Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Porque a corrupção aumentou nas obras públicas, por André Araújo

Por André Motta Araújo

Um dos fatores que propiciou notável aumento de corrupção nas obras públicas brasileiras foi o DESMONTE DOS DEPARTAMENTOS DE ENGENHARIA DAS ESTATAIS. Até o fim do governo militar, as estatais produziam o PROJETO BÁSICO, muitas vezes o PROJETO EXECUTIVO e fiscalizavam a obra pelos seu próprio corpo de engenheiros.

A concepção, idealização, traçado, escolha de materiais, técnicas, arquitetura, paisagismo, soluções ambientais das obras, a partir da formatação do projeto tinham boa estimativa de custo, havia engenheiros de acompanhamento e fiscalização das obras, os DER e o DNER tinham ótima engenharia, até com revistas próprias publicadas a cada dois meses. Eu era adolescente e tinhamos um vizinho que era engenheiro do DER de São Paulo, tinha grande orgulho disso, viajava o Estado todo, conhecia profundamente a geografia, a topografia, a geologia do Estado, adorava o trabalho.

Grandes empreiteiros, como Eduardo Celestino Rodrigues, da Cetenco, começaram a vida com engenheiros do Estado. A Companhia do Metrô de São Paulo tinha uma excelente engenharia, chegou a ter 400 profissionais. A CESP, que era resultante da fusão de trens companhias do Estado, uma para cada bacia fluvial, tinha os melhores engenheiros de barragens. A mesma coisa com Furnas, alguns viraram sumidades como Otavio Marcondes Ferraz, Mario Thibau, Mario Bhering, Lucas Nogueira Garcez, Guy Vilela (da Cemig).

Esses corpos de engenheiros tinham capacidade de produzir PROJETOS BÁSICOS E PROJETOS EXECUTIVOS, mantinham pleno controle dos projetos, as empreiteiras apenas executavam as obras sob rédea curta dos Departamentos de Engenharia. Era difícil enganá-los com aditivos de fantasia, como se faz atualmente.

E HOJE? Entrega-se uma folha de papel ao contratante do projeto e acabou, ele que faço tudo, é TUDO terceirizado, do projeto básico à fiscalização. A MARGEM para aditivos se alarga, ninguém mais sabe quanto custa a obra, o cliente, que é o Estado, PERDEU O CONTROLE DOS CUSTOS. Por isso, os Tribunais de Contas a cada etapa interrompem tudo porque há um contínuo descontrole de custos.

Essa é a porta larga da mega corrupção. Isso começou APÓS o fim do governo militar e só vem aumentando.

A corrupção NÃO SE CURA nas penitenciarias paranaenses. A corrupção se estreita com BOA GOVERNANÇA NAS ESTATAIS, COM INTELIGÊNCIA E LÓGICA, com boas idéias na gestão das obras, com presença fisica dos dirigentes nos canteiros. Hoje, nenhum diretor de estatal põe o pé na lama, fazem questão de não ir para ver.

Me assusta imensamente a simploriedade e a pobreza intelectual com que se está tratando aqui do tema CORRUPÇÃO.

É um assunto COMPLEXO que exige soluções COMPLEXAS, ABRANGENTES, porque tem relação com economia, com emprego, com eficiencia, pouco tem a ver com moral e ética,é uma questão DE ESTADO, de administração e não de inquisição e punição vingativa. Se os métodos não mudarem não há porque acabar a corrupção, se a raiz dela não mudar. Não vi NENHUM procurador se debruçar sobre essas causas, parece que não tem nenhum interesse na solução do problema pelas causas. Talvez porque isso dá muito mais trabalho do que expedir um mandato de prisão.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

59 Comentários

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  1. Concordo 2000% com o AA e

    vejo nessa constatação o fim do mito das “reengenhiarias”, “lição de casa”, “estado enxuto” e outras babozeiras de consultores repetidas á exaustão pela geração que está se aposentando agora nas hostes tucanas e assimiladas.

    Suas ideias produziram um descalabro gigantesco, podemos pegar cada uma dessas sumidades e seguir o rastro de destruição. Até a TV Cultura foi arrasada por esta turma…

  2. Porque a corrupção aumentou nas obras públicas

    Bela argumentação, chamaria de base científica para obtenção de dados e merece posseguimento, sua lógica é sólida e estou curioso para que nesta linha de raciocínio o sr analise o corporativismo burucrata jurídico, grifo no jurídico, que nos trás ao quadro atual.

    1. Houve uma HIPERTROFIA das

      Houve uma HIPERTROFIA das carreiras juridicas, milhares de Juizes, Procuradores, Defensores, todos com os mais altos salarios da administração publica, um concurseiro juridico começa com 26.000, um médico ou engenheiro do serviço publico começa com 7 a 9.000 , se tanto. No passado os salarios se equiparavam, hoje os juridicos ganham 3 a 4 vezes mais, porque o poder POLITICO das carreiras juridicas é muito maior. Não produzem nada, ganham muito e querem ter poder.

  3. Texto interessante

    Em 2002, fiz um estágio como técnico em edificações na Light, a companhia de eletricidade da cidade do Rio de Janeiro. Pude ver o completo desmonte de um dos melhores corpos técnicos do país e a total entrega de projetos a empresas multinacionais, como Siemens e ABB. Vi que quem fazia o projeto era uma empresa terceirizada, quem executava era outra. A empresa contratada, por exemplo a Siemens, apenas gerenciava. O corpo remanescente da light vez ou outra fiscalizava, mas o pessoal era muito reduzido e havia uma grande pressão para que se aposentassem ou pedissem demissão. Vi grandes engenheiros com mais de 20 anos de casa serem demitidos sumariamente. A maioria deles com um número bem maior de horas extras que a legislação permitia e que não foram pagas.

    O que se via? Cada vez mais a Light tinha dificuldades em implementar seu orçamento, problemas na execução e erros de projeto eram corriqueiros. Foi um verdadeiro atentado a engenharia nacional. Não sei se dirigentes de estatais têm que visitar canteiros de obras, mas pelo menos os seus gerentes deveriam fazê-lo, bem como têrem a disposição um corpo técnico competente para acessorá-lo. Essa terceirização do processo de concepção de projetos é sim uma porta escancarada para a entrada da corrupção.

  4. Brasil, ame-o ou deixe-o!

    Bom dia debatedores!

    Indo direto ao ponto:

    Opa,. opa, opa! Peraí meu! 

    Tá achando que vai enganar quem com a proposição abaixo:

    (…)Isso começou APÓS o fim do governo militar e só vem aumentando.(…)

    Ora, ora, ora, a dívida pública brasileira começou como? Ou melhor: onde se acentuou?

    Explica ai , caro debatedor.

    Grandes empreitereiras surgiram no Brasil como? Por que? De que forma?

    Com a lei de licitações fundamentadas no AI-1? Ou foi no AI-2? Seria no AI-3 ou no 4?

    Ah! já sei! Foi no AI-5!

    Não me venha com superficialidades históricas aqui.

    Quando você tem – e no brasil de poucos é regra – um poder executivo que manda e outros obedecem , AÍ a conversa é outra!

    Você está querendo dizer que no governo militar não tinha corrupção? 

    Tá me dizendo que “descentralização” via decreto 200 , entre outros, visava, única e exclusivamente, a “ordem e o progresso”?

    Ah! vamos combinar meu caro…

    A corrupção vem aumentando porque o brasil vem crescendo. Isto é, vem crescendo os “interesses” entranhados, entrincheirados, embutidos no DNA, na essência da “adorável” distribuição de riqueza deste país. 

    Aliás, quanta meritocracia para distribuir a riqueza, não é mesmo!???!??

    Mas, vale registrar: A população – que não é mais ” setenta milhões em ação, pra frente brasil, do meu coração!… Todos juntos vamos pra frente Brasil, salve a seleção”…. E salve mesmo, haja vista o 7X1, agora é 200 milhões e com 30 milhões que “não existiam”.

    Explica ai  como surgiu a dívida pública brasileira. Explica ai, os “lançamentos” estranhos, ainda não explicados, no passivo brasileiro. Como é que foi isso  mesmo?

    Explica ai a década perdida de 1980 e a outra de 1990, além dos séculos perdidos até 1930( se quiser, tome um café com leite antes!), o Estado NOVO ( velho com cara de novo) também da década de 1930. A democracia mentirosa de 1946. O tiro no peito. O golpe. A fraude. A marcha dos 100 mil( que ainda hoje persiste!)O parlamento. O outro golpe. O golpe no golpe!  

    Deixemos de falácias, caro debatedor. 

     

    Saudaçoes

  5. É isso mesmo?

    Lembro ao amigo que os criminosos confessos da Petrobras são todos, ao que me consta, engenheiros. Engenheiros responsáveis por departamentos, nomeados em concursos e que ascenderam dentro da empresa a cargos, desde governos diversos, remontando a Sarney e Itamar, mas principalmente FHC. Não vejo como o dito “desmonte” de departamentos de engenharia pode ter ocorrido, se todos os departamentos em que ocorreu a corrupção eram justamente esses que faziam os projetos básicos e por vezes o projeto executivo, em conluio com as empresas cartelizadas e com vencedores definidos em licitações predefinidas pelas cartas-convite.

    1. Não estou me referindo a 

      Não estou me referindo a  pessoas fisicas com formação de engenheiros e sim de DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PROJETOS encarregados da concepção, detalhamento e execução de projetos, sua fiscalização e acompanhamento,

      como ocorreu por exemplo na construção da Refinaria de Cubatão, inteiramente dirigida pelo General Stenio de Albuquerque Lima, do começo ao fim, no local. Recebeu um terreno e entregou a chave da Refinaria em 4 anos, no custo.

      Isso não existe mais na Petrobras, na Abreu e Lima entregaram uma folha de papel com alguns numeros, o  resto foi

      projetado pela Engevix.

      1. Mesmos os projetos foram desvalorizados pelo neoliberais..

        Mesmo o desenvolvimento dos projetos foram desvalorizados levando uma pulverização de empresas de consultorias, fazendo a engenharia ser muito mais uma colcha de retalhos. Onde estão as grande empresas projetistas com um amplo e experiente corpo técnico, acabaram praticamente todas e as poucas que existem são na verdade gigolôs de mão de obra terceirizada. Como também não formaram gerentes e coordenadores experientes, que entendem a complexidade e a interdependências entre as diversas áreas envolvidas nos projetos, pois hoje só querem gestores financeiros para maximizar os lucros, os projetos sempre ficam capengas, muitas vezes conflitantes e que passam a exigir soluções na hora da obra, um paraíso para os aditivos.

        Falo isto com propriedade, com meus mais de 30 anos de vivência em proejtos de infraestrutura. Acabaram as equipes multidisciplinares, as empresas de engenahria hoje mais parecem com o que ocorre na medicina. um bando de especialistas e sem um clinico geral para dirigir o diagnóstico. 

        Os coordenadores experientes estão em estinção, são “caros” para o mercado e o reflexo são projetos mal elaborados, fiscalizados por INCOMPETENTES CONCURSADOS nos tribunais de contas e comandados por CONSELHEIROS POLITIZADOS, só podia dar no que está dando.

        Me desculpem o desabafo, mas mesmo os “corruptos” de carreira da Petrobrás, dão banho de competência nos “analistas” dos tribunais, que muitas das vezes causam mais prejuízos com seus “pareceres” que a própria corrupção.

        Estou chegando à absurda conclusão que o FHC tinha razão em não investigar nada, saia MAIS BARATO, pois imaginem por um exercício absurdo de fantasia, se a Lava-jato, nas mãos do engavetador de FHC ou do “esquecido” de SP, nada tivesse sendo apurado: teriámos hoje a Petrobrás valendo mais de 500 bi 9na verdade vale mais de 1 tri), a Abreu e Lima estaria funcionando e produzindo, como Pasadena, o COMPERJ estaria em conclusão, a SETE entregando as 9 plataformas, e em mais 4 a 5 anos a Petrobrás estaria produzindo cerca de 5 milhões de barris ao ano, com um excedende exportável de mais de 2 milhoes de barris (2 milhões a 50 US$ daria uma receita anual de 100 bilhões de US$) com um recurso para educação de mais de 10 bilhões ao ano, por baixo.

        É só um sonho, afinal se fosse assim, o PT ficaria mais pelo menos 12 anos no poder e isso, isso não pode. Se assim fosse a Chevron iria de vez se conformar com o regime de partilha e ficar de fora dos LUCROS do pré-sal, e o Cerra, ora o Cerra, assim como o Aécim, o Fraga, o FHC… iriam todos para o aécioporto chorar a despedida.

        1. “Os coordenadores experientes

          “Os coordenadores experientes estão em estinção, são “caros” para o mercado e o reflexo são projetos mal elaborados, fiscalizados por INCOMPETENTES CONCURSADOS nos tribunais de contas e comandados por CONSELHEIROS POLITIZADOS, só podia dar no que está dando.”

             Concordo inteiramente, enquanto formos o país dos tribunais… Tenho um colega de Universidade que dizia que num país de doentes e ladrões, os engenheiro nuca terão vez.

      2. Minha atividade principal é

        Minha atividade principal é engenharia já tendo feito trabalhos de P&D para a Petrobras e por isso me sinto a vontade pra falar sobre esse assunto.

        Acho que seu erro está em projetar uma coisa que funcionava bem no passado para o futuro.

        Isto é, com certeza os departamentos de engenharia do Estado eram bons. Só que podemos dizer o mesmo de todo o resto, isto é, acho que podemos dizer que a qualidade dos políticos, juizes e funcionários públicos de toda sorte eram bons. Mas e hoje?

        Quero dizer, se hoje houvesse grandes departamentos de engenharia quem acha que estaria preenchendo esse nicho?… Os melhores e mais brilhantes engenheiros ou essa raça de concurseiros, burocratas natos que visam unicamente a lei do menor esforço?

        Para concertar o que está ai é preciso mudanças muito mais radicais do que simplesmente reviver uma estrutura que funcionava bem no passado. Teria que se mexer no próprio conceito de contratação do funcionalismo, mexer na idéia pétrea da estabilidade. E as privatizações bem como a terceirização, são recursos, em última análise, pra contornar esse vespeiro.

        Claro, sou contra a privatização porque no Brasil ela serve a desnacionalizar nossa indústria. Mas talvez fosse melhor que a Petrobras fosse privatizada e divida em duas garantindo por lei constitucional serem mantidas rigorosamente empresas nacionais. Porque do jeito que está, monopólio e controle por políticos, definitivamente é o pior dos mundos.

        E não falo isso por causa do aspecto da corrupção, mas por causa do problema que o corpo de engenheiros e técnicos da Petrobras tende a se tornar com o tempo os piores que podem existir: o medíocre com excesso de poder… Coisa que acontece não só com a Petrobras, mas com qualquer “empresa” monopolista do Estado. E a nossa justiça e o caso da Lava a Jato não deixam de ser prova de que monopólio e castas privilegiadas só levam a ineficiência e a ruína se forem deixadas sem nenhum controle externo.

  6. É isso mesmo?

    Lembro ao amigo que os criminosos confessos da Petrobras são todos, ao que me consta, engenheiros. Engenheiros responsáveis por departamentos, nomeados em concursos e que ascenderam dentro da empresa a cargos, desde governos diversos, remontando a Sarney e Itamar, mas principalmente FHC. Não vejo como o dito “desmonte” de departamentos de engenharia pode ter ocorrido, se todos os departamentos em que ocorreu a corrupção eram justamente esses que faziam os projetos básicos e por vezes o projeto executivo, em conluio com as empresas cartelizadas e com vencedores definidos em licitações predefinidas pelas cartas-convite.

  7. Desde algum tempo gostaria de

    Desde algum tempo gostaria de ter falado sobre os “Aditivos Contratuais”.

    Estes são a chave mestra de todos os problemas, a raiz dos desacertos , da corrupção pura e simples.

    Esses absurdos começaram a surgir, em cada uma das estatais, a partir do desmanche

    criminoso dos departamentos de engenharia dos órgãos públicos, responsáveis pelos projetos e

    fiscalização das obras do Governo. O Sr. André Araujo colocou o dedo na ferida.  Todos que

    trabalham no ramo sabem.  Não falam, não explicam porque querem que as coisas fiquem

    do jeito que está.  Falta dinheiro para a campanha de fulano? Não tem problema, é só fazer

    um aditivo contratual.  Todos ex-governadores que hoje estão no Senado sabem disso, muitos

    já usaram essa tramoia. Acovardados, fazem cara de paisagem e deixam o empreiteiro se lascar.

    Uma obra que começa com um orçamento de CR$ 100,00 e termina com um custo de CR$ 300,00,

    não tem jeito, pode ir lá e trazer o Governador algemado. O Empreiteiro não rouba sozinho..

    1. Sr. Walter Araujo ,seu

      Sr. Walter Araujo ,seu comentário é perfeito em relação ao desmonte dos departamentos de engenharia.Não sei precisar se isso começou deliberadamente ou pela má formação de alguns profissionais.Guardo na memória ,até hoje ,algo que ocorreu comigo ,em inicio de carreira ,tinha uma pequena empresa ,e fui convidado para participar na concorrencia para a reforma de um presidio.O projeto da reforma continha erros gritantes o que me levou a procurar   o responsável e o mesmo confrontado  disse-me:

      _Colega ,eu estou aqui só para tomar cafèzinho e ler  o Correio do Povo  ,faça da sua maneira..Ganhei a concorrencia e fiz o serviço de modo correto.

      _

    2. Aditivos não são o problema.
      Aditivos não são o problema. Porque vc não pode fazer obras sem aditivos!

      A falta de.projeto, de conhecimento técnico sim.

      1. Athos, num projeto bem feito, não.

        Aditivos existem em todos os projetos, só que há geralmente a troca de um seis por meia dúzia, são necessários novas partes da obra em compensação de deixa de fazer outras. No fim fica quase taco a taco.

  8. Acrescentaria

    Acrescentaria ao ótimo comentário, como consequência do que o comentarista aponta, a TERCEIRIZAÇÃO, que produz cartéis poderosos.

  9. Por causa disto, o viaduto de BH caiu e não acontece nada…

    Discutem terceirização no Congresso, mas não dão um pio a respeito desta  “terceirização” de que trata o excelente André Motta Araujo.

    A coisa chegou a tal ponto que um inacreditável viaduto caiu em Belo Horizonte, e 6 milhões (seu custo, segundo disseram) foram pro lixo – e não há movimento de rua, espinafrações ao prefeito, nada – é como se fosse a coisa mais natural do mundo um viaduto cair.

    Fosse um país sério, o viaduto não cairia. Mas, se caísse, a empresa estaria imediatamente obrigada a reconstruir a obra sem custo para a Prefeitura (que já havia desembolsado o valor dela, é óbvio) encontrar o defeito na anterior, punir quem deveria ser punido, etc.

    Em nossa gloriosa  pátria não funciona assim:  diz o pessoal do prefeito Lacerda, de BH, que nada se fez quanto ao viaduto porque ainda não se concluiu quem é o culpado pela queda de obra… se bobear, vão culpar algum desenhista.

     

      1. A mesma coisa ocorreu com o

        A mesma coisa ocorreu com o desabamento da Linha Pinheiros do Metro de São Paulo, onde morreram 7 pessoas, o desastre se deu porque uma firma QUARTEIRIZADA, subcontratada de uma TERCEIRIZADA soldou uma viga com solda de baixa qualidade e tudo desabou em um imenso buraco Na construção da primeira linha, com a Engenharia do proprio Metrô fiscalizando isso JAMAIS aconteceria.

        1. Projetos “executivos” dessas

          Projetos “executivos” dessas QUARTEIRIZADAS já cairam nas minhas e serviram apenas pra encher minha lixeira. Em tempo, muitas das também chamadas GERENCIADORAS que hoje também elaboram projetos básico e executivos, são de uma qualidade técnica horrível.

  10. obras

    Veja o que aconteceu na “curva da Morte” da Rodovia Candido Portinari em Rifaina/SP. Do projeto básico não constava um lance de viaduto que custou R$3,5 milhões a mais na obra. Olha só! um engenheiro que não sabe fazer obra.

    Já os 5 trevos na rodovia, de Franca a Jeriquara, serão destruídos com a duplicação. Os trevos custaram 10 milhões de reais e forma feitos no governo Serra, bem no ano em que se candidatou a Presidente. Agora estão sendo destruídos.

    Há um trecho de asfalto entre Jeriquara e o trevo do Estreito que foi asfaltado duas vezes em 5 meses.

    As obras foram iniciadas no ano da reeleição do Alckimin. Tudo isto para se ter dinheiro nas campanhas e a turma se diz honesta. A grana irriga a campanha dos deputados da região.

  11. Não se trata de herança maldita

    Como citou o autor, este problema (desmonte da engenharia das estatais) vem de longa data, processo contínuo, e tem se agravado no governo PT devido à privatização, não das estatais, mas dos novos empreendimentos (privatização marginal), o que tem levado as estatais (que também concorrem nos leilões) a enxugarem suas equipes de engenharia que, paulatinamente, estão se tornando em simples gestores de contrato (e cada vez mais maus gestores, pois quem nunca fez não sabe gerir).

  12. Desmonte do Departamento de Engenharia da PETROBRAS

    Foi exatamente o que aconteceu na PETROBRAS – o desmonte do seu departamento de Engenharia, numa reestruturação realizada no ano 2000, sob o ardil de “melhorar a governança”, quando o real propósito era esquartejar a Empresa para vender aos pedaços. O que acabou não se concretizando, talvez por falta de tempo, mas deixou como herança a vulnerabilidade da PETROBRAS  à predação da empreiteiras. Se hoje as empreiteiras teem diniheiro de sobra para distribuir 3% do valor dos contratos aos trombadinhas é porque os seus contratos estavam inflados em,  pelo menos, 30%, conforme descrito no excelente artigo publicado no site da Associação de Engenheiros da Petrobras (AEPET). Segue o link para o artigo: http://www.aepet.org.br/site/noticias/pagina/12376/A-mudana-essencial    

    1. A mudança essencial, extraído do site AEPET

      Artigos

      A mudança essencial

      Data: 19/03/2015 
      Autor: Eugênio Miguel Mancini Scheleder

      Quando ingressei na Petrobras, 52 anos atrás, fui recebido por meu chefe no antigo Serviço de Engenharia – SENGE com a seguinte frase: “Sem planejamento e sem projeto, você não consegue fazer nem uma casinha de cachorro”. Muitos anos depois, as experiências consolidadas pelo GEOP – Grupo Executivo de Obras Prioritárias e pelo novo Serviço de Engenharia – SEGEN cunharam dois lemas que permaneceram, como dogmas, a orientar a implantação das novas unidades produtivas da Petrobras: “Nenhum empreendimento será melhor que o seu planejamento” e “Nenhuma obra será melhor que o seu projeto”.

       

      O Modelo de Gestão 

       

      A Petrobras foi construída assim, com prioridade absoluta para as atividades de planejamento e de engenharia. Refinarias, dutos, terminais e unidades de produção de óleo e gás, incluindo plataformas e instalações marítimas, foram planejados, projetadas e construídas com a Engenharia da Companhia exercendo o papel de gerenciadora dos investimentos e integradora das atividades de planejamento, projeto, suprimento de materiais e equipamentos e contratação dos serviços de construção e montagem. O Centro de Pesquisas – CENPES, o Serviço de Engenharia – SEGEN e o Serviço de Materiais – SERMAT foram estruturados para atender a esse modelo de gestão e, utilizando o poder de compra da Petrobras, orientar o mercado fornecedor brasileiro na direção da melhoria contínua dos índices de qualidade e produtividade e do aumento da participação da indústria nacional na implantação de novas unidades.

       

      A receita era simples e racional: a Petrobras desenvolvia, por meios próprios ou contratados, os projetos de engenharia básica e de detalhamento e, à medida do avanço dos trabalhos, realizava a compra dos materiais e equipamentos e contratava, sucessivamente, as empresas especializadas na construção e montagem das instalações. Um planejamento detalhado, também executado pela Engenharia da Petrobras, estabelecia a rede de precedência das atividades e orientava as ações a serem adotadas ao longo do empreendimento. Custo, prazo e qualidade eram os parâmetros controlados neste modelo de gestão, garantidos pela prioridade conferida ao planejamento e ao projeto.

       

      A Reestruturação de 2000

       

      A reestruturação do modelo de organização da Petrobras, aprovada em outubro de 2000, alocou nas unidades de negócios então criadas a responsabilidade e o poder de decisão sobre a gestão e o gerenciamento da instalação de novos ativos, destinando às áreas de tecnologia, engenharia e materiais um papel próximo ao de prestadores de serviços. Contrariando toda a experiência técnica e gerencial acumulada por essas áreas, a nova orientação corporativa abriu caminho para a experimentação de modelos de gestão de obras considerados, historicamente, do interesse das grandes empreiteiras, modelos esses que sempre foram formalmente repelidos pela Engenharia da Petrobras.

       

      Em pouco tempo, o modelo baseado na contratação do tipo EPC (Engineering, Procurement and Construction) tornou-se a primeira opção para a implantação de novas unidades industriais, estimulada pelas diretorias de Abastecimento e de Serviços e adotada, como procedimento padrão, pela gerência executiva da Engenharia. Esse modelo, baseado na licitação de grandes “pacotes” de serviços, com escopo multidisciplinar e valores muito elevados, prevaleceu nas contratações da Engenharia ao longo da última década, tornando-se um fator relevante de elevação de custos e de acréscimos dos prazos dos empreendimentos. 

       

      Nesse modelo de gestão, a Petrobras perde o controle efetivo da obra, uma vez que a contratada principal (geralmente um consórcio de empresas) passa a ser responsável pela complementação do projeto básico, execução do projeto executivo, suprimento de materiais e equipamentos, subcontratação das empresas construtoras das obras e pela fiscalização técnica e gerencial dessas empresas. Na prática, a Petrobras abre mão do planejamento e do projeto e transfere para a contratada a responsabilidade pela gerência do empreendimento, em especial das interfaces entre projeto, suprimento e construção e montagem. Transfere, também, todos os riscos inerentes a essa responsabilidade, sejam fortuitos, sejam de mercado, riscos esses que são precificados na proposta e, quando não incorridos, transformam-se em ganhos adicionais para as contratadas. 

       

      A opção pelo contrato do tipo EPC obriga a licitação antecipada dos “pacotes” de serviços, para que a futura contratada disponha dos prazos necessários ao desenvolvimento do projeto, ao suprimento dos bens, à subcontratação das empresas executoras e à execução das obras propriamente ditas. Essa necessidade implica na realização de licitações com informações ainda não consolidadas, projetos imaturos e previsão de prazos e custos de execução irreais. Os inevitáveis ajustes de escopo e de fornecimento das partes que não foram suficientemente definidas resultam em um excessivo número de aditivos contratuais e em custos e prazos muito maiores do que os previstos inicialmente. As melhorias e otimizações de qualquer natureza, inclusive aquelas decorrentes das negociações com subfornecedores e da mitigação dos riscos, constituem benefícios exclusivos para as contratadas, enquanto as onerações eventualmente verificadas ao longo dos trabalhos suscitam a apresentação de pleitos contratuais, na tentativa de obter da Petrobras alguma compensação.

       

      Perda de Competitividade nas Licitações

       

      Na contratação tipo EPC, os escopos dos contratos são multidisciplinares e os valores excessivamente elevados, afastando das licitações as empresas especializadas e de porte médio, capazes de oferecer propostas com menores custos. Essa condição reduz o nível de competitividade dos certames e promove uma enorme concentração de recursos contratados com um reduzido grupo de empresas. Os preços obtidos dessa forma não representam os melhores preços que podem ser oferecidos pelo mercado, em função da intermediação do consórcio e da baixa competitividade do certame, condições implícitas no modelo de contratação EPC. A verdadeira competição ocorre, então, na subcontratação dos serviços pelo consórcio, quando surge a oportunidade de, com o projeto suficientemente desenvolvido, contratar, com menores riscos, companhias especializadas, de menor porte, com custos indiretos e BDI inferiores, dentro de um universo mais amplo de empresas que competem, verdadeiramente, pelo mesmo serviço. 

       

      Perda do Poder de Compra

       

      A adoção de um modelo de gestão orientado para essa estratégia de contratação transfere para terceiros o poder de compra de que dispõe a Petrobras e que poderia beneficiá-la no mercado de bens e serviços. Na esteira dessa transferência de poder, instalou-se um processo de enfraquecimento da engenharia de projetos e da indústria de óleo e gás no País, uma vez que as contratadas principais dos contratos EPC têm a sua atenção e o seu esforço voltados para os resultados de cada contrato e, ao contrário da Petrobras, não têm interesse em cumprir a política de conteúdo local nem de contribuir para o desenvolvimento e a preservação da engenharia de projetos e da indústria de fabricação nacionais. 

       

      Agregação de Custos

       

      A estratégia de contratação do tipo EPC faz parte de um modelo de gestão que leva a custos mais elevados para a Petrobras, por sua própria natureza – transferência de responsabilidades e de riscos excessivos à contratada – e pela dificuldade, intrínseca ao modelo, de inibir a formação de cartéis e a ocorrência de manobras de mercado pelas empresas fornecedoras de bens e serviços. Sem muita dificuldade, é possível vislumbrar a possibilidade de ganhos indevidos ou excessivos das contratadas, distribuídos na “caixa preta” de suas propostas a preço global e localizados em margens resultantes de riscos e contingências, subcontratações, diferenças nos preços de compra e venda de bens, tributos recuperáveis não repassados, otimizações de projeto e expectativas de alterações de escopo e de prazo, entre outros fatores. 

       

      Formação de Cartel

       

      A prática continuada desse modelo produziu, além das perdas financeiras, inúmeros danos à Petrobras, dentre eles, a redução do seu poder de compra, a perda progressiva de sua capacitação no gerenciamento integrado dos empreendimentos e a impossibilidade da empresa influenciar qualquer processo de fortalecimento da engenharia de projetos e da indústria de óleo e gás no País. Constituiu, também, o fator mais importante para o favorecimento das manobras de mercado contra os interesses da Companhia, a exemplo do “Clube de Empreiteiras” hoje revelado. A repetição desse modelo, ao longo dos últimos dez anos, reduziu drasticamente a competitividade dos processos licitatórios e tornou a Petrobras refém da atuação e do interesse de cerca de 10 a 12 empresas de grande porte, nas quais foi concentrada a alocação de mais de 80% dos recursos contratados pela Engenharia. Contratos de enorme valor permitem pequenos percentuais de desvios, 1 a 2%, como tem sido revelado, sem chamar a atenção. Ao mesmo tempo, um pequeno número de empresas facilita o entendimento entre elas e favorece a negociação com gestores e agentes desonestos, cooptados por propinas, garantia de manutenção no cargo e outros meios espúrios.

       

      A Mudança Essencial

       

      O modelo de contratação do tipo EPC é tão prejudicial à Petrobras que, mesmo que não ocorra qualquer corrupção ou desvio, a empresa perde da ordem de 30 a 40% no custo e no prazo do empreendimento, em face da transferência, para terceiros, das atividades de gerenciamento e integração do empreendimento, dos riscos implícitos nessas atividades e dos benefícios da otimização dos projetos. Devolver o comando do processo à Petrobras, para conduzir o planejamento e o projeto de engenharia, contratar os serviços com empresas especializadas e adquirir os materiais e equipamentos diretamente dos fabricantes qualificados, reduzirá prazos e custos e trará benefícios relevantes para a Companhia e para o mercado fornecedor brasileiro, que resultará fortalecido. 

       

      Reforçar os instrumentos de controle não será suficiente, se os procedimentos adotados favorecerem perdas para a Companhia. Se o modelo de gestão de obras permanecer atrelado à contratação do tipo EPC, a Petrobras continuará a sofrer severos danos financeiros, ainda que não ocorram desvios, fraudes e atos de corrupção. O modelo de gestão da empresa precisa mudar. A estratégia de contratação precisa mudar. Os contratos precisam mudar. A Engenharia da Petrobras precisa reaprender a construir uma casinha de cachorro. Esta é a mudança essencial.

       

  13. Obras públicas

    Andre,

    Sobre isto, o atual rito administrativo ao qual estão subordinadas as licitações públicas e seus objetos, nem uma palavra deste idiota vestido chamado Sergio Moro, talvez o único juiz deste mundo que não se preocupa em investigar um caso relacionado a malversação de $$$, se preocupa apenas com delações, até aqui, sem qualquer prova documental.

    Depois de mais de um ano de show midiático de LavaJato nada mudou, ou seja, amanhã a empreiteira do seu maninho faz igualzinho a todas as empreiteiras denunciadas, ganha uma concorrência e  vamos nessa, pois o rito não foi alterado,já que o TCU e o MP ficaram silentes. Das duas, uma, excesso de burrice ou acentuada má fé. 

    Como eu já disse aqui, é possível fazer obra pública sem aditivo de valor, basta querer, e o RDC será de ótima utilidade.

    1. Nos contratos de

      Nos contratos de privatizações e concessões de empresas estatais de infraestrutura na década de 90 inseriram cláusulas extremamente desfavoráveis ao estado brasileiro. Concessões com prazos de 30 anos podendo ser renovada por mais 30 anos, dependendo dos interesses das partes, criaram enormes dificuldades para retomada da construção da infraestrutura na década seguinte, atrelada que estava por força contratual com as concessionárias.  

  14. Está certo, mas falta explicar


    Gostei muito do artigo, finalmente alguém se dispõe a dar uma explicação racional. Mas faltou explicar uma coisinha.

    Se os antigos departamentos de engenharia das estatais eram tão bons assim, por que eles foram desmontados?

    Seja lá o que foi que aconteceu, ocorreu entre o fim do regime militar e o atual governo. O autor do artigo foi honesto bastante para expor aqui uma verdade muito embaraçosa, que todo o mundo sabe mas ninguém diz: no tempo dos militares havia bem menos corrupção nas estatais. E olha que não era para ser assim, pois no tempo deles havia censura e se eles quisessem, qualquer escândalo podia ser abafado. Veio a democracia, acabou a censura. Então, o que deu errado?

    Os petistas vão bradar que a culpa é dos tucanos que sucatearam as empresas em sua busca pelo “estado mínimo”, e os tucanos vão bradar que o PT, uma vez no poder, nada fez para mudar esse estado de coisas, muito pelo contrário. Mas se quisermos dar seguimento ao tom de honestidade deste artigo, tempos que ir à raiz do problema.

    A raiz do problema da terceirização, como eu já apontei aqui, é a própria CLT, que com o tempo tornou-se tão complicada, arriscada e onerosa, que os empregadores acharam preferível pagar a conta altíssima dos atravessadores de mão-de-obra. Mas no que diz respeito às firmas estatais, existe um considerável agravante: a enorme burocracia para fazer contratações, em razão da obrigatoriedade de concurso público.

    Eu já trabalhei em estatal mais de uma vez, como terceirizado e como concursado, e posso dizer que conheço o problema por dentro, e por suas duas vertentes. Não sei se vocês fazem ideia de como é demorado e custoso realizar um concurso público. Primeiro de tudo, tem que ter previsão orçamentária. Aí tem que publicar o edital, fazer as provas, corrigir, formar o cadastro reserva, e só pode ir chamando de um em um, conforme a classificação na lista. Agora imagine que a empresa necessita urgente de um profissional com determinado perfil. Não há tempo para fazer um concurso, e mesmo se houvesse, não compensa fazer concurso para uma só vaga. Mesmo se houver sobras do cadastro reserva do último concurso, pode não haver ali um profissional com o perfil requerido, e se houver, ele pode estar em uma posição mais atrás na lista e não pode ser chamado antes dos outros que estão na frente. Simplesmente não há outra alternativa além da terceirização!

    No tempo dos militares, as pessoas eram mais honestas? Não creio. Eu penso que a explicação é outra: no tempo dos militares a CLT era menos complicada e havia menos burocracia para as empresas estatais contratarem, sem exigência de concurso público. A teoria que eu tenho para explicar a decadência e o desmonte dos departamentos de engenharia é a seguinte: com o tempo, as contratações foram ficando tão difíceis que os departamentos não puderam ser renovados à medida em que os engenheiros saíam, se aposentavam ou morriam. Chegou um momento em que não houve outra alternativa senão terceirizar tudo, do projeto à execução.

    Como solucionar esse impasse?

    Indo à raiz do problema, é preciso rever a CLT, que se tornou totalmente obsoleta. No caso específico das estatais, é preciso que elas tenham a mesma liberdade quanto à gestão de seu pessoal que têm as empresas privadas, que quando precisam de um profissional, vão no mercado e o contratam sem mais delongas. Então, ou se privatiza de uma vez todas as empresas, ou se acaba com a obrigatoriedade de concurso público, mesmo porque concurso público é algo indicado somente para funcionários públicos, pessoas que exercem funções de responsabilidade que exigem uma formação específica – fiscais, auditores, juízes, etc.

    O excesso de remédio matou o paciente. É hora de diminuir a dose.

  15. Voce se supera a cada dia,

    Voce se supera a cada dia, AA. Mais um magistral post. Só acrescento o seguinte. Aproveitando o comentário do Lionel lá embaixo, faço a pergunta, com resposta óbvia:

    O que custa mais para os cofres públicos, a manutenção de um departamento de engenharia, nos moldes que voce falou, ou os intermináveis “aditivos” provenientes da falta daquele?

    É uma pergunta que os defensores do “estado enxuto” não querem nem ouvir falar.

  16. Um acréscimo..
    Prezado André Motta, perfeita sua análise, porém permita-me um adendo. A meu ver, o modo como são estruturados os ministérios e demais entidades públicas, cada um com suas unidades responsáveis por licitações, fornece uma porta aberta à ineficiência, ao desperdício de recursos públicos e, claro, à corrupção. Hoje cada órgão tem o seu modelo interno, alguns poucos centralizados, a maioria distribuídos em regionais. Boa parte das unidades não possui um engenheiro sequer. Como o Estado brasileiro não possui um quadro próprio de engenheiros, bem como não faz concurso para repor aqueles que se aposentam, terceiriza atividades como desenvolvimento de projetos básicos e, ainda mais grave, delega a pessoas sem qualquer formação técnica o acompanhamento da execução das obras e a análise de pedidos de aditivos. Aí, tais editais e termos aditivos são encaminhados às unidades jurídicas de consultoria, também mal estruturadas, nas quais um advogado público só consegue identificar alguma irregularidade quando está é de evidência solar, afinal, o projeto foi elaborado por um particular,o a acompanhamento da obra por um servidor sem formação técnica e o advogado não possui assistentes (as procuradorias públicas vivem de servidores cedidos, pois o quadro próprio de apoio é insignificante). Então, o Ministério Público ou o TCU, com sua autonomia, quadro próprio de auditores, engenheiros, arquitetos e afins, identifica irregularidades e param tudo. A solução passa, portanto, pela reorganização administrativa. Ter um escritório de projetos unificado, com quadro próprio especializado, que trabalhará em sintonia com as AGU, que examina a legalidade dos editais de licitação e aditivos contratuais. O órgão jurídico também precisaria ser reestruturado, pois hoje está pulverizado, sendo que a definição de algumas lotações é de responsabilidade do ministério ou entidade pública, através de cargos em comissão. Este modelo propicia a redução quase que a zero de erro nos projetos e trará eficiência no acompanhamento da sua execução. As AGU também reduzirá o tempo da análise jurídica das minutas, pois terá a garantia da análise técnica anterior, sendo que seus membros não correm o risco de perderem a lotação, caso desagradem o gestor, bem como haverá significativa redução da paralisação das obras pelos órgãos externos de controle, pois o acompanhamento integral, por parte de unidade técnica especializada, evita a ocorrência de desvios, além do que, o órgão jurídico do governo, a AGU, poderá atuar preventivamente contra algum servidor ou particular, sem prejudicar o desenvolvimento das obras. Enfim, este debate é mais do que urgente e me choca que não esteja na pauta principal dos governos (do federal sei que não, pois verifico isto aqui de dentro). Permita-me portanto fazer este acréscimo ao seu texto e desde já sugerir ao Luis Nassif que coloque este tema na pauta de debate do brasilianas. abs

  17. Nunca se roubou tanto quanto no tempo da ditadura

    No tempo dos golpistas de 64 a corrupção corria a céu aberto neste país chamado Brasil. Talvez com mais intensidade ainda do que se via no tempo de Adhemar de Barros ou de JK, quando da construção de Brasília. 

     

    Toda a ”grande mídia” apoiava com entusiasmo e ardor infanto-juvenil o regime ditatorial, escondendo nas catacumbas do ostracismo qualquer notícia negativa contra os ditadores de plantão. Ao contrário de jornalismo e de investigação, o que se tinha era a censura das masmorras e das baionetas para aqueles que denunciavam a roubalheira dos fardados, além da auto censura que grupos mafiosos como as Organizações Globo faziam questão de exercer com um largo sorriso no rosto. 

     

    O STF era manietado. O Ministério Público era manietado. A Polícia Federal só servia para perseguir e arrebentar a oposição. A mídia de oposição era censurada à força. A mídia amiga dizia que o Brasil era quase uma Dinamarca ou que era uma ”grande potência mundial” (Pra Frente Brasil!…).

     

    Corrupção, nesta porca e mentirosa narrativa montada até os dias de hoje, só existe no Brasil nos governos trabalhistas e de esquerda (Getúlio, JK, Jango, Brizola, Lula e Dilma). Os governantes da direita, ladrões até o talo, são retratados como anjos e querubins… 

     

    O fato é que nunca se roubou tanto quanto no tempo da ditadura. E isso acontecia porque se calava à força quem ousasse criticar os ditadores e porque a mídia amiga jamais retratou e jamais retrataria nada que viesse a incomodar os inquilinos fardados do Palácio do Planalto. 

     

    Hoje tem internet, liberdade absoluta de mídia e de oposição, Lei de Acesso à Informação, Portal da Transparência, eleições competitivas, STF independente; Ministério Público independente; Polícia Federal que apenas no ano passado fez 390 Operações de combate a fraudes diversas (em todos os 08 anos de desgoverno tucano fizeram apenas 28 Operações). 

     

    O que está acontecendo hoje é que a corrupção sistêmica que SEMPRE houve no Brasil, em níveis alarmantes nos períodos ditatoriais (onde os amigos podiam roubar a vontade), está sendo investigada, processada e punida, como nunca antes na história deste país. 

     

    E para quem não lembra, e aqui não me refiro ao período dos golpistas, basta lembrar como se tratava o tema da corrupção no tempo do neoliberalismo galopante do PSDB: colocavam lá na PGR um Engavetador-Geral da República, que soterrava e engavetava alegremente qualquer denúncia de corrupção (o Engavetador, pasmem, era e é primo do ex vice presidente de FHC, Marco Maciel!).

     

    Nunca se combateu a corrupção como está acontecendo agora. O problema principal de agora é a seletividade das denúncias e das investigações, que não atingem ainda os inimputáveis tucanos. 

     

    Dizer que aumentou a corrupção após o fim da ditadura é uma grotesca, redonda e rotunda farsa. É uma fraude histórica sem precedentes. 

    1. Caríssimo Diogo.

      Pelo que já pude ler aqui no Blog, você não compactua com o que diz o André. Você tem seus dados. Mas infelizmente, pelo menos em minha área, trabalha-se com dados. E os dados apontam que o número de processos e apreensões e o escambau a quatro aumentaram. O foda de se trabalhar com conjecturas é que acaba-se discutindo sexo dos anjos. Eu considerei a análise interessante, infelizmente não tenho (tens?) os dados da corrupção no regime militar (que tenho certeza, como você, que não foi pouca). Para citar café pequeno, meu sogro foi convidado a participar da construção de Brasília, o convite foi calro, a cada caminhão de areia entregue seriam contabilizados uns dez. Ele simplesmente recusou.

      O Newtão aqui em Minas é tido e havido como um grande corrupto. Provas?

    2. Nada a ver. Os militares

      Nada a ver. Os militares mantiveram a mesma vida, casa, carro, esposa, ninguem ficou rico. O General Stenio de Albuquerque Lima construi a Refinaria de Cubatão, do começo ao fim, não trocou nem de sofá em casa, conheci a vida dele. O General Antonio Ferreira Marques, meu amigo pessoal, foi Chefe do Estado Maior do Exercito, morava em São Paulo, mesma casa durante 40 anos, vida modesta e controlada, o Ministro dos Transportes Mario Andreazza, dizia-se que era a 7ª fortuna do mundo, o seu enterro foi pago por uma lista entre amigos, os dois filhos engenheiros do Presidente Medici trabalhavam como funcionarios de uma empresa privada, sem nenhuma mordomia ou benesse.

      Pode ter havida um ou outro caso de corrupção, MAS nunca foi a regra nos regime militar.

       

      1. O que se dizia do Andreazza não era a 7ª fortuna do mundo.

        O que se falava do Andreazza era que ele gostava de farras, e talvez depois de algumas garrafas de um bom whisky escocês ele assinasse qualquer coisa que um assessor apresentasse.

        O que havia no tempo dos governos militares era muito nepotismo infiltrado principalmente nas estatais, era só ter o sobrenome correto que estavas empregado.

  18. Mais Engenheiros? E o Estado mínimo.

    Pois é. Nos tempos de Sarney, Collor/Itamar, FFHH não tinha obras. Quando foi feita a última refinaria da Petrobras? A última grande hidroelétrica ou duplicação de Rodovia? E ferrovia, a Norte-Sul ainda está em costrução. E a indústria naval, com o fim dos estaleiros?

    Como manter um quadro seleto de profissionais sem haver obras. Nem se motiva a formação desses profissionais. E pra se formar um profissional de gabarito, isso leva uma década. E a remuneração desse profissional gabaritado? Com as obras em perspectiva de serem executadas, num país inacabado em termos de infra-estrutura, esses profissionais seriam contratados pelo mercado com facilidade e com um salário e benefícios bem atraentes. O Estado Brasileiro tem dificuldades de contratar médicos especialistas pois a remuneração não compensa a esses profissionais.

    Para construir uma estrada o Governo Lula recorreu ao Exército – e aos engenheiros da Força – pra, inicialmente, ter noção do custo da obra. O Estado era mínimo em termo de engenharia.

    Essa matéria  é de 2008: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/489671/noticia.htm?sequence=1

    Em 2011 o TCU acha superfaturamento em obra do Exército: http://estradas.com.br/tcu-ve-indicio-de-superfaturamento-em-obra-do-exercito-na-br-101/

    Hoje o Exército é um grande prestador de serviços para o Estado. As empreiteiras reclamam disso, claro:http://www.horadopovo.com.br/2012/02Fev/3033-17-02-2012/P3/pag3a.htm

    Um gargalo hoje existente são os organismos de controle do Estado. Se houvesse TCU, Ministério Público, IBAMA, e ONG’s, nos anos 60 e 70 – “auge da infra-estrutura” no Brasil – nenhuma grande obra do milagre brasileiro seria entregue, e Brasília levaria 50 anos pra ser construída. Haja custo na execução cada paralisação dessa. Mas é o preço da democracia.

    A Engenharia do Brasil foi desmontada desde o fim do Regime Ditatorial Militar. Isso se reflete hoje. O Governo não contrata engenheiros pois não é “atraente” a remuneração. Poderia haver uma estatal vinculada às Universidades e Forças Armadas pra concorrer nesses segmento de infra-estrutura, que tem capacitação em estradas e pontes, dentre outras obras de arte.

    Enfim, há soluções, mas passa pela remontagem de um quadro de pessoal capacitado e motivado. E, claro, com o orçamento destinado para obras, como foi previsto nos PAC’s para que não se desmobilize interessados nesse Mais Engenheiros.

    1. Voce tem razão, uma geração

      Voce tem razão, uma geração inteira sem obras, desde 1985 a 2000 tivemos poucas obras. Durante o perido 1955-1985

      a Montreal, a Internacional de Engenharia, a CNEC, a ENESA, a PROMON tinham predios inteiros de bons engenheiros,

      havia um clima de otimismo e fé no futuro, não faltava srviços para as empresas de projetos, depois parou tudo e os engenheiros foram trabalhar no sistema financeiro, acabou a ERA DOS PROJETISTAS.

  19. Não se trata de PT x PSDB

    O autor pediu que não se fizesse uma análise simplista e é isso que se vê em muitos comentários. Como disse o autor, o desmonte das áreas de engenharia das estatais vem desde meados da década de 1980 e vem aumentando desde então. Atualmente, com a privatização marginal, ou seja, dos novos empreendimentos, as estatais passaram a concorrer nos leilões e, com isso, tiveram que reduzir seus custos e enxugar seus quadros. Hoje as estatais não fazem sequer projeto básico, limitando-se ao papel de gestores de contratos. Aliás, maus gestores, pois quem nunca fez não sabe gerir.

  20. Comentário de quem não entende

    Dar preço é miuito difícil. Fazer grandes obras com contrato fixo, como é agora ( nunca dantes)( um tri), encerra uma série enorme de incertezas (e alguem da mp vai parar a obra porque “acha” que não é assim ou assado). A principio não há corrupção. Os preços são enormes e ainda dão prejuizo às empreiteiras em vários casos. Nunca fizemos obras e projetos do porte de agora. Haverá um aprendizado.

    No caso da petrobrás quem assinava a ordem de serviço, que poderia ser para hoje ou depois do carnaval, e isto faz uma diferença quilométrica, negociava desonestamente este poder. Eram tão primários que trabalhavam com doleiro. O lava jato deixa isto claro. Não veem porque não querem. Querem corrupção, e o aa ajuda este ponto de vista.

    Roubo mesmo, escândalo mesmo, fácil de pegar e fazer anti-corrupção, é na lista de furnas, no hsbc e no zelotes. E sem pastas esquecidas. Aqui  há um marasmo de indignação, o que é sitomático. O pig e parceiros não enganam ninguem.

    Na época que o aa se refere os preços eram estimativas porque os reajustes eram certos e garantidos. Isto nas mão de gente muito honesta, funciona, mas não esta certo. Ali se roubou demais neste país afora.

  21. Resumo:
    A corrupção aumentou

    Resumo:

    A corrupção aumentou porque o estado perdeu a sua capacidade técnica de gerenciar recursos escassos.

    (Nunca é culpa do PT, mas vamos deixar de lado isso).

    Mas quando o estado brasileiro soube gerenciar recursos escassos, se o que nunca faltou para ele foi recursos a fundo perdido?

    Corrupção é um dos efeitos da anomia social (merton)

    “O comportamento aberrante pode ser considerado sociologicamente um sintoma de dissociação entre as aspirações culturalmente prescritas e os caminhos socialmente estruturados para realizar tais aspirações.”  http://comofalardodireito.blogspot.com.br/2012/09/teoria-da-anomia.html

  22.     Na verdade ocorreu uma

        Na verdade ocorreu uma tercerização da engenharia do país, primeiro o estado passou a tarefa para as empreteiras, que ultimamente passou a terceirizar os projetos. Com a terceirização dos projetos busca-se sempre os eng. mais baratos, ou até em alguns casos por técnicos(com todo respeito). Com a menor experiência dos projetistas, vc tem uma queda da qualidade das obras, o que em ultima analise causa os preços maiores.

        Para mim, se vc analisar a engenharia do país verá os riscos da terceirização e/ou precarização de uma atividade e pricincipalmente.

       Hoje o que vemos é um investimento cada vez maior no tribunais de contas e controladorias, recheados de contadores e advogados que na verdade só se preocupam com o financeiro. Uma obra é muito mais que apenas o custo total, muitas vez o ganho está na utilização. Vejam o desmonte do DNIT entre outros a quem interessa.

       Acho apenas que vc está errado quando diz que aumentou a corrupção, isto não é verdadeiro. Sempre existiu carteis na eng. e pagamento de propinas. O que acontecia antes é que quem ganhava hoje está na oposição.

    1. Não há terceirização, há quarteirização!

      A quarteirização das empresas de projetos é uma verdadeira vergonha e qualquer governo do PT, PSDB, PDT, PMDB e o raio que os partam, nem estão aí para o problema.

      Certa feita a Universidade se propôs entrar como consultora de uma projetista sobre um cadastro de redes para uma grande obra, só o custo da consultoria, como fomos ver depois, era maior do que o valor de todo o preço que uma empresa do tipo “La garantia soy jo” tinha recebido para fazer todos os cadastros. O diretor-presidente-sócio cotista-gerente técnico e administrativo (tudo na mesma pessoa) falando comigo e outro engenheiro disse (não vão me crucificar as mulheres):

      – Achei duas engenheiras recém formadas que vão fazer todo o serviço.

      E fizeram, só que durante a execução da obra o que se gastou tendo que modificar o projeto, custou no mínimo 100 vezes o custo do mesmo.

      Agora com a terceirização liberada, pode deixar, ainda vai piorar mais.

  23. Boas lembranças.

    De Eduardo Celestino Rodrigues, eu tenho o livro Crise Energética, editora José Olympio, de 1975, onde ele sustentava, isto já há quarenta anos, que na Amazônia só era viável usinas a fio d’água, pela impossibilidade de se fazer reservatórios para armazenar os aguaceiros amazônicos, defendia usinas supermotorizadas e que se organizasse ciclos produtivos de eletrointensivos, de acordo com o fluxo natural das águas.

    Mas você esqueceu de um nome que, nas palavras de João Camilo Penna, “fica na história  em seu tempo e além dele como o maior engenheiro hidroelétrico brasileiro”,  o Dr. John Reginald Cotrim. Dele eu me lembro um artigo em que criticava o projeto de Itaipu e o afogamento das Sete Quedas. Defendia um projeto em que, além da preservação da beleza das cataratas, seria um aproveitamento do potencial hidráulico inteiramente nacional, deixaria o potencial do atual eixo de Itaipu menor para ser dividido com os paraguaios, ou seja, retiraíamos do rio um potencial maior para a posse brasileira. Prevaleceu o espírito da megalomania, da “maior usina do mundo”, para a alegria das empreiteiras e da corrupção de Stroessner. Parabéns pela postagem, o desmonte do setor público em favor do corporativismo privado é um dos muitos crimes do neoliberalismo a ser denunciado.

    Do CanalFurnas: “Neste vídeo, um pouco sobre a história do fundador e primeiro presidente de Furnas, John Cotrim, cuja história confunde-se com a história da empresa. Material produzido utiliza imagens históricas da construção da Usina de Furnas (MG) e depoimentos de pessoas próximas ao engenheiro”.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=-ox94Qowgeg%5D

     

     

    1. Voce tem toda a razão, o

      Voce tem toda a razão, o Cotrim é um nome que eu não poderia ter esquecido, o Camilo Penna, meu colega no Conselho da Cemig é tambem outro grande nome não de projetista mas de Ministro de primeira linha pela cultura e capacidade.

      1. Camilo pena

        Pois é André, uma vez assisti a um debate, ou entrevista – foi já há algum tempo- e eu assisti o CAmilo pena desfiando dados e mais dados como se tivesse lendo uma planilha. E mais, os interligava e correlacionava com outros tantos. Daí concluí que para entrevistaro o homem só com muito conhecimento de causa. Ele dominava o que falava.

    2. No RGS tivemos também grandes engenheiros do setor hidrelétrico.

      Para não esquecer ninguém não vou colocar nomes, mas no início do século XX em 1929 inaugurou-se o sistema Salto através da usina Toca (que funciona até hoje), era um sistema rzoável para e época e pequeno para os dias atuais, esta e uma série de usinas foram concebidas, projetadas e constuídas pelo Estado do Rio Grande do Sul (Secretaria de Estado dos Negócios das Obras Públicas), só vindo a existir a Comissão Estadual de Energia Elétrica (CEEE) em 1943 e em 1963 sendo transformada na Companhia Estadual de Energia Elétrica, a partir desta data se veio desmontando a CEEE e com a privatização do governo Brito em 1997 o passivo trabalhista ficou com a parte que continuou pública e o resto (limpinho sem empregados e sem uma fundação de funcionários para pagar) foi devidamente dado para a iniciativa privada.

      O mais engraçado é que a partir que a empresa virou uma Companhia ele foi cada vez mais perdendo a capacidade de fazer e gerenciar os projetos que fazia no início do século, começando aí a fase da terceirização no incio dos projetos e nos dias atuais de praticamente tudo que não é operação.

      O quadro de engenheiros, foi morrendo (literalmente falando) e atualmente não há capacidade técnica para isto e outras coisas.

       

  24.  
    “DESMONTE DOS DEPARTAMENTOS

     

    “DESMONTE DOS DEPARTAMENTOS DE ENGENHARIA DAS ESTATAIS.”

    “Grandes empreiteiros, como Eduardo Celestino Rodrigues, da Cetenco, começaram a vida como engenheiros do Estado. A Companhia do Metrô de São Paulo tinha uma excelente engenharia, chegou a ter 400 profissionais. A CESP, que era resultante da fusão de trens companhias do Estado, uma para cada bacia fluvial, tinha os melhores engenheiros de barragens. A mesma coisa com Furnas, alguns viraram sumidades como Otavio Marcondes Ferraz, Mario Thibau, Mario Bhering, Lucas Nogueira Garcez, Guy Vilela (da Cemig).”               Por André Motta Araújo

    O senhor André Motta Araújo neste artigo, desmonta com poucas palavras parte da mistificação preferida por 9. 1/2 entre 10 economistas do sistema financeiro, e daqueles que se consideram cientistas sociais, interpretes e orientadores do povo. Gênios, que cuidam de demonizar  o Estado, tratando-o como um ente demoníaco. Origem e causa da ineficiência, da corrupção, e da maldição final dos povos, particularmente, dos brasileiros.

    Enquanto na empresa privada, ali estaria o repositório final da virtude. Virtude da qual, Aristóteles recomendava que se buscasse a disposição em adquirir o hábito de fazer o bem. E, com a repetição, se aperfeiçoariam  permanentemente. Tornando-se  ao cabo, em virtuosos    “ Homens de Bem”.

    Quiçá, esteja ai a tal pedra no caminho que ensejou o tropeço do filósofo . Em vez de homens de bem, especialistas tenham grafado “homem de Bens.”  Por um simples erro de digitalização (ou teria sido de má fé?), todo o conceito terminou por rolar morro à baixo. Dando ao final com os burros n’água. Conforme nos acaba por demonstrar, o artigo de André Motta Araujo.

    Orlando

  25. André Araújo,  para

    André Araújo,  para compreensão dos leigos, permito-me complementar o seu artigo sobre o cálculo do preço de uma obra.

    PLANILHA DE CUSTO-Com base no projeto executivo é que será calculado o valor da obra, com preço item por item do material a ser emoregado, bem como a mão-de-obra e todas as despesas diretas.

    Calculados os valores das despesas diretas, parte-se para os calculos do BDI.

    BDI (Benefícios e Despesas Indiretas), é o elemento orçamentário destinado a cobrir despesas indiretas, como encargos financeiros, riscos e mais o lucro, para fixação de preços de obras públicas na construção civil com incorporação das despesas diretas.

    De notar, que o lucro não é calculado aleatoriamente,  existindo uma fórmula matemática para sua fixação. 

    Voltando ao artigo, a alma de uma obra pública é o projeto executivo, sem o qual, ou sendo falho, pode acarretar enormes prejuízos ao erário,  dando margem a toda forma de malanfragem.

     

     

  26. ALELUIA, HOSANA AO SENHOR NAS ALTURAS.

    Durante mais de cinco anos tenho falado sobre a desestruturação do setor público, há muito tempo atras abri um blog exatamente para falar da falta não só dos engenheiros na administração mas também na falta de respeito pela profissão, simplesmente desisti porque não aparecia ninguém para colaborar.

    Qualquer secretaria de estado vinculada a engenharia é ocupada por cargos políticos e não ó secretarias mas setores técnicos vinculados a construção civil, a engenharia hídrica e outros.

    Se coloca cada baba-ovo em cargos de direção valendo-se da prerrogativa de CCs serem cargos políticos e estes diretores não tem a mínima qualificação para verificar se o que está se fazendo está correto.

    Há nestas empresas economistas, administradores, sociólogos, jornalistas e engenheiro que é bom, não.

    Há algum tempo atrás um diretor presidente da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) abriu uma série de concursos para engenheiros civis, elétricos e mecânicos, pois a empresa havia chegado ao extremo de ter para mais de 200 municípios com instalações de recalque, tratamento de esgoto e outros equipamentos 1 (UMZNHO) engenheiro mecânico.

    Quando o diretor foi participar aos demais membros da CORSAN, que ia fazer esta barbaridade, foi uma gritaria geral, que só acabou quando ele disse:

    – Atenção senhores, uma empresa de saneamento é uma empresa de engenharia, logo tem que ter engenheiros.

    Além de tudo que falei ainda tem a total ausência nestas empresas de formação continuada, empresas privadas que se prezam no exterior tem a suas próprias “Universidades”, pelo que eu saiba somente a Petrobras tem isto por aqui.

    Agora vou falar sério, um dos grandes culpados disto tudo são os PRÓPRIOS ENGENHEIROS, primeiro porque se sujeitam a este estado de coisas, segundo porque tem uma auto-estima muito baixa e terceiro porque as organizações classistas dos engenheiros são umas BOSTAS, o CREA só quer arrecadar, os sindicatos não tem atuação significativa e as sociedades de engenharia, dominada pelos empreiteiros, acham que sociedade é para jogar futebol.

    Não temos no Brasil nenhuma revista técnica decente que procure mostrar avanços técnicos e científicos, as existentes não tem corpo de revisores, logo se alguém quer escrever algo ele escreve e ninguém julga o seu mérito.

    Eu poderia ficar escrevendo mais umas trezentas linhas pois esta é a minha preocupação há muito tempo, mas quando escrevo algo sobre o assunto, há uma série de elogios às ideias e morre o assunto por aí.

  27. Estou sendo censurado!

    Caro Nassif.

    Se estás empregando uma política de censura no teu blog, por favor avise a todos para que possamos alertar por outros meios as demais pessoas que por anos contribuiram tanto para o antigo Fórum como contribuem para o atual GGN.

    Só neste item fiz no dia de ontem mais de 3 comentários, simplesmente porque é um assunto que já escrevi várias vezes e inclusive tfoi destacado para publicação mais de uma vez.

    Se me tornei um elemento indesejado por divergir de alguma das tuas posturas, acho extremamente desagradável receber um tratamento desrespeitoso de tua parte.

    OS COMENTÁRIOS FORAM ESCRITOS DIA 14 por volta das 20 horas e até o momento  9:15 do dia 14 nenhum dos comentários foram colocados.

    Se as normas são estas, ou seja, quem diverge do DONO DA BOLA fica fora do time, que deixe claro, mas não fique colocando os comentários 12h a 24h depois quando o assunto não é mais falado, isto não é nada leal com velhos colaboradores.

    1. Estou sofrendo a mesma censura, por isso parei de comentar

      Isso é arbítrio e discriminaçao. Nao há nenhuma regra explícita no Blog que proiba criticar as posiçoes do Nassif. E a praxe aqui é que os comentários dos cadastrados sejam publicados imediatamente. Mas quem censura as posiçoes do Nassif está recebendo tratamento diferente. É pouco democrático, nada transparente e sobretudo DISCRIMINATÓRIO. 

  28. Projeto Executivo para obras públicas, já !!!

    Quero cumprimentar ao Andre Mota Araújo pelo artigo………

    Aproveito a oportunidade para lembrar que tramita no Congresso Nacional, dois importantes assuntos:

    1. Revisão da Lei 8.666 e ampliação do RDC (Regime Diferenciado de Contratação): torna-se fundamental nesta revisão a inclusão da obrigatoriedade de licitação de obras públicas após projeto executivo completo, ou seja incluindo todos os projetos complementares e respectivas planilhas técnicas, após cumprir as etapas dos estudos preliminares projetuaiis, e sua evolução no projeto básico, definindo métodos construtivos e especificações de materias. Finalmente teremos um orçamento real, reduzindo drasticamenrte o surgimento de aditivos, ambiente favorável à corrupção nos órgãos governamentais. Da mesma forma, é fundamental barrar o RDC, que permite a realizzação de obras sem projeto.

    2. Aprovação da carreira de engenharia e arquitetura como carreira de Estado, para o fortalecimento da engenharia e a arquitetura públicas, hoje em fase de desmonte, com ausência de concursos públicos e outras inicitivas perversas.

    Quando estive na Presidência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro, realizamos em conjunto com OAB, TCE e TCMRJ, encontros e seminários ao longo de 2013 e 2014, que apontaram para real necessidade de garantir a elaboração de projetos executivos para realização de obras públicas.

    Vamos pressionar o Ciongresso, agora ou nunca !

    Sydnei Menezes

    arquiteto e urbanista

     

  29. om dia,Venho através
    om dia,Venho através desta,fazer a comunicação que estamos sofrendo alterações em nossos direitos trabalhistas,aos quais um dos mais graves é o não recebimento integral do vale transporte,a empresa obrigando fazer rotas desumanas não fornecendo a passagem para o transporte público,leituristas tendo que se deslocar a pé para a tarefa,distância de até 5Km ou mais,e também reduzindo a passagem para uso residência/trabalho.Exemplo,moradores do bairro Santa Rita,têm que se deslocar de sua residência até o trabalho a pé,pois não estão ganhando o vale transporte para o mesmo,num deslocamento de 3km.Também havendo demissões para a empresa faturar o que gastou com o eventual aumento feito pelo sindicato,criando quantidades leituras e rotas desumanas para os leituristas e os mesmos estão,sofrendo vários assédios morais(ameaças de demissão),não estão honrando com o combinado dos vencimentos que foi feito com o sindicato,entre eles o ticket de refeição,que está sendo pago em cima de 18 razões que trabalhamos,sendo que costumamos trabalhar mas um dia,e esse dia trabalhado não é repassado para nós no ticket de alimentação.

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