais simples e menos onerosa soulução que, aliás, poderá – diminundo o juros – melhorar o desempenho da economia não apenas no seu aspecto material como também psicologico (pelo otimismo que vai gerar)

  12. A volta à “normalidade” após crise

    A verdade é que ninguém sabe como sair da atual crise.

    Parece que há consenso de que o ajuste fiscal, da forma como foi proposto no início, unicamente pela redução dos gastos do governo, fracassou.

    Fracassou porque a redução dos gastos do governo, numa conjuntura de recessão, reduz mais do que proporcionalmente a receita do que os custos,  como, aliás, era previsível desde o começo.

    Mas, acreditava-se que a nomeação para o Ministério da Fazenda de um economista  ortodoxo, aprovado pelo mercado (principalmente o mercado financeiro) com firme compromisso de alcançar um superávit primário (1,2% em 2015) seria suficiente para recuperar a confiança dos empresários no governo e a volta dos investimentos.

    O Delfim foi um defensor dessa ideia, mas agora (vide artigo de hoje no Valor) reconhece que o ajuste proposto inicialmente fracassou. E culpa a Dilma pelo fracasso. E pela crise política.

    Fica difícil determinar os culpados pela crise política, o quanto cabe à Dilma por sua inabilidade política, e o quanto cabe a uma oposição desvairada, só interessada no impeachment da presidente e no quanto pior, melhor.

    O fato é que os investimentos não voltaram, seja porque a confiança dos empresários no governo não voltou, ou por outras razões, como a incerteza sobre a evolução da demanda, ou a opção de investir no mercado financeiro, ao invés de na expansão da produção.

    Eventualmente a crise será vencida e o País voltará à “normalidade”. Difícil dizer qual será a normalidade instalada após a crise. Muitos economistas são de opinião que os gastos do governo com benefícios sociais garantidos na Constituição de 88 não cabem no orçamento.

    Retirar benefícios sociais é muito difícil para um governo, especialmente um governo dito de esquerda . Mas a Dilma, ao propor um orçamento com déficit primário, está abrindo o caminho para o Legislativo fazer o trabalho sujo de reduzir benefícios sociais.

    A nova normalidade estabelecida após a crise poderá ser uma redução dos benefícios sociais e maior concentração de renda.

     

  13. Bebeu Nassif? Que dilema, imprime logo o QEBR1

    Gira as rotatórias da casa da moeda e acaba com esta palhaçada.

    Se nos USA e na Europa esta é a solução, por que o Brasil vai reinventar a roda?

    Agora, quereis uma solução criativa e benéfica e sem contra indicações para o Brasil, nacionaliza todos os cartões de crédito e suas bandeiras e põe a grana deste tributo real e sem contrapartida nenhuma para o povo e a nação, nos cofres do governo.

    Acorda, Dilma!

  14. FHC 2.0

    Eu marco a opção 2. É isso que o governo vai fazer, tem sinais para todos os lados. FHC2.0, travestido de esquerda.

    Quem sabe o Bresser que foi ministro da ‘reforma do Estado’ do governo tucano de FHC e apoia (ou já desembarcou?) o governo do PT não vem completar sua obra….

  15. Responsabilidade Fiscal

    A Dilma vai deixar deficit? É fácil. Enquadra ela na Lei de Responsabilidade Fiscal e parte para  o impeachment. Ela pode ter sido eleita pelo povo, mas isto não dá a ela o direito de transgredir a lei. Aí convoca novas eleições chama o Lula, e resolve a situação.

    Isto, de deficit é imcompetência mesmo, coisa de falta de pulso. Era só diminuir um ou dois pontos na Selic que cobria o deficit. Mas ela tem medo de enfrentar o mercado, prefere deixar o prejuizo para o pais do que para os banqueiros.

    Ou se não quisesse mexer com os banqueiros seria mais simples ainda. O Banco Central, gastou 60 bilhões na venda de dolares para “segurar o cambio”. Só que o cambio por ser flutuante continua subindo. Era só convocar uma auditoria no BC e proibir estas praticas. Mas logico, Dilma tem medo de enfrentar o Tombini.

     

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