Os juros no país da jabuticaba

O Jornal GGN (www.jornalggn.com.br) e o portal iG criaram o Campo Democrático para que os principais partidos políticos possam mostrar sua visão sobre temas relevantes.

No capítulo Política Econômica, intelectuais do PSDB e do PT definiram de forma didática seus diagnósticos e propostas. ( http://glurl.co/c7e)

Tem-se um quadro claro de perda de dinamismo na economia.

Para o Campo de Debates do PSDB, a razão seria excesso de Estado sufocando a iniciativa privada. Para o Campo de Debates do PT, o recuo do Banco Central na política de redução de juros e de monitoramento do câmbio.

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Há um certo tipo diagnóstico  sem pé nem cabeça influenciando análises de ambos os lados: o de que a queda de juros explica a pouca vontade das empresas em investir.

Parte do seguinte raciocínio:

1.    Parte relevante da rentabilidade dos grandes grupos estava nos ganhos financeiros – previsíveis e sem risco.

2.    Quando os juros caíram, houve redução dos lucros e, devido a isso, aumentou a postura defensiva das empresas, que passaram a focar em recuperação da margem de rentabilidade (sem ganhos financeiros) em vez de ampliar os investimentos na produção.

***

Por aqui sempre se teve uma análise econômica tão criativa quanto falsa. Mas essa hipótese é recordista de nonsense.

Vamos às motivações do investimento:

1. Análise da TIR (Taxa Interna de Retorno).

Os empresários partem de uma análise custo-benefício para seus investimentos. E o parâmetro utilizado é a taxa básica de juros da economia (no caso brasileiro, a Selic), mais uma taxa de risco, proporcional ao risco do negócio.

Suponha que a taxa de risco seja de 5% ao ano. Se a Selic está em 7%, o empresário bancará todo investimento que ofereça um retorno mínimo previsto de 12% ao ano. Se a Selic vai para 10%, a TIR pulará para o mínimo de 15% ao ano.

É óbvio que – como em qualquer parte do mundo – se aumenta a taxa básica de juros, reduz o leque de alternativas de investimento.

2. Análise de mercado.

Indústrias investem quando o aumento da demanda ocupa sua capacidade instalada. A demanda esperada consiste na demanda total menos a parcela que será atendida pelas importações.

A demanda interna se manteve aquecida e o custo dos investimentos caiu.

Por respeito mínimo à lógica, que se prospectem outros fatores para os investimentos não terem deslanchado: a competição com os importados.

1.    O mercado de consumo manteve o vigor e houve explosão dos importados. Conclusão: o aumento de demanda foi absorvido pelas importações. Obviamente a redução de juros e a melhoria do câmbio não foram suficientes para tornar competitiva a indústria nacional em comparação com a externa – especialmente a chinesa.

2.    Aumentaram as incertezas na em função do aumento da inflação e das dúvidas sobre a questão fiscal. Em ambos os casos, não havia motivos para pânico. A inflação foi fruto de pressões externas nos preços das commodities e a questão fiscal resultado das trapalhadas da Fazenda e da Secretaria do Tesouro. Nada que comprometesse a economia. Mas o discurso falho do Ministro da Fazenda Guido Mantega permitiu que de uma pequena fogueira quase lavrasse um incêndio.

Luis Nassif

34 Comentários

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  1. O mundo interligado ainda confunde alguns analistas.

    A economia, especialmente de um país continental como o Brasil,  fortemente ligado à exportação de produtos básicos com uma concentração muito grande em poucos clientes têm peculiaridades que ficam visíveis somente com o uso de algoritmos computacionais de integração de larga escala de informações.

    Análises econômicas que não utilizam estas ferramentas cibernéticas, apesar da aparente sensatez, não passam de meros exercícios de retórica, infelizmente.

    O mundo é grande, com muita gente e complexo.

    A economia do planeta, com o uso do Dólar é pensa.

    Alguns movimentos só são percebidos em larga escala, ou no jargão econômico, no seu sentido macro, o Barclays trás aqui uma destas tendências:

    Here Are The 9 Nations Most At Risk From China’s Third Plenum

    Market attention is on the Third Plenary Session meeting of the 18th Central Committee (Third Plenum), where a blueprint for major reforms over the next decade is to be announced during the four-day congress starting on November 9. However, history shows that economic growth tends to be lower after major third plenum meetings. This is because structural reforms, while good in the longer term, tend to slow growth in the near term. While this is ‘bad’ for the global economy overall, the following nine nations, who are dependent on China to consumer over one-half of all their total exports, are particularly at risk.

    Economic growth usually slows after major Third plenum meetings

    (via Barclays)

    And will weight extremely heavily on the following nations

    Countries Dependent on China to Consume Half or More of Their Total Exports

     

    (via @M_McDonough)

  2. Não se pode partir da falsa

    Não se pode partir da falsa premissa de que, de um lado estão os industriais nacionais e de outro os importadores. Na grande maioria dos casos eles são as mesmas pessoas, as mesmas empresas.

    Nas áreas onde tenho mais conhecimento, eletro-eletronica e materiais de construção, foram dezenas de industriais que não deixaram de investir ou recuaram diante de consições favoráveis criadas para o investimento, mas simplesmente migraram de uma posição de fabricantes para a de importadores. Para que investir milhões em uma usina fabril, enfrentar toda a burocracia que envolve esse empreendimento, arcar com os prazos até o início da produção se, você pode investir muito menos e em tres meses ter uma linha completa de produtos no seu armazém, prontos para serem vendidos com a sua marca. O maior fabricante brasileiro de fontes ( aquilo que você usa para ligar qualquer aparelho de 5v, 12v, etc na corrente elétrica de 110 ou 220 ), simplesmente desativou sua linha de produção e passou a trazer tudo da China. Sem precisar abrir mão da sua marca, sem perder sua cadeia distributiva, etc. E por aí podemos arrolar uma série de casos, desde fabricantes(marcas) de metais para banheiro até ferramentas elétricas, passando por móveis de escritório e prendedores de roupa. Praticamente tudo vale a pena terceirizar a fabricação na China e se dedicar única e exclusivamente a distribuição.

    Para ( tentar ) combater esse movimento migratório, somente uma política nacional da indústria poderia ter algum resultado concreto, mas infelizmente, não temos um governo muito afeito ao trabalho, e que acredita que criar condições de mercado é tudo que há que ser feito, o resto o próprio mercado faz sozinho.

  3. Qual seria a solução para o problema?

    Parabéns por colocar esse tema em discussão. Na minha opinião, as taxas de juros altas são o principal freio para a melhoria dos serviços públicos fundamentais (educação, saúde, saneamento etc.) e uma dos problemas principais do país.

    Quase a metade do orçamento federal do ano passado, exatos 42%, foi destinada ao pagamento da dívida pública brasileira. Dos 2,14 trilhões de reais, 900 bilhões foram gastos com o “pagamento de juros e amortizações da dívida pública, enquanto estavam previstos, por exemplo, 71,7 bilhões para educação, 87,7 bilhões para a saúde, ou 5 bilhões para a reforma agrária”.

    Se alguém está a procura do grande dreno dos recursos, aqui está ele: o pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Guardadas as proporções, é como se o seu orçamento familiar já de saída fosse reduzido à metade. Assim fica difícil dar educação, saúde, saneamento e infraestrutura ao país. E ainda tem gente que quer que se aumente os juros. Se as taxas de juros caíssem para níveis internacionais, teríamos um novo paradigma para o país.

    Nassif, a sua explicação é verossímil. Mas, qual seria a solução para o problema, além de criticar o Ministro da Fazenda? Basta substituí-lo? Ou o problema é mais complexo?

    De forma concreta, o que fazer para resolver isso?

    1. Concordo que os juros

      Concordo que os juros brasileiros distorce a economia,mas para onde vai tanto dinheiro que o governo capta no mercado? Por que o Brasil nao pára de emitir títullos?  Uma das resposta acredito ser o funcinalismo público e o tamanho do estado. Aja recurso para folha de pagamento e para manter o estado, que além do mais presta péssimos serviços a sociedade.

  4. Pontos nos iss

    Infelizmente, mas já esperado, a participação dos partidos nesta excelente proposta do GGN e IG se limitou a ataque e defesa partidário, e tudo o que li sobre o que seria este debate acrescentou quase nada. Os lados, fora do governo, que lançarão candidaturas se restringiram à criticar as políticas do PT e aliados, e os representantes do PT a tentar justificar tais planos, aqui foi um pouco melhor já que tentaram explicar os acertos e erros dos programas de governo.

    Qualquer tentativa de análise e propostas para explicar a economia se baseia, por óbvio, no “mainstream” do crescimento, e aqui se perde o rumo ao deixar de avaliar a situação econômica como um todo, o que permite a constatação:

    “Há um certo tipo diagnóstico  sem pé nem cabeça influenciando análises de ambos os lados: o de que a queda de juros explica a pouca vontade das empresas em investir.”

    Parte do seguinte raciocínio:

    1.    Parte relevante da rentabilidade dos grandes grupos estava nos ganhos financeiros – previsíveis e sem risco.

    2.    Quando os juros caíram, houve redução dos lucros e, devido a isso, aumentou a postura defensiva das empresas, que passaram a focar em recuperação da margem de rentabilidade (sem ganhos financeiros) em vez de ampliar os investimentos na produção.

    A observação dessa aparente contradição ocorre justamente pela necessidade de se tentar explicar o motivo do não investimento pelo fator lucro (novos investimentos), passando ao longe a condição que deveria ser preliminar em qualquer analise, ou seja a observação do que está ocorrendo no mundo. Nesse sentido ficam as perguntas:

    1) As empresas no mundo estão aumentando a sua produção ou investindo em novos empreendimentos?

    2) A riqueza salarial, no mundo, aumentou de forma a justificar novos investimentos na produção?

    Esses são questionamentos básicos para que se desperte o “espírito animal” do empreendedor e os impulsionem a realizar novos empreendimentos.

    Com exceção da China, e alguns outros pouquíssimos países, os investimentos estão e dando nas fusões e aquisições de empresas já existentes.

    Parece que o mundo alcançou um patamar de produção que atende à atual demanda.

    Os maiores consumidores, os americanos, estão consumindo? E a UE?

    Esses são países de riqueza melhor distribuída e os mais ricos, e se não estão mais consumindo como antigamente como fazer a riqueza circular e propiciar novas iniciativas?

    Os emergentes ainda tem uma distribuição salarial que não permite o aumento de consumo fora dos itens estritamente necessários.

    Quando se pesquisa a circulação dos investimentos diretos, aqueles destinados a produção, se constata que:

    “O investimento estrangeiro direto (IED) foi de US$ 155 bilhões, queda de 28% em relação ao trimestre anterior. No semestre, a redução foi de 16%.

    O número de países em que houve queda no IED – 19 – foi recorde, informou a OCDE. No Brasil, que não faz parte da OCDE mas é considerado “parceiro estratégico” e tem seus dados monitorados, o volume foi de US$ 16,8 bilhões, queda de -10,3%.

    O levantamento da OCDE aponta que três países concentraram quase metade (47%) do investimento externo direto (IED) global: China (US$ 61 bilhões, ou 21% do total), Reino Unido (US$ 41 bilhões) e Estados Unidos (US$ 38 bilhões).

    Na contramão da tendência, o México recebeu quase quatro vezes mais recursos para projetos (de US$ 5 bilhões para US$ 18 bilhões) graças à compra da cervejaria Grupo Modelo pela gigante multinacional AB-InBev.” ,segundo informações do Jornal O Globo.

    Como se vê no quadro acima o freio de mão está puxado, e o exemplo citado do México demonstra que a circulação do IED está se dando por fusões ou aquisições de empresas que já existem.

    Então, dentro das informações acima como se esperar que empresas saiam do “conforto” oferecido pelo governo Chinês, mão de obra barata, etc, para se aventurarem em outros países?

    Como esperar que empresários brasileiros, com as facilidades da China (parágrafo anterior), invistam?

    O mundo grita “chega de crescer.”.

     

     

     

     

    1. Assis
       
      Diz aí pra gente como

      Assis

       

      Diz aí pra gente como tirar os milhoes de brasileiros  que ainda estao na miseria sem crecer????? Nao se esqueça que o Brasil é um país de renda média.

        1. Eu nao preciso dizer. Pois o

          Eu nao preciso dizer. Pois o governo ganhou as eleições para isto.

           

          Melhorar a vida do povo e acabar com a corrupção!!!!!!!!!!!!!!!!!

           

          Lembra desta frase…..

           

          Agora nao fico querendo alterar as métricas de um governo só porque o mesmo nao consegue atingir as metas.

           

  5. Onde está o crescimento?

    Volto a bater na tecla que os enormes recursos econômicos da nossa espacialidade continuam mal aproveitados. Um política econômica que não leve em consideração o problema geográfico do País, concentrando-se em políticas espacialmente transversais, produz um altissimo custo de oportunidade. E quando o crescimento engasga, todos os desequilibrios se potencializam. 

    Crescer é preciso, embora tenhamos de qualificar esse crescimento, que não pode se reduzir a inflações produtivas momentâneas. Crescimento sustentável passa pela mobilização de todas as forças produtivas da economia, a partir de projetos concretos de transformação, evidentemente sempre de olho dos impactos ambientais e sociais que eles possam provocar, para o mal e para o bem. A rediscussão do próprio conceito de crescimento é um tópico atualissimo nos sites sobre “new economic thinking”. 

    O Brasil tem na sua espacialidade um enorme recurso mal aproveitado. O espaço, dominado de forma desigual por um número reduzido de agentes, é funcionalizado para alguns fluxos de exportação e de comercialização interna comandada pelo Sudeste. Não é à toa que a rede viária continua desigual, altamente concentrada no Sul e Sudeste, e que os grandes investimentos para outras regiões ainda priorize o vetor Sul-Norte. 

    Essa desigualdade espacial provoca desigualdade dos fluxos, prejudicando os investimentos logisticos estruturantes: eis aí o grande fator de insucesso da política de investimentos do governo, mal diagnosticado pela inconstância dos marcos regulatórios, excesso de intervenção estatal, e outras baboseiras mais. Na verdade, quando o investidor não se atreve ir para o interior, onde se localizam os grandes novos ramais ferroviarios, ele reconhece o alto risco de demanda pelo fato dos mercados regionais e logísticos estarem ainda subdesenvolvidos, e ponto final.

    E um governo que tinha – não sem razão – como carro chefe os investimentos infra-estruturais para a retomada crescimento, vê se engasgar exatamente aí hipótese de salvação. O erro foi precisamente não relacionar tais investimentos em programas concentrados e abrangentes de desenvolvimento territorial especialmente nas áreas de influência dessas infra-estruturas.

    Temos de abandonar o paradigma da framgmentação das políticas públicas, e buscar sinergias entre elas, a partir de ações integradas no território. Nos falta sobretudo um planejamento territorial consistente e efetivo na prática.

    Câmbio, inflação, taxação, juros, endividamento, tudo isso são elementos fundamentais, especialmente a curto prazo. Mas é no longo prazo, a partir do redesenho da territorialidade, que as grandes ondas de crescimento equilibrado se desenharão. Especialmente em um país de dimensões subcontinentais como o Brasil. E só esse crescimento de longo  que garantirá o equilibrio, sempre dinâmico, dessas variáveis macroeconômicas.

     

  6. Se por um lado não estão

    Se por um lado não estão ocorrendo investimentos concentrados e de grande monta, por outro:

    Geração de empresas na Bahia supera média nacional

    MERCADO – Número de novos empreendimentos de todos os portes no Brasil cresceu 10% desde 2011, enquanto no Estado o percentual atingiu 12%

    A geração de empresas na Bahia, nos últimos três anos, está acima da média nacional, aponta levantamento que será divulgado nesta segunda (04) pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Enquanto o número de empresas no Brasil cresceu 10% desde 2011, na Bahia esse percentual chega a 12%. Foram aproximadamente 173 mil novas empresas no Estado desde 2011.

    A pesquisa do IBPT compreende o número total de empresas ativas na Bahia até o momento e não distingue o porte delas. O levantamento considera desde Micro Empreendedores Individuais, que faturam até R$ 60 mil anuais, até grandes empresas, que faturam mais de R$ 50 milhões por ano.

    Segundo o coordenador de estudos do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, a maior geração de empresas na Bahia é decorrente do aumento de investimentos industriais, crescimento da arrecadação tributária e também aumento da receita com o turismo e o agronegócio no Estado. “A criação de empresas é um termômetro da economia. Se você tem mais geração de empresas, quer dizer que a economia está em expansão”, afirma Amaral.

    Por setor – Outro sinal que aponta o aquecimento da economia baiana, segundo Amaral, é o crescimento nos setores de supermercados e alimentação, além de atividades ligadas à beleza, como salões de beleza, e demais cuidados pessoais. “O crescimento dessas atividades é típico de economias em desenvolvimento. Significa que as pessoas têm dinheiro para gastar com supérfluos”, afirma o especialista.

    Do total das empresas ativas no Estado, 82% estão inseridas nas categorias de micro, pequenas empresas e Micro Empreendedor Individual – pessoas que trabalham por conta própria e que se legalizam como pequeno empresário.

    O alto número de Micro Empreendedores Individuais também chama atenção na pesquisa. Dos 82% citados anteriormente, 50% são empreendedores individuais. A categoria foi criada em 2008 para facilitar o registro deste tipo de negócio.

    Já entre as médias empresas, o percentual fica em 11%. Somente 7% das empresas baianas podem ser consideradas de grande porte. “A Bahia tem proporcionalmente mais MEI, micro e pequenas empresas do que os estados do Sul e Sudeste”, diz Amaral.

    De acordo com o especialista do IBPT, o baixo número de grandes empresas reflete a falta de investimento expressivos em décadas anteriores, em toda a região.

    Impasse – “O Nordeste, durante muito tempo, foi discriminado pelo setor financeiro e grandes indústrias”, conta Amaral. Ele aponta a logística como o principal impasse da Bahia no passado.

    O levantamento também listou a quantidade de empresas presentes nos 200 municípios mais empreendedores da Bahia. Os cinco municípios baianos com mais empresas – Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas, Vitória da Conquista e Itabuna – concentram 42,31% de todas as empresas do Estado.

    De acordo com a economista e coordenadora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Isabel Ribeiro, a atração de indústria para o interior do Estado pode impulsionar a economia local e aumentar também o número de micro e pequenas empresas. “Geralmente esses empreendimentos precisam de uma cadeia de fornecedores ao seu redor, eles não são autônomos”, afirma Isabel Ribeiro. “Quando uma fábrica se instala, surge uma série de conjuntos habitacionais. Com a habitação, chegam o comércio e os serviços. As pessoas recebem renda e precisam habitar, comer, etc.”, completa.

    Há também destaque para Barreiras, que está entre os dez municípios mais empreendedores e gerou 11,5% mais empresas em 2012, quando comparado a 2011. Foram mais de 2,3 mil empresas novas desde então.

    Mais de 30% dos empreendimentos têm menos de 3 anos de existência

    Mais de 30% das empresas baianas têm menos de três anos de idade. E apenas 16% têm de cinco a nove anos. Segundo o coordenador de s estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), Gilberto Luiz do Amaral, o baixo número de empresas com menos de 10 anos ou mais (25%) aponta a grande mortalidade de empresas no Estado. A idade média das empresas é de oito anos.

    “A primeira causa de morte das empresas é a falta de planejamento e profissionalização do empreendedor. A segunda causa é a questão da burocracia e alta carga tributária”, afirma Amaral.

    O terceiro complicador para a baixa longevidade das empresas é a dificuldade de acesso ao crédito, aponta o pesquisador. “Apesar do aumento nas linhas de crédito, a burocracia para o acesso ainda é relevante, principalmente para as pequenas empresas. Nós temos poucos agentes de crédito especializados nas micro e pequenas empresas”, diz o coordenador do IBPT.

    Informatização – A quarta razão de mortalidade das empresas é a dificuldade de implementar sistemas informatizados de gestão para os negócios. “Os software são muitos caros e complexos para as micro e pequenas empresas. Hoje você tem um volume de transações relevantes, se você não tiver um sistema de gestão que controle isso, o empreendedor perde tempo”, afirma Gilberto Luiz do Amaral.

    Comércio é o setor que concentra o maior número de negócios

    O setor que concentra o maior número de empresas na Bahia é o comércio. São mais de 435 mil empresas ativas, o que representa 47% do total. A realidade da Bahia difere do Brasil, que tem o setor de serviços como o principal gerador de empresas.

    Para a economista e coordenadora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Isabel Ribeiro, o alto número de empresas no setor se deve ao baixo capital necessário para iniciar um negócio. “As pessoas gostam de investir no comércio do vestuário. É um tipo de atividade que tem mais facilidade de desovar, e possibilidade de não acumular estoque”, afirma Isabel Ribeiro.

    Apesar do crescimento dos últimos anos, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio), Carlos Amaral, afirma que o setor desaqueceu em 2013. “Há muita expectativa e muita gente ainda tem medo de fazer novos investimentos. No principio deste ano, a movimentação foi muito baixa. Atualmente ainda há um temor de que o crescimento não continue e tenha quebradeira das empresas”, afirma o presidente do Fecomércio.

    Crescimento – Em termos de crescimento porcentual, o setor da indústria é o mais expressivo em criação de novas empresas. Entre 2011 e 2012, o número de empresas ativas cresceu 15%. Já nos últimos três anos, foram mais de 11 mil novos estabelecimentos no setor.

    Fonte: Jornal A Tarde

    http://www.sudic.ba.gov.br/Noticia.aspx?n=484

    1. O que cresce?

      Assis, essas novas empresas são todas de prestação de serviços (salão de beleza, cabeleireiro,…), distribuição (supermercado, vendinha,…), que aproveitam o aumento do poder aquisitivo da população, o que é ótimo.

      Porém donde vêm todos os produtos vendidos ou usados no serviço prestado? É tudo importado, o que agrava o desequilíbrio da economia brasileira.

      Trata-se de um crescimento baseado no aumento do consumo, sem a produção que seria a base com a qual o crescimento poderia perpetuar-se. Esse modelo já mostra sinais claros de esgotamento, o que se vê nos indicadores econômicos.

       

       

      1. Nicolas

        Do texto (último parágrafo):

        “Crescimento – Em termos de crescimento porcentual, o setor da indústria é o mais expressivo em criação de novas empresas. Entre 2011 e 2012, o número de empresas ativas cresceu 15%. Já nos últimos três anos, foram mais de 11 mil novos estabelecimentos no setor.”

  7. A desistência “aparente”do BC

    A desistência “aparente”do BC de reduzir a taxa “Selic” criou um desânimo no empresariado brasileiro que planejava investir e a até mesmo em indivíduos estranhos ao “mundo empresarial” (meu caso particular).  Erram – infelizmente – o BC, o governo e a oposição (aqui representada pelo PSDB).   

  8. Qual é, no Brasil, o setor da

    Qual é, no Brasil, o setor da economia que tem os maiores lucros? Indústria? Comércio? Serviços? Não, é o setor financeiro. Banco são as empresas que tem os maiores lucros. Não é a toa que qualquer lojinha mais estruturada está lançando cartão de crédito, empréstimos, títulos de capitalização. Todos os setores querem ter sua participação nesse bolo enorme do setor financeiro. Quem é que vai investir em produção para ter um ganho de 3, 4%, fora o risco, quando pode ter um retorno de 10, 12, 20% com títulos de risco quase zero?

  9. Os juros no pais da jabuticaba

    O pior cego ´w o que não quer ver. Espécime frequente na politica. Ambos, PT e PSDB, por  motivos diversos, veem o que querem ver. Esperemos sentados que reconheçam o cambio destorcido.  Nesse item particular, embora vital, ambos estão cegos.

    Ebrantino.

  10. …. pior q tudo isso eh

    …. pior q tudo isso eh pagar imposto de renda sobre a parcela de inflaçao contida na rentabilidade dosfundos de renda fixa.  

    viva Brasiu (L).

  11. Nassif, eu já disse, mas vou
    Nassif, eu já disse, mas vou renovar o alerta que fiz.

    O “rei do camarote” foi um meme idealizado por um dos antigos membros do cocadaboa.

    A veja foi enganada e deu a capa da revista ao meme. Inacreditavelmente ninguém checou nada, e todos os portais da internet caíram na pegadinha.

    O mentor intelectual do meme é o mrmanson do cocadaboa.

    É impressionante o que esse cara fez. Jogou a última pá de cal na credibilidade da veja.

    Aqui o twitter dele:

    https://mobile.twitter.com/mrmanson

  12.  
    É óbvio que – como em

     

    É óbvio que – como em qualquer parte do mundo – se aumenta a taxa básica de juros, reduz o leque de alternativas de investimento.

    Não há como reduzir os juros no longo prazo se o Estado absorve cada vez mais recursos da sociedade. Se você tem um Estado cada vez mais intervencionista com fonte limitada de arrecadação, é óbvio que a taxa de juros não pode cair. No longo prazo a taxa de juros é o preço de equilíbrio entre oferta e demanda de recursos. Não adianta fugir disso. O mesmo vale para a Teoria Quantitativa da Moeda. Por isso não podem mexer no câmbio, quem vai trazer toda essa produção demandada quando o governo queima toneladas de verbas todo dia em rigorosamente nada? O projeto original do governo e do Tombini de reduzir a Selic a um índice civilizado era ótimo, mas pressupõe que haja política fiscal. Tudo mais constante, se você expande gasto alucinadamente sem nenhuma medida para aumentar oferta é óbvio que a inflação média aumenta. Foi exatamente isso que aconteceu. Discordo de você Nassif, em um país com a história do Brasil, inflação bem acima da média da meta durante quatro anos não é inflação baixa. E isso com o câmbio supervalorizado. Experimente um dólar a três reais p/ver o que acontece. Nem vou discutir a mudança do cálculo do IPC. Com certeza nossa inflação seria bem maior em comparação com o governo Lula.

    Aumentaram as incertezas em função do aumento da inflação e das dúvidas sobre a questão fiscal. Em ambos os casos, não havia motivos para pânico.

    Há motivo para pânico, a gestão da área econômica é um absoluto desastre, a eficiência do gasto público é próxima de zero. Isso sempre foi verdade no Brasil, mas parece que hoje é mais intenso. O governo é incompetente, reduziu o IPI dos veículos e parece que ano que vem quer aumentá-lo. A legislação do PIS da COFINS com não cumulatividade é absolutamente arbitrária, tanto para a Receita quanto para os empresários (algum Contador ai?) Qual a lógica? É keynesianismo de décima categoria.

    … e a questão fiscal resultado das trapalhadas da Fazenda e da Secretaria do Tesouro. Nada que comprometesse a economia. Mas o discurso falho do Ministro da Fazenda Guido Mantega permitiu que de uma pequena fogueira quase lavrasse um incêndio.

    Sem comentários nessa parte. A presença dessa área econômica no governo é um absoluto mistério, a não ser que a Ministra da Fazenda seja a Dilma. Isso explicaria o desastre em que estamos metidos. Só fico pensando no câmbio, a hora que ele se acertar, estamos liquidados…

  13. problemas na maquina.

    Há um dado relevante que o colunista não cita.

    Ao incentivar os bancos publicos a baixarem suas taxas,estimulando a concorrência entre os bancos, o governo não contava com o comportamento avesso ao risco do funcionario publico bancário,mesmo crescendo a oferta de credito dos bancos públicos o grosso dessa fatia foi para quem já era cliente da insttituição,pelo simples motivo de que se houver inadimplência para novos clientes o funcionário pode responder inquerito administrativo por fraude e até ser exonerado, partindo -se da idéia de que o salario minimo de um servidor é de R$7.500,00 e basta entrar que sua vida já está garantida ,quem correria o risco de liberar recursos a quem aparecesse no balcão procurando “dinheiro barato”.

     

    1. Não ‘é fato. Os bancos

      Não ‘é fato. Os bancos públicos tiraram clientes dos bancos privados, sim, aumentando expressivamente sua parcela no crédito.

    2.  
      cara, como funcionario do

       

      cara, como funcionario do BB posso dizer que meu salário tá longe de um terco disso aí.  seu raciocinio ta meio enviesado.

  14. Risco de deflação na Europa

    Em vários jornais e revistas de negócios na Europa está aparecendo uma preocupação pesada sobre os riscos de um processo de deflação. Não só por que o BCE tem muitos poucos meios para evita-la, mas especialmente por que deflação é extremamente perigosa em países muito endividados.

  15. Nassif, vejo que seu foco é a

    Nassif, vejo que seu foco é a taxa de câmbio, para explicar o baixo crescimento. Mas na verdade a subida do dolar não foi tão pouco assim não. Me lembro que chegou a 1,62. Mas agora está quanto, 2,3? É quase 50%.

    Deve ter outra explicação. Eu sou leigo  em economês, mas conhecendo bem nossa elite financeira, não descarto um boicote. Aos grandes empresários não custo nada dar uma esperadinha, para lá na frente ter uma taxa de retorna ainda mais agradável. O gosto do empresariado brasileiro pelo capitalismo sem risco é uma beleza.

    Não será que isso tem a ver com o movimento deles em direção á candidatura Eduardo Campos? Este derepente sentiu que bem poderia deslocar-se para o centro para captar a simpatia da Fiesp, não?

    Mas nada disso estaria acontecendo se a equipe da Dilma não fosse tão incompetente. Nossa presidenta quer ser a gerentona, e esquece de fazer política. Ela pode estar estragando o belo pacto social que Lula construiu do trabalho com o capital produtivo. Mais não falo, pois não sou expert

    1. Juliano, o único problema com

      Juliano, o único problema com o seu raciocínio é que em qualquer “máfia” o incentivo para se roer a corda é tremendo.

      Mesmo que todos os empresários do Brasil estivessem contra a Dilma, se o ambiente de negócios fosse favorável, o empresário “A” investiria e o seu concorrente “B” não iria querer correr o risco de perder espaço. O problema é mais amplo, acho que o governo investiu demais em uma das “pernas” (demanda) e esqueceu completemente da outra (oferta). Mesmo que não haja recursos, você pode conseguir algum aumento de oferta desburocratizando e tendo uma política econômica estável, sem alterações de percurso. Isso é tudo o que não temos no Brasil há três anos…

  16. Dizer juro baixo reduz investimento é exagero, mas tem lógica

     

    Luis Nassif,

    Tenho feito menção em comentários meus ao que eu chamo de exagero de sua análise. Aqui neste post “Os juros no país da jabuticaba” de terça-feira, 05/11/2013 às 06:00, tenho como exagerado o conteúdo do seguinte trecho do seu post:

    “Há um certo tipo diagnóstico  sem pé nem cabeça influenciando análises de ambos os lados: o de que a queda de juros explica a pouca vontade das empresas em investir.

    Parte do seguinte raciocínio:

    1.    Parte relevante da rentabilidade dos grandes grupos estava nos ganhos financeiros – previsíveis e sem risco.

    2.    Quando os juros caíram, houve redução dos lucros e, devido a isso, aumentou a postura defensiva das empresas, que passaram a focar em recuperação da margem de rentabilidade (sem ganhos financeiros) em vez de ampliar os investimentos na produção”.

    Enfim, considerei exagero você apresentar este diagnóstico como sem pé nem cabeça. Ele é exagerado, mas considera-lo sem pé nem cabeça é exagerado. Aliás recentemente no post “A volta da velha senhora, os juros de dois dígitos” de sábado, 12/10/2013 às 09:12, você deu uma explicação para o aumento da inflação que tem o efeito de reduzir a demanda que de certo modo corrobora o diagnóstico que você aqui no post “Os juros no país da jabuticaba” considera sem pé nem cabeça. O endereço do post “A volta da velha senhora, os juros de dois dígitos” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-volta-da-velha-senhora-os-juros-de-dois-digitos

    Lá no post “A volta da velha senhora, os juros de dois dígitos” há dois parágrafos em que você justifica o aumento de preços em decorrência da queda de preços com o seguinte argumento:

    “As grandes empresas vinham apresentando bons níveis de rentabilidade. Reduzida a Selic, constatou-se que caíram as margens de lucros.

    Percebeu-se, então, que eram garantidas pelos ganhos financeiros. A reação de empresas maiores foi promover reajustes de preços, visando recompor margens”.

    Assim pode-se dizer que, pelo que você diz: a redução da Selic reduziu a margem de lucro de grandes grupos e elas foram obrigadas a promover reajustes de preços para recompor margens, e pelo que se sabe: o aumento de preços reduz a demanda, embora seja exagerado, há espaço para se dizer que a redução da Selic teve como consequência uma pouca vontade das empresas em investir.

    A pesquisa econômica as vezes causa grande surpresas a leigos como a mim, e provavelmente causa mais surpresas a economistas, dando suporte a idéias que o mais letrado economista se envergonharia de defender. Nesse sentido, lembro um artigo de Antônio Delfim Netto, publicado no Valor Econômico de terça-feira, 29/03/2005 e intitulado “Ressuscitado o efeito Patman?”. Nele Antonio Delfim Netto faz referência ao congressista do Texas, Wright Patman que afirmava que “é insensato tentar combater a inflação aumentando a taxa de juro. É a mesma lógica de combater um incêndio usando gasolina”. A idéia é que o aumento do juro aumenta o custo de produção. O artigo de Antonio Delfim Netto “Ressuscitado o efeito Patman?” pode ser visto no seguinte endereço:

    http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/450929/noticia.htm?sequence=1

    O artigo de Antonio Delfim Netto é para fazer referência ao artigo de Eugenio Gaiotti e Alessandro Secchi “Is there a cost channel of monetary policy transmission?” no qual se alega que o juro elevado repercute nos preços. Um endereço para o artigo “Is there a cost channel of monetary policy transmission?” é:

    http://www.bancaditalia.it/pubblicazioni/econo/temidi/td04/td525_04/td525en/en_tema_525.pdf

    Enfim, se se quiser pode-se ir longe para demonstrar que você exagerou em considerar sem pé nem cabeça a idéia de que a queda de juro reduziu a vontade de investir das empresas, mas você mesmo e recentemente deu bons argumentos que contradizem o que você diz neste post “Os juros no país da jabuticaba”. Na minha avaliação de leigo a idéia é apenas exagerada, mas ela tem racionalidade humana.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 05/11/2013

    1. E todo o post para no final malhar o Guido Mantega

       

      Luis Nassif,

      Como você menciona no seu post as discussões sobre a politica econômica do governo no espaço democrático IG/GGN aberto para desenvolver este tipo de discussão, eu aproveito para completar meu comentário indicando o post “As diferenças entre PT e PSDB em relação à política econômica” de sábado, 02/11/2013 às 10:58, publicado aqui no seu blog e de sua autoria. O endereço do post “As diferenças entre PT e PSDB em relação à política econômica” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/as-diferencas-entre-pt-e-psdb-em-relacao-a-politica-economica

      Junto ao post “As diferenças entre PT e PSDB em relação à política econômica” eu enviei um comentário domingo, 03/11/2013 às 23:03, em que procuro mostrar que PT e PSDB estiveram muito próximos, mas as circunstâncias afastaram os dois e este afastamento deu maior nitidez às distinções que existiam entre os dois partidos.

      Um ponto em que eu não fui enfático no meu comentário foi ao meu entendimento de que a inflação não é problema econômico, mas sim um problema político. Então, existindo eleições com certa periodicidade, o governante que tiver interesse em permanecer no poder não pode permitir que a inflação se eleve, mesmo que uma inflação maior possa a ser benéfica para o país. Assim, independentemente do interesse maior do país, PT e PSDB vão ter comportamento muito semelhante no que diz respeito à inflação. É claro que o PT vai usar o máximo dos poderes que o Estado possui para combater a inflação enquanto o PSDB mostrará mais disposto a deixar que se acione mais o mercado para combater a inflação. Como no fundo o juro é o mecanismo mais forte para combater a inflação ainda mais quando ele favorece a valorização do câmbio, no final das contas o PT e o PSDB ficam com uma política econômica muito parecida.

      Bem e um segundo ponto que eu gostaria de acrescentar seria fazer uma crítica a forma como você terminou este post “Os juros no país da jabuticaba”. Fora um pouco de exagero ao acusar de sem pé nem cabeça a idéia de que a redução do juro reduziu os ganhos financeiros das grandes empresas e com isso houve redução dos investimentos, o seu post pareceu-me bem conduzido. Talvez eu devesse também dizer que você não explicitou o que Juliano Santos no comentário que ele enviou terça-feira, 05/11/2013 às 14:11, diz que foi o seu foco ao redigir o post “Os juros no país da jabuticaba”, ou seja, a necessidade de desvalorizar o câmbio. Eu concordo em parte com Juliano Santos. Digo em parte, porque para Juliano Santos, a taxa de 2,2 seria suficiente e eu penso que uma taxa melhor seria algo em torno de 2,5. O que significa que eu concordo mais com você quando você diz:

      “Obviamente a redução de juros e a melhoria do câmbio não foram suficientes para tornar competitiva a indústria nacional em comparação com a externa”.

      De todo modo, você poderia ter explicitado mais a questão cambial. E eu atribuo a uma falha sua o fato de você não ter explicitado bem o câmbio. Em meu entendimento você não quer chamar a atenção para a defesa do cambio desvalorizado porque este argumento ainda mais em um blog mais próximo da esquerda tem pouca audiência.

      O que, entretanto, mas me move a completar meu comentário anterior é dizer o quanto foi em minha avaliação péssimo o final deste seu post “Os juros no país da jabuticaba”. Você poderia ter terminado quase com chave de ouro o seu post se ele terminasse no item 1. No entanto você acrescentou o item 2, que apresenta um final muito ruim. E se pela força de repetição o mal feito dele em vez de duplicar seja reduzido, eu penso que vale a pena reproduzir o que você diz no segundo item:

      “2.    Aumentaram as incertezas na em função do aumento da inflação e das dúvidas sobre a questão fiscal. Em ambos os casos, não havia motivos para pânico. A inflação foi fruto de pressões externas nos preços das commodities e a questão fiscal resultado das trapalhadas da Fazenda e da Secretaria do Tesouro. Nada que comprometesse a economia. Mas o discurso falho do Ministro da Fazenda Guido Mantega permitiu que de uma pequena fogueira quase lavrasse um incêndio”.

      Na verdade você poderia ter apresentado o segundo item desde que com algumas correções indo até a quarta frase. Transcrevo então o segundo parágrafo na forma e conteúdo qu eu considero que fornece uma análise consistente:

      “2.    Aumentaram as incertezas na ECONOMIA em função do aumento da inflação e das dúvidas sobre a questão fiscal. Em ambos os casos, não havia motivos para pânico. A inflação foi fruto de pressões externas nos preços das commodities, MAIS ESPECIFICAMENTE DE PREÇOS VINCULADOS À PRODUÇÃO DO CENTRO-OESTE AMERICANO ONDE OCORREU UMA FORTE SECA e a questão fiscal resultado DE MEDIDAS ADOTADAS PELA Fazenda e na Secretaria do Tesouro, COM AMPARO JURÍDICO EM ESPECIAL DA TÃO DECANTADA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. Nada que comprometesse a economia”.

      No entanto você preferiu atacar o ministro da Fazenda referindo ao que você chama de trapalhadas da Fazenda e ao discurso falho do ministro da Fazenda Guido Mantega. Um discurso retórico sem a especificação do que se considera trapalhada nem do que se considera falho. É bom que se diga que a sua crítica não é surpresa e se mantem há bom tempo todo final de ano.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 05/11/2013

  17. Uma pergunta Básica: por que

    Uma pergunta Básica: por que investir em um pais onde os juros básicos da economia é de quase 12% a.a.?

    Tenho muita pena dos micro empresários brasileiros (que não tem acesso ao BNDES) pagando substituição tributária antes mesmo de vender seus produtos.

    Quem importa no Brasil são as mesmas empresas que antes fabricavam aqui. No municipio de Jacutinga (tradicional fabricante de malhas) quase toda a produção de tricot vem da China, o municipio tá a míngua.

    Quem ainda tem algum incentivo no nosso pais são os grandes grupos, que pegam dinheiro fácil no BNDES, o pequeno tem o governo como sócio majoritário, não consegue fazer caixa e é quem mais emprega.

    Temos um ministro para o setor, entretanto, até agora, parece que não tomou posse. Sumiu.

    Tenho negócios na área de informática e a cada dia estamos sendo engolidos pelos grandes magazines, muitos deles ofecendo empréstimos via carro de som. Viraram financeira.

    Ontem vi uma reportagem em que a Presidente da República autoriza o ministro dos esportes a (perdoar) as dívidas dos clubes brasileiros. Experimenta deixar de pagar a conta de luz da empresa para ver o que acontece com sua empresa.

  18. Eeeeê Brasil.

    Brasil, população de 200 milhões de habitantes, demanda reprimida, milhões de pessoas ascedendo à classe média. É lógico que o povo brasileiro vai absorver os produtos chineses, se não for de lá vai ser de onde?

    E não tem jeito  “se correr o bicho pega se ficar o bicho come”. Se baixar os juros, explode o consumo interno, aumenta a inflação (aumenta a importação da China). Se subir os juros, o dinheiro vai para a especulação financeira, aí o país não tem crescimento interno, vem mais importação (da China) para atender a demanda reprimida.

    Uma coisa é certa, vamos continuar importando produtos chineses.

    1. “Se baixar os juros, explode

      “Se baixar os juros, explode o consumo interno, aumenta a inflação (aumenta a importação da China). Se subir os juros, o dinheiro vai para a especulação financeira, aí o país não tem crescimento interno, vem mais importação (da China) para atender a demanda reprimida.”

      Drigoeira esta errada a sua desdução.

      Vc esta esquecendo que:

      1- Juros depende de poupança interna.

      2- Inflação depende da expansão monetária, ou seja, aumento da quantidade de moeda as vezes chamado de aumento da liquidez,não importa o nome nem o processo(ex: alavancagem), o que aconteçe e a diluição do valor unitário da moeda.

       

       

       

  19. Da série acredite se puder

    Olha aí a imprensa forçando a barra para dizer que tudo vai mal:

     

     

     

    Do Valor

    Preocupação com contas públicas faz dólar fechar em alta de quase 2%

    SÃO PAULO   

    O pessimismo dos investidores com a condição macroeconômica do Brasil e a preocupação com um possível rebaixamento da nota de crédito soberana do país voltaram a pesar sobre os mercados, levando o real a liderar as perdas frente ao dólar hoje. A moeda americana encerrou em alta de 1,96% a R$ 2,2890, maior cotação desde 6 de setembro e maior variação desde 21 de agosto, quando foi registrada a máxima do dólar no ano, de R$ 2,4510. O contrato futuro de dólar com vencimento em dezembro avançava 1,83%  para R$ 2,302.

    Depois de um resultado fiscal fraco na semana passada, as declarações de representantes do governo hoje publicadas nos jornais não foram suficientes para acalmar os investidores. Para os analistas, o governo não tem mostrado ações efetivas para melhorar as contas públicas, buscando garantir a meta do superávit fiscal,  o que se torna mais preocupante em um cenário de aumento da taxa Selic pressionando a elevação da dívida pública.

    Para um tesoureiro de um banco nacional, a declaração da ministra da Casa Civil , Gleisi Hoffmann, ao jornal “Folha de S. Paulo” hoje de que vê com simpatia o sistema de banda para o superávit primário ajudou a reforçar essa visão. O Barclays já trabalha com um cenário de rebaixamento em um degrau da nota de crédito do Brasil no ano que vem, mas vê a aprovação da mudança do indexador da dívida de Estados e municípios, que ainda será votada no Senado, como um risco de perda do grau de investimento do país, o que poderia trazer impacto negativo para os mercados, havendo uma fuga maior de capitais. “Parte desse risco já está refletida no mercado como mostra a deterioração do risco de crédito do Brasil em relação a outros países latino-americanos”, afirma Marcelo Salomon, economista do Barclays para a América Latina.

    O projeto que define novos indexadores para a correção da dívida de Estados e municípios foi aprovado pela Câmara Federal no dia 23 de outubro e será votado agora no Senado. Pelo texto, as dívidas dos Estados e municípios serão corrigidas pela taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 9,5% ao ano, ou pelo IPCA mais 4% ao ano, o que for menor.

    Hoje o movimento de alta do dólar lá fora, após dados positivos do setor de serviço nos Estados Unidos, contribuiu para acentuar a valorização da moeda americana em relação ao real, que chegou a bater R$ 2,2950 na máxima do dia. A disparada do dólar levou um movimento de zeragem de perdas (stop loss), uma vez que muito investidores mantinham operações estruturadas que tinham como barreiras de alta um dólar entre R$ 2,25 e R$ 2,27. “À medida que o dólar ultrapassou essas barreiras, provocou um movimento de zeragem de posições”, afirma um tesoureiro de um banco nacional. Para ele, há espaço para o dólar buscar um patamar acima de R$ 2,30 no curto prazo.

    A piora dos fundamentos domésticos tem pesado sobre o real. Desde a semana passada, o dólar acumula alta de 4,57% em relação à moeda brasileira, representando a maior alta considerando um grupo de 13 principais divisas emergentes.

    Diante desse cenário, os investidores já começam a discutir a necessidade do BC em estender o programa de intervenção do câmbio, lançado em 22 de agosto, para o ano que vem. Desde maio, o BC já colocou cerca de US$ 64 bilhões por meio da venda de contratos de swap cambial. Se mantiver o programa de intervenção até o fim do ano, o BC fechará o ano com uma posição perto de US$ 100 bilhões em contratos de swap e linha.

    (Silvia Rosa | Valor)

     

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    Leia mais em:

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    1. Acredite se puder

      Acredite se puder: a imprensa atribuí a alta do dólar as contas públicas brasileiras. Como se o capital estrangeiro estivesse punindo o governo do PT. Esse filme eu já vi. Na verdade a mudança de ânimo dos especuladores tem mais a ver com as novas apostas no cassino mundial e não com o Brasil. Em outras palavras o especulador está de olho no movimento do BC dos EUA e da União Européia.

  20. Relação juros poupança.

    Nassif e a poupança interna e a sua relação com os juros?

    O Brasil comete o mesmo erro a dezenas de anos basear seu desevolvimento em consumo e não em poupança-investimento.

    Paises subdesenvolvidos tem uma cadeia produtiva “curta” com um  tempo de produção curta, a agricultura para dar exemplo inicia a produção e termina em um tempo muito curto em comparação com os produtos de tecnologia que dependem de um longo tempo de maturação.

    Enquando a produção “longa” não matura, não da lucro, é sustendada pela poupança anteriormente acumulada e usada como investimento.

    Por diversas vezes o Brasil tentou atalhar e queimar etapas do processo de desenvolvimento das nações e sempre se deu mal nisso.

    Sem poupança préviamente acumulada para financiar os investimentos não adianta “imprimir moeda” para forjar poupança e ter  novo vôo de galinha e garantir a eleição.

    Todos os países desenvolvidos antes pouparam e depois se tornaram potências econômicas.

    Claro que nada disso adianta se o governo “comer” a poupança.

    O Brasil ou muda este modelo de desenvolvimento ou vai ficar eternamente condenado ao subdesenvolvimento.

     

     

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