Filosofia: A Morte de Deus

A MORTE DE DEUS


“Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto, nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com deus, donde provém então a existência dos males? Por que razão não os impede?”.


Em um mundo cercado de publicidades e discursos que associam felicidade e realização à posse e ao desejo de possuir coisas, é difícil imaginar outra forma de ser feliz. O documentário questiona esse estilo de vida a partir da filosofia de Epicuro – que há milhares de anos já identificara o mesmo comportamento no povo grego. O trabalho interdisciplinar parte da análise do discurso publicitário para estudar mecanismos cognitivos que favorecem o desejo e, por fim, sugere a discussão do comportamento dos alunos a partir da criação de peças publicitárias de caráter epicuristas.

Epicurismo:
Sistema filosófico ensinado por Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C., e seguído depois por outros filósofos, chamados epicuristas.

Epicuro acreditava que o maior bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento corporal (aponia) através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada. Embora o epicurismo seja doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo (já que declara o prazer como o único valor intrínseco), a sua concepção da ausência de dor como o maior prazer e a sua apologia da vida simples tornam-no diferente do que vulgarmente se chama “hedonismo”.

A finalidade da filosofia de Epicuro não era teórica, mas sim bastante prática. Buscava sobretudo encontrar o sossego necessário para uma vida feliz e aprazível, na qual os temores perante o destino, os deuses ou a morte estavam definitivamente eliminados. Para isso fundamentava-se em uma teoria do conhecimento empirista, em uma física atomista e na ética.

No mundo mediterrânico antigo, a filosofia epicurista conquistou grande número de seguidores. Foi uma escola de pensamento muito proeminente por um período de sete séculos depois da morte do fundador. Posteriormente, quase relegou-se ao esquecimento devido ao início da Idade Média, período em que se perderam a maioria dos escritos deste filósofo grego.

A ideia que Epicuro tinha era a de que, para ser feliz, o homem necessitava de três coisas: liberdade, amizade e tempo para filosofar. Na Grécia Antiga, existia uma cidade na qual, em todas as paredes do mercado, se havia escrito toda a filosofia da felicidade de Epicuro, procurando conscientizar as pessoas que, comprar e possuir bens materiais, não as tornaria mais felizes, como elas acreditavam

Elaborado pelo escritor e produtor de televisão inglês Alain de Botton, o documentário, Filosofia: Um guia para a felicidade, consiste na apresentação e divulgação de ideias dos grandes filósofos ocidentais para um público leigo. A ideia geral do documentário é simplesmente mostrar como a filosofia pode servir de base para que as pessoas passem a questionar certos valores sociais rigidamente estabelecidos e, assim, serem capazes de suportar melhor as agruras do dia-a-dia das quais todos estamos sujeitos. Botton então apresenta parte da história de vida, de um filósofo diferente em cada episódio, ressaltando a ideia que deseja apresentar. Por vezes, ele também apresenta casos de indivíduos “normais” (ingleses) cuja vida foi ou pode vir a ser afetada diretamente por tais ideias.

Redação

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