Trump não elogiou, ele debochou da subalternidade de Bolsonaro aos EUA

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Quando disse que Jair Bolsonaro é uma espécie de “Trump da América do Sul”, o presidente dos EUA Donald Trump não estava sendo elogioso. Estava sendo irônico e debochando porque o Brasil sob Bolsonaro é um país “subalterno” aos interesses comerciais estadunidenses. Trump citou Bolsonaro, na verdade, para se gabar, diante do agronegócio americano, da entrada em mercados que desde o governo Lula vinham sendo dominados por brasileiros. 
 
Quem expôs o real contexto da fala de Trump foi a jornalista Maria Cristina Fernandes, no jornal Valor Econômico desta quinta (17). Ela acompanhou os 58 minutos do discurso do presidente dos EUA, que ocorreu numa convenção do agronegócio em Nova Orleans.
 
Trump estava falando de concorrência mundial quando começou a citar países da América Latina. Ele aproveitou o bordão de campanha para dizer que quer corrigir o declínio da participação americana no agronegócio internacional abrindo mercados, prioritariamente, nos países vizinhos. “Estou interessado é na América primeiro.”
 
Da Argentina, Trump disse que vai arrancar uma fatia das exportações de suínos. “Quando eles me pedem algo, digo ‘ok’, mas antes me abram mercado.”
 
Quando se voltou para o Brasil, Trump deixou muito claro que Bolsonaro abrirá para os EUA a exportação de carnes, sendo que o Brasil é um dos maiores produtores e importadores do setor.
 
“Temos, pela primeira vez desde 2003, a exportação de carne americana para o Brasil”, disse Trump. Segundo Fernandes, Trump deu uma pausa na fala neste momento e então iniciou o deboche. “Eles têm um novo grande líder. Dizem que ele é o Donald Trump da América do Sul.”
 
Com tom carregado de “ironia”, Trump acrescentou: “Vocês acreditam nisso?”, e foi aplaudido como em nenhum outro momento do show. “E ele [Bolsonaro] está feliz com isso [em ser uma cópia do americano]. Se não estivesse, eu não gostaria do país, mas eu gosto dele [Bolsonaro]”.
 
Bolsonaro divulgou a frase nas redes sociais como se fosse um elogio, mas o que Trump fez foi ridicularizar o presidente brasileiro por seu anseio em se aproximar dos EUA a qualquer custo, inclusive prejudicando mercados nacionais.
 
A jornalista do Valor foi clara na análise: Se Trump elogiou algo no Brasil foi a subalternidade. Preza o desejo do presidente Jair Bolsonaro de replicá-lo porque assim acredita fazer valer os interesses de seu país. Na visão externada pelo presidente americano, o colega brasileiro está feliz por se achar parecido com ele, o que deve ser motivo de dúvida mas é a única razão pela qual ele gosta do Brasil.”
 
Foi como se Trump dissesse: “Bolsonaro, o senhor deve me imitar não porque um dia vá conseguir ser um clone, mas porque é a única condição de eu levar seu país em consideração.”
 
“Tudo isso”, lembrou Fernandes, “num evento do setor em que o Brasil tem sua mais competitiva presença na economia mundial.”
 
A jornalista ainda destacou que o “deboche” de Trump aconteceu depois de várias gafes de Bolsonaro, como bater continência para John Bolton e prometer – para depois recuar – uma base militar em solo brasileiro.
 
Para Fernandes, enquanto Bolsonaro continuar sendo o clone do “América em primeiro”, o Brasil corre o risco de terminar em último.
 
Leia a coluna completa aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. pai dos burros

    “Significado de Vassalagem

    substantivo feminino Estado de submissão ou de sujeição que alguém possui em relação a outra pessoa ou coisa: vassalagem amorosa.      [História]    Relação de obediência que o vassalo deveria manter em relação ao senhor feudal; o imposto, preito, pago pelo vassalo ao senhor feudal, suserano; reunião, grupo ou conjunto de vassalos.”

    1. Pai dos burros
      Só discordo do racismo ecológico ao ofender os burros. Não compare essa gente com esses animais fortes e inteligentes que carregaram no lombo por séculos a riqueza do Brasil.

  2. subalternidade -esse é um

    subalternidade -esse é um termo clássicp que  revela o espírito colonial do brasil assumido por essa direita entrreguista 

  3. Melhor desenhar.
    Essa gente

    Melhor desenhar.

    Essa gente não tem capacidade mental de uma criança de 2 anos, quanto mais pra entender a diferença entre “elogiar” e “debochar’.

  4. Pobre Brasil

    O pobre diabo do Bolsonaraoé motivo de deboche em todo mundo ocidental, mas o bozo acredita piamente que é um “mito”. Sem capacidade para perceber ironia e subentendido, vai continuar por muito tempo se sentido orgulhoso. 

  5. Muito brazuca ainda não entendeu……

    O espirito da coisa…….para o grande irmão do norte, todo esse papinho de ideologia é muito bacana, mas o que interessa mesmo, no frigir dos ovos, são Deus “money” e seu ” filho business”…….o resto é conversinha pra “embalar” otario/bolsominions…..se o nosso “grande” presidente, não entendeu que foi chamado de cachorrinho de madame e nem entendeu a “ironia”, realmente estamos no quinto subsolo do poço………… 

  6. Bolsonaro é a restauração da
    Bolsonaro é a restauração da cópia desbotada de um vampiro chamado Temer que transformou a economia do Brasil num prostíbulo de luxo. Esse vampiro entregou o Pré-sal e a Embraer. Temer foi o Trump brasileiro. E Bolsonaro é a caricatura de Trump.

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