Presa política relata torturas do Coronel Ustra

Da Agência Brasil

“Eu fui espancada por ele [Coronel Ustra] ainda no pátio do Doi-Codi. Ele me deu um safanão com as costas da mão, me jogando no chão, e gritando ‘sua terrorista’. E gritou de uma forma a chamar todos os demais agentes, também torturadores, a me agarrarem e me arrastarem para uma sala de tortura”.

Uma das milhares de vítimas da ditadura militar, Amelinha Teles, descreveu assim seu encontro com Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido como “Coronel Ustra”, o primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador na ditadura.

Ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, Amelinha contou como era o homem admirado por Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e citado pelo parlamentar durante seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff, ontem (17), no plenário da Câmara dos Deputados.

“Ele levar meus filhos para uma sala, onde eu me encontrava na cadeira do dragão [instrumento de tortura utilizado na ditadura militar parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas com fios elétricos atados em diversas partes do corpo] , nua, vomitada, urinada, e ele leva meus filhos para dentro da sala? O que é isto? Para mim, foi a pior tortura que eu passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos. Foi a pior tortura que eu passei”, disse a ex-militante do PcdoB.

O militar lembrado pelo parlamentar foi chefe-comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974. Em maio de 2013, ele compareceu à sessão da Comissão Nacional da Verdade. Apesar do habeas corpus que lhe permitia ficar em silêncio, Ustra respondeu a algumas perguntas. Na oportunidade, negou que tivesse cometido qualquer crime durante seu período no comando do Destacamento de Operações Internas paulista.

Em abril de 2015, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, suspendeu uma das ações penais  contra Ustra que tramitava na Justiça Federal em São Paulo. Atendendo a pedido feito pela defesa do militar, a ministra disse, na decisão, que suspendeu a ação pois era necessário aguardar o julgamento da Lei de Anistia pela própria Corte. O militar morreu em 15 de outubro de 2015 no Hospital Santa Helena, em Brasília. Ele tratava de um câncer.

Hoje, Amelinha integra a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e é assessora da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva. Para ela, a homenagem de Bolsonaro a um de seus torturadores pode ser o resgate de uma das páginas mais tristes da história do Brasil.

 

“O que significa essa declaração do deputado é que ele quer que o Estado brasileiro continue a torturar e exterminar pessoas que pensem diferente dele. Que democracia é essa que quer a tortura, a repressão às pessoas que não concordam com suas ideias?”.

Redação

10 Comentários

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  1. Na Alemanha, é crime previsto

    Na Alemanha, é crime previsto em lei  negar o holocausto. Aqui, um deputado homenageia torturador durante sessão do Congresso.

    Nós somos muito primitivos, até quando comparados com nossos vizinhos sul-americanos, apesar de nosso nariz empinado em relação a eles.

    Bem, a sessão de domingo do Congresso corrobora isso.

  2. O pior dessa escumalha humana

    O pior dessa escumalha humana tipo Bolsonaro já não está na figura por si já nefasta deles, mas constatar que essa ideologia do ódio impregnou parte dos nossos jovens. Agora mesmo acabo de travar uma discussão com um desses lobotizados defensores do indigitado que, apoplético, só conseguiu o adjetivo “velho” para me contrapor. De resto, um analfabetão político. 

    Não é de agora que alguns apontam essa onda conservadora-reacionária no país que partem de egressa de matrizes e tem polos sobre os quais orbitam os “catequizados”: redes sociais, alguns sites da internet, a grande imprensa e seus blogueiros e setores do estamento religioso. Neste último, se destacam Padre Paulo Ricardo e o Pastor Malafaia. 

    A estratégia é usar e abusar das prerrogativas da democracia para desmoralizá-la e depreciá-la visando destruí-la para erigir a Ordem que tanto almejam. 

    Necessário se faz combater e eliminar esse “monstro” também dentro da democracia.

      1. Desculpe, mas discordo. Não,

        Desculpe, mas discordo. Não, evidentemente, no que tange a “qualidade” dos eleitores do sacana, mas, insisto, porque estão arregimentando parte da juventude para engrossar essas fileiras de celerados, ou seja, comprometendo o futuro do país. 

  3. Desrespeito à nação

    Bolsonaro faz esse tipo de coisa porque sabe que nada, absolutamente nada acontecera com ele. Ele ja fez tantas outras, ja até falou em estupro, e continua tranquilão, levando a Câmara Federal para o caminho do obscurantismo. E com Cunha de volta a imperador da Câmara é que essa truculência continuara passando por cima de todo mundo. E ainda pensa em ser presidente. Se um dia isso ocorrer, ai podem fechar porque não tem futuro viavel com tipos como esse.

  4. Terrorismo

    As palavras do nazista Bolsonaro é uma apologia a tortura, e uma bajulação ao chefe da máfia, pasmem ele chama Cunha de presidente. Bolsonaro disse a deputada federal Maria do Rosário no plenário da Câmara ” não te estupro porque você não merece”. Se neste país houvesse ministras do Superior Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal Federal este terrorista já estaria sido processado e enquadrado na lei Maria da Penha e na lei de crimes hediondos (artigo 5º; inciso XLIII). A violência contra as mulheres é um crime e as Ministras do STF Rosa Weber e Carmem Lúcia são hipócritas.   A ministra Carmem Lúcia declara que existe muito preconceito contra a mulher no Poder Judiciário, uma machista que ficou em silêncio durante os ataques selvagens de sexismo, misoginia e machismo contra a Presidenta Dilma. O que estão fazendo com Dilma nunca nenhum país fez  a uma Presidente. Dilma diz que é uma guerra psicológica, concordo mas  prefiro chamar de terrorismo. Os terroristas usam técnicas sofisticadas para torturar psicologicamente.

    Maria do Rosário entrou na justiça para processar o covarde bolsonaro por danos morais e o TJ-DF condenou o Bolsonaro a pagar uma indenização no valor de R$ 10 mil, como se uma porcaria de dinheiro sujo deste mostro fosse apagar um crime de abuso mora e sexual contra uma mulher, um crime hediondo contra a dignidade da pessoa humana, só neste país carente de mulheres no poder. Rosa Weber e Carmem Lúcia  as ignorantes e hipócritas não conhem a grande filosófa, escritora e feminista que lutava pelos direitos humanos das mulheres Simone de Beauvoir. Eis o ensinamento de Beauvoir : “Ninguém nasce mulher, tornar-se mulher”.   O atraso mental deste país é estarrecedor, a sociedade brasileira está longe de ser civilizada. Machista e sexistas são as mulheres.

  5. O tal do bolsanabo pode até

    O tal do bolsanabo pode até estar no congresso, agora quanto a ser deputado, nem que muitas vaca tussam…Criminoso, do supremo banditismo que assola o país, por falta de judiciário que preste.

  6. o perigo maior deste caso 

    o perigo maior deste caso  bolsonaro é que ele  pode se transformar

    num ustra daqui a pouco.novamente..

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