O lado mais sujo da Monsanto

O grupo americano Monsanto[1] é um gigante no agronegócio – e é o número um na área da controvertida tecnologia genética “verde”. Para seus opositores, a Monsanto é um inimigo assustador. E continuam acontecendo coisas intrigantes que fazem o inimigo parecer ainda mais aterrorizante.
 
No mês passado, a organização europeia protetora do meio ambiente “Amigos da Terra” e a Federação para meio Ambiente e Proteção à Natureza Deutschland (BUND) quiseram apresentar um estudo sobre os efeitos do herbicida glifosato no corpo humano. Os herbicidas que contêm glifosato são carros-chefes da Monsanto. A empresa fatura mais de dois bilhões de dólares somente com o agente Roundup. Os “herbicidas Roundup”, assim sustenta a Monsanto, “têm uma longa história de uso seguro em mais de 100 países”.
 
Quando os vírus atacaram seus computadores, os ativistas se indagaram: será que estamos vendo fantasmas?
 
Entretanto existem também pesquisas alegando que o agente possivelmente cause prejuízos a plantas e animais; e o estudo mais recente demonstra que muitos moradores de grandes cidades vivem com o veneno no próprio corpo, sem terem conhecimento disso. Como tantas outra coisas relacionadas a esse assunto, é discutível o que exatamente o pesticida é capaz de provocar no organismo humano.
 
Dois dias antes da publicação do estudo em dezoito países, um vírus paralisou o computador do principal organizador, Adrian Bepp. Houve ameaça de cancelamento das entrevistas coletivas em Viena, Bruxelas e Berlin. “Surgiu pânico”, lembra Heike Moldenhauer da BUND. Os ativistas do meio ambiente viram-se correndo contra o tempo.
 
Moldenhauer e seus colegas tinham feito diversas especulações sobre os motivos e a identidade do misterioso agressor. A especialista em tecnologia genética do BUND acredita que o principal objetivo do desconhecido fornecedor do vírus tenha sido “gerar confusão”. Não há nada pior para uma pesquisa do que cancelar uma coletiva da imprensa. “E nós ficamos nos perguntando se estávamos vendo fantasmas”, diz Moldenhauer.
 
Não há nenhum indício de que Monsanto tenha sido o fantasma, ou que tenha algo a ver com o vírus. O grupo sustenta que não faria algo assim. Preza “agir com responsabilidade”: “hoje em dia é muito fácil fazer uma afirmação e de difundi-la”, diz a Monsanto. Dessa forma, prossegue “periodicamente são feitas afirmações duvidosas e populistas que denigrem nosso trabalho e nossos produtos, carecendo de qualquer abordagem científica.”
 
Os críticos do grupo têm outra visão. Ela tem a ver com a espessa trama tecida ao redor do mundo pela Monsanto, cujos entroncamentos estão localizados nos serviços secretos norte-americanos, nas suas forças armadas, em empresas de segurança privadas e, é claro, também junto ao governo dos EUA.
 
Um número expressivo de críticos da Monsanto relata ataques cibernéticos regulares, praticados com gabarito profissional. Também os serviços secretos e o serviço militar gostam de contratar hackers e programadores. Estes são especialistas em desenvolver cavalos de troia e vírus para penetrar em redes de computadores alheios. O ex-agente da CIA Edward Snowden chamou atenção ao nexo entre as ações dos serviços de notícias e as movimentações da economia. No entanto, esta ligação perdeu força diante das demais denúncias.
 
Alguns dos poderosos defensores da Monsanto entendem bastante do assunto da guerra cibernética. “Imagine a internet como uma arma que está sobre a mesa. Ou você a pega, ou seu concorrente irá fazê-lo, mas alguém será morto”, foi o que disse Jay Byrne em 2001, quando era chefe de relações públicas na Monsanto.
 
É comum empresas lutarem com métodos escusos em função daquilo que consideram como seu direito, como sendo o certo. Porém, os termos “amigo ou inimigo”, “ele ou eu” já denotam linguagem de guerra. E numa guerra é preciso ter aliados – por exemplo, aqueles instalados no serviço secreto.
 
São conhecidos os contatos da Monsanto com o notório ex-agente secreto Joseph Cofer Black, que colaborou na formulação da “lei da selva”, na “campanha anti-terror” de George W. Bush. Ele é especialista para trabalho sujo, da linha dura. Trabalhou para a CIA durante quase trinta anos, sendo inclusive o chefe “antiterrorista”. Mais tarde seria o vice-presidente da empresa de segurança particular Blackwater, que mandou milhares de mercenários para o Iraque e o Afeganistão.
 
Pesquisas mostram como são estreitos os laços da direção da empresa com o governo central em Washington e com representações diplomáticas dos EUA no mundo inteiro. A Monsanto tem auxiliares eficazes em diversos lugares. Antigos colabores da corporação ocupam altos postos nos EUA, em departamentos governamentais e ministérios, em federações da indústria e universidades. Por vezes, são relações quase simbióticas. De acordo com informações da organização anti-lobby Open Secrets, no ano passado 16 lobistas da Monsanto ocuparam cargos de alto nível no governo norte-americano e em agências reguladoras.
 
Para a empresa, trata-se de ocupar novos mercados e em vender alimentos a uma população mundial que cresce em ritmo alucinante. A engenharia genética e as patentes relacionadas com plantas desempenham um papel importante nesse contexto. Nos Estados Unidos, o milho e soja geneticamente modificados representam 90% dos cultivos — e este percentual cresce de modo constante também no resto do mundo.
 
Apenas no mercado europeu, nada acontece. Diversos países da União Europeia (UE) têm muitas restrições com relação ao futuro da Monsanto, o que visivelmente desagrada ao governo dos EUA. No ano de 2009, Ilse Aigner, Ministra da Alimentação, Agricultura e Proteção ao Consumidor da Alemanha, filiada ao Partido da União Social-Cristã, havia banido o tipo de milho MON810 também dos campos alemães.
 
Ao viajar logo depois para os Estados Unidos, foi interpelada pelo colega americano Tom Vilsack, com respeito à Monsanto. O político, do Partido Democrata, havia sido governador no estado federal Iowa, de característica rural, e logo tornou-se adepto dos transgênicos. Em 2001, foi eleito pela bioindústria como “governador do ano”.
 
Infelizmente, não há registro da conversa entre Vilsack e Aigner. Dizem que foi controvertida. Um representante do governo federal alemão descreve o tom do diálogo da seguinte forma: houve “esforços maciços de forçar uma mudança de rumo dos alemães com respeito à política genética”. A fonte da informação não quis se pronunciar sobre o tipo dos “esforços maciços”, nem sobre a tentativa de “forçar” alguma coisa. Isto não se faz entre amigos ou parceiros.
 
Graças a Snowden e ao Wikileaks, o mundo pode imaginar o que acontece entre amigos e parceiros, quando o poder e o dinheiro estão em jogo. Dois anos atrás, o Wikileaks publicou despachos diplomáticos, que incluíam detalhes sobre a Monsanto e a engenharia genética.
 
Em 2007, por exemplo, o então embaixador norte-americano em Paris, Craig Stapleton, sugeriu ao governo dos EUA que elaborasse uma lista suja dos países da União Europeia que estivessem dispostos a proibir o plantio de sementes geneticamente modificadas por empresas norte-americanas. O teor da mensagem secreta: “A equipe parisiense sugere propor uma lista de medidas de retaliação que irá causar dores à Europa”. “Dores”, “retaliação” – a rigor, essa não é exatamente a linguagem da diplomacia.
 
A luta pela autorização do famoso milho geneticamente manipulado MON810 na Europa foi conduzida pela Monsanto com muito trabalho de lobby – e ao final, a empresa perdeu por completo. O produto foi banido inclusive dos mercados prestigiados da França e da Alemanha. Uma aliança entre políticos, agricultores e pessoas relacionadas às igrejas recusou a engenharia genética nas plantações, e os consumidores não a querem em seus pratos.
 
No entanto, a batalha ainda não terminou. Nas negociações iniciadas nos mês passado entre os EUA e a UE, sobre um tratado de “livre” comércio, os Estados Unidos esperam, entre outras coisas, uma abertura dos mercados para a tecnologia genética.
 
Com o Tratado de Livre Comércio, EUA querem abrir o mercado de transgênicos na Europa
 
Fazer lobby por uma empresa nacional no exterior é algo visto como dever cívico, nos EUA. Há muito, as mais significativas entre os dezesseis agências de inteligência norte-americanas entendem seu trabalho como apoio aos interesses econômicos norte-americanos no cenário mundial. Alegando combater o terrorismo, não somente espionam governos, órgãos públicos e cidadãos, mas também empenham-se — do seu modo muito peculiar — a favor de interesses econômicos do país.
 
Alguns exemplos:
 
Várias décadas atrás, quando o Japão ainda não era uma potência econômica, surgiu nos Estados Unidos a pesquisa “Japão 2000”, elaborada por um colaborador do Rochester Institute of Technology (RIT). Através de uma “política comercial temerária”, assim dizia o estudo, o Japão estaria planejando uma espécie de conquista do mundo, e os perdedores seriam os EUA. A segurança nacional dos Estados Unidos estaria ameaçada e a CIA deu o grito de guerra.
 
Na competição global, a economia norte-americana tinha que ser protegida dos “dirty tricks”, os truques sujos dos europeus, declarou o ex diretor da CIA James Woolsey. Por esta razão, os “amigos do continente europeu” estariam sendo espionados: os Estados Unidos são limpos…
Edward Snowden esteve certa vez pela CIA na Suíça, e há dias relatou a maneira como a empresa teria tentado envolver um banqueiro suíço na espionagem de dados bancários. A União Europeia permitiu aos serviços norte-americanos examinar em profundidade os negócios financeiros de seus cidadãos. Segundo dizem, o objetivo é secar as fontes financeiras do terror. Os meios e os fins, entretanto, são altamente discutíveis.
Na Suíça, que anteriormente foi palco de muitas histórias de agentes, desenrolou-se um dos episódios que tornaram a Monsanto particularmente misteriosa: em janeiro de 2008, o ex agente da CIA Cofer Black viajou para Zurique para encontrar-se com Kevin Wilson, na época, o responsável pela segurança para questões globais. A pergunta, a respeito do que os dois homens estariam falando, ficou no ar. Certamente os assuntos eram os de sempre: opositores, negócios, inimigos mortais…
 
O jornalista investigativo Jeremy Scahill, autor da obra sobre a empresa de mercenários Blackwater, escreveu em 2010, no jornal semanal americano The Nation, sobre esse estranho encontro em Zurique. Tinha recebido documentos vazados, a respeito do assunto. Deixavam claro que a Monsanto estava querendo se defender contra ativistas que queriam destruir suas plantações experimentais; contra críticos que se posicionavam contra a empresa de modificação genética.
 
Cofer Black era, para todos os efeitos, a pessoa certa: “Vamos tirar as luvas de pelica”, havia declarado após os ataques de 11 de setembro, conclamando seus agentes da CIA a livrar-se de Osama bin Laden no Afeganistão: “Apanhem-no: quero a cabeça dele dentro de uma caixa”. Mas ele também entende muito do outro negócio do serviço secreto; aquele que opera com fontes de acesso público.
 
Ao encontrar-se com Wilson, dirigente de segurança na Monsanto, Cofer Black ainda era vice na Blackwater, cujos clientes eram, entre outros, o Pentágono, o Departamento de Estado, a CIA, e logicamente, empresas particulares. Mas em janeiro de 2008 houve muitos tumultos, pois 17 civis foram assassinados no Iraque por mercenários da empresa de segurança, e alguns homens da Blackwater chamaram atenção de funcionários do governo iraquiano devido a atos de suborno.
 
Acontece que Cofer Black, na época, era também o chefe da empresa de segurança Total Intelligence Solutions (TIS), uma subsidiára da Blackwater, e que, apesar de sua reputação menos devastadora, contava também com “experts” excelentes e versáteis…
 
De acordo com as próprias informações, a Monsanto fez negócio, na época, com a TIS e não com a Blackwater. Era inquestionável que a Monsanto fora abastecida pela TIS, com relatórios sobre as atividades dos críticos – as quais poderiam representar um risco para a empresa, seus colaboradores ou seus negócios operacionais. Fazia parte tanto coletar informações sobre ataques terroristas na Ásia quanto escanear páginas da internet e blogs. A Monsanto frisava que a TIS, obviamente, só tinha usado material de acesso público…
 
Isso corresponderia aos métodos de Cofer Black. Então – nada de ações escusas.
 
Costumava haver boatos frequentes de que a Monsanto quisera assumir o controle da TIS, objetivando a sua segurança geral. E hoje surgem novos rumores, segundo os quais o grupo estaria avaliando a possibilidade de assumir a empresa Academi, que formou-se após reorganizações da antiga Blackwater.
 
Será que os rumores procedem? “Em geral, não discutimos os detalhes do nosso relacionamento com os prestadores de serviço – a não ser que essas informações já estejam disponíveis ao público”, foi a única resposta da Monsanto.
 
Toda empresa possui a sua própria história, e da história da Monsanto faz parte um assunto que queimou sua imagem não apenas junto aos hippies: no passado, a Monsanto esteve na linha de frente dos produtores do pesticida “Agente Laranja”, utilizado até janeiro de 1971 na guerra do Vietnã pelos militares norte-americanos.
 
Os constantes bombardeios químicos desfolhavam as florestas para tornar o inimigo visível. Os campos eram envenenados para que o vietcong não tivesse mais nada para comer. Nas áreas pulverizadas multiplicou-se por dez o número de nascimentos de crianças com anomalias; nasciam sem nariz, sem olhos, com hidrocefalia ou fendas no rosto – e as forças armadas dos EUA asseguravam que o produto da Monsanto seria tão inofensivo quanto a Aspirina.
 
Será que na guerra, tudo é permitido? Principalmente na moderna guerra cibernética?
 
Chama atenção o fato de que alguém esteja dificultando, hoje, a vida dos críticos da Monsanto, ou que alguma mão invisível esteja interrompendo carreiras. Mas, quem é esse alguém? São alvos de ataque cientistas como a australiana Judy Carman, que, entre outros, tornou-se conhecida com pesquisas de produtos transgênicos. Suas publicações são questionadas por professores, os mesmos que tentam minimizar a importância dos estudos de outros críticos da Monsanto.
 
Mas o assunto não se resume a escaramuças nos círculos científicos. Pois diversas páginas da internet onde Carman publica suas pesquisas, tornam-se alvo de ataques cibernéticos e, segundo impressão de pesquisadora, são sistematicamente observadas. Exames do IP de seu site demonstram que não apenas a Monsanto acessa regularmente essas páginas, mas também diversos órgãos do governo norte-americano ligados às forças armadas.
 
Entre outros, o Navy Network Information Center, a Federal Aviation Administration e o United States Army Intelligence Center, um órgão do exército para o treinamento de soldados em tarefas de espionagem. O interesse da Monsanto nessas pesquisas pode ser observado, também no caso de Carman. “Mas não entendo, por que o governo americano e o exército mandam me observar“, diz ela.
 
Coisas estranhas aconteceram também com a GM Watch, uma organização crítica da engenharia genética. A colaboradora Claire Robinson fala de ataques cibernéticos constantes à página desde 2007. “Toda vez em que aumentamos a segurança do site, nossos oponentes tornam-se mais tenazes e seguem novos ataques, ainda piores”, explica. Também neste caso não se acredita em coincidência.
 
Em 2012, quando o cientista francês Eric Séralini publicou uma pesquisa bombástica sobre os riscos à saúde representados pelo milho transgênico e o glifosato, o site da GM Watch foi atacado e bloqueado. Isso se repetiu quando foi publicado o posicionamento do órgão europeu de inspeção alimentar, a EFSA. Em ambos os casos, o momento foi habilmente escolhido: no exato instante em que os editores tentavam publicar os textos. Não foi possível determinar quem estava por trás dos ataques.
 
A própria Monsanto, como já foi dito, faz questão de frisar que opera “com responsabilidade“.
 
No entanto, é fato que a empresa tem muitos interesses em jogo. Trata-se de projetos legislativos, e em especial, das negociações em curso, relacionadas ao Tratado de “livre” comércio entre EUA e UE. Os capítulos sobre Agricultura e Indústria Alimentícia são particularmente delicados. Os norte-americanos têm como meta a abertura dos mercados europeus para os produtos até então proibidos. Ao lado das plantas transgênicas, estão incluídos aditivos controversos e a carne bovina tratada com hormônios. As negociações certamente ainda vão se arrastar por alguns anos.
 
O assunto é polêmico e as negociações serão duras. Por isso, o presidente Barack Obama apontou Islam Siddiqui como chefe das negociações agrícolas. Como especialista, trabalhou durante muitos anos para o ministério de Agricultura americano.
 
Mas, o que poucos sabem na Europa: de 2001 a 2008 ele representou, como lobista registrado, a CropLife America, uma associação industrial que representa os interesses de produtores de pesticidas e produtos transgênicos. Entre eles, é claro, a Monsanto. “A rigor, a UE não poderia aceitar tal interlocutor, devido a seus interesses, opina Manfred Häusling que representa o Partido Verde no parlamento europeu.
 
Englentich, a rigor. No médio-alto alemão, esta palavra (eigentlich) sinificava “servil”, o que não seria uma má descrição do cenário atual — onde os políticos europeus, e em especial os alemães, revelam uma atitude de surpreendente aceitação, diante do fato de serem espionados com regularidade por órgãos norte-americanos.
 
Nota
 
[1] A Monsanto é o a maior empresa agrária do mundo, e também a que lidera a engenharia genética. Em 2012, o grupo ampliou seu faturamento em 14%, em comparação ao ano anterior, chegando a 13,5 bilhões de dólares. O lucro subiu 25%, atingindo dois bilhões de dólares. No mundo todo, a empresa emprega 21.500 trabalhadores e tem filiais em mais de 50 países.
 
Sua fundação data de 1901, pelo norte-americano John Queeny em St. Louis, no estado de Missouri. O nome foi uma homenagem à família de sua esposa. Primeiro, Queeny produziu o adoçante sacarina. Em pouco tempo, o fabricante de bebidas Coca-Cola passa a fazer parte de seus clientes. Logo depois da I Guerra Mundial, a Monsanto entrou no ramo dos produtos químicos.
 
Sua ascensão foi rápida. Em 1927, ingressou na bolsa de valores, e ampliou sua atuação no setor químico, incluindo adubos e fibras sintéticas. Investiu até mesmo na indústria petrolífera. Depois da guerra do Vietnã, a Monsanto passou a focar mais intensamente o setor agrário, o desenvolvimento de herbicidas e em seguida a produção de sementes.
 
Nos anos oitenta, a biotecnologia foi declarada seu alvo estratégico. O próximo passo foi a modificação consequente para uma empresa agrícola – e os outros segmentos foram deixados de lado.
 
Por Marianne Falck, Hans Leyendecker e Silvia Liebrich, no Süddeutsche Zeitung. Tradução de Regina Richau Frazão para o Outras Palavras.O lado mais sujo da Monsanto
O grupo americano Monsanto[1] é um gigante no agronegócio – e é o número um na área da controvertida tecnologia genética “verde”. Para seus opositores, a Monsanto é um inimigo assustador. E continuam acontecendo coisas intrigantes que fazem o inimigo parecer ainda mais aterrorizante.
 
No mês passado, a organização europeia protetora do meio ambiente “Amigos da Terra” e a Federação para meio Ambiente e Proteção à Natureza Deutschland (BUND) quiseram apresentar um estudo sobre os efeitos do herbicida glifosato no corpo humano. Os herbicidas que contêm glifosato são carros-chefes da Monsanto. A empresa fatura mais de dois bilhões de dólares somente com o agente Roundup. Os “herbicidas Roundup”, assim sustenta a Monsanto, “têm uma longa história de uso seguro em mais de 100 países”.
 
Quando os vírus atacaram seus computadores, os ativistas se indagaram: será que estamos vendo fantasmas?
 
Entretanto existem também pesquisas alegando que o agente possivelmente cause prejuízos a plantas e animais; e o estudo mais recente demonstra que muitos moradores de grandes cidades vivem com o veneno no próprio corpo, sem terem conhecimento disso. Como tantas outra coisas relacionadas a esse assunto, é discutível o que exatamente o pesticida é capaz de provocar no organismo humano.
 
Dois dias antes da publicação do estudo em dezoito países, um vírus paralisou o computador do principal organizador, Adrian Bepp. Houve ameaça de cancelamento das entrevistas coletivas em Viena, Bruxelas e Berlin. “Surgiu pânico”, lembra Heike Moldenhauer da BUND. Os ativistas do meio ambiente viram-se correndo contra o tempo.
 
Moldenhauer e seus colegas tinham feito diversas especulações sobre os motivos e a identidade do misterioso agressor. A especialista em tecnologia genética do BUND acredita que o principal objetivo do desconhecido fornecedor do vírus tenha sido “gerar confusão”. Não há nada pior para uma pesquisa do que cancelar uma coletiva da imprensa. “E nós ficamos nos perguntando se estávamos vendo fantasmas”, diz Moldenhauer.
 
Não há nenhum indício de que Monsanto tenha sido o fantasma, ou que tenha algo a ver com o vírus. O grupo sustenta que não faria algo assim. Preza “agir com responsabilidade”: “hoje em dia é muito fácil fazer uma afirmação e de difundi-la”, diz a Monsanto. Dessa forma, prossegue “periodicamente são feitas afirmações duvidosas e populistas que denigrem nosso trabalho e nossos produtos, carecendo de qualquer abordagem científica.”
 
Os críticos do grupo têm outra visão. Ela tem a ver com a espessa trama tecida ao redor do mundo pela Monsanto, cujos entroncamentos estão localizados nos serviços secretos norte-americanos, nas suas forças armadas, em empresas de segurança privadas e, é claro, também junto ao governo dos EUA.
 
Um número expressivo de críticos da Monsanto relata ataques cibernéticos regulares, praticados com gabarito profissional. Também os serviços secretos e o serviço militar gostam de contratar hackers e programadores. Estes são especialistas em desenvolver cavalos de tróia e vírus para penetrar em redes de computadores alheios. O ex-agente da CIA Edward Snowden chamou atenção ao nexo entre as ações dos serviços de notícias e as movimentações da economia. No entanto, esta ligação perdeu força diante das demais denúncias.
 
Alguns dos poderosos defensores da Monsanto entendem bastante do assunto da guerra cibernética. “Imagine a internet como uma arma que está sobre a mesa. Ou você a pega, ou seu concorrente irá fazê-lo, mas alguém será morto”, foi o que disse Jay Byrne em 2001, quando era chefe de relações públicas na Monsanto.
 
É comum empresas lutarem com métodos escusos em função daquilo que consideram como seu direito, como sendo o certo. Porém, os termos “amigo ou inimigo”, “ele ou eu” já denotam linguagem de guerra. E numa guerra é preciso ter aliados – por exemplo, aqueles instalados no serviço secreto.
 
São conhecidos os contatos da Monsanto com o notório ex-agente secreto Joseph Cofer Black, que colaborou na formulação da “lei da selva”, na “campanha anti-terror” de George W. Bush. Ele é especialista para trabalho sujo, da linha dura. Trabalhou para a CIA durante quase trinta anos, sendo inclusive o chefe “antiterrorista”. Mais tarde seria o vice-presidente da empresa de segurança particular Blackwater, que mandou milhares de mercenários para o Iraque e o Afeganistão.
 
Pesquisas mostram como são estreitos os laços da direção da empresa com o governo central em Washington e com representações diplomáticas dos EUA no mundo inteiro. A Monsanto tem auxiliares eficazes em diversos lugares. Antigos colabores da corporação ocupam altos postos nos EUA, em departamentos governamentais e ministérios, em federações da indústria e universidades. Por vezes, são relações quase simbióticas. De acordo com informações da organização anti-lobby Open Secrets, no ano passado 16 lobistas da Monsanto ocuparam cargos de alto nível no governo norte-americano e em agências reguladoras.
 
Para a empresa, trata-se de ocupar novos mercados e em vender alimentos a uma população mundial que cresce em ritmo alucinante. A engenharia genética e as patentes relacionadas com plantas desempenham um papel importante nesse contexto. Nos Estados Unidos, o milho e soja geneticamente modificados representam 90% dos cultivos — e este percentual cresce de modo constante também no resto do mundo.
 
Apenas no mercado europeu, nada acontece. Diversos países da União Europeia (UE) têm muitas restrições com relação ao futuro da Monsanto, o que visivelmente desagrada ao governo dos EUA. No ano de 2009, Ilse Aigner, Ministra da Alimentação, Agricultura e Proteção ao Consumidor da Alemanha, filiada ao Partido da União Social-Cristã, havia banido o tipo de milho MON810 também dos campos alemães.
 
Ao viajar logo depois para os Estados Unidos, foi interpelada pelo colega americano Tom Vilsack, com respeito à Monsanto. O político, do Partido Democrata, havia sido governador no estado federal Iowa, de característica rural, e logo tornou-se adepto dos transgênicos. Em 2001, foi eleito pela bioindústria como “governador do ano”.
 
Infelizmente, não há registro da conversa entre Vilsack e Aigner. Dizem que foi controvertida. Um representante do governo federal alemão descreve o tom do diálogo da seguinte forma: houve “esforços maciços de forçar uma mudança de rumo dos alemães com respeito à política genética”. A fonte da informação não quis se pronunciar sobre o tipo dos “esforços maciços”, nem sobre a tentativa de “forçar” alguma coisa. Isto não se faz entre amigos ou parceiros.
 
Graças a Snowden e ao Wikileaks, o mundo pode imaginar o que acontece entre amigos e parceiros, quando o poder e o dinheiro estão em jogo. Dois anos atrás, o Wikileaks publicou despachos diplomáticos, que incluíam detalhes sobre a Monsanto e a engenharia genética.
 
Em 2007, por exemplo, o então embaixador norte-americano em Paris, Craig Stapleton, sugeriu ao governo dos EUA que elaborasse uma lista suja dos países da União Europeia que estivessem dispostos a proibir o plantio de sementes geneticamente modificadas por empresas norte-americanas. O teor da mensagem secreta: “A equipe parisiense sugere propor uma lista de medidas de retaliação que irá causar dores à Europa”. “Dores”, “retaliação” – a rigor, essa não é exatamente a linguagem da diplomacia.
 
A luta pela autorização do famoso milho geneticamente manipulado MON810 na Europa foi conduzida pela Monsanto com muito trabalho de lobby – e ao final, a empresa perdeu por completo. O produto foi banido inclusive dos mercados prestigiados da França e da Alemanha. Uma aliança entre políticos, agricultores e pessoas relacionadas às igrejas recusou a engenharia genética nas plantações, e os consumidores não a querem em seus pratos.
 
No entanto, a batalha ainda não terminou. Nas negociações iniciadas nos mês passado entre os EUA e a UE, sobre um tratado de “livre” comércio, os Estados Unidos esperam, entre outras coisas, uma abertura dos mercados para a tecnologia genética.
 
Com o Tratado de Livre Comércio, EUA querem abrir o mercado de transgênicos na Europa
 
Fazer lobby por uma empresa nacional no exterior é algo visto como dever cívico, nos EUA. Há muito, as mais significativas entre os dezesseis agências de inteligência norte-americanas entendem seu trabalho como apoio aos interesses econômicos norte-americanos no cenário mundial. Alegando combater o terrorismo, não somente espionam governos, órgãos públicos e cidadãos, mas também empenham-se — do seu modo muito peculiar — a favor de interesses econômicos do país.
 
Alguns exemplos:
 
Várias décadas atrás, quando o Japão ainda não era uma potência econômica, surgiu nos Estados Unidos a pesquisa “Japão 2000”, elaborada por um colaborador do Rochester Institute of Technology (RIT). Através de uma “política comercial temerária”, assim dizia o estudo, o Japão estaria planejando uma espécie de conquista do mundo, e os perdedores seriam os EUA. A segurança nacional dos Estados Unidos estaria ameaçada e a CIA deu o grito de guerra.
 
Na competição global, a economia norte-americana tinha que ser protegida dos “dirty tricks”, os truques sujos dos europeus, declarou o ex diretor da CIA James Woolsey. Por esta razão, os “amigos do continente europeu” estariam sendo espionados: os Estados Unidos são limpos…
Edward Snowden esteve certa vez pela CIA na Suíça, e há dias relatou a maneira como a empresa teria tentado envolver um banqueiro suíço na espionagem de dados bancários. A União Europeia permitiu aos serviços norte-americanos examinar em profundidade os negócios financeiros de seus cidadãos. Segundo dizem, o objetivo é secar as fontes financeiras do terror. Os meios e os fins, entretanto, são altamente discutíveis.
Na Suíça, que anteriormente foi palco de muitas histórias de agentes, desenrolou-se um dos episódios que tornaram a Monsanto particularmente misteriosa: em janeiro de 2008, o ex agente da CIA Cofer Black viajou para Zurique para encontrar-se com Kevin Wilson, na época, o responsável pela segurança para questões globais. A pergunta, a respeito do que os dois homens estariam falando, ficou no ar. Certamente os assuntos eram os de sempre: opositores, negócios, inimigos mortais…
 
O jornalista investigativo Jeremy Scahill, autor da obra sobre a empresa de mercenários Blackwater, escreveu em 2010, no jornal semanal americano The Nation, sobre esse estranho encontro em Zurique. Tinha recebido documentos vazados, a respeito do assunto. Deixavam claro que a Monsanto estava querendo se defender contra ativistas que queriam destruir suas plantações experimentais; contra críticos que se posicionavam contra a empresa de modificação genética.
 
Cofer Black era, para todos os efeitos, a pessoa certa: “Vamos tirar as luvas de pelica”, havia declarado após os ataques de 11 de setembro, conclamando seus agentes da CIA a livrar-se de Osama bin Laden no Afeganistão: “Apanhem-no: quero a cabeça dele dentro de uma caixa”. Mas ele também entende muito do outro negócio do serviço secreto; aquele que opera com fontes de acesso público.
 
Ao encontrar-se com Wilson, dirigente de segurança na Monsanto, Cofer Black ainda era vice na Blackwater, cujos clientes eram, entre outros, o Pentágono, o Departamento de Estado, a CIA, e logicamente, empresas particulares. Mas em janeiro de 2008 houve muitos tumultos, pois 17 civis foram assassinados no Iraque por mercenários da empresa de segurança, e alguns homens da Blackwater chamaram atenção de funcionários do governo iraquiano devido a atos de suborno.
 
Acontece que Cofer Black, na época, era também o chefe da empresa de segurança Total Intelligence Solutions (TIS), uma subsidiára da Blackwater, e que, apesar de sua reputação menos devastadora, contava também com “experts” excelentes e versáteis…
 
De acordo com as próprias informações, a Monsanto fez negócio, na época, com a TIS e não com a Blackwater. Era inquestionável que a Monsanto fora abastecida pela TIS, com relatórios sobre as atividades dos críticos – as quais poderiam representar um risco para a empresa, seus colaboradores ou seus negócios operacionais. Fazia parte tanto coletar informações sobre ataques terroristas na Ásia quanto escanear páginas da internet e blogs. A Monsanto frisava que a TIS, obviamente, só tinha usado material de acesso público…
 
Isso corresponderia aos métodos de Cofer Black. Então – nada de ações escusas.
 
Costumava haver boatos frequentes de que a Monsanto quisera assumir o controle da TIS, objetivando a sua segurança geral. E hoje surgem novos rumores, segundo os quais o grupo estaria avaliando a possibilidade de assumir a empresa Academi, que formou-se após reorganizações da antiga Blackwater.
 
Será que os rumores procedem? “Em geral, não discutimos os detalhes do nosso relacionamento com os prestadores de serviço – a não ser que essas informações já estejam disponíveis ao público”, foi a única resposta da Monsanto.
 
Toda empresa possui a sua própria história, e da história da Monsanto faz parte um assunto que queimou sua imagem não apenas junto aos hippies: no passado, a Monsanto esteve na linha de frente dos produtores do pesticida “Agente Laranja”, utilizado até janeiro de 1971 na guerra do Vietnã pelos militares norte-americanos.
 
Os constantes bombardeios químicos desfolhavam as florestas para tornar o inimigo visível. Os campos eram envenenados para que o vietcong não tivesse mais nada para comer. Nas áreas pulverizadas multiplicou-se por dez o número de nascimentos de crianças com anomalias; nasciam sem nariz, sem olhos, com hidrocefalia ou fendas no rosto – e as forças armadas dos EUA asseguravam que o produto da Monsanto seria tão inofensivo quanto a Aspirina.
 
Será que na guerra, tudo é permitido? Principalmente na moderna guerra cibernética?
 
Chama atenção o fato de que alguém esteja dificultando, hoje, a vida dos críticos da Monsanto, ou que alguma mão invisível esteja interrompendo carreiras. Mas, quem é esse alguém? São alvos de ataque cientistas como a australiana Judy Carman, que, entre outros, tornou-se conhecida com pesquisas de produtos transgênicos. Suas publicações são questionadas por professores, os mesmos que tentam minimizar a importância dos estudos de outros críticos da Monsanto.
 
Mas o assunto não se resume a escaramuças nos círculos científicos. Pois diversas páginas da internet onde Carman publica suas pesquisas, tornam-se alvo de ataques cibernéticos e, segundo impressão de pesquisadora, são sistematicamente observadas. Exames do IP de seu site demonstram que não apenas a Monsanto acessa regularmente essas páginas, mas também diversos órgãos do governo norte-americano ligados às forças armadas.
 
Entre outros, o Navy Network Information Center, a Federal Aviation Administration e o United States Army Intelligence Center, um órgão do exército para o treinamento de soldados em tarefas de espionagem. O interesse da Monsanto nessas pesquisas pode ser observado, também no caso de Carman. “Mas não entendo, por que o governo americano e o exército mandam me observar“, diz ela.
 
Coisas estranhas aconteceram também com a GM Watch, uma organização crítica da engenharia genética. A colaboradora Claire Robinson fala de ataques cibernéticos constantes à página desde 2007. “Toda vez em que aumentamos a segurança do site, nossos oponentes tornam-se mais tenazes e seguem novos ataques, ainda piores”, explica. Também neste caso não se acredita em coincidência.
 
Em 2012, quando o cientista francês Eric Séralini publicou uma pesquisa bombástica sobre os riscos à saúde representados pelo milho transgênico e o glifosato, o site da GM Watch foi atacado e bloqueado. Isso se repetiu quando foi publicado o posicionamento do órgão europeu de inspeção alimentar, a EFSA. Em ambos os casos, o momento foi habilmente escolhido: no exato instante em que os editores tentavam publicar os textos. Não foi possível determinar quem estava por trás dos ataques.
 
A própria Monsanto, como já foi dito, faz questão de frisar que opera “com responsabilidade“.
 
No entanto, é fato que a empresa tem muitos interesses em jogo. Trata-se de projetos legislativos, e em especial, das negociações em curso, relacionadas ao Tratado de “livre” comércio entre EUA e UE. Os capítulos sobre Agricultura e Indústria Alimentícia são particularmente delicados. Os norte-americanos têm como meta a abertura dos mercados europeus para os produtos até então proibidos. Ao lado das plantas transgênicas, estão incluídos aditivos controversos e a carne bovina tratada com hormônios. As negociações certamente ainda vão se arrastar por alguns anos.
 
O assunto é polêmico e as negociações serão duras. Por isso, o presidente Barack Obama apontou Islam Siddiqui como chefe das negociações agrícolas. Como especialista, trabalhou durante muitos anos para o ministério de Agricultura americano.
 
Mas, o que poucos sabem na Europa: de 2001 a 2008 ele representou, como lobista registrado, a CropLife America, uma associação industrial que representa os interesses de produtores de pesticidas e produtos transgênicos. Entre eles, é claro, a Monsanto. “A rigor, a UE não poderia aceitar tal interlocutor, devido a seus interesses, opina Manfred Häusling que representa o Partido Verde no parlamento europeu.
 
Englentich, a rigor. No médio-alto alemão, esta palavra (eigentlich) sinificava “servil”, o que não seria uma má descrição do cenário atual — onde os políticos europeus, e em especial os alemães, revelam uma atitude de surpreendente aceitação, diante do fato de serem espionados com regularidade por órgãos norte-americanos.
 
Nota
 
[1] A Monsanto é o a maior empresa agrária do mundo, e também a que lidera a engenharia genética. Em 2012, o grupo ampliou seu faturamento em 14%, em comparação ao ano anterior, chegando a 13,5 bilhões de dólares. O lucro subiu 25%, atingindo dois bilhões de dólares. No mundo todo, a empresa emprega 21.500 trabalhadores e tem filiais em mais de 50 países.
 
Sua fundação data de 1901, pelo norte-americano John Queeny em St. Louis, no estado de Missouri. O nome foi uma homenagem à família de sua esposa. Primeiro, Queeny produziu o adoçante sacarina. Em pouco tempo, o fabricante de bebidas Coca-Cola passa a fazer parte de seus clientes. Logo depois da I Guerra Mundial, a Monsanto entrou no ramo dos produtos químicos.
 
Sua ascensão foi rápida. Em 1927, ingressou na bolsa de valores, e ampliou sua atuação no setor químico, incluindo adubos e fibras sintéticas. Investiu até mesmo na indústria petrolífera. Depois da guerra do Vietnã, a Monsanto passou a focar mais intensamente o setor agrário, o desenvolvimento de herbicidas e em seguida a produção de sementes.
 
Nos anos oitenta, a biotecnologia foi declarada seu alvo estratégico. O próximo passo foi a modificação consequente para uma empresa agrícola – e os outros segmentos foram deixados de lado.
 
Publicado originalmente no Süddeutsche Zeitung.

Tradução de Regina Richau Frazão

 

Redação

26 Comentários

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  1. Muito interessante. Excelente

    Muito interessante. Excelente artigo. Gostaria de entender por que a imprensa brasileira faz um silêncio mortal sobre o assunto….

    1. Penso que a imprensa

      Penso que a imprensa brasileira está apenas preocupada em mostrar a Copa, esquece que tem um mundo de notícias importantes e preocupantes a serem informadas!

      1. A imprensa brasileira, assim

        A imprensa brasileira, assim com a imprensa global visa manter a população alienada dos reais acontecimentos do mundo e isso anda em conjunto com as grandes multinacionais (ora, são elas que fianciam os meios de comunicação, é claro que o único motivo da mídia existir é para que eles continuem lucrando bilhões pelo trabalho dos pobres, matando gente e a natureza sem ninguém saber disso).

  2. Porque a imprensa >>

    O Brasil é um dos maiores compradores se não o pais que faz maior uso de agrotóxicos no mundo.

    A impresa certamente não está interessada em divulgar muito isto…

  3. Só não entendi o que a foto

    Só não entendi o que a foto dessas crianças tem a ver com a matéria. Nenhuma legenda, nenhuma explicação. Assim a notícia perde credibilidade.

    1. OGMs

      “Leia o texto: 

      Os constantes bombardeios químicos desfolhavam as florestas para tornar o inimigo visível. Os campos eram envenenados para que o vietcong não tivesse mais nada para comer. Nas áreas pulverizadas multiplicou-se por dez o número de nascimentos de crianças com anomalias; nasciam sem nariz, sem olhos, com hidrocefalia ou fendas no rosto – e as forças armadas dos EUA asseguravam que o produto da Monsanto seria tão inofensivo quanto a Aspirina.”

    2. A foto da matéria está

      A foto da matéria está relacionada aos parágrafos:

      “Toda empresa possui a sua própria história, e da história da Monsanto faz parte um assunto que queimou sua imagem não apenas junto aos hippies: no passado, a Monsanto esteve na linha de frente dos produtores do pesticida “Agente Laranja”, utilizado até janeiro de 1971 na guerra do Vietnã pelos militares norte-americanos. Os constantes bombardeios químicos desfolhavam as florestas para tornar o inimigo visível. Os campos eram envenenados para que o vietcong não tivesse mais nada para comer. Nas áreas pulverizadas multiplicou-se por dez o número de nascimentos de crianças com anomalias; nasciam sem nariz, sem olhos, com hidrocefalia ou fendas no rosto – e as forças armadas dos EUA asseguravam que o produto da Monsanto seria tão inofensivo quanto a Aspirina. a Monsanto de “santo” só no nome…

  4. Biotecnologia

    Quanto aos maleficios causados pelo glifosato eu não posso argumentar em nada. Porém vi que em um parágrafo foi citado um possivel maleficio causado pelo milho trangenico à saúde humana. Com certeza isso é mentira, não existe ainda nenhuma comprovação ciêntifica que transgenicos agridem a saúde ou causam tumores, isso é lenda. 

    1. Transgênico

      Primeiramente quero deixar claro que não sou nenhuma expert no assunto, mas o que vejo pessoas, mais entendidas do assunto, dizerem é que:  Os transgênicos são organismos modificados para resistirem à algum agrotóxico, seja ele herbicida, fungicida, inseticida ou outro qualquer. As pesquisas com transgênicos não são suficientes para saber se vão fazer mal ou não aos seres humanos, porém há muitas pessoas que desenvolveram alergias,  câncer e doenças de pele por ter em algum  momento entrado em contato com os produtos químicos citados, isto é fato. O problema é que as empresas que fabricam e vendem estes produtos são grandes o suficiente para calar a boca da impresa que esta se lixando para os pequenos agricultores e trabalhadores que estão sendo afetados todos os dias. Não existe comprovação cientifica porque ”os grandes” abafam e não querem dar o braço a torcer de que transgênico nunca foi e nunca será arma para acabar com a fome do mundo. Muito pelo contrário. 

      1. Os transgênicos NÃO são

        Os transgênicos NÃO são organismos modificados para resistirem à algum agrotóxico, seja ele herbicida, fungicida, inseticida ou outro qualquer, eles modificados e melhorados geneticamente para serem mais produtivos por metro quadrado ou mais ricos em certas substancias e para resistirem melhor a pragas e fungos das lavouras.

        1. Transgênicos SÃO SIM

          Me fale um transgênico que não use agrotóxico. Eles são modificados para resistirem às ”pragas”, sim. Mas quem mata as ”pragas” sãos os agrotóxicos, por isso eles têm que ser resistentes à eles.

          1. Regulamentação

            Por favor, procure se informar os testes que são submetidos os produtos trangênicos que colocamos na boca dos nossos filhos todos os dias. São os mesmos que são submetidos TODOS os outros produtos que estão legalizados perante a ANVISA. Então, se você questiona os alimentos trangenicos e suspeita de efeito alergenico, cancerigeno ou mutagenico, é necessário rever TODOS OS PRODUTOS que consumimos, afinal… tudo que está na prateleira com fiscalização, foi aprovado. Isso não tem em jornal, mas está no Diário da União dos Ministérios, público para todos. Ao invés de reclamar que ninguém põe informação concreta, use sua internet e pesquise você o que quer saber. Não dependa dos outros, pois assim você se faz manipulável. Observação: fiscais do ministério que avaliam os produtos são cientistas formados nas nossas universidades brasileiras, que inclusivem consomem os alimentos transgênicos, e eles não relataram nenhum problema. Chega de ser leigo Brasil que vota errado e pensa errado!!!

          2. Sementes estéreis e manipulação

            Ao argumentar sobre o risco de doenças causadas pelos transgênicos, você camulfou uma questão relevante: o problema dos transgênicos da Monsanto não são os efeitos diretos deles, algo que “não se sabe”. É o lobby sujo das sementes estéreis, os ataques contra órgãos ambientais, manipulação de pesquisas ,entre outras coisas. Aliás, até mesmo a falta de dados sobre os efeitos a longo prazo dos transgênicos é algo duvidoso, visto que não é uma informação de interesse para a imagem da empresa. Qualquer dado vindo deles é duvidoso, a Monsanto e o governo dos EUA têm um longo histórico de compra de pessoas-chave nos países onde fazem negócios; compram tomadores de decisão, compram formadores de opinião e os tornam suas marionetes no jogo político. Eles compram qualquer um que tenha preço. 

            Felizmente, nem todo mundo tem preço.

          3. estudos anvisa

            Boa tarde,

            referente a seu comentario, especialmente na parte que fala dos productos legalizados pela anvisa. Gostaria de saber por que produtos prohibidos em outros paises se encontram aqui. Moro no brasil faz 3 anos e alucino cada vez que entro em um supermercado por que produtos que no se comercializam ha anos na europa se encontram aqui. Fanta laranja de quando eu era criança, com a mesma cor laranja e sabor super artificial…aguas fluoretadas e radioativadas, o produto estrela, benzoato de sodio que se encontra em quase tudo liquido que consomimos. Em fim, acho que os informes que tem a Anvisa e vendo o nivel de corrupçao do pais, nao podemos confiar muito nas coisas que ela certifica.

             

        2. Acho que se vc nao e’ da

          Acho que se vc nao e’ da monsanto mesmo respondendo pra encher a cabeca do povo ingnorante de porcaria vc deveria ler melhor do que se trata…

          nao estamos falando de enxertos que fazendeiros fazem pra deixar o fruto mais doce estamos falando de genes ate de embrioes humanos colocados em comida, que JAMAIS seria colcoado ali pela natureza pra fazer com que as plantas resistam aos agrotoxicos da monsanto que venda todos os round ups do mundo ou boa parte deles. nada tem aver com plantas resistentes a catatrofes usando metodos naturais me desculpe…
           

          Se c e’ da monstanto ME POUPE se nao e’ entao va estudar… A monsanto tb esta entre um dos maiores fabricantes de quimicos do mundo, pra jogar seu round up em suas lavouras as pessoas tem de usar masacara de de gas e roupa apropriada, fale seio, nao encha um artigo que visa alertar de  pura ignorancia!

           

           

        3. Essa é uma falácia absurda.

          Essa é uma falácia absurda. Os trangênicos que lidamos, Soja e Trigo, são geneticamente modificados para serem resistentes a herbicidas. Nenhum trangênico utilizado atualmente é mais produtivo ou ricos em substâncias nutritivas. ISSO É UMA ILUSÃO. Procurem saber.

           

           

    2. Lenda é algo fictício

      O  fato de não ter sido provado não significa ser lenda mas apenas que não há dados suficientes dado o curto pe’riodo pesquisado desde a constatação.ë o mesmo que a micro cefalia e o Zica…

  5. Inocência

    Quem defende esse lixo que é a Monsanto, é tão estúpida quanto eles pensam que o mundo é!

    Vão estudar e ler para tter senso crítico e largar de ser inocente em relação á essa empresa PODREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!

    Assistam o documentário O MUNDO SEGUNDO A MONSANTO e tenham um pouco de senso de corporação! 

    Eu sou da área agrícola e sei muito bem o que os produtos dessa empresa fazem! 

    LEIAM! SE INFORMEM!

     Hoje o nome Monsanto está associada principalmente com OGM (organismo geneticamente modificado ), mas uma olhada na história da empresa mostra que seu trabalho foi sempre conectado com áreas muito diferentes. Os efeitos do presente trabalho está ainda a ser sentida em todo o mundo e, em alguns casos, mostrou que a ciência tem uma forma desproporcionada nociva para o ambiente e para a saúde humana. 1. SacarinaEm 1901, John Francis Queeny fundou a empresa Monsanto Chemical Works, em St. Louis, Missouri, para produzir substitutos do açúcar para a Coca-Cola . No início dos anos 70 estudos , incluindo um estudo do National Cancer Institute, EUA, revelou que a sacarina provoca cancro em ratos e outros mamíferos. 2. PCBs (bifenilas policloradas)Na década de 20 do século passado, a Monsanto começou a produzir bifenilos policlorados, um elemento de refrigeração para transformadores elétricos, condensadores e motores elétricos. Meio século depois, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA Ambiental apresentou provas de que os PCB causa cancro em animais e em seres humanos. Em 1979, o Congresso dos EUA proibiu sua produção. A Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes PCBs banido em todo o mundo em 2001. Em 2003, a Monsanto pagou mais de 600 milhões a moradores de Anniston (Alabama), onde ficava a produção destes produtos químicos, que sofreram graves problemas de saúde, como cancro, doenças do fígado e doenças neurológicas. De acordo com a pesquisa realizada nos EUA em 2011, este produto químico continua a aparecer no sangue de mulheres grávidas, enquanto outros estudos inferir uma ligação entre PCB e autismo. 3. Poliestireno1941 Monsanto focada na embalagem de alimentos e de poliestireno plástico sintético. Na Agência de Proteção Ambiental dos EUA 80 o colocou como o quinto produto químico cuja produção gera os resíduos mais perigosos, mas ainda produzido. 4. Armas nucleares e da bomba nuclearEm 1936, a Monsanto adquiriu Thomas & Hochwalt Laboratories em Ohio e tornou-se seu Departamento de Investigação Central. Entre 1943 e 1945, o departamento coordenado os seus esforços com o Comitê de Defesa Nacional dos EUA Research e dedicado à purificação e produção de plutónio, e aperfeiçoar produtos químicos que são usados ​​como gatilhos para armas nucleares. 5. DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano)Em 1944, a Monsanto foi um dos primeiros fabricantes de inseticida DDT para combater mosquitos que transmitem a malária. A intensidade foi utilizado como um insecticida agrícola. Apesar de décadas de propaganda da Monsanto, que insistiu que o DDT era seguro, finalmente, efeitos cancerígenos foram confirmadas, em 1972, o DDT foi proibido em todo os EUA Actualmente é conhecido por causar infertilidade e falhas no desenvolvimento de embriões. 6. DoixinaEm 1945, a Monsanto começou a promover o uso de agrotóxicos na agricultura e fabricou o herbicida 2,4,5-T, um dos precursores do agente laranja contendo dioxina. Dioxinas acumulam na cadeia alimentar, principalmente no tecido adiposo de animais. Eles são altamente tóxicos e podem causar problemas reprodutivos e de desenvolvimento, afeta o sistema imunológico, interferir com hormónios e, assim, causar cancro. 7. Agente LaranjaNa década de 60 a Monsanto era um dos fabricantes do agente laranja, utilizado como arma química na Guerra do Vietename . Como resultado do uso do agente laranja cerca de 400.000 pessoas foram mortas ou mutiladas, 500 mil crianças nasceram com defeitos congênitos e 1 milhão de pessoas foram desativadas ou sofreram problemas de saúde, incluindo as tropas americanas também expostos à substância durante os ataques eles realizaram. Relatórios internos da Monsanto mostram que a empresa estava ciente dos efeitos tóxicos do agente laranja, quando vendeu para o Governo dos EUA 8. “Fertilizante” do petróleoEm 1955, a Monsanto começou esta prática, depois de comprar uma refinaria de petróleo. O problema é que os adubos esterilizados do óleo a partir da terra, e que também matam microorganismos benéficos do solo. 9. AspartameO aspartame é um adoçante não-calórico que é 150 a 200 vezes mais doce do que o açúcar. Ele foi descoberto em 1965 pela empresa farmacêutica multinacional GD Searl. Em 1985, a Monsanto adquiriu GD Searl e começou a comercializar o adoçante com a marca NutraSweet. Em 2000 vendeu a marca. Nutrasweet é postulado como o elemento que está presente em 5,000 tipos de produtos e é consumida por 250 milhões de pessoas em todo o mundo. Declara-se seguro para o consumo humano por mais de 90 países. Em fevereiro de 1994, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA publicou a lista dos 94 efeitos de adversários que a substância pode ter sobre a saúde humana. Em 2012, com base em dados do Instituto Ramazzini (Itália), que conseguiu testar os efeitos cancerígenos em ratos NutraSweet, a Comissão Europeia pediu para iniciar um novo processo de reavaliação deste composto. 10. Hormónio de crescimento bovinoSomatotropina bovina recombinante (rBGH), hormona de crescimento bovina, também é uma hormona geneticamente modificada pela Monsanto que é injectado nas vacas leiteiras para aumentar a produção de leite. De acordo com várias pesquisas, especialmente na Europa, há uma ligação entre o leite rBGH e cancro da mama, cancro do cólon e cancro da próstata nos humanos. Deve notar-se que o produto faz com que os efeitos mais graves em crianças por duas razões simples: beber mais leite do que os adultos e têm menos massa corporal podem processar os contaminantes de leite. O hormónio é proibido no Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Israel, na UE e a Argentina.

     

  6. Realidade dos agricultores.

    Pessoas alienadas pelo simples fato de morarem na cidade e se acharem inteligentes demais.

    As pessoas não veem que se a MONSANTO não existisse, haveria um turbilhão de impactos mais negativos ainda. A fome seria um deles. Hoje, nós temos que produzir e alimentar o planeta, que por sua vez, tem cada vez mais uma população crescente. Para isso, devemos utilizar todas as tecnologias disponíveis (Uma delas são os Organismos Geneticamente Modificados OMG). Tudo está bom demais da maneira que está. Hoje morre muito menos pessoas através de efeitos causados “supostamente” pela Monsanto, do que pessoas morreriam de fome se a Monsanto não existisse. 

    1. Dificuldades como a fome são
      Dificuldades como a fome são problemas sociais e coletivos causados por uma sociedade egoísta e hipócrita que defende os “direitos humanos” nada condizentes com a realidade. A fome ainda existe e não está sendo a monsando, e muito menos você, que está melhorando o atual cenário. Ainda existe pobreza e grandes empresas como a monsanto, que beneficiam poucos para seus próprios interesses só pioram a desigualdade social. “Tudo está bom demais” para você hipócrita acomodado em seu escritório que nunca nem pensou em comprar uma cesta básica para um necessitado, se a monsanto realizou uma “revolução” por que os alimentos custam mais caros ainda? Tu já foi nas comunidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, João Pessoa, Fortaleza, Rio Branco e demais capitais perguntar se eles já ouviram falar da monsanto ou se eles estão bem alimentados com os grãos desenvolvidos pela empresa? Não né… Pois é… Estou vendo como “está bo do jeito que está” para hipócritas como tu.

  7. ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS: UM LIXO PARA A HUMANIDADE

    Há uns 02 anos, assisti um médico pesquisador afirmar em um canal de TV do Brasil que, o trigo geneticamente modificado, por exemplo, contém cerca de 30 vezes mais glúten que o trigo consumido por nossos pais há uns 20 anos atrás, e daí a explicação do assustador aumento de pessoas com alergia a glúten. Explicou, que na verdade não existe alergia ao glúten. O que ocorre é que, o corpo humano não suporta a exagerada quantidade de glúten do trigo atual, cuja causa é a modificação genética do trigo.

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