Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Brasil, a tempestade perfeita, por Andre Motta Araujo

A  tempestade perfeita se consolida só faltando seu capítulo final que será inevitável, a CRISE SOCIAL, porque cem milhões, no mínimo, de pobres tiveram queda relativa ou absoluta de renda de sobrevivência

Foto Jornal Extra Classe

Brasil, a tempestade perfeita

por Andre Motta Araujo

Lideranças históricas do País, alguns cérebros pensantes com larga experiência na vida pública, intelectuais e comentaristas, jornalistas, muitos vaticinam a iminente queda de Bolsonaro por causa de uma sucessão de erros e atitudes cometidos e a cometer, todo dia eles acontecem, não há um dia calmo. Mas é preciso uma análise a frio da situação, dos elementos em jogo, do quadro geral de temperatura e pressão no País, é possível uma análise, mas não um prognóstico, porque o acaso é sempre rei.

Bolsonaro está tranquilo porque não há FATORES REAIS DE OPOSIÇÃO ao poder que ele representa no Palácio do Planalto, acolitado por uma chusma de apoiadores ruins, mas ativos, dispostos a defender o chefe, não importa em que situação, não importa que posturas e atitudes o chefe tome, é a linha do Duce, do condutor de almas.

O CONGRESSO

Como foi possível o Senado eleger como seu Presidente, e portanto também Presidente do Congresso, um político absolutamente desconhecido, sem biografia, sem relevância, em vez de eleger o óbvio postulante, Renan Calheiros, de larga experiência em crises, corajoso ao extremo, o homem certo para um período turbulento que já se previa com Bolsonaro? O Presidente eleito, já no primeiro minuto, está ávido por servir ao Planalto, seu sonho é provinciano, tudo o que precisa está no outro lado da praça dos Três Poderes, não tem visão nacional, projeto de Estado, o sonho é uma Prefeitura onde já tentou ser o titular e não conseguiu. Renan seria hoje o homem certo no momento certo.

Na Câmara, o Presidente tem maior estatura, mas ainda não chegou à altura da crise aguda onde estamos, o excesso de cautela é sua marca registrada mesmo porque não é uma liderança nacional, sua votação costuma ser exígua e sua área de atuação local, mais ainda, está cercado por um Centrão louco por oferecer seus préstimos ao Planalto.

Conheci Carlos Lacerda nos primeiros dias de Abril de 1964, ele vinha a São Paulo toda 6ª feira, estava em campanha para ser Presidente, foi logo nos primeiros dias de abril, recebia  lideranças paulistas no mezanino da agência do Banco do Estado da Guanabara, na Av. Ipiranga, quase esquina da São João, ele era então Governador do Estado da Guanabara e um dos comandantes civis do movimento militar de 31 de março. Lacerda impressionava pela vibração, era um líder nato onde estivesse, se fosse hoje teria derrubado Bolsonaro nos primeiros quinze dias de Governo, não tinha medo de nada, voz de rádio, vasta cultura, foi o tradutor no Brasil dos livros de Churchill. Onde está um Lacerda de hoje? Não há, nem sombra.

Lacerda tinha sido comunista na juventude, o pai, Mauricio de Lacerda, foi um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil. Lacerda percorreu o caminho da esquerda para a direita porque era um espírito inquieto, como foi Oswaldo Aranha, revolucionário de 30, depois Ministro da Fazenda inovador e criativo e depois diplomata de nível mundial com papel relevante na criação das Nações Unidas, personalidade também inquieta, poliforme, como foi Vargas, um conservador de direita na década de 30 e depois nacional desenvolvimentista na década de 50,  enquanto criava a PETROBRAS jogava golfe com ingleses no Gávea Golf Club,.

Espíritos mutantes, evolutivos, multifacetados, que diferença dos monotrilhos de hoje, sonsos, rasos, pequeninos, solenes em miudezas, incapazes de um gesto alto, pequenos espíritos com uma só nota na alma, sem amplidão de cenários, cozinheiros de um prato só, ou só fisiológicos, como os do Centrão, ou só cautelosos, como a alta burocracia, ou idiotas pomposos como certas figuras referenciais inúteis. Ninguém de brilho, de coragem, como havia em pletora nas décadas de 30, 40, 50 e até 60.

O JUDICIÁRIO

Um ou outro Ministro mais corajoso, mas até certo ponto, os mais antigos e mais experientes enfrentam mais, os mais novos da Era PT são peso leve, daí não sairá enfrentamento a quem tem muito mais força, as da rua e as do Exército. O STJ é mais frágil ainda, o Executivo não encontra problemas na área, apenas fogos de artificio.

O Ministério Público Federal tem um problema de origem, o seu Chefe maior foi escolhido por Bolsonaro e pode ir até certo ponto, mas daí não vai passar.

Mas há de lembrar que desse ninho saiu o movimento que permitiu a Bolsonaro ser Presidente, foi com o MPF e do Judiciário que se limpou o terreno para o bolsonarismo.

AS FORÇAS ARMADAS

É hoje a maior incógnita do Governo Bolsonaro. Até que ponto são sócias do Poder?  Generais da ativa e na ativa estão no Palácio, mas representam eles o Alto Comando ou operam a título individual? Os Generais de hoje não têm a ousadia da geração de 64, personagens que vieram do tenentismo, do Estado Novo e da Segunda Guerra, como Cordeiro de Farias, Geisel, Figueiredo. Os Generais de hoje não tiveram anteriormente EXPERIÊNCIA POLÍTICA, como tiveram os de 64, poucos lembram que Geisel, ainda Tenente, foi Secretário da Fazenda da Paraíba em 31, nomeado por Getulio, Cordeiro criou a Escola Superior de Guerra e foi Interventor no Rio Grande do Sul e em Pernambuco, portanto com vivência e experiência na luta política antes de 64. Os de hoje não tiveram essa vivência e caíram de repente no poder do Palácio liderados por um ex-capitão populista.

OS MERCADOS

Apoiadores de primeira hora de Bolsonaro, por identificarem nele uma liderança conservadora, especialmente com a aderência de um operador de mercado como Ministro.

Guedes não tem qualquer experiência, visão ou interesse em políticas públicas que configuram em qualquer grande País a essência de uma POLÍTICA ECONÔMICA DE PAÍS, ele é apenas um homem de mercado e veste essa camisa desbotada das “reformas” e nada mais, sem uma função MACRO que exige toda uma ideia de Nação e não simplesmente do “mercado”, que é apenas parte da economia como um todo e com a pandemia ficou parte menor ainda, esse pequeno homem de pequenas ideias fez com que esse “mercado” de gente apenas egoísta e gananciosa, completamente desinteressada do País como um todo, mas poderosa por suas conexões com o exterior, apoiasse esse governo amalucado, formado por medíocres e lunáticos, apenas porque Guedes é o ” nosso” Ministro. O mercado tem que pagar um alto preço por essa adesão impensada.

A CLASSE MÉDIA

Aderiu e apoiou de forma avassaladora a eleição de Bolsonaro, porque ela, como o “mercado” no geral, está se lixando para o País. Cuida apenas de sua própria vidinha, sonha com a Disney e Miami, com o bom apartamento para o filho, o resto da pobrelândia que se lixe, NÃO TEM CONSCIÊNCIA DE PAÍS, como tem um francês ou um alemão.

A classe média burra e egoísta, NÃO SÃO TODOS, há uma classe média pequena, culta e solidária, mas a maioria é esse trem de insensatos que votou em um deputado do baixíssimo clero de sete mandatos, QUE NÃO ENGANOU NINGUÉM. Bolsonaro foi o mais transparente dos candidatos, nem tem capacidade para enganar, ele é o que é e sempre foi, um tosco e primário, não tem sequer cultura política para ser de direita no sentido ideológico, apenas segue uma onda que julga ter futuro. Esse candidato foi apoiado por uma vasta classe média afluente, especialmente no eixo Rio-São Paulo-BH, interior de São Paulo, norte do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Nordeste com séculos de experiência política, não embarcou geralmente nessa canoa furada, MAS o fanatismo de raiz estava no eixo interior de SP+ norte do Paraná + Santa Catarina, essa classe média está hoje meio perdida, está vendo, porque só um cego não vê, o desastre de uma  administração errática, incompetente, alucinada, podia ser autoritária, como o Governo de 64, mas minimamente eficiente, mas é só muito mais autoritária e de uma ineficiência caótica, misturada com religião de incultos, fanatismo primitivo, teorias conspiratórias, aliciamento de malucos para altos cargos, não falta nada nesse museu de horrores, MAS e aí classe média?

Vai continuar a apoiar até a beira do abismo quando seus empregos e poupanças forem para o ralo, o que será absolutamente certo.

A CLASSE POBRE

A mais sacrificada, vai conhecer as catacumbas do inferno, sem renda, sem serviço de saúde, sem transporte, sem moradia, sem escola, numa escala PIOR QUE QUALQUER OUTRO GOVERNO. Vai sofrer muito, mas carece de forças e representação para reagir, vai sofrer uma devastação na pandemia, no desemprego, na falta de tudo, especialmente de esperança, tosquiados no pouco que resta por “pastores” e sem lideranças que não sejam milicianos apoiadores do caos. A classe pobre vai passar pelo período mais difícil do País desde 1930, pelo menos que aprendam a votar com mais discernimento, que a experiência sirva de lição para várias gerações.

A TEMPESTADE PERFEITA

A maior pandemia dos últimos cem anos, combinada com uma crise econômica que já a precedia, mais um governo monumentalmente incompetente, errático, prisioneiro de ideologias sem nenhum sentido prático ou antenadas com a realidade geopolítica mundial, um completo desmonte da máquina pública que mal ou bem já estava estruturada no meio ambiente, educação, cultura, saúde, diplomacia, tudo isso somado a uma equipe econômica saudosista dos anos 70 do século passado, com ideias que já eram defasadas em 2000 e foram completamente sepultadas na crise financeira de 2008 e agora mais do que antes, ideias fósseis baseadas em miragens como concessões e privatizações que se pretende como viáveis em um cenário onde investidores retiraram US$55 bilhões do País, pela absoluta descrença na sua pandemia econômica e caos político, mesmo assim essa equipe jurássica mantém seu catecismo medieval e nem cogita em ação pelo Estado para resgatar a economia. A  tempestade perfeita se consolida só faltando seu capítulo final que será inevitável, a CRISE SOCIAL, porque cem milhões, no mínimo, de pobres tiveram queda relativa ou absoluta de renda de sobrevivência, o auxilio emergencial é meramente simbólico, quando aparece e será, segundo a equipe Copa 70, apenas por três meses, “para não afetar as contas públicas”.

A tempestade social será a maior do Brasil República, pobres levados à fome absoluta não tem nada a perder e são o barril de pólvora da revolta social, como os pobres de Paris de 1789. Por essas ironias da História, a pandemia encontrou no seu momento terrível o pior dos governos dos últimos 200 anos, incapaz de qualquer mitigação de seus efeitos, indiferente a mortes e sofrimento, com um Congresso amorfo e em grande parte fisiológico, com lideranças políticas como anestesiadas e cada uma com seu projeto pessoal alheio ao quadro macro do País. Lideranças empresariais apalermadas, quando em 1964 foram decisivas para tirar um Presidente do poder, é a TEMPESTADE PERFEITA em um dos maiores países do mundo.

O FUTURO

O que a História nos diz? O futuro pode ser construído pelo acaso ou pelo método, a situação atual de um País caminhando para o abismo terá quem resgate?

As Forças Armadas estão hoje dentro do Poder, mas também estão fora, podem ser um fator decisivo, um Congresso pronto a servir a quem tenha a caneta do Orçamento não tem, a não ser em condições excepcionais, poder de reação frente a um governo audacioso como é esse, com tropa de baderneiros na rua.

Mas o acaso pode agir, como o General Olímpio Mourão Filho agiu em 64, sem combinar com ninguém, desceu a tropa de Juiz de Fora a frente do 4º Regimento de Infantaria e desencadeou o movimento de 31 de março. Um racha nas F.A. é o que sempre ocorreu na História desde 1889, escrevi um artigo sobre isso, o capital político das F.A. está em risco, elas são uma instituição de Estado e não estão a serviço de um grupo que quer permanecer no poder a qualquer custo, resta ver se esse lampejo ocorre.

Há outra variável importante, a eleição americana de Novembro, uma vitória Democrata muda as peças do jogo geopolítico mundial e enfraquece o regime aqui.

Outra variável é a economia, os “mercados” que apoiam qualquer um que satisfaça seu curto prazo, podem ver o curto prazo também afundar e retirar seu apoio que até hoje é total ao “neoliberal anos 70” Guedes, que não entregou até hoje nada do que dizia que iria entregar, mas o mercado ainda o apoia até o velório, afinal ele está torrando reservas duramente acumuladas nos governos do PT para permitir a FUGA DE CAPITAL dos mercados para o exterior, um serviço bem prestado até agora.

Resta o grande ator da História, o ACASO, uma roleta do destino, pode acontecer em qualquer contexto e esse ninguém pode prever, quem em Novembro de 2019 iria prever a Pandemia Corona-19? Esse acaso costuma aprontar peças e ser o fósforo aceso em paiol de pólvora, o palco está pronto para a peça começar.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

22 Comentários

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  1. Como dizia o Millôr Fernandes:
    Todo mundo sempre fala que o Brasil está na beira do abismo, mas ninguém pensou que o abismo é a solução.

  2. Como o Artigo do André é um verdadeiro despautério nem vou respondê-lo vou simplesmente reescrevê-lo sob o meu ponto de vista com a mesma estrutura.
    Aguardem, sairá logo.

  3. Não é um artigo, é um desabafo. Saudosista e desiludido. Tristes tempos onde nosso passado, nada glorioso, torna-se referencia para um futuro.

    1. Concordo com a parte onde dizes: Tristes tempos onde nosso passado, nada glorioso, torna-se referencia para um futuro.
      Mas eu não tenho saudade do passado, quem gosta de passado é historiador.

  4. Muito bom. Um dos melhores artigos que o André M. Araujo escreveu aqui no GGN. Impossível concordar com tudo, pois se fala de muito. Mas isso é irrelevante, pois o que importa é o perspicaz quadro geral de nossa tragédia apresentado pelo autor.

  5. Não sei porque, mas o Brasil nos últimos 5 anos me lembra a Rússia pós comunismo, até a chegada de Putin. Será que a situação de baderna é parecida?
    Uma observação: os apoiadores do Bolsonaro que vão às ruas (pelo menos aqui em São Paulo, capital) são bem covardes. Basta ver que um grupo de torcedores de futebol se opôs a essa turma nas ruas e os bolsonaristas bateram em retirada. A impressão que tenho que bolsonaristas nas ruas são ligados à gabinetes de parlamentares da base de apoio do presidente (estaduais e federais), que saem às ruas para causar impacto em redes sociais, mas não estão preparados para enfrentamento real.

    Como disse o sr. André, tudo indica que o sr. Acaso irá mudar os rumos do Brasil..

    1. Seriam baderneiros de boutique?

      Sempre os há, roqueiros de boutique, punks de boutique………… desses que ladram mas não mordem…..o problema é que no.meio se.infiltram abilolados de toda a sorte dispostos a tudo….

  6. Quando problematizastes a Classe Média e os bolsonaristas neste e em outro texto, esquecestes que eles estariam sofrendo no governo Bolsonaro com algo muito caro a eles: a alta do Dólar e do Euro.
    Se considerastes isso, precisaras tipificar os bolsonaristas de outra forma.

  7. Se continuar do jeito que está, em um cenário pós-pandemia, com a.continuidade de total ausência de políticas sociais e de distribuição de.renda, prevejo caos.social e revoltas populares..o povo com fome, desempregado e desesperançoso..não terá bispo petencostal nem rede de televisão que armoteça a ausência de direitos

  8. Apesar de estar colaborando com o isolamento, eu, e muitos, estamos confinados “forçosamente” pela pandemia. Ela entristece, traz lamentos, traz belos exemplos e me traz a lembrança do Capital Inicial:

    Eu não consigo mais me concentrar
    Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
    Já estou vendo TV como companhia
    Sob um leve desespero
    Que me leva, que me leva daqui
    Talvez se você entendesse
    O que está acontecendo
    Poderia me explicar
    Eu não saio do meu canto
    As paredes me impedem
    Eu só queria me divertir
    As paredes me impedem
    Eu já estou vendo TV como companhia
    Sob um leve desespero
    Que me leva, que me leva daqui
    Sob um leve desespero
    Que me leva, que me leva daqui

  9. Apesar de estar colaborando com o isolamento, eu, e muitos, estamos confinados “forçosamente” pela pandemia. Ela entristece, traz lamentos, traz belos exemplos e me traz a lembrança do Capital Inicial:

    Eu não consigo mais me concentrar
    Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
    Já estou vendo TV como companhia
    Sob um leve desespero
    Que me leva, que me leva daqui
    Talvez se você entendesse
    O que está acontecendo
    Poderia me explicar
    Eu não saio do meu canto
    As paredes me impedem
    Eu só queria me divertir
    As paredes me impedem
    Eu já estou vendo TV como companhia
    Sob um leve desespero
    Que me leva, que me leva daqui
    Sob um leve desespero
    Que me leva, que me leva daqui

  10. A tempestade prevista.
    Numa situação internacional instável que mais tempo ou menos tempo ocorreria qualquer imprevisto ou perfeitamente previsível como a globalização de alguma epidemia (coronavírus foram 3 num intervalo de 18 anos Sars, Mhers e Covid-19, sem contar outras de outras famílias de vírus, como AIDS, Marburg, Ebola, H5N1, Nipah, H1N1, H7N9, A febre do Vale do Rift, Chikungunya, Zika, Sarampo, Dengue no mesmo período).
    Como quem domina a comunicação, as finanças, as forças armadas, polícia e as principais trupes políticas, sendo que quem estava na oposição foi fraca e frouxa não levando uma pauta popular real de mobilização do povo, o atual representante legítimo de toda a oligarquia brasileira e internacional, um tal de tenente que quase foi expulso do exército.
    Infelizmente para os oligarcas que pensavam ver um Duce ou um Führer que mandaria a esquerda para a ponta da praia, mas elegeram um trapalhão que tem que receber ordens diretas do Império a cada passo, e com uma inabilidade cavalar consegue ele mesmo fazer a oposição a si mesmo, aqueles que os colocaram no poder, procuram uma saída sem que entorne o caldo.
    O CONGRESSO.
    Como sempre temos no senado pulhas subservientes as classes oligárquicas, ingenuamente chamadas de classes produtoras, elegeram como sempre mais um fantoche facilmente manobrável, que como um fantoche quando não tem ninguém para segurar as cordas ele não sabe para onde vai. Os fantoches anteriores, que tinham capacidade de se movimentar durante quinze minutos de forma autônoma, foram devidamente denunciados por erros cometidos no passado e utilizados para desmoralizar mais ainda a classe política já desmoralizada desde o tempo do Império e preparar que o governo pudesse ser mantido por qualquer idiota fascista sem a presença de algum piolho que incomodasse um protótipo tropical de líder.
    Na Câmara, onde o número de votos é mais difícil de comprar (devido ao preço total, não o unitário), foi eleito um “gordinho fofo” que a cada vez que consegue enrabar o povo criando alguma contrarreforma para isso, chora que nem um bebê.
    Tive a sorte de não conhecer nenhum político da UDN do passado, como um tal de Corvo (porque deste apelido não sei, talvez porque grasnava e comia qualquer porcaria), pois quem chefia um governo estadual em que mendigos são submetidos a mais cruel e real higienização de uma cidade, jogando os “presuntos” no rio da Guarda, ironicamente desagua no Rio Bangu, o manancial da maior obra de saneamento do criminoso, não merece comparação nem com os mais sujos dos sujos políticos palacianos no dias atuais. Poderia além de Corvo e outros apelidos poderia chamar um dos maiores cornos (no sentido figurado) da política brasileira, pois durante décadas conspirou contra tudo que posse se chamar de projeto nacional, pois o seu projeto era pessoal, mudando de posição política desde comunista no início da sua vida, a conservador e finalmente golpista contra o golpe que ele mesmo armou e foi devidamente ENGANADO por aqueles que ajudou a botar no poder.
    O judiciário (coloquei em minúsculas porque realmente ele merece).
    O judiciário brasileiro consegue ser o mais submisso do pseudopoderes da República, mas talvez seja desculpável pois nas obras de Montesquieu na realidade não existe este terceiro poder, mas por imposição das milhares de obras de direito eles citam como este autor francês tenha criado essa divisão, o que é uma falsidade intelectual de quem escreve ou simples ignorância da obra de Montesquieu (ele cita os poderes do Estado, legislar, executar e julgar, mas não fala em um poder autônomo para julgar e equivalente aos outros http://dictionnaire-montesquieu.ens-lyon.fr/fr/article/1376427308/fr/). Devido essa aberração teórica cria-se a ideia de um poder autônomo, entretanto como Montesquieu prescreve o poder de julgar pode ser exercido pelo legislativo e executivo. Porém o poder judiciário no Brasil é e sempre foi um poder atrelado á oligarquia, ou seja, pode até ser independente dos outros poderes, mas como prende pobres e liberta os ricos fica claro que não é um poder democrático, é um braço das classes dominantes, logo o que se pode esperar do judiciário é o que ele entrega, a proteção dos dominantes contra os dominados. Se alguém rouba duas latas de sardinha pode e muitas vezes o é preso, por outro lado quem rouba milhões no máximo sempre sai lépido e satisfeito de uma curta permanência em uma prisão especial.
    Forças armadas (de novo em minúscula).
    São forças de quem detém o poder através das armas, por isso se chamam armadas, teoricamente deveriam ser utilizadas para a defesa de nossas fronteiras, porém excetuando situações excepcionais, onde reservistas civis são chamados para lutar enquanto 2/3 dos militares ficam no conforto de suas casernas para treinar os bucha de canhões civis. Talvez aqui fique a menção que as tropas mais especializadas (marinha e aeronáutica) são chamadas para confrontos externos quando eles ocorrem a cada século, porém o objetivo dessas forças são garantir a propriedade dos oligopólios, e isto fazem correntemente.
    MERCADOS
    Conheço muito bem os supermercados, os mercadinhos e as feiras públicas, pois o resto é uma abstração teórica para nos enganar, como por exemplo os que participam do chamados componentes das pesquisas Focus, um bando de picaretas que dizem qualquer coisa para dirigir o banco que manda na moeda e suas previsões são verdadeiras obras de Horóscopo de Jornal, ou seja, qualquer coisa para enganar os trochas. Se olharem as expectativas de crescimento do PIB em 2019 verão que elas começam o ano com 2,59 e só acertam em 31 de dezembro do ano em 1,14, ou seja, bota previsão sem a mínima vergonha.
    Em resumo, exceto os mercados que conheço, o resto não existe.
    CLASSE MÉDIA.
    O que é isso?
    CLASSE POBRE.
    No tempo em que ainda tinha cabelo, se chamava proletariado e campesinato, hoje em dia chama-se classe pobre, ou seja, não deixam de ser pobres, mas são aqueles que estão trabalhando para manter a luz, a água e os supermercados cheios enquanto os demais se escondem.
    A TEMPESTADE PREVISTA.
    O produto de todo este imbróglio deveria ser exatamente o que está acontecendo, pois se tivéssemos as condições para o verdadeiro afastamento físico de um de outro, e tivéssemos governos que conseguem sem quase nenhum recurso assegurar a integridade do seu povo, por exemplo, como o Vietnam não haveria tempestade nenhuma, haveria simplesmente uma garoa que nos molharia e uma ou outra pessoas escorregaria no chão e quebraria uma perna. Logo como diz o ditado, quem semeia vento colhe tempestade, e séculos de exclusão social aumentarão a miséria do povo e das “classes médias”.
    FUTURO
    Depende, pode ser a miséria ou pode ser a solução.

  11. O povo brasileiro escolheu para Presidente um capitão fascista, ignorante, psicopata, terrorista e amigo de milicianos. Auxiliado por generais entreguistas e centenas de oficias da Forças Armadas, o Brasil é comandado (?) por um GOVERNO DE MILITARES.
    A doutrinação nas Academias Militares é eficiente e o resultado está escancarado nas nossas caras.

  12. Caro André,
    É o fim do começo o que estamos vivemos, como disse Churchill após El Alamein.
    A única coisa que segue firme é a “agenda econômica”, a neoliberal.
    Por enquanto estão engordando o dragão da inflação. Em breve abrirão a porta da jaula “sem querer”.
    Teremos uma depressão com baixa inflação e depois uma estagflação? É o que me parece…
    Imagine a dívida pública subindo mais, queda das receitas, câmbio desvalorizado e a Selic a 10%..ou mais…com as taxas americanas subindo…
    Enfim, isso, num segundo mandato de Jair messias, o Bozo. Ou do agente moro, o Conge. Ou do apresentador Hulk! Ou do préfake Doria. Ou ainda do general anticomunista ( todos são!) mourão….qualquer um destes “conduzindo” um país cuja economia estará sendo capitaneada pelo Guedes.
    É de lascar!

  13. Esqueceu de mencionar a lava jato. E sobre as eleicões americanas não devemos esquecer que a espionagem ao governo Dilma e a Petrobras se deu sob a gestão democrata de Obama. Além das tabelinhas da lava jato com autoridades americanas.

  14. Esse trecho, como diria Bob Jefferson O Imortal, despertou em mim meus desejos mais primitivos :
    “A classe pobre vai passar pelo período mais difícil do País desde 1930, pelo menos que aprendam a votar com mais discernimento, que a experiência sirva de lição para várias gerações.”

    Primeiro, classe pobre que foi tão bem criada e aumentada pela elite-raiz, André, que você representa. Todos os índices vergonhosos de esgoto, moradia, saúde não foram obras de Bolsonaro, mas, pelo menos, desde os anos 50 quando o país começou a se torna predominantemente urbano. E hoje são esses locais precários que são as câmaras de gás a espera do coronavírus, nessa Awshivitz a céu aberto que está virando o país .
    Sobre a questão do voto, em 2018 teve um detalhe que você não analisa = havia muitos eleitores dessa classe ( e falo isso como testemunha) que votariam de olho fechado em Lula se ele não tivesse sido impedido de concorrer da maneira que sabemos como, o lance mais ousado de Moro. Mas quando viram que não seria ele, votaram em Bolsonaro. E as pesquisas mostravam isso = o único que certamente poderia derrotar Bolsonaro, depois da facada, era Lula. E grande parte dessa votação viriam das classes pobres, pois elas tinham um sentimento de gratidão pela melhora econômica que tiveram durante o governo dele.

    Quando esse pesadelo passar, não duvido que saiam a caça dos pobres periféricos que votaram em Bolsonaro (ainda mais que tem uma gente do ‘bem’ que prega que os 57 milhões de eleitores do Bolsonaro são assassinos e coisas afins ) – enquanto os que apoiaram com dinheiro (os bancos) e mídia (os Marinhos) provavelmente estarão celebrando acordos com as novas forças políticas. Muito parecido com o que aconteceu na França pós libertação nazistas = há fotos de mulheres que por se envolverem com soldados alemães tiveram seus cabelos raspados e foram consideradas párias onde moravam; enquanto isso, gente da elite francesa continuava se dando bem – e até teve um participante do regime de Vichy que mandou na França por 14 anos, Mitterrand.

  15. Como disse o gênio Tom Jobim em uma de suas músicas clássicas: ” É pau, é pedra, é o fim do caminho”.
    O maior mérito do artigo do André é a ausência de qualquer ilusão sobre a existência de uma saída para o horror no qual estamos mergulhados.
    Se amanhã o Fascista decretasse o fechamento do Congresso venal, do STF ultraconservador, se desse sinal verde para as prisões de opositores e eliminação física de seus desafetos e lideranças democráticas, receio que nada seria possível fazer para enfrentar a ditadura aberta. Já se sabe que os que estão no poder, inclusive os militares, não teriam pruridos em mandar metralhar sem piedade o povo. Talvez nem seja necessário uma ditadura aberta, veja-se como está sendo governada a Hungria.
    Abraço a todos e vamos à luta

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