Sobre a acolhida aos estrangeiros

Enviado por Assis Ribeiro

Do blog do Mário Marcos

A acolhida que tem conquistado os estrangeiros

Poucos dias atrás, em uma daquelas tantas reportagens de preparação para a Copa, um repórter entrevistou o dono de um restaurante de Salvador, um alemão que veio um dia de férias, conheceu a Bahia e não quis mais voltar. Diante das notícias sobre agitações e insegurança que os europeus continuavam recebendo, o jornalista perguntou o que estariam pensando alemães como o empresário.

– Eles farão como todos os outros – respondeu o alemão. – Chegam desconfiados, ficam assim no primeiro dia e no segundo já entram na rotina. Não se preocupam mais.

Lembrei desta entrevista ao ler sobre as chegadas das seleções.

Bastou um dia, como disse o dono do restaurante, para que a desconfiança terminasse e os estrangeiros entrassem na festa. Passaram a se sentir em casa – até porque todos os locais escolhidos por eles foram decorados com as cores de cada país.

Os ingleses chegaram receosos, reclamaram do cerco da imprensa, fecharam-se na concentração, mas no dia seguinte foram conhecer um projeto social na Rocinha. Pronto, tudo mudou. Entraram na brincadeira, tentaram imitar os passos dos capoeiristas local, comoveram-se com as crianças.

E os alemães, como aquele dono de bar?

A sobriedade típica germânica durou um dia. Fascinados pelo ambiente da Bahia e pela beleza da ilha escolhida como concentração, abriram o treino para um grupo de pataxós de uma reserva próxima. Não apenas isso: os brasileiros originais cantaram em homenagem ao aniversariante Klose e encantaram tanto que os demais jogadores – um deles com um pequeno pataxó nos ombros – participaram da dança ritual.

Em Curitiba e em Minas torcedores fizeram imensas filas, desde a madrugada, para conseguir um dos ingressos para os primeiros treinos de Espanha e Argentina. Repetiu-se o entusiasmo das torcidas locais no Espírito Santo (Austrália), no interior paulista, ficaram deslumbrados os africanos de Camarões e Costa do Marfim.

Em Viamão, cidade escolhida pelos equatorianos, foi ainda mais impressionante.

Pelo menos 10 mil pessoas estavam no centro da cidade esperando pelos visitantes. Quando o ônibus chegou, na noite de segunda-feira, e jogadores e dirigentes viram a multidão, decidiram quebrar o protocolo da Fifa que manda apenas acenar. Por iniciativa da própria equipe, o ônibus parou e os jogadores saíram para ter contato com os gaúchos.

Virou destaque na imprensa do Equador.

Em todas estas situações, os estrangeiros descobriram o melhor dos brasileiros – e quando falo de brasileiros típicos não estou me referindo àquela parcela que comete grosserias, ofende a presidente do país com um baixo nível danado e esbanja falta de educação em áreas vips dos estádios, como fizeram os paulistas no jogo de abertura da Copa. A capacidade dos brasileiros de deixar todos à vontade, de diminuir distâncias e agir como se o desconhecido de agora fosse um velho amigo, como fez, por sinal, um casal de paulistas. Ao ver dois croatas confusos em uma rua de São Paulo, eles pararam o carro, ofereceram ajuda e abrigaram os turistas em sua própria casa. Humilde, confortável e segura.

A cortesia do brasileiro é um santo remédio. Ninguém mais lembra de confusões.

Redação

18 Comentários

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  1. “A capacidade dos brasileiros

    “A capacidade dos brasileiros de deixar todos à vontade, de diminuir distâncias e agir como se o desconhecido de agora fosse um velho amigo, como fez, por sinal, um casal de paulistas. Ao ver dois croatas confusos em uma rua de São Paulo, eles pararam o carro, ofereceram ajuda e abrigaram os turistas em sua própria casa. Humilde, confortável e segura”:

    Gozado, so agora notei que ninguem sabe porque minha familia comecou a sair do Brasil ate hoje e depois uma revoada de vizinhos, eu nunca contei antes!

    Foi um incidente desses!!!  Mamae respondeu a porta e tinha uma americana pedindo pra ficar com a gente uns dias -estou falando de 67, talvez 68.  Ela era estudante, tinha escova de dentes e dentifricio proprio(!), e era muito legal, mas nao sabemos absolutamente nada a respeito dela ate hoje.  Eramos pauperrimos, nao tinhamos nem televisao, e ja eramos 13 pessoas.  Mamae deixou!

    Passadas poucas semanas, minhas irmas mais velhas comecaram a tramar sua saida do Brasil.  A primeira saiu.  Causou uma literal revoada de gente saindo do nosso bairro e de BH -uma das quais nunca voltou ate hoje nem pra visitar.  Dos meus irmaos, 40 por cento terminaria saindo do Brasil .  A primeira fujona voltou em 74.  Ainda somos 3 fora de la.

     

    (Vou perguntar minha irma pra ver se ela se lembra de mais algum detalhe sobre a visita, mas duvido muito.)

  2. Há 20 anos atrás num curso de

    Há 20 anos atrás num curso de mestrado na UFSC, lembro bem, como se fosse hoje, o professor Haidemann, um alemão de mais de 1,90 m, nos contou uma história de um casal de professores americanos que vieram para o Brasil para um temporada de aulas. Alugaram um apartamento e por aqui ficaram por uns tempos.

    Ao termino da temporada e ja preparando-se para o retorno, o marido ficou surpreso quando a esposa disse que não queria voltar mais para os EUA. Bom, final da história: ele teve que establecer um acordo com a esposa, de que a cada seis meses eles viriam passar um mês no Brasil.

    Esse é o nosso País.

  3. Luiz C. Benevides

    Este é o retrato do nosso maravilhoso povo, da sua imensa maioria. Precisamos tomar cuidado para não usar como referência do povo paulistano aquela corja rude,bárbara,grosseira que promoveu aquele espetáculo indigno contra a presidenta Dilma. O povo paulistano, certamente, repudia o ocorrido, assim como a enorme maioria dos brasileiros.

    Aliás, segundo o Aurélio, a palavra elite signica o que há de melhor numa sociedade, escol. E ralé, por sua vez, significa a camada social constituida de individuos desclassificados, delinquentes, escória, gentalha.

    Vamos dar nomes certos aos bois…

    Para prestar solidariedade à Dilma: http://www.avaaz.org/po/petition/Presidente_Dilma_Rousseff_Manifesto_de_apoio_respeito_e_solidariedade_a_nossa_Presidente/?cQjUYcb

    1. Sonho

      Caro Assis,

      Sou apaixonado por futebol…

      Esses últimos 5 dias é como se eu estivesse numa grande “matrix”, aonde eu estaria vivendo um sonho de criança!

      Ando muito, mas muito emocionado com essa Copa do Mundo aqui no Brasil e em especial aqui na minha Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro….

  4. Caro Nassif e demais[
    Aécio e

    Caro Nassif e demais[

    Aécio e demais coleguinhas, também querem acolher bem os estrangeiros, em especial, banqueiros, especuladores, compradores ds riquezas nacionais, mais do que nunca, ampliado pelos governos Lula/Dilma. Tudo gente boa.

    Saudações

  5. Deus é brasileiro

    Como explicar esta amorosidade inata do povo brasileiro?

    Acredito que dentre todos os outros povos no mundo existe esta tendencia inata de solidariedade, o problema são as elites que dominam, geralmente com truculencia, parasitismo e indiferença.

    Quem sabe, com o despertar nos povos, do sentimento de que cabe a eles repudiar com aqueles que lhes desprezam, façam deste mundo um lugar melhor de se viver.

  6. Mas, há os que vestem Prada

    A ignorância veste Prada

    A circulação de fatos nos tempos atuais ocorre de forma instantânea e dá visibilidade do que acontece nos requintados salões da sociedade.

    O que ocorreu no Itaquerão é o que se observa diariamente nas redes sociais com a diferença que desta vez a “elegance” brasileira foi vista por mais de um bilhão de pessoas conectadas à Copa em 200 países.

    A agressão à presidente Dilma não teve nada a ver com manifestação política, de fato representou de forma autêntica os valores e a bagagem de “refinamento” e “boas maneiras” de parte da sociedade brasileira, a mesma que teve condições de pagar para estarem presentes no setor mais caro do estádio.

    O que ficou claro para o mundo é que a nossa elite, ao contrário do que ela pensa sobre si, não passa de um bando animalesco vestido de Prada ressentido pelos avanços da democracia brasileira que tem conseguido inserir os excluídos na função protetora do Estado.

    A pretensa afabilidade dessa gente viajada e as demonstrações no estádio demonstram o descompasso, a falta de educação e a ignorância.

    Confundiram o que é ter um mínimo de educação, senso crítico e  direito de exercer o modelo de liberdade ao trocar  vaias pelas agressões televisionadas para o mundo, demonstrando a arrogância e prepotência típicas dos que vivem encastelados e fora de uma realidade de harmonia social mínima de convivência entre os diferenciados em qualquer democracia.

    Ficou posto e claro que lhes falta educação e cultura.

    Ficou posto e claro que lhes sobra o “complexo de vira-latas”, demonstrando a falsa superioridade (que pensam ter) quando agrediram a representante maior do seu próprio país em um evento oficial como compensação neurótica ao sentimento de inferioridade aos europeus e americanos do norte.

    A agressão à representante do país em um evento oficial que eles mesmos pagaram para comparecerem demonstrou que suas perspectivas sobre si mesmos são exageradas, irreais e menores do que pensam ter. Isso é o que torna a sociedade intolerante, pretensiosa e arrogante demonstrada de forma contundente para todo o mundo.

    É a pseudo-lucidez dos que pensam que vestir Prada é sinônimo de ser educado e elegante.

    http://assisprocura.blogspot.com.br/2014/06/a-ignorancia-veste-prada.html

  7. A cada dia que passa fica

    A cada dia que passa fica claro que esta Copa, que de acordo com vários ” formadores de opinião”, iria ser um retumbante fracasso e que mostraria nossa incompetência o mundo, pelo contrário, está sendo um enorme sucesso, comprovado pela imprensa mundial…Diante disso, eu grito com todas as forças dos meus pulmões : ei, cambada de vira-latas, vão tomar no c… ,vcs se f… rsrsr

  8. Concordo com seu texto, mas

    Concordo com seu texto, mas só lembro que quem vaiou e xingou a presidente não foram os paulistas, foram os brasileiros. Porque a abertura foi em SP, mas o público era paulista, catarinense, carioca, mineiro, cearense, etc…pois um jogo de copa é assim, gente de todos os lugares. Precisamos parar com essa estigma de que quem canta o hino à capela é o povo brasileiro, mas quem vaia a elite paulista.

    1. Nem paulistas nem brasileiros. Convidados VIP dos patrocinadores

      A vaia partiu da ala VIP do estádio, em especial do camarote do Banco Itaú. Esse pessoal está muito longe de representar seja os paulistas seja os brasileiros típicos. É a gente que quer o retrocesso do país, para o tempo em que o país era deles. 

  9. Há o caso do brasileiro que

    Há o caso do brasileiro que atravessou o afeganistão durante a era Bush munido da poderosa camisa canarinho. Amigo de todos, mesmo dos mais desconfiados. Deu até livro o que ele fez.

  10. Só quem não gosta dos

    Só quem não gosta dos brasileiros são uma minoria de brasileiros; os ressentidos, mal-amados que, a propósito, foram muito bem representados por aquele punhado de imbecis que injuriaram a senhora Dilma Rouseff. 

  11. Com muita pena dos

    Com muita pena dos portugueses. Quiseram fazer dos brasileiros uns  amargos, não estão conseguindo, pelo que estamos vendo !. Quiseram que não houvesse copa, não conseguiram e até estão indo aos estádios!. P/ vaiar e xingar nossa Presidenta !, mas ficaram com a boca azeda ao perceberem a onda de protestos contra o ato feio que o mundo todo viu.

    PSDB + Partido Superior  Da Baixaria.

      1. kkkkk As vezes a escrita não

        kkkkk As vezes a escrita não acompanha os pensamentos, né? Eu até fiquei com pena dos Portugueses por terem perdido por 4×0 p/ os Alemães.

        1. É, o pensamento é mais rápido…

          Eu ainda nao consigo pensar direto no computador, so a caneta. E só uso caneta gel, porque com esferográfica comum, o pensamento arranha no papel (rs, rs). 

  12. Cinco amigos americanos

    Cinco amigos americanos amigos meus estão aqui no Brasil há duas semanas e me dizem que estão adorando o País.

    É a primeira vez que veem para o Brasil e estão muito impressionados com a cortesia do povo.

    Há o problema da comunicação, de vez em quando, daí eles ligam para mim.

    No início meu celular tocava a cada cinco minutos.

    Agora toca a cada duas horas.

    Dizem que eles que estão impressionados com a gentileza do povo.

     

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