ELN e governo da Colômbia suspendem ações ofensivas às vésperas de cessar-fogo

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Comando Central do ELN ordenou aos seus integrantes que "cessassem todas as atividades militares ofensivas" contra as Forças Armadas e polícia

Desde que as Farc ingressaram na política institucional, o ELN passou a ser a maior guerrilha colombiana, com 2,3 mil membros. Foto: ELN-Paz

Estão suspensas a partir desta quinta-feira (7) as operações ofensivas das Forças Armadas da Colômbia contra o grupo Exército de Libertação Nacional (ELN). O presidente Gustavo Petro assinou ontem um decreto com o fim das hostilidades.  

O Comando Central do ELN, por seu lado, emitiu um comunicado no qual anuncia a ordem aos seus membros para “cessarem todas as atividades militares ofensivas” e de inteligência “contra as Forças Militares e policiais” nesta quinta. 

Sob inspiração da Revolução Cubana e da Teologia da Libertação, o ELN é o último grupo insurgente com ação nacional reconhecido na Colômbia após os Acordos de Paz de 2016.

Com cerca de 2,3 mil membros, a maior presença do grupo guerrilheiro se concentra nos departamentos de Arauca, Cauca, Chocó, Nariño, Catatumbo e Antioquia, segundo a Fundação Paz e Reconciliação (Pares).

Acordo Nacional

Num discurso durante a entrega da Constituição Política que reconhece os direitos do campesinato, Petro sublinhou que o país caminha para um acordo nacional com o ELN definitivo, tal como com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)

No caso das Farc, após o acordo, sete mil guerrilheiros ingressaram na vida civil, entregaram as armas e se transformaram num partido, o Força Alternativa Revolucionária do Comum. 

No entanto, mais mil destes guerrilheiros já foram mortos principalmente por grupos paramilitares de extrema-direita, o que representa uma violação do acordo feito entre as Farc e o governo. A ELN teme por isso.   

De qualquer modo, a suspensão iniciada nesta quinta antecipa em um mês a entrada em vigor de um cessar-fogo bilateral, celebrado há alguns meses entre governo e ELN, que vigorará de 3 de agosto a 29 de janeiro de 2024.

Ordem de cessação 

A ordem de cessação das operações entre as partes está em conformidade com o mais recente acordo assinado em Havana, Cuba, durante o terceiro ciclo das mesas de negociação entre o governo colombiano e o ELN.

O cessar-fogo entre as partes foi acertado no início de junho passado em Havana, como parte dos acordos retomados em novembro de 2022.

O decreto possui um dispositivo chamado “cessar-fogo bilateral temporário de carácter nacional”, e pode ser prorrogado depois de a mesa de diálogo de paz ter apreciado os relatórios do mecanismo de monitorização e verificação.

Histórico do ELN

O ELN é uma organização guerrilheira de inspiração comunista e de caráter político-militar, criado em Simacota a 4 de julho de 1964, por Fabio Vasquez Castaño, inspirado pela experiência bem-sucedida da Revolução Cubana. 

A organização teve o seu apogeu durante a segunda metade da década de 1990, altura em que contou com cerca de 35 mil guerrilheiros.  

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