A proliferação do fascismo brasileiro, por Luis Nassif

Os idiotas da objetividade analisam as dificuldades de Jair Bolsonaro com o Parlamento para apregoarem sua obediência aos limites da democracia. Todas as demais evidências, declarações contra a democracia, iniciativas em torno da GLO (Garanrtia da Lei e da Ordem), eliminação de conselhos de participação, são ignoradas.

Pior, ignoram-se os sinais evidentes de espalhamento das medidas ditatoriais por todo o país.

No Pará, a Policia Civil armou uma arapuca óbvia e evidente contra uma das ONGs que defendem o meio ambiente.

Segundo a blogueira Ana Carolina Amaral, da UOL, a “prova” do envolvimento da ONG com as queimadas está no seguinte diálogo, captado por um grampo. 

A conversa se dá entre Gustavo e uma interlocutora chamada Cecília:

GUSTAVO: Tá triste, foi triste, a galera está num momento pós-traumático, mas tudo bem.

CECÍLIA: Mas já controlou?

GUSTAVO: Tá extinto, é.

CECÍLIA: Que bom.

GUSTAVO: Mas quando vocês chegarem vai ter bastante fogo, se preparem, nas rotas, nas rotas inclusive.

CECÍLIA: É mesmo?

GUSTAVO: Vai, o horizonte vai tá todo embaçado…

CECÍLIA: Puta merda

GUSTAVO: Mas normal, né?

CECÍLIA: Não começou a chover ainda? Porque em Manaus…

GUSTAVO: É, vai começar a chover em dezembro pra janeiro. Se vocês tiverem sorte, chove um pouco antes ou depois que vocês ir embora (sic).

Para a polícia, o diálogo deixa “perceptível referir-se a queimadas orquestradas, uma vez que não é admissível prever, mesmo nessa época do ano, data e local onde ocorrerão incêndios”. A conclusão policial não cita o trecho seguinte da conversa, em que o mesmo suspeito faz previsão semelhante sobre a chegada das chuvas.

Em Porto Alegre, a Brigada Militar espanca e manda para hospital duas professoras que tinham comparecido ao Palácio do Governo para negociar com o governador.

No Rio de Janeiro, a Policia Militar de Wilson Witzel acaba com a festa da torcida do Flamengo, jogando bombas de gás lacrimogênio sobre uma multidão pacífica, no meio da qual estavam famílias, idosos e crianças.

Em São Paulo, o Tribunal de Justiça manda para a prisão Preta e Carmen, duas das maiores lideranças pacíficas do Movimento dos Sem Teto do Centro, com base em um inquérito policial manipulado.

Em Brasília, Bolsonaro tenta o excludente de ilicitude para policiais que reprimirem manifestações de rua, permitindo invadir atribuição de Estados para desalojar invasores de terra.

No Rio de Janeiro, há uma discussão entre a Polícia Federal de Moro, e o Ministério Público Estadual, para saber quem blinda primeiro Bolsonaro nas investigações de Marielle Franco.

Em Porto Alegre, prossegue o aparelhamento do TRF4, com manobras para manter a 8ª Turma (que julga os processos de Lula) sob controle de desembargadores parciais, afastando desembargadores isentos.

Insisto: o país caminha para o fascismo. E o impulso maior vem da cabeça da serpente, a presidência da República, espalhando a sensação de impunidade e estimulando a repressão por todos os poros da República. 

Cada dia de vida do governo Bolsonaro é um passo a mais rumo ao fascismo. Meses atrás, a correlação de forças entre instituições e o governo assegurariam o impeachment, ante um sem-número de episódios de quebra de decoro, especialmente nos ataques à democracia.

O Bolsonaro de hoje está mais forte, e mais forte estará amanhã.

O caso Marielle Franco é a última oportunidade antes da Marcha Sobre Roma do fascismo brasileiro.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Pânico e Histeria: feras acuadas mostram suas garras

    Guedes sabe que apenas com repressão pode alcançar sua meta.

    A conjuntura o deixa histérico e em pânico.

    Eduardo Bolsonaro ameaça com um AI-5. Guedes sai do armário e reforça a ameaça. Apavorado com a tempestade que se forma, vocifera contra os manifestantes da América Latina que tanto odeia. Com mentalidade tão infantil como a de Eduardo, pensa que fechando os olhos ou pedindo um golpe com muito sangue pode afastar as nuvens que rondam. Sua fala demonstra não apenas o autoritarismo, como também, mostra suas limitações intelectuais. Incapaz de fazer uma análise ou modificar sua rota, chama um valentão para defendê-lo. Moro e mais uma penca de deputados e senadores totalmente apavorados com a força política de Lula, ameaçam com armas e com leis que violam a constituição. Buscam saídas retóricas em juridiquês, para esconder o óbvio. A mídia mesmo acuada pelo governo faz eco e usa de manobras retóricas para justificar e dar suporte as teses de prisão de quem mais temem, Lula. São incapazes de analisar a realidade e perceber que solto ou preso, o que temem é que ele possa falar a todos sobre a realidade. O maior temor é Lula trazer a tona as mazelas da economia, a destruição dos direitos, a legislação que favorece o andar de cima, e principalmente mostrar as consequências da destruição do Estado. Isto os apavora e vendo as manifestações ao lado já imaginam as condições para a tempestade perfeita.

    Jornais jogam no ar manchetes, afirmando que Lula erra quando critica a política econômica e propagam a inevitabilidade das tais reformas e da tal política e tentam ocultar o nível de destruição a que nossa economia chegou. Totalmente fragilizada a nossa agroindústria volta das terras do Tio Sam, para o país das queimadas com as mãos vazias. Enquanto ambição ruralista que promoveu os incêndios dá mais alguns passos para o abismo, os jornais insistem que a economia vai melhorar.

    Leia também: Contra Lula, Financial Times aconselha Bolsonaro a emplacar reformas de Guedes
    O judiciário tão ativo de outrora não se manifesta, nem mesmo quando o legislativo tenta desmoralizá-lo. Com o silêncio ensurdecedor do supremo o legislativo toma atitudes e ações que mais do que ferem o decoro, ferem a ética e atentam contras as finalidades e promessas de obediência à constituição. Protestos só são levantados por uma minoria e caem em Ouvidos Moucos. Maia pensando em se candidatar, titubeia mas logo muda de ideia e avança na perspectiva de tirar Lula do páreo. Alcolumbre, ainda um tímido candidato, vai na mesma direção.

    A estes se juntam Guedes, Moro,Weintraub, Damares , Salles e Araujo que formam o sexteto cômico se não fosse trágico. Ausentes da mídia, o silêncio dos ministros restantes me deixa apreensivo. A mídia passou quase um ano afirmando que Guedes era um técnico competente, o sinal de lucidez no meio de um desgoverno ideológico, mas saindo do armário, ele agora explicita o que sempre foi. Guedes é um oportunista encarregado de um serviço pelo mercado, mas não esquece de seus lucros. O célebre , ” follow the money” jogaria uma luz sobre os ganhos bilionários da família Guedes e de suas ex sociedades. Guedes foi sócio de vários fundos de investimento que estão tendo lucros fantásticos com a intermediação das privatizações.

    Guedes sabe que apenas com repressão pode alcançar sua meta. A conjuntura o deixa histérico e em pânico. Finalizar a reforma trabalhista, capitalização da previdência, a destruição dos bancos públicos e do funcionalismo, desobrigar o estado de suas obrigações constitucionais na saúde e educação, destruir a estrutura de pesquisa científica e tecnológica do país é apenas parte de sua agenda. Guedes e Financial Times se desesperam com a perspectiva de não cumprimento da meta.

    Guedes não é um técnico dentro de um governo autoritário como querem alguns. Ele mostra em seus discursos, que não passa de um Bolsonaro com diploma superior,um economista de Pinochet.

    O verniz de Moro se desmilinguiu, de defensor da luta contra a corrupção se tornou o guarda costas jurídico do clã. Vide os casos Marielle e Queiroz. Áudios e mensagens da vaza jato já expuseram as entranhas deste personagem mas a imprensa continua seu trabalho de colocar panos quentes e edulcorar a figura. Mas os projetos de lei anti-crime e a ambição pelo COAF só demonstram a obsessão pelo poder que move Moro.

    Moro mais do que uma carreira política quer o poder sobre os políticos. Seu sonho era ter um Ministério da Justiça acima de tudo e de todos.

    Os movimentos na América Latina amedrontam os interesses estrangeiros. A histeria internacional se explicita nas palavras do Financial Times que entra no jogo rogando a Bolsonaro e Guedes que não parem na tarefa de destruição do estado. O capital internacional se agita, afinal querem o fim da competição com nossas estatais. A tal competitividade precisa que uma PEC amarre a mão de nossas estatais. Guedes segura as mãos e pede para outros espancarem. O Banco Mundial entrou na dança midiática, afirmando que o funcionalismo publico ganha o dobro do trabalhador nas empresas privadas. Ao invés de propor aumento de salário nas empresas, pede o rebaixamento no funcionalismo publico. Dados inclusive falseados propositadamente vieram a público para dar suporte a reforma administrativa. Nossos jornais ecoam e defendem a tal reforma e quando se fala da mão estrangeira no golpe, criticam as teorias da conspiração, como se não tivessem conspirado.

    Os protestos no Chile, Colômbia, Equador, a eleição Argentina apontam para reações cada vez mais fortes aos avanços do mercado. O golpe na Bolívia talvez tenha tirado Evo, mas não parece ter eliminado o MAS. Muita coisa, e espero que não sangue, vai correr no país vizinho.

    Com o alerta vermelho soando, Guedes e Moro se esmeram pedindo que o Capo di tutti Capi libere suas milícias.

    Não teremos daqui para frente manifestações pacíficas, pois milícias de direita com ou sem fardas irão criar o tumulto e quebra quebra na esperança do mítico golpe de Estado.

    Militares no governo estão silenciosos momentaneamente, mas no cotidiano se afastam dos quartéis em buscas das vagas em ministérios e repartições, ou quiçá escolas. Todo este movimento de cooptação tem que ser avaliado com cuidado. Quem são estes militares é uma pergunta que não quer calar. E nestes tempos bicudos muitos já acreditam que o suporte do Financial Times anuncia o desembarque do pelotão de Mariners, ou os navios da IV Frota.

    Mas seja como for as manifestações virão e devemos ter clareza que feras em pânico e histeria são feras acuadas que com certeza vão mostrar suas garras.

    Autor : Frederico Firmo

    Fonte : Jornal GGN

  • Não consigo levar a sério quem diz que bozo é cabeça de alguma coisa, qualquer coisa.
    Quando a afirmação vem de uma pessoa bem informada e inteligente, fico com uma enorme pulga atrás da orelha.

    • não é propriamente o bozo, mas o mito que ele representa é que faz que o ódio reprimido pelo meu uso de sua própria ignorância surja à tona e derrame o caldeirão da cultura do autoritarismo.

    • não é propriamente o bozo, mas o mito que ele representa é que faz que o ódio reprimido pelo mau uso de sua própria ignorância surja à tona e derrame o caldeirão da cultura do autoritarismo.

  • E tem mais, Nassif. No Paraná a UENP, universidade estadual, ontem mesmo censurou sem maiores pudores um evento de lançamento de livro, além de o governador do estado ser fascista igual Bolsonaro e, antes mesmo da reforma da previdência se resolver no congresso nacional, ele já quer implementar no Paraná em regime de urgência.
    As pessoas precisam abrir os olhos para o fato de que concordar, defender ou endossar qualquer - QUALQUER - ação de Bolsonaro e seus pares como o governador do PR, é aceitar que o fascismo se implemente de vez e todo eles serão perseguidos quando acordarem e resolverem reclamar.

  • Eh, Nassif, são varios os intelectuais, analistas e jornalistas corretos que chamam atenção para o perigo do autoritarismo desse governo. Que são fascistas, todos sabem. A elite nunca foi desinformada nem boba. Mas as classes médias e baixas continuam avaliando que é melhor correr esses risco à, talvez, voltar para os corruptos petistas ou esquerdistas. Afinal, assim fala a Rede Globo e seus tentaculos. Minha maior preocupação é se podemos esperar realmente um contra-preso do Congresso e do STF. Do congresso não muito... E do STF, como reagira quando tentarem lhe calar?

  • Continuo achando que o foco está errado.
    A criatura que ocupa a presidência não é causa mas sim efeito do fascismo.
    Fossem outros os tempos e a boca imunda desse sujeito e da escumalha que o acompanha já teria se calado há muito tempo.
    No entanto, por mais que se insista que ele tem o apoio de 1/3 da população (como se fosse pouca,ainda mais tratando-se do absurdo que é),ninguém tem mais que isso,o que,devido a posição que ocupa,o coloca em vantagem grande.
    O fascismo não está sendo implantado no país. Está foi a fase anterior que culminou com a eleição desse sujeito.
    Hoje, o que está ocorrendo é a pura execução do fascismo naquilo que ele tem de pior.
    Aqueles que chocaram este ovo podem ter sido enganados, isto ocorre na natureza e o chupim é o grande exemplo disso. Os patos estavam pensando que estavam chocando ovos de pato enquanto chocavam ovos de corvos.
    Enquanto essa gente não despertar e entender que corvo não é pato nosso fascismo continuará livre leve e solto e nossos ouvidos continuarão como verdadeiros penicos diante de tanta caca que essa gente insiste em defecar pelas suas bocas em constante diarréia.

  • Sugiro assistir ao episódio 21 da 4° temporada, intitulado 'inquisição', da série Jornada nas estrelas a nova geração.A série está no Netflix.

  • "o país caminha para o fascismo. E o impulso maior vem da cabeça da serpente, a presidência da República".

    Disse tudo, sem comentários.

    • Bolsonaro nada faria sem a adesão do povo irritado, amedrontado, raivoso, cheio de fissuras...
      Sem a mídia - redes sociais e a hegemônica - ss "Mamãe-Falei" e "Véios da Havan" estariam onde sempre estiveram: no ridículo. E pior, o cidadão comum, o tal do "cidadão de bem...

  • Este é o governo que a maioria defende. Matam, agridem, xingam. E ainda dizem que tem parte com Deus. Tem é com o diabo. O povo está cego. E qd acordarem para a realidade, será tarde demais. As chamas do inferno estarão altas demais para se apagar.

  • E você está falando só das pessoas que representam as instituições democráticas, hein? Além delas, o que está tornando o ar irrespirável são as pessoas comuns, no dia-a-dia, mesmo. O Pedro Aleixo falou do guarda da esquina pois que daquela vez era mais militar, mesmo. Mas agora o que tem de fascista espalhado em todos os lugares, nas escolas (professores, diretores, administrativos, faxineiros, a "tia da cozinha", até...), nas lojas, na padaria, no posto de gasolina, enfim em todos os lugares e, claro, como era de se esperar, principalmente entre delegados, policiais, juízes, promotores.

    Desta vez o Capitalismo - ou isto no que o Capitalismo se tornou, na forma como evoluiu - está feroz, voraz, raivoso, hostes bárbaras gargalhando ante a destruição.

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