Temer taxa Netflix e a Globo agradece, por Altamiro Borges

Do blog do Miro

Temer taxa Netflix. Globo agradece!
 
A bondade presidencial atende a uma antiga demanda dos impérios midiáticos, que reclamavam da ‘concorrência desleal’ que fez desabar as audiências da TV.
 
por Altamiro Borges

Na virada do ano, o Judas Michel Temer deu mais um presentão às emissoras privadas que exploram as concessões públicas de rádio e tevê. Ele sancionou a lei complementar que determina a cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) para as transmissões online de áudio e vídeo, conforme publicação do Diário Oficial da União de sexta-feira (30). Desta forma, Netflix, Spotify e outros serviços online serão taxados, o que elevará os seus preços. A bondade presidencial atende a uma antiga demanda dos impérios midiáticos, que reclamavam da “concorrência desleal” que fez desabar as audiências das emissoras de tevê e rádio e diminuir os bilionários anúncios publicitários. 

Pelo projeto sancionado pelo usurpador também estão sujeitos à cobrança do imposto os serviços de “processamento, armazenamento, hospedagem de dados, textos, imagens, vídeos, páginas eletrônicas, aplicativos e sistemas de informação, entre outros formatos, e congêneres”. A produção de programas de computadores, “inclusive de jogos eletrônicos, também passa a ser taxada, assim como a disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da Internet”, informa o Diário Oficial. A alíquota mínima do imposto foi estipulada em 2%. A cobrança segue a regra de considerar que o ISS é devido ao município onde está a sede do prestador de serviço.

Queda de até 20% no faturamento

Na era da internet, as transmissões online de filmes, shows e de outros atrações afetaram duramente o modelo de negócios da mídia tradicional. Em artigo publicado no jornal A Tarde neste domingo (1), o jornalista Ricardo Feltrin demonstrou a gravidade da crise. “2016 não termina nada auspicioso para as TVs abertas. O ano foi difícil para toda a economia, e não foi diferente para as TVs: especialistas ouvidos pela coluna estimam que haverá retração de 10% a 20% no faturamento (dependendo da emissora), a despeito de o país ter sediado os Jogos Olímpicos do Rio”. Como efeito, “Record, SBT e Band terminam o ano fazendo cortes de custos e de equipes”.

“Perto das demais, a situação da Globo pode ser considerada fantástica. Afinal, ela é a única emissora aberta do país que continua registrando lucro líquido no final de suas operações. Record, SBT, Band e RedeTV! devem fechar 2016 com prejuízo ou no limite; mas a Globo segue num vibrante azul. Em 2015, por exemplo, o lucro líquido do Grupo Globo foi de cerca de R$ 2 bilhões. Deve ficar um pouco abaixo disso em 2016. Mas o grupo também tem novos percalços no ano que começa hoje, e o maior deles é o surgimento de concorrência pesada na TV por assinatura: agora há grupos tão ou mais fortes como o Turner (Esporte Interativo) e Fox”.
 
Já Maurício Stycer, outro especialista em mídia, publicou na Folha, em 25 de dezembro passado, um artigo que mostra os impactos diretos da internet no setor. Vale conferir:

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Demorou um pouco, mas a Globo, finalmente, aceitou que não há mais como trazer para a televisão linear parte do público que a trocou pela internet. O ano de 2016 se encerra com acenos explícitos a este espectador desinteressado em seguir a grade rígida da emissora. 
 
No último domingo (18), no início da tarde, no intervalo de ‘A Cara do Pai’, a Globo informou aos espectadores que o seu aplicativo online iria exibir às 16h30 um programa especial sobre os bastidores do ‘Melhores do Ano’, uma atração que a emissora programou para as 17h30. 
 
Ou seja, convidou o público a trocar a própria Globo, no momento em que estaria exibindo um filme, “O Espetacular Homem-Aranha”, pelo Globo Play (acessível via laptop, smartphone ou mesmo o próprio aparelho de TV), onde poderia ver o blogueiro Hugo Gloss entrevistando atores da emissora.

Não que a Globo tenha desistido da TV aberta. Pelo contrário. Ela ainda é, no Brasil, o principal motor da indústria audiovisual, na qual estão concentrados os maiores investimentos em publicidade e os principais esforços de criação. Mas me parece altamente simbólico o reconhecimento de que é preciso competir no mesmo campo em que outras gigantes já estão nadando de braçada. 
 
A Amazon, por exemplo, acaba de lançar o seu serviço de vídeo por streaming em 200 países. Ainda que o conteúdo oferecido deixe a desejar, convém lembrar, como fez o jornalista Andre Mermelstein, do Teletime, que o faturamento da Amazon é 15 vezes superior ao da Netflix -e, portanto, a sua capacidade de investir em conteúdo próprio e licenciamento é enorme”.
Nos Estados Unidos, a “velha mídia” já se deu conta, há mais tempo, da necessidade de se adequar aos novos tempos. O anúncio da compra da Time Warner pela AT&T em outubro, por US$ 85,4 bilhões, foi o sinal mais recente – e eloquente – de que é preciso se armar para a guerra.

Como disse Randall Stephenson, principal executivo da AT&T, assumir o controle da HBO e da Warner Bros., entre outros ativos, vai permitir à empresa oferecer conteúdo de vídeo on demand de maneira a compensar as perdas com a divisão de TV via satélite do grupo, a DirecTV.

Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, a legislação brasileira não permite que uma mesma empresa atue na produção de conteúdo e na sua distribuição, o que obrigará a AT&T, caso a fusão seja aprovada, a vender a Sky no Brasil. Trata-se da segunda maior empresa de TV por assinatura no país, com 5,3 milhões de assinantes.

No final de novembro, a AT&T lançou nos EUA o DirecTV Now, um serviço de streaming com 60 canais, incluindo alguns considerados indispensáveis, como ESPN e Disney, por US$ 35 mensais (cerca de R$ 115).

Como observou o “New York Times”, é um serviço claramente dirigido aos “cortadores de cabo”, ou seja, consumidores que desistiram de pagar por TV a cabo (ou satélite), mas dispõem de internet banda larga.

A associação entre plataformas que oferecem conteúdo audiovisual e provedores de internet, sem vinculação a operadoras de TV paga, é outra tendência dando seus primeiros passos no Brasil. A HBO lançou o seu serviço, seguida pela Crackle, ambas ainda limitadas a alguns Estados.

A crise econômica ainda ajuda quem aposta no atraso, mas o ritmo das mudanças parece mais acelerado do que nunca.

 
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Outras duas notícias recentes confirmam a crise no setor. Na semana passada, o SBT anunciou o fim do mais antigo telejornal da emissora, o “Jornal do SBT”, que era apresentado por Hermano Henning e estava no ar desde 1991. Num comunicado lacônico, a empresa de Silvio Santos alegou tratar-se “de uma nova estratégia na grade de programação”. Na prática, foi mais uma medida de corte de custos. Em julho passado, o “Jornal do SBT” já havia deixado de ser ao vivo e passou a ser gravado no final da noite, algumas horas antes de ir ao ar. Na época, a emissora estimou economizar cerca de R$ 1 milhão por ano com a medida, que reduziu gastos com horas extras e adicional noturno.
 
Outro notícia preocupante foi dada pelo mesmo Ricardo Feltrin, desta vez no site UOL. “Nas últimas semanas tanto a Kantar Ibope como a GfK começaram a divulgar alguns dados estatísticos a respeito do hábito de consumo dos telespectadores em outros aparelhos, que não as TVs. O Ibope, por exemplo, chegou a calcular que, em outubro, cerca de 5 milhões de indivíduos no Brasil assistiram a algum tipo de programa de TV de forma não-linear – o chamado TSV (Time Shifted Viewing) – por pelo menos 1 minuto. Ou seja, essas seriam as supostas pessoas que viram programas de TV por meio de ‘on demand’, ou deixaram atrações gravadas como futebol e novelas para ver depois, ou mesmo baixaram algum episódio de alguma série num pendrive, com a mesma finalidade”.

Mesmo questionando a validade destes números, o jornalista concluiu: “Quase NINGUÉM no Brasil assiste a conteúdo de televisão em celulares, laptops ou outros aparelhos. Isso mesmo. Com raras exceções, como um ou outro trecho de capítulo final de novela, um jogo de futebol ou algum trecho de episódio de reality show culinário (como o ‘Masterchef’ da Band), as emissoras entram em 2017 sem conseguir arrastar seus telespectadores para as outras telas. Em outras palavras, a audiência de TVs abertas ou pagas nos chamados ‘devices’ é equivalente a um inexpressivo traço de audiência. Zero… Eis um grande problema para as TVs não só para 2017 como para os anos vindouros: como fazer o público consumir seus produtos em outros aparelhos que não o caseiro televisor?”.

Redação

16 Comentários

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  1. O país sofreu um golpe de

    O país sofreu um golpe de estado… Então, é de se esperar que os governantes atuais atuem pelos interesses privados de alguns… E não pelo interesse do todo… Está havendo uma taxação generalizada… Infezlimente, quando aqueles que poderiam e deveriam pagar os seus impostos, não pagam… Sobram para os outros…

  2. De volta aos anos 80

    Próximo ação da muderna (assim mesmo com u)  administração semi-medieva; tornar todos os videos cassetes proibidos!!!

    Oooops alguém ainda usa VCR’s?

    Qual o próximo passo o retorno da TV P&B?  Assim retornariamos aos anos 60!

    Sr segura McFly!!!!!!!!!! Isto é coisa do Biff!

    Resultado de imagem para mcfly de volta para o futuro

  3. Concordo que o golpista possa

    Concordo que o golpista possa querer dar vida boa para Globo, SBT e cia, mas é indefensável que qq setor econômico não impostos. Não vejo motivo para que Netflix ou Spotify não paguem impostos.

    1. Mas quem disse que não pagam impostos?

      Pagam os impostos estabelecidos pela legislação. Agora impuseram o ISS pra deixar o serviço mais caro. Típico do empresariado brasileiro, ao invés de melhorar, baratear e diversificar o seu serviço, ele sabota o concorrente…

      1. Não sei se entendi a sua resposta…

        Mas o ISS não está sendo imposto para deixar o serviço mais caro. Trata-se apenas de isonomia. Todos os prestadores de serviços são obrigados por lei a pagar o ISS. Essa lei federal, que trata de tributação municipal, instituída em 2003, apenas foi atualizada para incluir os serviços de streaming.

        A turma está vendo sombras onde elas não existem. Quem hoje paga R$ 29,90 pelo Netflix, vai pagar, aqui em São Paulo, R$ 31,40. Convenhamos, vai ser muito pouca gente que vai deixar de assinar por conta dessa diferença.

        Não há justificativa para manter a isenção para os serviços de streaming. Apenas isso.

    2. Pelo visto você não é

      Pelo visto você não é assinante. Se fosse saberia que tanto a NETFLIX e a SPOTIFY detalham os impostos pagos em suas faturas…

      Isso é canslhice de golpista…

      para mim não muda nada…

      alias! Já mudei: não vejo TV aberta e no final de 2015 cancelei a TV paga… Não faz falta!

       

  4. Paradoxo?

    Neste post estão defendendo o inimigo do meu inimigo.Configura-se o velho provérbio: o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Ianques versus Globo, je suis americaine

    E nesta briga quem sofre somos nós que podemos usar estes dois serviços .Uma mixaria, mas para ajudar a Globo é considerada uma fortuna. E nem importa que os impostos tem fins sociais(se sobrar algum). Aff!

  5. Precisa endereço?

    A globo é o Mal.

    Enquanto existir globo o Brasil não acontecerá.

    Estamos numa guerra, se o inimigo é O Grande Império do Norte, o que é o seu braço, a sua extensão, aqui dentro do país?

    Os Marinhos transformaram o Brasil numa praça de guerra e todo o sangue derramado têm as mãos dos Marinhos.

    A rede e a ditadura dos milicos:

    Em telegrama ao Departamento de Estado norte-americano, embaixador Lincoln Gordon relata interlocução do dono da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e endurecimento do regime

    Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura Militar

    No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.

    Segundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.

    No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.

    No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a indicação, que acabou acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de jornais.

    No dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.

    Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho.

    Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura Militar

    Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura Militar

    O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens para surpresas. A diferença, agora, é confirmação documental.

    Fonte: MPortal

    Um novo Golpe aos brasileiros em 2016 e tudo fica por isso mesmo. 

    FORCA aos Marinhos, são traidores da Pátria. Forca em praça pública. Que o sangue seja o deles, desses ratos!!!!!

    1. exato, kkkkk. Tem 7 anos que

      exato, kkkkk. Tem 7 anos que só temos netflix em casa…melhor decisão que essa só os 12 anos que não abro a veja.

  6. Infelizmente não é ainda que a Globo morre

    A TV convencional, do controle remoto, morreu, só falta enterrar…

    Aqui no Pais deve durar mis um pouco por 2 motivos: a) pelo poder da Globo em manter uma plataforma monopólica que é a base da sua receita (vai sugar até o caroço) e, b) a dificuldade de pessoas idosas ou da geração passada, tem com a internet e as novas tecnologias. Estimo esse prazo em mais 15 ou 20 anos.

    Será suficiente para a Globo, com ajuda de governos oligarquicos (se precisar, cm certeza o Tio Sam dá uma força), manter e retomar o controle no monopólio das comunicações neste “imenso Portugal” como previu o Chico Buarque.

    Infelizmente…

     

  7. Vários absurdos

    E no resto do mundo , qual o tratamento tributário dado à NETFLIX ? Talveza medida tenha sido feita , em parte , para agradar à concorrência da GLOBO , mas não é tão absurdo assim taxar esse serviço . 

    Absurdo mesmo são os R$2bilhões de lucro da GLOBO que serão distribuídos à família Marinho na forma de dividendos não pagarem nenhum imposto , isso sim é absurdo . E logo vai vir um maldito dizer : mas já foram tributados como lucro na GLOBO. 

    Sim , sem dúvida. Mas é o lucro da pessoa jurídica , e os dividendos são o rendimento da pessoa física – coisas distintas. Além do que , justiça tributária ó para o rico não dá . Se toda a população paga vários impostos em cascata no seu consumo , por quê o rico não paga em seus rendimentos ? 

    Absurdo ainda é o governo federal distribuir mais de R$1bilhão por ano às emissoras abertas de TV na forma de propaganda . Se são concessões públicas , por que é que não têm a obrigação de ceder espaço publicitário gratuitamente para veicular propagandas oficiais ?

  8. Aproveito o imposto mais caro

    Aproveito o imposto mais caro para sugerir aos diletos comentaristas as seguintes séries e documentários da netflix:

    Gracie and Frankie

    The Fosters

    Requiem for the americam dream

    Amanda Knox

    Buena vista social club

    Oriented

    What happened miss Simone

    Não vou sugerir Narcos e House of cards, porque todo mundo já assistiu.

    Quem tem smart tv é só fazer a configuração e assistir em tela grande com som e imagem em hd, não precisa se limitar ao pc e smartphone.  

    Tem ainda o filme polonês Ida (Ana) que eu adorei.

    Isso é só um aperitivo.

    Aproveitem!

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