Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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A inflação dos pobres e a exportação de carne, por Andre Motta Araujo

Desde os tempos do antigo Egito dos Faraós, o Estado tem políticas para garantir o abastecimento da população PASSANDO POR CIMA DOS INTERESSES DO MERCADO.

Foto A Voz do Xingu

A inflação dos pobres e a exportação de carne

por Andre Motta Araujo

Está acontecendo no Brasil um novo fenômeno, a taxa de inflação se mantém na meta, mas os preços dos alimentos consumidos pelos mais pobres está aumentando fortemente, sem afetar a taxa de inflação, porque os bens consumidos pelos mais ricos estão com preços estáveis. Hoje no maior empório gourmet do Brasil, a Casa Santa Luzia em São Paulo, o preço do fettucine Colavitta, importado da Itália, está em R$8,60 por 500 gr há DOIS ANOS mas, nos últimos três meses o preço da carne moída subiu 60%. Por todo o Brasil subiram o preço do feijão, do arroz, do tomate, da batata, exatamente os produtos da mesa do pobre, enquanto se mantém estáveis os preços da champagne francesa, do pro seco italiano, do whisky nacional e estrangeiro, do salmão da Noruega e do Chile, do azeite português, este até baixou de preço, da azeitona espanhola, os itens gourmet se mantém estáveis ou até baixaram.

Mais preocupante de todos é o preço da carne bovina, a “mistura” dos pobres, seguida naturalmente pelo aumento das outras proteínas, as carnes suína e de frango, que costumam seguir o vagão da carne bovina. A causa desse aumento é a maior exportação de carne bovina para a China. Com o dólar mais alto precificando o exportado, este se reflete no mercado interno de imediato. Há uma solução lógica, racional, histórica para este fenômeno, pois no limite será possível exportar 100% da carne produzida no Brasil, isso satisfaz os produtores, deixando a população doméstica sem carne, é uma hipótese.

A SOLUÇÃO DE ESTADO

Desde os tempos do antigo Egito dos Faraós, o Estado tem políticas para garantir o abastecimento da população PASSANDO POR CIMA DOS INTERESSES DO MERCADO. Essas políticas há milênios passam por reservar uma COTA MÍNIMA para o mercado interno, para garantir o abastecimento da população, com balizamento de preços para que este não tenha que pagar o preço interno à base do dólar de exportação. Esse processo tem 10 mil anos, não é novo, todos os países já usaram em certas circunstâncias, os fanáticos neoliberais não aceitam mas a Inglaterra usou coupons de racionamento e preços tabelados para alimentos de 1945 a 1953, quase todos países europeus já usaram cotas e contingenciamento para garantir abastecimento de alimentos e combustíveis.

O preço dos combustíveis no Brasil foi controlado pelo Estado desde 1954 até 1994, agora estamos no modelo “loucura neoliberal sem lógica”, onde o petróleo brasileiro é cotado em dólar para venda interna e sujeito à oscilação do mercado spot na Bolsa de Londres, quando o grosso do petróleo do mudo é vendido a preços contratados e não pelo mercado spot, a PETROBRAS foi criada exatamente para o Brasil não depender de petróleo importado, mas hoje o abastecimento é operado como se todo o petróleo do Brasil fosse importado. Qual a vantagem de o Brasil ter a PETROBRAS? Sobe o dólar e sobe o preço do mercado spot em Londres e sobe o preço da gasolina no Brasil? Qual a vantagem de ter o pré-sal se os preços aqui são de petróleo importado?

Qual a vantagem de termos o maior rebanho bovino do mundo se os brasileiros vão pagar pela carne PREÇOS DE EXPORTAÇÃO?

Os dois maiores exportadores de carnes do Brasil, a JBS e a MARFRIG tem o BNDES como grande impulsionador e acionista, em nome de quê?

Em nome do interesse da população brasileira e não em nome da Bolsa de Nova York, onde esses dois grupos querem dar liquidez a suas fortunas.

AMA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

15 Comentários

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  1. Não damos ouvidos à excelência. Colocamos todos no mesmo baú de mediocridades. Então Delfim Netto, pelo menos 6 décadas de sabedoria, conhecimento econômico e financeiro é deixado de lado. Ouçamos a nova modinha e os novos aventureiros. A Presidenta Dilma traz para seu Governo, depois de várias tentativas e muito esforço pessoal, toda a experiência e conhecimento de Katia Abreu. A Senadora, agora Ministra, alerta que não seria prudente a Política de Campeões Nacionais, cartelizando e restringindo tanto o Mercado, principalmente da AgroPecuária. As vendas voltam a subir juntamente com exportações. Lembram do aviso? Mas coloquemos todos, na balança que nada presta neste país. Nem mesmo a “Rainha da Motoserra”, mas que afundou no barco petista, sem traições ou covardias. É todo argumento bem estruturado que conseguimos produzir. O tal Livre Mercado esta aí. Parabéns Brasil. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

  2. Qdo ouvi a palavra do Bolsonaro a respeito desse assunto, informando que nada pode fazer para garantir a carne na mesa do brasileiro a preço razoável, lembrei da frase atribuída a Maria Antonieta

  3. Se me permitir: Boeing irá suspender a fabricação do modelo 737 MAX. E não sabíamos disto? E associamos EMBRAER, a Empresa mais promissora do Mercado Aeronáutico Mundial, a este festival de fiascos e prejuízos multibilionários norteamericanos? Vendemos a ‘Galinha dos Ovos de Ouro’ ao Concorrente falido, que está sendo sustentado a muito injeção de Capital Estatal? Sua briga com AIRBUS Europeía é histórica. As duas se acusando de alavancagem dos respectivos Tesouros Nacionais. E estão certas e dizendo a verdade !!! BNDES na Empresa dos outros é refresco !!!! As penas, não nos faltam nenhuma. O Trump? Agradece demais, enquanto sobretaxa nosso aço e dá uma pernada em nossas exportações agropecuárias parta a China. Parceirão, este Trump !!! Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

  4. André,

    veja pelo lado bom.

    daqui a pouco os pobres vão poder abandonar o feijão com arroz e passar a consumir os produtos gourmet que você citou.

    Viva o Brasil.

  5. O México protege seus nacionais do apetite dos EUA sobre seu milho.
    Tente importar o arroz subsidiado do Japão.
    Quanto a Petrobras, é um fetiche para os neoudenistas!

  6. Essa parte da inflação não reconhecida oficialmente e os produtos gourmet para serem consumidos ficou estranho, contudo inflação é inflação e pobre é pobre.
    Provavelmente uma boa parcela da população brasileira vai passar fome, porque, não sabem votar.

    1. Quer dizer que a culpa é dos eleitores, e não dos exploradores capitalistas?

      Se votar fizesse alguma diferença, ele nem teria sido instituído e caso tivesse sido instituído já teria sido abolido.

      O povo vota mas quem elege é o capital. Os votos dos pobres apenas legítima a eleição dos ricos.
      O problema não são os eleitores, são os capitalistas

  7. Essa situação apenas aqueles que acham que o lucro dos trabalhadores provem não da expropriação dos trabalhadores pelos burgueses mas do próprio trabalho dos burgueses.

    Karl Marx demonstrou que a classe operária no seu conjunto não pode constituir um mercado suficiente para a produção capitalista:

    “Mas a ilusão de cada capitalista privada, considerado em oposição a todos os demais, que, fora de seus próprios operários, a classe operaria é feita somente de consumidores e de gente que troca, de gente que dispensa dinheiro, e não de operários, provem do fato de que o capitalista esquece o que disse Malthus : “A existência dum lucro realizado sobre uma mercadoria qualquer implica uma demanda outra que a do trabalhador que produziu a mercadoria” e por conseqüente, “a demanda provindo do próprio trabalhador produtivo nunca pode absorver a demanda inteira”. Pelo fato que um ramo da produção ativa um outro e ganha assim consumidores no conjunto dos operários empregados pelos demais capitalistas, cada capitalista pensa de maneira errada que toda a classe operária, criada pela própria produção, basta para tudo. Esta demanda criada pela própria produção incita a não fazer caso da proporção justa entre o que é preciso produzir para os operários; ela tende a ultrapassar a demanda dos operários enquanto, no mesmo tempo, a demanda das classes não operarias desaparece ou se reduz consideravelmente; É assim que o desabamento se prepara.” (Grundrisse, Capitulo do capital).

    A razão disso provém de que o capitalismo vive da exploração do operário:

    “O que os operários produzem na realidade é a mais-valia. A condição de eles poderem consumir é de produzir mais-valia. Assim que não produzem mais mais-valia, seu consumo pára. Não é porque eles produzem um equivalente a seu consumo que têm o que consumir”. Marx

    O capitalismo na pode encontrar dentro de suas relações de produção, os mercados solváveis necessários para seu desenvolvimento; é a razão pela qual ele é obrigado a conquistar mercado mundial:

    “O mais a produção capitalista se desenvolve, o mais ela tem que produzir numa escala que não tem nada ver com a demanda imediata mas que depende duma expansão constante do mercado mundial. Ricardo utiliza a afirmação de Say segundo a qual as capitalistas não produzem para o lucro, a mais-valia, mas que produzem valores de uso diretamente para o consumo – para seu próprio consumo. Ele não toma em conta o fato que as mercadorias devem ser convertidas em dinheiro. O consumo dos operários não basta, porque o lucro provem precisamente do fato que o consumo dos operários é inferior ao valor do seu produto e que ele (o lucro) é tão grande como o consumo é relativamente pequeno. O consumo dos próprios capitalistas também é insuficiente.” (Teorias sobre a Mais-valia; a teoria de Ricardo sobre o lucro).

  8. O preço dos alimentos tem subido quase continuamente, enquanto o preço de bens manufaturados e de luxo tem quase continuamente caído. Observe-se o sector agrícola: os produtos mais indispensáveis, como a carne, o trigo, etc., aumentaram de preço, enquanto os preços do algodão, do açúcar, do café, etc. estão em queda numa proporção surpreendente. E mesmo entre os comestíveis, são os de luxo, como as alcachofras, os espargos, etc., que hoje são relativamente mais baratos do que os de primeira necessidade. Atualmente, o supérfluo é mais fácil de produzir do que o necessário. Finalmente, nas diferentes épocas históricos, as relações recíprocas de preços são não só diferentes, mas também opostas. Em toda a Idade Média, os produtos agrícolas foram relativamente mais baratos do que os produtos manufaturados mas, nos tempos modernos, eles estão na razão inversa. Isto significa que a utilidade dos produtos agrícolas tem diminuído desde a Idade Média?

    A utilização de produtos é determinada pelas condições sociais em que os consumidores se encontram colocados, e essas condições baseiam-se no antagonismo entre classes.
    O algodão, a batata e a aguardente são produtos do uso mais comum. As batatas geraram a escrófula; o algodão tem, em grande medida, expulsado o linho e a lã, embora a lã e o linho sejam, em muitos casos, de maior utilidade, ainda que apenas do ponto de vista da higiene; e, finalmente, a aguardente têm ganho vantagem sobre a cerveja e o vinho, embora o seu uso alimentar seja geralmente reconhecido como venenoso. Durante um século inteiro, os governos lutaram em vão contra o ópio europeu; a economia prevaleceu, e ditou as suas ordens ao consumo.
    Por que são, então, o algodão, a batata e a aguardente eixos da sociedade burguesa? Porque é necessária menos quantidade de trabalho para produzi-los e, consequentemente, são mais baratos. Por que o preço mínimo determina o consumo máximo? Acaso é por causa da utilidade absoluta desses produtos, da sua utilidade intrínseca, que correspondem, da maneira mais útil, às necessidades do operário como homem, e não do homem como operário? Não: é porque, numa sociedade fundada na miséria, os produtos mais miseráveis têm a prerrogativa fatal de servirem ao uso da grande maioria.
    Dizer que as coisas mais baratas têm maior utilidade porque são as mais usadas, é o mesmo que dizer que o amplo uso da aguardente, por causa de seu baixo custo de produção, é a prova mais conclusiva da sua utilidade; significa dizer ao proletário que a batata é mais saudável que a carne; significa aceitar o presente estado de coisas; é, em suma, glorificar, como o Sr. Proudhon, uma sociedade sem compreendê-la.

    Numa sociedade futura, na qual o antagonismo entre classes tenha cessado, onde não existam sequer classes, o uso deixará de ser determinado pelo tempo de produção que é o mínimo, mas o tempo dedicado à produção de cada artigo será determinada pelo grau de sua utilidade social”. K Marx, Miséria da Filosofia

    O fato dos bens de luxo estarem mais baratos do que os artigos de primeira necessidade demonstra que os salários estão muito desvalorizados:

    “É inteiramente certo que a classe operária, considerada em conjunto, gasta e será forçosamente obrigada a gastar a sua receita em artigos de primeira necessidade. Uma alta geral na taxa de salários provocaria, portanto, um aumento da procura de artigos de primeira necessidade e, conseqüentemente, um aumento de seus preços no mercado. Os capitalistas que produzem estes artigos de primeira necessidade compensariam o aumento de salários por meio da alta dos preços dessas mercadorias. Mas que sucederia com os demais capitalistas que não produzem artigos de primeira necessidade? E podeis estar certos que o seu número não é pequeno. Se levardes em conta que duas terças partes da produção nacional são consumidas por um quinto da população – um deputado da Câmara dos Comuns declarou, recentemente, que tais consumidores constituem apenas a sétima parte da nação -, podereis imaginar que enorme parcela da produção nacional se destina a objetos de luxo, ou a ser trocada por objetos de luxo, e que imensa quantidade de artigos de primeira necessidade se desperdiça em criadagem, cavalos, gatos, etc., esbanjamento esse que, como nos ensina a experiência diminui cada vez mais, com a elevação dos preços dos artigos de primeira necessidade.

    Pois bem, qual seria a situação desses capitalistas que não produzem artigos de primeira necessidade? Não poderiam compensar a queda na taxa de lucro, após uma alta geral de salários, elevando os preços de suas mercadorias, visto que a procura destas não teria aumentado. A sua renda diminuiria; e com esta renda diminuída teriam de pagar mais pela mesma quantidade de artigos de primeira necessidade, que subiriam de preço. Mas a coisa não pararia aí. Diminuída a sua renda, menos teriam para gastar em artigos de luxo, com o que também se reduziria a procura recíproca de suas respectivas mercadorias. E como conseqüência desta diminuição da procura, cairiam os preços das suas mercadorias. Portanto nestes ramos da indústria, a taxa de lucros cairia, não só em proporção simplesmente ao aumento geral da taxa de salários, como, também, essa queda seria proporcional à ação conjunta da alta geral de salários, do aumento de preços dos artigos de primeira necessidade e da baixa de preços dos artigos de luxo.
    Qual seria a conseqüência desta diferença entre as taxas de lucro dos capitais colocados nos diversos ramos da indústria? Ora, a mesma que se produz sempre que, seja qual for a causa, se verificam diferenças nas taxas médias de lucro dos diversos ramos da produção. O capital e o trabalho se deslocariam dos ramos menos remunerativos para os que o fossem mais; e este processo de deslocamento iria durar até que a oferta em um ramo industrial aumentasse a ponto de se nivelar com a maior procura e nos demais ramos industriais diminuísse proporcionalmente à menor procura. Uma vez operada esta mudança, a taxa geral de lucro voltaria a igualar-se nos diferentes ramos da indústria. Como todo esse desarranjo obedecia originariamente a uma simples mudança na relação entre a oferta e a procura de diversas mercadorias, cessando a causa, cessariam também os efeitos, e os preços voltariam ao seu antigo nível e ao antigo equilíbrio. A redução da taxa de lucro, por efeito dos aumentos de salários, em vez de limitar-se a uns quantos ramos da indústria, tomar-se-ia geral. Segundo a suposição de que partimos, nenhuma alteração ocorreria nas forças produtivas do trabalho, nem no volume global da produção, sendo que aquele volume dado de produção apenas teria mudado de forma. Uma maior parte do volume de produção estaria representada por artigos de primeira necessidade, ao passo que diminuiria a parte dos artigos de luxo, ou, o que vem a ser o mesmo, diminuiria a parte destinada à troca por artigos de luxo importados do estrangeiro e consumida desta forma; ou, o que ainda é o mesmo, em outros termos, uma parte maior da produção nacional seria trocada por artigos importados de primeira necessidade, em lugar de ser trocada por artigos de luxo. Isto quer dizer que, depois de transtornar temporariamente os preços do mercado, a alta geral da taxa de salários só conduziria a uma baixa geral da taxa de lucro, sem introduzir nenhuma alteração permanente nos preços das mercadorias”. Marx

  9. Parabéns à todos os defensores deste governo. Estamos realmente evoluindo pra miséria total. . O povo trabalha o ano inteiro, esperando conseguir ficarr vivo para celebração do natal, apesar das balas perdidas. E não tem o direito de fazer o churrasquinho de costume para a família. Isto é uma vergonha. E para aqueles puxa saco do Bolsonaro, levem o povo pra comer na casa de vcs, já que suas geladeiras estão fartas apesar do que está na cara de todo mundo. ??

  10. Parabéns à todos os defensores deste governo. Estamos realmente evoluindo pra miséria total. . O povo trabalha o ano inteiro, esperando conseguir ficarr vivo para celebração do natal, apesar das balas perdidas. E não tem o direito de fazer o churrasquinho de costume para a família. Isto é uma vergonha. E para aqueles puxa saco do Bolsonaro, levem o povo pra comer na casa de vcs, já que suas geladeiras estão fartas apesar do que está na cara de todo mundo. ??

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