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Ser progressista, qual o significado desta posição?
Por Rogério Maestri
Durante muito tempo, devido a ditadura militar de 1964 e mesmo em períodos posteriores a este, as pessoas que eram de esquerda, mas tinham receio de se declararem como tal, utilizavam uma série de eufemismo para expressar as suas posições políticas, eram democratas, eram libertários em que ficava implícito por alguma adjetivação posterior, ou no máximo eram sociais democratas. Os mais corajosos diziam-se socialistas democráticos, esquecendo como o PSOL o fez que a tradição dos socialistas sempre foi democrática, porém se dizer de esquerda ou até comunista era algo impensável.
Pois bem, com os ventos mais fortes soprando na direção da esquerda durante os governos do PT, a palavra socialista entrou mais em voga, porém com o advento da direita que não tem vergonha de se dizer como tal, e com as técnicas típicas do “filósofo” da extrema direita, Olavo de Carvalho, que adota literalmente o insulto grosseiro e palavrões que há uns trinta anos não se falavam na frente de “senhoras respeitáveis”, muitas pessoas que titubeavam em assumir uma posição clara de esquerda passaram a utilizar outra palavra intensamente o PROGRESSISMO, ou seja, não são mais de centro esquerda, nem são de esquerda não revolucionária, são PROGRESSISTAS.
Mas, na verdade, por trás desta palavra progressista esconde-se diversas linhas ideológicas, desde a direita tradicional do passado, como PMDB, passando por um centro que é mais conhecido por um lugar dos chamados “isentões”, aos centristas com alguma origem na teologia católica do início do século XX. Tendo o começo das preocupações com o “social” iniciado pelo papa Leão XIII e com seu ápice e declínio após João XXIII.
Este centro foi muito forte durante a Era de Ouro do Capitalismo (1945-1973), que devido a Guerra Fria mantinha certa preocupação social. Com o término desta era e com a decomposição do bloco soviético (±1986), que devido a sua burocratização havia perdido as suas características revolucionárias e com isto o glamour do socialismo “real” que já vinha decaindo desde a era Era Khrushchov (1958-1964), assim surgiu o “neoliberalismo”, que é na realidade um liberalismo anterior à primeira grande guerra, com uma pequena diminuição da influência do Estado, para salvar o sistema bancário nas grandes crises.
Durante esta época pós o fim da Era de Ouro do Capitalismo, surgem duas figuras importantes, Ronald Reagan, nos EUA, e de Margaret Thatcher, na Grã-Bretanha, que adotam a política liberal aproveitando a não existência de um polo oposto de oposição. Os neoliberais iam felizes até 2007–2008, quando estoura uma crise que não vinha forte desde a de 1929. Com a crise, os bancos e grandes empresas tiveram que ser socorridas com dinheiro público, e os liberais voltaram de novo para a casinha, mas depois de 2008 nenhum país se recuperou da crise. Como os neoliberais tinham levado na cabeça, renasceram os neo keynesianos, que são na realidade desenvolvimentistas.
O ressurgimento dos desenvolvimentistas neo keynesianos, da origem a um ressurgimento de uma tentativa de retorno ao passado, ou seja, o PROGRESSO CAPITALISTA, porém, se analisarmos corretamente as tendências seculares das economia, veremos que, mesmo no pós-guerra algo que foi postulado de passagem por Marx e não bem verificado e explicado devido a sua morte, a tendência secular da queda do lucro do capital, que tenta ser refutada pelo famoso livro de Thomas Piketty, “O capital do século XXI”, mas que na verdade se a noção de capital for a mesma dada por Piketty do que a que Marx postulou a bem mais de um século, as conclusões de Piketty teriam que ser as de Marx.
Só para não ficarmos no ar, o que Piketty chama de capital, Marx chama de riqueza, ou seja, Marx chama de capital somente o que está vinculado diretamente a produção, não colocando nesta categoria riqueza imobiliária que no máximo pode ser transferida de mãos, mas não fazem parte do capital morto empregado para a produção. Porém se nos cálculos de Piketty for retirado a riqueza imobiliária a tendência secular de decréscimo da relação lucro/capital fica aparente, mostrando que há não só uma estagnação da economia, mas como também um decréscimo da taxa de lucro.
Para combater isto, começam as teorias dos ditos desenvolvimentistas, ou que poderíamos chamar de progressistas, logo o termo progressista é gerado por esta concepção que devemos seguir em investimentos públicos para retomar o crescimento.
Tudo para explicar que o sentido da palavra progressista está ligado nesta tentativa de reativar o capitalismo, ou seja, uma ideologia de centro ou de centro-direita e jamais de esquerda. Portanto devemos situar os progressistas ou mesmo neo keynesianos no espectro de centro ou centro-direita e com isto perdermos as ilusões que progressistas são pessoas vinculadas a esquerda.
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Concordo com sua análise. De esquerda mesmo, são poucos. Quem de fato está disposto a viver num sistema não capitalista ? Quantos aceitam viver numa sociedade em que toda a riqueza é dividida igualmente por todos, respeitando a natureza.
SÓ QUE … o significado das palavras nao é imutável, determinado de uma vez por todas (ou professor seria quem professa… vc professa, Rogério?). O fato do significado da palavra ter sido este, e mesmo continuado a ser este, nao impede que tenha adquirido outros. Quem se chama de progressista hoje nao necessariamente é um desenvolvimentista.
Cara AnaLú. Ainda não conseguiste te logar?
Nao. Cheguei a conseguir por uma vez, depois tudo voltou como era dantes no quartel de Abrantes.
Tadinha!
Muitissimo interessante a analise. Eu me acho progressista, mas não necessariamente me acho de direita, nem centro. Eu me acho de esquerda, uma esquerda que vê nas lutas contra injustiças, contra a desigualdade e contra os monopólios uma forma de transformação do capitalismo, não necessariamente para torna-lo “melhor” nem irmos para o Comunismo, mas para transformar a sociedade. Acredito que temos pouca chance de influenciar os rumos do Capitalismo. Podemos, neste momento, estar vivendo sua derrocada e, podem ter certeza, vai ter muito caos por um bom tempo quando isto estiver ocorrendo até se consolidar e estabilizar uma sociedade baseada em novas relações sociais de produção. Emprestando o que Marx escreveu no Prefácio, um modo de produção só se desmorona quando estiver amadurecido e pronto para aparecer um novo que vai tomando seu lugar paulatinamente. Vamos então mirar as práticas não capitalistas.
Sempre estranho quando me deparo com coisas do tipo “desde a direita tradicional do passado, como PMDB”. Preciso voltar a estudar história do Brasil ou atualizar-me sobre o significado de “passado”!
A História nos mostra que, considerando seus percalços, seus erros e ajustes, o capitalismo está anos luz a frente de qualquer modelo socialista.
Fatos:
O socorro dos Estados aos bancos ( como em 2007) ainda que indesejáveis, não se comparam a derrocada da URSS, abertura politico/ econômica da China e a tantas Venezuelas e Cubas espalhadas pelo mundo.
Estou conhecendo um pouco sobre o assunto e fiquei meio confusa com a tendência da filosofia progressista.
Lendo a respeito en outros sites, encontrei algumas divergências. Em um deles definiu os progressistas como: “Esses grupos, de forma geral, são associados à esquerda.”
Então mais adiante como forma de amenizar a rigidez da definição acrescentou: “É importante esclarecer, porém, que o progressismo não é uma doutrina necessariamente de esquerda: ele pode ser adotado em muitos aspectos pelo pensamento político liberal, especialmente quando este se manifestar contrário à imposição de uma ordem social tradicional.”
Afinal, progressistas são de direita, esquerda,….?
Poderiam me elucidar melhor?
progressismo,comunismo, socialismo,conservadorismo é tudo a mesma coisa? SIM. é só voltar no tempo, desde o princípio é estes SISTEMAS. só depende do cérebro que está no poder, porque que com tanta riqueza e fartura na terra porque só alguns controlam tudo? informação e conhecimento é poder e isso nunca vão passar para o povo.
Errado, errado e errado. É totalmente equivocada a noção de crer que a esquerda é apenas o marxismo. Existem varias esquerdas e os revolucionários não são donos da terminologia. Na centro-direita estão os liberais, nunca estes são progressistas, nunca a defesa de um Estado necessário e a defesa de um Estado minimo estão no mesmo campo. O progressismo é uma corrente politica-econômica que vê a ação politica como mais relevante que a ação econômica, por isto legitima o progresso social por meio da intervenção do Estado. Nunca isto se encaixaria no mesmo balaio da direita conservadora ou da centro-direita liberal e sim na centro-esquerda (onde não se encontra o Socialismo e sim a Social-Democracia). Usar a terminologia ‘esquerda” como sinônimo de marxismo, além de presunção, é totalmente equivocado e despolitizante, até porque no próprio surgimento da terminologia não eram os de “esquerdas” automaticamente, socialistas. lembrando ainda que as definições no espectro politico não são feitas por puro dogmatismo politico, e que existem, para isso, diversos pontos a serem analisados. Progressistas são os que creem no reformismo, na importância da ação do Estado, no combate as desigualdades, no combate as ideias liberais econômicas, no combate ao conservadorismo e na defesa da democracia.