Se já tivemos Palocci, por que tanto desconforto com Levy?, por J. Carlos de Assis

O programa fiscal anunciado pela nova equipe econômica é bem menos apertado que o anteriormente previsto para este ano e os efetivamente realizados nos anos anteriores. Em 2015, o superávit primário prometido será de 1,2% do PIB, contra 2% estabelecidos (e a ser retificado) pela Lei de Diretrizes Orçamentária; para 2016 e 2017, será de 2%, o que é muito menos do que se previa na era de Palocci e, posteriormente, na era Mantega. Por que então tanta insatisfação entre os economistas progressistas com a nomeação de Joaquim Levy?

Confesso que, do ponto de vista do gosto pessoal, teria preferido um ministro mais afinado ideologicamente com os desenvolvimentistas. Contudo, a escolha é irrelevante em termos de opções econômicas de fundo. Precisamos de uma sinalização de destino em nossa economia tendo em vista o imperativo da busca de um novo ciclo de crescimento diante do evidente esgotamento do atual ciclo de consumo a crédito. Já em relação à macroeconomia simplesmente não temos muitos graus de liberdade, qualquer que seja o ministro.

Somos um país capitalista inserido na arquitetura financeira internacional ditada pelos Estados Unidos e operacionalizada por agências multilaterais como FMI e Banco Mundial, assim como pelas agências privadas de classificação de risco que determinam as condições do crédito internacinal. A única forma de escapar das condicionalidades macroeconômicas estabelecidas nesse contexto seria acumular grandes reservas internacionais e, simultaneamente, grandes superávits em conta corrente. Ou seja, fazer como a China e os asiáticos. Acontece que acumulamos, sim, reservas de US$380 bilhões, mas estamos realizando imensos déficits em conta corrente. Só este ano, numa base anual, US$83 bilhões.

Para cobrir o déficit em conta corrente, temos duas alternativas: ou queimar reservas até o limite de uma crise cambial, ou atrair capitais externos na forma de empréstimos ou investimentos. Quando se trata de investimos, resolvemos um problema de curto prazo criando outro de longo prazo: o que entra agora sai gradualmente depois como remessa de lucros em dólar. Já para atrairmos empréstimos são necessárias taxas de juros escorchantes, o que introduz uma distorção na política monetária. O BC finge que está aumentando os juros para combater a inflação quando de fato essa é a forma de atrair capital externo para cobrir os buracos no déficit corrente.

Temos aí, portanto, a primeira condicionalidade macroeconômica que não depende do ministro de plantão: a taxa de juros elevada. Para escapar dela o país terá que fazer uma política de estímulo à exportação em larga escala, algo tremendamente difícil, hoje, porque não temos como competir com a China e os países industrializados avançados na venda de manufaturados. Já as exportações de commodities, que vão muito bem obrigado do ponto de vista das quantidades, enfrentam a maldição da grande instabilidade característica de preços como ocorre atualmente.

A condicionalidade fiscal vai junto com a monetária. Se fôssemos um país sozinho no mundo, poderíamos fazer uma política macroeconômica com o perfil de uma economia fechada: recorreríamos a grandes déficits primários para financiar os gastos públicos necessários para contra-atacar ou ao menos suavizar a baixa do ciclo econômico, até que alguma inovação tecnológica se encarregasse de levantar um novo ciclo de forma permanente. Como somos uma economia aberta, o efeito multiplicador do gasto público deficitário vazaria para o exterior na forma de mais déficit externo, agravando a situação cambial.

Já o superávit primário não é necessariamente contracionista. Se a taxa de juros não fosse tão elevada, ele se traduziria em pagamento de juros e de parte da dívida pública, mas os recursos equivalentes poderiam voltar à economia, com força expansiva, sob a forma de investimentos e gastos privados. Acontece que, sendo os juros muito elevados, esses recursos são retidos pelo setor privado como reaplicação financeira na dívida pública, sem gerar renda e emprego. E seu efeito torna-se dessa forma exclusivamente contracionista.

Mas a história não termina aí. Do ponto de vista macroeconômico o que importa não é o superávit primário, mas o superávit ou déficit nominal do orçamento (todos os gastos do governo, incluindo o serviço da dívida pública). Aí se situa um dado curioso da prometida transparência nas contas públicas atribuída pela mídia à nova equipe na forma de um compromisso geral de continuar reduzindo a dívida pública em relação ao PIB. Se o superávit primário for de 1,2%, conforme prometido, e a taxa de juros for de 11,25%, como é hoje, o déficit nominal, descontado o superávit primário, forçará um aumento em cerca de 4 a 5%, e não a redução da dívida pública. Isso não seria de todo mau, porque um déficit, transformado em moeda financeira, pode ajudar a economia a crescer, contrariando o efeito contracionista do superávit primário. Mas não é o que a imprensa promete em nome da equipe!

Desculpem-me essas tecnicalidades, mas à margem delas o que se tenta impingir na mídia é um certo nível de charlatanismo que esconde, sob o conceito de “confiança”, os verdadeiros interesses dos especuladores financeiros. E é aí que se manifesta a estreita margem de manobra dos formuladores de políticas econômicas, sejam eles Paloccis ou Levys, na medida em que, se forçarem a baixa da taxa de juros e a redução do superávit primário para pagar esses juros, esbarram no mesmo tipo de chantagem financeira que forçou Miterrand, nos longínquos anos do início de 1983, depois de uma histórica vitória eleitoral, a fazer capitular seu programa socialista progressista diante dos especuladores. Diante disso, como não vejo diferença entre Palocci, Mantega e Levy, prefiro ver o Levy na Fazenda para as operações inevitáveis de curto prazo, enquanto se prepara no Planejamento um programa de destino da economia pelo qual venhamos a escapar do inferno de nossas condicionalidades.

J. Carlos de Assis – Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.

Redação

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  1. SUGESTÕES PARA O MINISTÉRIO DE DILMA

    Por Guilherme Boulos

    Nós dos movimentos sociais nos sentimos amplamente contemplados com os primeiros nomes para seu ministério. Governo novo, ideias novas. Os gestos não poderiam ter sido melhores.

    Joaquim Levy na Fazenda foi uma sacada de gênio, com grande sensibilidade social. Pena que o Trabuco não quis, mas confio que seu subordinado no Bradesco dará conta do recado. A Marina queria indicar gente do Itaú. O Aécio tinha obsessão pelo Dr. Armínio.

    Mas esses, como a senhora disse na campanha, tomariam medidas impopulares. A solução certamente está com o Bradesco. Itaú de fato não pode, mas Bradesco… vá lá!

    Kátia Abreu na Agricultura achei um pouco ousado demais. Cuidado pra não ser chamada de bolivariana! Os índios e os sem-terra estão em festa pelo país. Não temos dúvidas de que o ministério terá um compromisso profundo com a demarcação das terras indígenas, o combate ao latifúndio e com a Reforma Agrária.

    Armando Monteiro no Desenvolvimento deixa seus detratores sem argumentos, muito bem! Dizem que a senhora não dialoga com a sociedade civil. Ora, como não? A Confederação Nacional da Agricultura em um ministério e a Confederação Nacional da Indústria em outro. Aí está a gema da sociedade civil, as entidades patronais.

    Tem gente sendo injusta com a senhora, dizendo que essas indicações sinalizam que seu governo irá aplicar o projeto derrotado nas urnas. Não se deixe levar por isso. Estão fazendo o jogo da direita, no fundo querem mesmo é desestabilizá-la.

    A senhora está no caminho certo. Para onde? Bom, esta é outra questão. Mas o que eu gostaria mesmo é de humildemente lhe apresentar algumas sugestões para a composição dos ministérios.

    Para a pasta das Cidades o nome é o Kassab. Homem experiente, foi prefeito de São Paulo e terá a oportunidade de aplicar nacionalmente o que fez por aqui. Imagine incêndios em favelas no Brasil todo! Vamos acabar de vez com esta herança arcaica que são as favelas, Kassab já mostrou que sabe fazer.

    Tem também a política de despejo expresso, sem necessidade daquela burocracia toda de uma ordem judicial. E é claro, leva com ele uma equipe íntegra e competente. Talvez o Aref como secretário-executivo, que tal?

    Nos direitos humanos não há muito o que discutir. É Bolsonaro na certa. Um homem que pauta com coragem grandes temas tabus como a tortura, o direito ao aborto, a maioridade penal e o papel dos militares na sociedade. Cabeça arejada e capacidade de dialogar com todos os setores sociais. Ele e a Kátia poderiam ser os novos interlocutores do movimento popular no governo.

    Nas Comunicações sugiro o Fabio Barbosa, da Veja. Já mostrou ser um tipo criativo. Sua capacidade de criar fatos e transformá-los em manchetes está mais do que demonstrada.

    Imagine isso tudo a serviço de seu governo! Os blogueiros radicais, que defendem democratização da mídia, podem não gostar. Mas paciência, nem Jesus agradou a todos. Afinal, a senhora poderá argumentar que a alternância no poder é necessária. A Globo já teve três ministros, agora é a vez da Veja.

    Para a Cultura eu tenho dúvidas. A Marta saiu com aquela cartinha mal-educada, querendo fazer média com o mercado. Convenhamos, a senhora foi muito mais esperta. Ao invés de fazer média com o mercado, trouxe ele para dentro do governo. Deixou a Marta falando sozinha. É preciso resgatar a credibilidade do ministério.

    Pensei primeiro no Lobão, porque ele pararia com essa história de impeachment e ainda traria o apoio da turminha dos Jardins. Se bem que esta turminha tem cada vez menos razões para lhe fazer oposição. Mas acho que ele prefere construir a carreira junto com o Aécio, não toparia.

    Talvez então o Reinaldo, homem culto e com ampla visão. Reinaldo Azevedo, sabe? Ele vive falando mal da senhora, mas acho que no fundo é tudo ressentimento. Uma ligação e ele se abre que nem uma flor. Vai por mim, até um rottweiler precisa de carinho. É isso que ele deve estar esperando há anos.

    Há quem possa achar minhas sugestões muito conservadoras. Mas estou preocupado com a governabilidade. Governabilidade é tudo, presidenta! É um fim em si, como demonstram suas escolhas e as decisões de governo nos últimos 12 anos.

    Se seguir minhas sugestões ao menos não poderão acusá-la de incoerente. Quem já convidou Levy, Kátia e Armando pode, pela mesma lógica irrefutável, convidar Bolsonaro, Fábio Barbosa e Reinaldo. Quanto ao Kassab, admito que a senhora teve a ideia antes e já anda sondando com ele.

    Cordialmente, despeço-me certo de que teremos a opinião considerada.

    1. O velho truque de usar o Tio

      O velho truque de usar o Tio Rei como escudo das pancadas que irá aplicar no petismo. Pois, esse sabia que Reinaldo iria reagir e a turma iria esquecer que esse quase chama Dilma de velha esclerosada, numa boa, usando luva de pelitucana

  2. J Carlos de Assis

    Parabens, José Carlos, por escrever em bom portugues ao invés de “economez”. Entendi perfeitamente suas colocações. Gosto muito de seus textos. Muito obrigada. 

  3. A inteligência política de

    A inteligência política de Lula o fez optar por uma política econômica ortodoxa. Se tivesse dado ouvidos aos intelectuais ou economistas do PT ( como nosso Mercadante com seu bigodão a la Nietzsche – mas sem um pelo da inteligência daquele ). Se tivesse feito o que o pt queria, teria quebrado o país e entrada na história pelas portas dos fundos. Se o pior defeito de Dilma é não ouvir ninguém, é melhor que continue tendo esse defeito do que passar a escutar o pt e seus intelectuais – que fizeram uma carta contra a nova condução política. Morri de rir ao saber que um dos que assinaram a carta é o Beluzzo  que estava na derrocada do plano cruzado, do banespa e do seu time do coração, o palmeiras. No mínimo, é um pé frio tamanho jogador de basquete (rs). 

     

  4. “Precisamos de uma

    “Precisamos de uma sinalização de destino em nossa economia tendo em vista o imperativo da busca de um novo ciclo de crescimento diante do evidente esgotamento do atual ciclo de consumo a crédito.”

    E aquele chega pra lá da [Magazine] Luíza Trajano no Diogo Mainardi?

    Como assim o modelo de consumo a crédito se esgotou? O consumo ou o crédito?

    Gente pra consumir não falta. Eu mesmo preciso consumir pacarai pra fazer minha casa e mobiliá-la adequadamente. Minha enteada precisa de um tablet que preste (o da CCE tá na Assistência Técnica e, sinceramente, acho que não volta). Minha mulher precisa desesperadamente de sapatos e roupas novas (ah, essas mulheres).

    Eu só não consumo tudo já porque os juros e os spreads são escorchantes. Baixa pra ver…

  5. levy foi ótima escolha mas monteiro não

    Não acho que o Levy seja indiferente entre os demais: para a missão da recuperação da confiança, é melhor que Mantega e muito melhor que Palocci, na medida em que é um experiente operador de política fiscal. 

    Mas o ponto principal é Barbosa no Planejamento. Barbosa é, como economista, melhor que Levy, mas não vejo nele um estrategista de política industrial, como foi, por exemplo, Reis Velloso em relação a Simonsen (até certo ponto semelhante a Levy). Barbosa é um ótimo macroeconomista, mas sua única grnade causa estratégica é a reforma fiscal, até onde sei muito menos por seu viés setorial do que da relação investimento vs consumo.

    E aí o problema é que o suposto responsável pela política industrial é, na melhor das hipóteses, um balconista. O desequilíbrio externo muito bem descrito pelo J.C. Assis só pode ser resolvido pela redefinição da posição do Brasil na divisão internacional do trabalho. 

    Se a já longa crise que o capitalismo vive, e que afinal acabou nos tragando impiedosamente, serviu para algo é (além de colocar o câmbio no lugar) para evidenciar que a balela de “fazenda” ou “mina” do mundo, ou pior ainda que isso, economia de serviços, é isso mesmo: balela. Só há uma possibilidade de conduzir o país ao desenvolvimento a longo prazo: deixar relativamente para trás setores de menor produtividade ou capacidade de inovação em prol de setores capazes de expandirem endegenamente sua produtividade. Podemos debater os detalhes, mas os cinco ou seis principais todo mundo sabe quais são. 

     

    A estratágia de botar no comando da política industrial alguém capaz de ouvir o que a indústria quer só pode, na melhror das hipóteses manter-nos no mesmo lugar, na mesma posição de subordinação e de falta de autonomia perfeitamente retratada pelo J.C. Assis. Para escapar dela, é preciso, como fazem os chineses, e antes deles fizeram os coreanos, japoneses e alemães, colocar a política macroeconômica como mediação para alcançar os objetivos de política industrial informados por uma estratégia de longo prazo, ou seja, mirando a alteração de nossa posição subordinada da divisão internacional do trabalho. Ouvir os empresários, articular, conversar, é importante para isso, mas é questão de forma. Se nao for pautada pela reversão de superação de nossa falta de autonomia estrutural, é no máximo relevante para moderar o ímpeto anti-governista da seção paulista da imprensa golpista. 

  6. Uma aula.

    Uma aula. Para os leigos, ao menos. 

    Colocou muito bem as premissas do jogo macroeconômico nacional e internacional.

    Estão corretas? Não sei. Mas o primeiro passo de uma discussão construtiva é conhecer as variáveis principais e seu funcionamento. E isto, na minha modestissííísima* opinião, foi bem colocado.

    Moral da história, se correr o bicho pega, se ficar… come. hehehe

    A saída é comer pelas beiradas. Sem costear o alambrado, né Palocci e cia? Sorte que temos Lula e sua fiel escudeira Dilma que sabem aproveitar essas figuras e dizer: até aqui tá bom, daqui pra frente pode deixar que toco eu (senão, o povão estaria fu…)!

  7. J Carlos de Assis “tucanou”

    Esse ai é o mesmo que escrevia no blog na época da eleição? Mudou mesmo hein?

    É só uma brincadeira com os fanáticos do blog. Na realidade estou satisfeito que a Dilma tenha jogado no lixo a política econômica desastrosa do primeiro mandato. E prova de inteligência ou de receio. Ambas as características são qualidades.Só discordo de quem afirma que o programa do Aécio esteja sendo aplicado agora. Na realidade ele tinha prometido não mexer no fator previdenciário e preservar as conquistas sociais. Tenho minhas dúvidas se o Levy concorda com isso. E vamos combinar, a Katia Abreu p ministra é de fazer qq Ronaldo Caiado dar pulos de alegria.

    O momento é de espera p eleitores da Dilma, mas vamos admitir que, para a esquerda histórica do partido, essas escolhas são absolutamente indefensáveis. Quem ainda se diz petista histórico e de esquerda desde o berço e defende essas escolha na realidade não é de esquerda, é pelego.

     

  8. capitalismo ou democracia

    Achei boa a análise, bem radical no sentido etmológico da palavra: vai a raiz do problema. Na macroeconomia os ministros tem pouca margem de manobra porque somos uma economia capitalista, inserida no fluxo da acumulação mundial de capital. Então tanto faz Palloci, MAntega, Levy ou – acrescento eu  – Armínio Fraga. Mais isso significa que tanto faz para a politica macroeconômica eleger Dilma, Lula ou Aécio. A uns 100 anos atrás a esquerda falava de ‘socialismo ou barbárie’; parece que hoje a opção que se impõe é entre ‘capitalismo ou democracia’.O capítalismo hoje é incompativel com a democracia real; um programa de governo compatível com a democracia real deve ser incompatível com o capitalismo. A conclusão é obvia: o desconforto, mesmo que inconsciente, não é com Levy mas sim com a redução da democracia  a um espetáculo eleitoral.

  9. Palocci e Levy não são comparáveis

    Afora os aspectos objetivos da nomeação de Levy, há a simbologia do ato. Levy simboliza o atendimento dos anseios do “mercado”, nele incluídos a grande mídia, comentaristas econômicos conservadores e rentistas. O “mercado” entende assim a nomeação de Levy, isto é, que ela atende seus reclamos, pois a aplaude. O “mercado” não acha, como o articulista acredita, que Levy seria pior (para o “mercado”) do que Palocci.

    Os que elegeram Dilma, como é natural, entendem, por outro lado, que a nomeação de Levy não foi um aceno para eles, ao contrário, foi cortesia ao “mercado”.

    Disto se depreende que o “mercado” e os eleitores de Dilma fizeram a mesma leitura da nomeação, que, aliás, difere da leitura feita pelo articulista. Pode ser que Assis esteja vendo melhor as coisas do que o “mercado” e os eleitores de Dilma, mas há fumaça nessa história, e, onde há fumaça, pode haver fogo.

    Quanto a Palocci, não dá para comparar com Levy. Palocci é experiência provada e que deu certo, não obstante as eventuais expectativas negativas que houve em relação ao nome dele. O sucesso de Palocci, provavelmente um dos melhores ministros da fazenda que o Brasil já teve, não implica o sucesso de Levy. Palocci teve sucesso apesar das expectativas negativas, não por causa delas. Expectativas negativas não são sinal de sucesso.

    Outro ponto a se considerar é o seguinte: ministros da fazenda podem mesmo ser decisivos para o desenvolvimento? Ou podem, apenas, não atrapalhar? Aliás, uma política de desenvolvimento não seria multi ministerial? Educação, planejamento, indústria e comércio, relações exteriores, reforma agrária, cidades, por exemplo, não deveriam, além da fazenda, estar articulados para promoção do desenvolvimento, segundo uma política muito bem elaborada? E a própria presidência da república não deveria estar envolvida na promoção do desenvolvimento, como, por exemplo, fez Lula, ao agir como caixeiro viajante? Pensar que o desenvolvimento sustentado restringe-se ao âmbito da fazenda é manifestação de reducionismo inconveniente.

    A quem compete combater a sonegação? Ao ministério da fazenda? Se for, qual seriam os planos de Levy para reduzir a sonegação, estimada em quase 10% do PIB? A primeira coisa a cortar é a sonegação, ou não é?

    A ordem econômica ocidental não reserva espaço suficiente para o desenvolvimento do Brasil. Voltar-se para o Mercosul, para a inserção efetiva nos BRICS buscando novo espaço econômico, afora enfatizar as relações sul-sul são medidas que se impõem, se realmente há intenção de se promover o crescimento sustentável.

    O ministério da fazenda, apenas, qualquer que seja o ministro, não promove, por si só, desenvolvimento, muito menos se o ministro for Levy, é o que se nos afigura. Contudo, pode por si só impedir o desenvolvimento.

    1. Excelente

      Disse mais do que certo, Ramalho! Não podendo “dar nota” ao seu excelente comentário, digo com todas as palavras: muito boa resposta! Assino embaixo.

  10. esclarecedor o aritigo de

    esclarecedor o aritigo de mestre assis.

    mesmo porque barbosa é considerado um bom nome

    no planejameneto e levy já foi governo com lula em 2003.

     

  11. Atacar o déficit

    Se “a única forma de escapar das condicionalidades macroeconômicas … seria acumular … grandes superávits”, pois nossas reservas já vêm crescendo, é preciso que se analise por que, em vez de superávits, temos déficits enormes em conta-corrente. Será que esses déficits são inevitáveis, pois contribuiriam para a saúde econômica? São virtuosos, deletérios?

    O déficit em conta-corrente, à luz do que expõe o artigo e como desdobramento natural dele, seria a causa do problema macroeconômico do Brasil. Portanto, que se ataque o déficit, não é mesmo? Mas tal não é proposto (e nem feito).

    No artigo, Assis toma o déficit como dado, como favas contadas. Fala em cobrir o déficit, mas não fala em reduzi-lo, em contê-lo. Em vez disto, fala em, ou queimar reservas, ou atrair capital externo (que terá de ser remunerado, quer na forma de investimento, quer na forma de empréstimo) para cobrir o desequilíbrio. Ora, por que não atacar as causas do déficit buscando reduzi-lo?

    Por que incorremos neste déficit? Como ele é composto? Como atuar sobre ele? Quais os ônus e bônus que decorrem de seu controle? Vale a pena controlar a inflação facilitando a entrada de importados? Será que este déficit não é indicador da predação da indústria brasileira?

    As causas do déficit em conta-corrente têm de ser explicitadas e compreendidas, para poder ser combatido. Tem-se economistas, advogados, especialistas em comércio exterior, dentre outros especialistas, muito bem preparados, capazes de oferecer solução viável para o problema, em vez de costeá-lo. Que não se esqueça, porém, da formidável sonegação que é estimada, em bases anuais, em quase 10% do PIB, vergonha internacional (o Estado é roubado em 10% do PIB todo ano pelos sonegadores).

     

  12. Os países desenvolvidos estão

    Os países desenvolvidos estão em deflação, juros negativos, oscilando entre 0 e 1% AO ANO!, economia fragilizada, desemprego altíssimo, principalmente na Europa; China e Índia crescendo menos, preços das commodities em queda livre, economia americana começando a se recuperar lentamente. Por quê o Brasil precisa ter a maior taxa de juros do mundo? Por quê não se reduz a selic para 7%a.a.? não deixa o câmbio a R$ 3,00 para estimular nossas exportações? Por quê não se alivia a brutal carga tributária sobre a “classe média” e não se aumenta a isenção de IR Pessoa Física, estimulando o consumo interno, ativo importantíssimo para se manter a economia respirando? Por quê tem que se agradar o mercado financeiro o tempo todo, subindo a selic e, portanto, aumentando ainda mais os gastos com juros, prejudicando toda a sociedade, com saúde, educação, infraeestrutura,etc de péssima qualidade? Haja paciência!

  13. A releitura pela esquerda

    A releitura pela esquerda dada à nomeação de Levy faz lembrar a imensa ginastica que o Partido Comunista Francês teve que fazer quando Stalin assinou em 29 de agosto de 1939 o Pacto Germano Sovietico, conhecido como Acordo Ribbentrop Molotov. Até a vespera o jornal L ´Humanité xingava da primeira à ultima linha o nazismo e Hitler, coisa do Demonio, após a assinatura do “”Pacto”” tiveram que mudar em 24 horas sua linha editorial inteira, já não se podia vociferar contra o Terceiro Reich, agora sócio da União Sovietica. O contorsionismo foi famoso, viraram as tripas do avesso, alguns não tiveram estomago e se desfiliaram do PCF, os demais tiveram que engolir a reviravolta, c´est la vie.

    Em tempos, L´Humanité era o famoso jornal diario porta voz do PCF de Maurice Thorez.

    1. Mais uma vez a generalização

      Mais uma vez a generalização indevida. Não identifique o PT com “A Esquerda”; isso é obviamente uma estratégia de vocês da extrema direita. Não querem acabar com só com o PT, mas com qualquer alternativa de esquerda. Tanto é assim que você se prende a um fato particular da história e o toma como um fato universal, como se o stalinismo fosse “A Esquerda” naquele momento. Os trotskistas – que não se pode chamar exatamente de direita – denunciaram o acordo de Stalin com os nazis. Trotsky foi um dos primeiros a denunciar a atitude leniente para não dizer conivente do PC alemão stalinista com os nazis na década de 1920. E ainda haviam os anarquistas – na época eram de esquerda – que foram massacrados por Stalin na guerra civil Espanhola. O Stalinismo não é nem nunca foi “A ESquerda”, da mesma forma que o PT hoje não é “A Esquerda” brasileira. Tal generalização e leitura parcial da história só pode ser fruto ou da ignorância ou da má-fé. Eu fico com a segunda opção.

  14. Não acredito, como quer fazer

    Não acredito, como quer fazer acreditar a tuama piguenta, de que algum tenha votado em  Dilma  sem saber que era isso mesmo que ela iria fazer, pois isso é tratar essess eleitores como um bando de debiloides.  De fato, quando disse para um petista que minha dúvida para votar em Aécio seria o meu medo de Mercante ser ministro da fazenada de Dilma, esse me garatiu que se Dilma ganhasse seria gente do lado do outro lado, jamais Mercadante

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