SP : 44% Conservadores; 33% Liberais

[Esta é a primeira vez que vejo uma pesquisa assim, associando perguntas sobre Deus, Droga e LGBTs a preferências políticas. É uma feliz coincidência, pois recentemente falamos justamente sobre isso e sobre SP capital. Acho que vale a pena nos debruçarmos no relatório de pesquisa – e descobrir como o Datafolha encontra 44% de “conservadores” e 33% de “liberais” em S.P. O relatório está em: http://datafolha.folha.uol.com.br/po/tabelas.php?Tab_relatorio=1240 e o texto que comenta em http://datafolha.folha.uol.com.br/po/ver_po.php?session=1240 Pus algumas parte em negrito.]

Em São Paulo, conservadores são em maior número que liberais


A partir de uma série de questões envolvendo valores sociais, políticos e culturais, o Datafolha posicionou, pela primeira vez, os eleitores de São Paulo em uma escala de conservadorismo e liberalismo. Na maior cidade do país, de acordo com o estudo, os conservadores são em maior número do que os liberais, mas há um grupo intermediário, denominado aqui de mediano, que impede esses dois espectros sejam majoritários no eleitorado. 

Entre os cinco grupos encontrados no levantamento, os medianos são os que têm opiniões mais próximas da média dos eleitores paulistanos. Eles se colocam entre liberais, extremo-liberais, conservadores e extremo-conservadores. 

No total, os medianos somam 23% do eleitorado. No lado conservador, 34% são conservadores, e outros 10%, extremo-conservadores. No espectro oposto há 27% considerados liberais, que se somam a 6% de extremo-liberais. Dentro desses grupos, há diferenças de perfil, região onde moram, candidatos em que votam e candidatos que rejeitam, como mostra a análise por segmentos a seguir. 

REGIÃO LESTE TEM MAIS CONSERVADORES, E SUL, MAIS EXTREMO-LIBERAIS

De forma geral, a fatia de extremo-conservadores tem mais homens do que a média do eleitorado paulistano (61% no segmento, 46% de forma geral). É o único grupo em que os homens são maioria. No grupo de liberais, por outro lado, a taxa de mulheres chega a 58%, e fica em 57% entre os medianos (ante 54% para a média dos eleitores). 

Com idade média de 49,1 anos, os extremo-conservadores são mais velhos do que o eleitorado de forma geral (42,2 anos). A idade média cai conforme se avança em direção ao liberalismo: entre os conservadores, 42,9 anos; entre medianos, 41,1 anos; entre liberais, 40,7 anos; e entre extremo-liberais, 37,1 anos. 

A idade acima da média entre os extremo-conservadores é explicada pela maior presença de eleitores com 60 anos ou mais (30%, ante 17% no eleitorado). Esse grupo também tem mais eleitores com ensino fundamental (42%, ante 33% em média) e mais católicos (54%, ante 47% em média). Quanto à região em que moram, há um índice acima da média de extremo-convervadores na região Leste (39%, ante 33%), principalmente na região Leste 1 (21%, ante 15%), que engloba Penha, Mooca, Tatuapé, Carrão e Vila Matilde, entre outros distritos. Devido à idade média mais alta, esse grupo também tem um percentual acima da média de aposentados (19%, ante 11% no eleitorado). 

Os conservadores se alinham à média do eleitorado paulistano na maior parte dos segmentos, com exceção da escolaridade, no qual ficam mais próximos dos extremo-conservadores. Nesse grupo, a fatia de eleitores com ensino fundamental também fica acima da média (em 39%), e a de eleitores com curso superior, abaixo da média (19%, ante 25% em geral). 

Entre os medianos, há 19% de eleitores com 24 anos ou menos (ante 15% em média). Fica acima da média, nesse grupo, a fatia dos que estudaram até o ensino médio (48%, ante 42% de forma geral). Os que têm o PT como partido de preferência somam 24%, o maior índice entre os grupos. Há também uma concentração acima da média de medianos na região Norte (24%, ante 20% em geral), com destaque para a região Norte 2 (17%, ante 13% no eleitorado), que abriga distritos como Pirituba, Casa Verde e Freguesia do Ó, entre outros. 

O perfil dos eleitores liberais é similar ao dos eleitores de forma geral. A exceção é a idade média, mais baixa, reflexo da faixa de eleitores de 25 a 34 anos – 28%, maior do que no eleitorado, que fica em 23%.
No segmento extremo-liberal, metade (49%) dos eleitores tem 35 anos ou menos, ante 38% na média dos eleitores. Além de mais jovem, esse é o grupo mais escolarizado: 58% têm curso superior, índice que fica em 25% no eleitorado.. Também fica acima da média o índice de ateus (8%, ante 1% no eleitorado), de eleitores sem religião (20%, ante 10%) e de espíritas kardecistas ou espiritualistas (13%, ante 6%). 

Na comparação com o eleitorado, há mais extremo-liberais que fazem parte da PEA (População Economicamente Ativa), com destaque para funcionários públicos (12%, ante 2% em média). Eles estão mais presentes na região Sul (36% a 29% para o total de eleitores), principalmente na Sul 1, (16% a 9%), que abrange distritos como Moema, Ipiranga, Vila Mariana e Campo Belo; e na região Oeste (23% a 9%), onde se localizam Pinheiros, Barra Funda, Perdizes e Morumbi, entre outros. Esse também é o grupo mais rico: 47% têm renda média familiar de 5 salários ou mais por mês, índice que fica em 23% para o total de eleitores. Sobre a preferência partidária, destaque para a taxa dos que dizem ter preferência pelo PSOL, que chega a 5%, ante 1% no eleitorado. 

PREFERÊNCIA POR RUSSOMANNO É AINDA MAIOR ENTRE CONSERVADORES

Com 35% das intenções de voto de forma geral, o candidato do PRB, Celso Russomanno, obtém um índice ainda maior entre os conservadores (41%), mas vê a preferência por seu nome recuar para 21% entre os extremo-liberais. 

Segundo colocado na disputa, José Serra (PSDB) fica com 24% entre os extremo-conservadores, ante a preferência de 21% que tem entre os eleitores em geral. No espectro oposto, entre os extremo-liberais, o tucano tem seu menor índice de voto: 16%. 

É justamente entre os extremo-liberais que o candidato do PT, Fernando Haddad, se sai melhor. Ele tem 24% das indicações entre os posicionados nesse grupo, ante 15% entre os eleitores em geral. Na fatia dos extremo-liberais se destacam também Soninha (PPS), que passa de 4% na média do eleitorado para 10% nesse segmento, e Carlos Gianazzi (PSOL), que vai de 1% para 6%

Entre os medianos, Chalita fica com 11%, ante 8%, em média. 

O grau de rejeição dos candidatos também sofre variações de acordo com o grupo de eleitores. Com 44% de rejeição entre os eleitores de forma geral, Serra vê esse índice subir para 51% entre os extremo-liberais. Essa tendência é ainda mais forte quando o nome é Russomanno: o líder de intenção de voto é rejeitado por 19% dos eleitores de São Paulo, mas entre os extremo-liberais esse índice salta para 42%. A rejeição a Haddad, nesse grupo, é menor: 15%, ante 23% em média. 

Entre os extremo-conservadores, porém, a rejeição ao petista sobe e atinge 30%. 

No grupo em que tem a maior votação, Russomanno tem também uma rejeição abaixo da média: entre os conservadores, 14% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. 

Em um segundo turno disputado agora entre Russomanno e Serra, haveria empate (38% a 35%) entre os extremo-liberais, com 26% dos eleitores optando por votar em branco, nulo ou nenhum. Nos demais grupos, o candidato do PRB venceria. 

Num confronto entre Russomanno e Haddad, o petista venceria por 55% a 33% entre os extremo-liberais e perderia nos demais grupos. 

Se a disputa ficasse entre Serra e Haddad, o tucano ganharia apenas entre os extremo-conservadores (47% a 34%), e haveria empate entre os conservadores (42% para Serra, 40% para o nome do PT). Entre medianos, liberais e extremo-liberais, Haddad venceria. 

EXTREMOS DO ELEITORADO DIVERGEM SOBRE DEUS, DROGAS E POBREZA

Para chegar aos grupos apresentados neste estudo, o Datafolha elaborou uma série de perguntas em que, diante de duas frases sobre o mesmo tema, mas com conotação diversa, os eleitores optariam por uma delas.

Dentre essas frases, a que mais dividiu os paulistanos se referia à pena de morte. A maioria (56%), concordou que “não cabe à Justiça matar uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um crime grave”, mas 41% disseram concordar que “a pena de morte é a melhor punição para indivíduos que cometem crimes graves”. Entre os extremo-liberais, 95% concordaram com a primeira frase, índice que cai conforme se avança em direção ao outro lado, e fica em 17% entre os extremo-conservadores (nesse grupo, 74% concordam com a segunda frase). 

As posições com maior vantagem sobre suas alternativas diziam respeito à religião e uso de drogas. Para 79%, “acreditar em Deus torna as pessoas melhores”, enquanto 20% dizem acreditar que “acreditar em Deus não necessariamente torna uma pessoa melhor”. Entre os extremo-conservadores, chega a 90% o índice dos que afirmam acreditar que crer em Deus torna uma pessoa melhor. Entre os liberais, esse índice fica abaixo da média, mas permanece alto: 72%. Apenas entre os extremo-liberais essa posição é minoritária: 31% concordam com ela, e 69% dizem que acreditar em Deus não torna uma pessoa melhor. 

No caso das drogas, 81% dizem concordar mais que “o uso de drogas deve ser proibido porque toda a sociedade sofre com as consequências” do que “o uso de drogas não deve ser proibido, porque é o usuário que sofre com as consequências”, posição adotada por 17%. A escolha pela proibição do uso de drogas é majoritária mesmo entre os extremo-liberais, mas com índice abaixo da média (57%). O mesmo ocorre no eleitorado liberal (70%). 

Entre os eleitores paulistanos, 60% dizem concordar que “a maior causa da criminalidade é a maldade das pessoas”, e 36% dizem acreditar que “a maior causa da criminalidade é a falta de oportunidades iguais para todos”. Entre os liberais, 59% concordam com a última posição, índice que chega a 92% entre os extremo-liberais. No outro espectro, 90% dos extremo-conservadores dizem concordar com a primeira posição. 

Ainda na fatia dos extremo-conservadores, 54% dizem concordar que “pessoas pobres de outros países e Estados que vêm trabalhar em São Paulo acabam criando problemas para a cidade”, ante 28% do eleitorado paulistano. A maioria, nesse caso, concordam mais que “pessoas pobres de outros países e Estados que vêm trabalhar em São Paulo contribuem com o desenvolvimento e a cultura da cidade”. 

A causa da pobreza também é vista de forma diferente pelos diferentes grupos. De forma geral, 70% dizem concordar mais que “boa parte da pobreza está ligada à falta de oportunidades iguais para que todos possam subir na vida” do que com “boa parte da pobreza está ligada à preguiça de pessoas que não querem trabalhar”. Entre os conservadores, porém, essa última posição fica com índice acima da média (em 39%), e vai a 66% entre os extremo-conservadores. 

Também são maioria (70%), em São Paulo, os que dizem que “o homessexualismo deve ser aceito por toda a sociedade”, enquanto 23% afirmam concordar que “o homossexualismo deve ser desencorajado por toda a sociedade”. Entre os extremo-conservadores, no entanto, 45% concordam mais com a segunda sentença, e 19% não souberam responder.

Redação

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