2019: o ano que me quebrei, por Mariana Nassif

Quebrar para expandir pressupõe que a gente chegue, enfim, no limite. Se faz fundamental, básico mesmo, conhecê-lo(s).

2019: o ano que me quebrei, por Mariana Nassif

Refletindo sobre algo extremamente pensado, dialogado e transformado em 2019 – que é a sementeria de quebrar padrões aprendidos e deixar florescer, especialmente no âmbito coletivo, coletivo mesmo, mundial de verdade, a realidade que muito provavelmente nossas batalhas pessoais merecem ser observadas, cuidadas e, ao invés de recolhidas, ampliadas.

Essa ampliação pode ser experienciada sob o aspecto do quebrar para expandir.

Vale, inclusive e especialmente, para os que desconhecem suas fragilidades natais, aquelas feridas em estruturas que fazem com que a gente siga esperando que o mundo pague tal dívida e, olha, meu bem, não é assim. Reconhecer e chafurdar nessas feridas é dolorido sim, mas muito melhor do que seguir acreditando em abstrações que contrariam os acontecimentos rotineiros. Também é um exercício bom para conhecer e reconhecer limites.

Quebrar para expandir pressupõe que a gente chegue, enfim, no limite. Se faz fundamental, básico mesmo, conhecê-lo(s).

Daí que das questões deste ano esquisito, as que mais se destacaram e têm tudo a ver com enormes movimentos que não são só meus, mantive atenção. Machismo. Racismo. Especialmente contra as mulheres. Horrorosa e decepcionantemente praticado de mulheres para mulheres. Que coisa retrógrada, veja só.

Quebrei sentindo na pele. Ampliei estudando, lendo, conversando, analisando, e recebendo doses extraordinárias de informação. Procurei fontes, incomodei muita gente – às queridas, peço perdão e agradeço pelo afeto, elo mais gostoso que há; àquelas malas de papelão molhado, sem alça e escancaradamente datada, tchau, querida. Beijão, aprendi com vocês, agora adeusinho, valeu a presença, mesmo, de verdade, mas a festa acabou e a casa é minha. Como bem disse a Eugênia em mais um bom papo neste 2019, “ah, mas hoje em dia sua casa é você”. Isso. Isso mesmo. Axé!

Os limites precisam ser coerentes com manifestações de e pela liberdade. Não dá pra enxergar compatibilidade em sussurrar enquanto o machismo e o racismo entortam caminhos e falas por aqui e acolá. Limites.

Por aqui, neste espaço, expando também: convido todos e cada um de vocês a participar de diálogos especialmente desenvolvidos sobre estes temas: machismo, racismo, intolerância religiosa. Abro minha caixa de e-mail para sugestões de pautas , conversas e o que mais aparecer – [email protected] , e uma nova temporada ocupando bem melhor este espaço com temáticas relevantes de forma global acompanhadas do meu tempero que, já sabe, tem dendê. Que possamos quebrar e expandir em paz, recebendo laços e coroas enfeitadas de contas para excorporar aquilo que transformamos em maior.

E claro, sempre sem dúvida alguma: Eparrey, Oyá!

Mariana A. Nassif

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