Para Stiglitz, Nobel de Economia, sonho americano é um mito

Sugerido por Sérgio T.

Do Terra

Nobel de Economia diz que “sonho americano” é um mito

Progresso dos cidadãos nos EUA depende dos estudos custeados por seus pais, diz Stiglitz

O economista americano Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel em 2001, afirmou ontem, terça-feira, durante uma palestra no 7º Fórum Mundial de Cidades, que os Estados devem desempenhar o papel que lhes corresponde no planejamento das cidades ao considerar que o sonho americano, modelo que deixa as urbes nas mãos dos mercados, é um mito.

“O Estado tem que desempenhar um papel importante. O que me preocupa é que nos últimos 20 anos perdemos esse equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado”, disse Stiglitz durante a palestra no fórum que acontece na cidade de Medellín, na Colômbia.

Para o economista, as cidades americanas de Detroit e Gary – lugar onde nasceu – são urbes “que fracassaram porque os governos não fizeram o que tinham que fazer” e as consequências da desindustrialização, de automóveis e aço respectivamente, as condenaram. “Os mercados não tratam bem a reestruturação urbanística”, disse.

Além disso, questionou o sonho americano, que chamou de “mito”, já que o progresso dos cidadãos nos Estados Unidos depende dos estudos custeados por seus pais, enquanto na Europa, com modelos considerados “mais rígidos”, a educação é universal.

Stiglitz contrapôs o modelo dessas cidades americanas com a asiática Cingapura, “onde o Estado teve um papel fundamental em seu desenvolvimento”; a inglesa Manchester, reconvertida em polo musical, cultural e estudantil após sua desindustrialização; e a própria Medellín.

“Em muitos países querem copiar o modelo americano e eu quero chamar a atenção sobre isso: tenham cuidado com o que desejam, os EUA alcançaram o maior nível de desigualdade de todos os países desenvolvidos”, disse Stiglitz, que atribuiu esse fenômeno a decisões políticas e não só a “forças econômicas”.

Durante a manhã de ontem, em entrevista coletiva, Stiglitz alertou sobre as consequências para a Colômbia da assinatura de um Tratado de Livre-Comércio (TLC) com seu país: estes acordos “são elaborados para o interesse dos Estados Unidos e a favor de outros países avançados”, disse o economista.

“Se seguimos as regras do jogo dos EUA terminamos com seus resultados negativos”, acrescentou o economista. Além disso, Stiglitz pediu que o setor público pensasse nos pobres na hora de planejar a remodelação das cidades ou de construir novas urbes porque “o Produto Interno Bruto (PIB) não é uma boa medida do bem-estar”.

“São os pobres que sofrem com uma cidade mal planejada: os pobres sofrem com os transportes ruins, com a falta de parques públicos e de habitação”, disse. O Prêmio Nobel foi um dos convidados principais do 7º Fórum Mundial de Cidades de Medellín, que tem como objetivo buscar soluções para diminuir a crescente desigualdade nas cidades dos cinco continentes e reverter essa tendência para a promoção de um desenvolvimento mais igualitário.

 

 EFE

 

“No Brasil o governo focou na educação, na alimentação, na pobreza e é muito surpreendente como essas políticas provaram ser adequadas”, disse Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia

Redação

9 Comentários

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  1. Lula para Nobel de economia,

    Lula para Nobel de economia, já:

    “No Brasil o governo focou na educação, na alimentação, na pobreza e é muito surpreendente como essas políticas provaram ser adequadas”, disse Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia”

  2. O artigo demonstra como o

    O artigo demonstra como o Estado aceitou a alcunha de leviatã…

    e cedeu para o mercado…

     e passou a ser dominado por este.

    E é muito mais grave do que o Joseph Stiglitz diz:

    “O Estado tem que desempenhar um papel importante. O que me preocupa é que nos últimos 20 anos perdemos esse equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado”

    Não se trata apenas de perda de equilíbrio, se trata de submissão mesmo.

    Dá para se entender as manifestações pelo mundo e a repressão do Estado.

    Mais uma vez, tal como na década de 60…

    População X sistema.

     

  3. Perfeito. O Professor fala

    Perfeito. O Professor fala com conhecimento de causa. O seu livro, The price of inequality, é um clássico para entender como o governo estadunidense, desde Reagan, desmantelou as políticas de bem-estar do New Deal/Pós-Guerra, aumentando sobremaneira a desigualdade social e dando aos EEUU o título de nação mais iníqua do mundo desenvolvido.

    O irônico é que Stiglitz, Professor da Columbia University, não acredita no lasseiz-fare, no mercado como panaceia de todos os males, assim como o fazem todos os phd’s brasileiros que voltam das universidades estadunidenses.

    Os abismos sociais mais profundos, segundo Stiglitz, decorrem de opções políticas e não de “desigualdades naturais entre os seres humanos”. E uma sociedade dividida, no caso, tem consequências econômicas profundas, como a queda da produtividade da mão-de-obra, o desperdício de recursos, o entrave a criatividade e a inovação, assim como mina a administração da justiça e o próprio processo democrático.

    No mais, bate constantemente num ponto central de qualquer sociedade mais justa, e que no Brasil é totalmente negligenciado: a tributação. Não existe sociedade igualitária sem tributar de forma contundente a renda e o patrimônio dos ricos. Qualquer debate em torno da desigualdade precisa abranger esta questão, que aqui no nosso país é um assunto praticamente proibido.

  4. Outro Nobel Phelps detona a casa própria

    Do Diário de Notícias de Lisboa

    Edmund Phelps

    Nobel da Economia recusa ter casa própria

    por Texto da Lusa, publicado por Lina Santos Hoje

    O vencedor do prémio Nobel da Economia em 2006, Edmund PhelpsO vencedor do prémio Nobel da Economia em 2006, Edmund Phelps

    Aos 80 anos de idade, o Nobel de Economia Edmund Phelps continua a viver num apartamento alugado, não por falta de dinheiro ou de crédito, mas por acreditar que “o culto da propriedade de uma casa” prejudica a inovação.

    “Queremos pessoas prontas a partir no dia seguinte para ingressar numa indústria ou encontrar algures um novo emprego”, disse Edmund Phelps à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, numa entrevista difundida na terça-feira.

    Segundo o economista, que está a participar no Forum Boao para a Ásia, o culto da propriedade de uma casa tende a “congelar as pessoas em posições fixas e irreversiveis”, o que “não favorece a inovação”.

    Na China, mais do que “um culto”, a propriedade de uma casa é um requisito essencial para um homem encontrar uma noiva e casar. E como há mais vinte milhões de homens do que mulheres, os pais dão sempre uma preciosa ajuda.

    Edmund Phelps encontra-se na China para participar no Forum Boao para a Ásia, que decorre até quinta-feira na ilha de Hainan, no sul do país, com chefes de governo de oito países (Austrália, China, Coreia do Sul, Kazaquistao, Laos, Namíbia, Paquistão e Timor-Leste).

    Na entrevista à Xinhua, Edmund Phelps disse que a China “tem grande potencial para se tornar um país inovador”, mas salientou que “a inovação requer tambem valorizar o individualismo, a vitalidade, a curiosidade e a experimentação”.

    Em muitas sociedades, incluindo China e Estados Unidos da América, ter casa própria é considerado uma garantia de segurança, refere a Xinhua.

    Para Phelps, no entanto, isso “entrava a mobilidade laboral” e, além disso, “o sentir-se seguro pode ser indesejável para dar forma a uma sociedade altamente inovadora”.

    Edmund Phelps, nascido em 1933, é professor de Economia Política na Universidade de Columbia, onde dirige um “Centro sobre Capitalismo e Sociedade”.

    O Prémio Nobel da Economia, no valor de 10 milhões de coroas suecas (1,16 milhões de euros), foi-lhe atribuido em 2006.

     

  5. Seremos macaquitos…………..

    “Em muitos países querem copiar o modelo americano e eu quero chamar a atenção sobre isso: tenham cuidado com o que desejam, os EUA alcançaram o maior nível de desigualdade de todos os países desenvolvidos”, ( Professor Joseph Stiglitz,)

    Pena que nossa classe média, idiota e arrogante, não tenha ainda atentado para este detalhe, e vivem a copiar os modismos do Tio Sam! É só ir a Barra e Recreio para nos sentirmos em Miami ou Florida, com a maioria das lojas e condominios com nomes em inglês! O engraçado,  é que lendo uma reportagem sobre se os moradores conheciam o significado dos nomes de seus condominios, os mesmos informaram não conhecerem!

    É hilário, para não dizer trágico!!!

    Seus otários, continuem copiando, e depois criticam os argentinos por nos chamarem de macaquitos!!!!!

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